O IMPACTO DA RELAÇÃO PROFISSIONAL/PACIENTE NA ASSISTÊNCIA FISIOTERAPÊUTICA

\"\"

Para consultar o DOI deste artigo, entre no site https://www.doi.org/
e no local indicado, digite: 10.5281/zenodo.5768455 e clique em SUBMIT.


UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA – UNAMA


\"\"
\"\"

Autoras:
Flavia Juliana de Oliveira Medeiros1
Rebeka Leticia Cardoso da Silva1
Orientadora:
Iranete Corpes Oliveira França2

1Discentes da Universidade da Amazônia – UNAMA
2Docente da Universidade da Amazônia – UNAMA


RESUMO

Esse trabalho trata-se de uma pesquisa de campo, cujo objetivo é analisar o impacto da relação profissional/paciente e como isso pode influenciar no processo de cura. É uma pesquisa quali-quantitativa exploratória e o instrumento de coleta foi um questionário de satisfação criado pelos autores no Google Forms com 13 perguntas, sendo 12 objetivas e 1 subjetiva, realizados com indivíduos que fizeram tratamento fisioterapêuticos em clinicas de fisioterapia da região metropolitana de Belém – PA. O formulário ficou disponível durante os meses de Setembro e Outubro de 2021. Conclui- se que o modo de abordagem do profissional durante o tratamento impacta positivamente no resultado final da terapêutica, uma vez que a construção da relação profissional/paciente desenvolve vínculo, motivação e confiança, fatores que contribuem não só para a manutenção do paciente no tratamento, como também nas suas perspectivas positivas acerca de sua reabilitação. Espera–se que a pesquisa seja uma reflexão aos futuros profissionais da área e um incentivo a melhora constante dos profissionais já atuantes.

Palavras – Chave: Fisioterapia, Relação profissional/paciente, Relação terapêutica

ABSTRACT

This work is a field research, whose objective is to analyze the impact of the professional/patient relationship and how this can influence the healing process. It is an exploratory quali-quantitative research and the data collection instrument was a satisfaction questionnaire created by the authors on Google Forms with 13 questions, 12 objective and 1 subjective, carried out with individuals who underwent physical therapy treatment in physical therapy clinics in the metropolitan region of Belém – PA. The form was available during the months of September and October 2021. It is concluded that the way the professional is approached during treatment has a positive impact on the final result of the therapy, since the construction of the professional/patient relationship develops a bond, motivation and trust, factors that contribute not only to the maintenance of the patient in the treatment, but also to their positive perspectives on their rehabilitation. It is expected that the research will be a reflection for future professionals in the area and an incentive for the constant improvement of professionals already working.

Keywords: Physiotherapy, Professional/patient relationship, Therapeutic relationship.

INTRODUÇÃO

A sociedade pós-moderna é caracterizada pela individualidade, vínculos e laços afetivos estão cada vez mais raros. A dificuldade em relacionar-se com o outro tem como principais fatores o avanço da tecnologia e a disseminação da internet tais eventos propiciaram um cenário de relações rasas e superficiais.

Segundo Bauman (2001) a sociedade em tempos de pós modernidade tem medo de estabelecer relações interpessoais, pois para que ocorra essa interação é necessário confiança, respeito e empatia, características pouco presentes na atualidade.

Segundo o COFFITO (2008) Fisioterapia é uma ciência da saúde que estuda, previne e trata distúrbios cinéticos funcionais intercorrentes em órgãos e sistema do corpo humano.

A partir deste exposto entende-se que a Fisioterapia está apta a desenvolver condutas a fim de devolver a funcionalidade do indivíduo, em teoria parece estar direcionada apenas aos aspectos físicos. Entretanto há uma grande distância entre executar conhecimento científico e obter sucesso no tratamento.

Tais extremos podem ser ligados a partir da empatia no qual Pimentel e Coelho (2009) definem como “ a capacidade de estabelecer contato direto com estados afetivos de outro ser humano”, ou seja, empatia é a ponte pela qual o profissional consegue entender o paciente, mais do que demonstrar compreensão, a empatia é um facilitador para a relação terapêutica e um dos caminhos para o sucesso no tratamento.

O processo de cura pode ser observado por duas óticas, a do fisioterapeuta, e a do paciente, haja vista que o profissional está acostumado com o ambiente que envolve pessoas debilitadas, uma vez que tal realidade é a rotina de sua prática clínica onde avaliar e tratar são atividades automáticas dentro de sua profissão. Entretanto, na visão do paciente o processo de cura é uma incerteza, pois os sentimentos presentes nesse individuo são de ansiedade, tristeza e fragilidade, fatores que contribuem para que sua expectativa acerca do futuro, que nesse caso é a sua melhora, seja algo duvidoso pois está condicionado ao tempo, onde dependendo de seu caso clínico este tempo para reabilitação pode ser curto, médio ou longo.

A partir disto entende-se a importância que a construção de uma relação profissional/paciente tem sobre o tratamento. Para Freud (1913, 1996c) a relação terapêutica é definida como “aliança terapêutica”, em uma abordagem psicanalítica sobre a mesma, o autor afirmou que:

“Permanece sendo o primeiro objetivo do tratamento ligar o paciente a ele mesmo e a pessoa do médico. Demonstra-se um interesse sério nele, se cuidadosamente se dissipam a resistência que vem à tona no início e se evita cometer certos equívocos, o paciente por si próprio fará essa ligação e vinculará o médico a uma das imagos das pessoas por quem está acostumada a sentir afeição. E certamente possível sermos privados deste primeiro sucesso se se desde o início assumirmos outro ponto de vista que não o da compreensão”

Aplicando a essa temática Freud esclarece qual deve ser a abordagem no processo terapêutico, o mesmo destaca que a compreensão é fundamental nesse processo, Freud também ressalta o cuidado em dissipar a resistência, ou seja, os conflitos e inseguranças do paciente, à medida que essa resistência for dissipada o próprio paciente se vinculará ao profissional, nesse caso o fisioterapeuta, atribuindo a mesma afetividade que sente por pessoas próximas.

A partir dessa perspectiva nota-se que a compreensão se revela como um fator positivo para o sucesso inicial da terapêutica, todavia todo comportamento oposto a ela dificultará a relação profissional/paciente.

Apesar de ser muito desconsiderada pelos profissionais de saúde, principalmente pela introjeção do modelo biomédico no qual visa apenas a doença (FOUCAULT, 1993, 2001) a relação terapêutica exerce efeito motivacional sobre o paciente fazendo com que o mesmo aceite, acredite e se mantenha no tratamento, resultando nessa concepção uma influência positiva no fim do processo terapêutico (BORDIN, 1979).

Em uma pesquisa feita por (EISENBERG, 2002) que buscava entender o motivo pelo qual as pessoas se importavam e cuidavam das outras, a autora observou a forte presença da empatia nas relações interpessoais na qual definiu como sendo: \”uma resposta afetiva que decorre da apreensão e compreensão da condição de estado emocional do outro, que é congruente com o que a outra pessoa está sentindo ou seria esperado sentir\”

Atribuindo ao contexto relação profissional/paciente, a empatia é o meio pelo qual o paciente se identifica com o fisioterapeuta, a resposta afetiva citada acima deriva do ato de demonstrar sensibilidade não só ao estado físico do paciente, mas também respeito a sua história de vida, ao seu conflito interno que se aflora por estar limitado a desenvolver suas atividades diárias. A expressão de empatia na relação terapêutica propicia vínculos afetivos, desenvolve a amizade e fortalece o sentimento de confiança, não só em relação ao profissional, mas também ao tratamento, gerando novas perspectivas de retorno a vida cotidiana (GREENBERG, 2007).

Diante desse contexto esse artigo destina-se a analisar como a relação profissional/paciente pode influenciar no tratamento, seja ela boa ou ruim.

MÉTODOS

Trata-se de uma pesquisa de satisfação desenvolvida a partir de um questionário elaborado pelos autores adaptado dos estudos de Mendonça e Guerra (2007), na plataforma Google Forms com 12 perguntas objetivas e 1 pergunta subjetiva em relação aos atendimentos recebidos em Clínicas de Fisioterapia na região metropolitana de Belém-PA. O mesmo foi disponibilizado nas plataformas Whatsapp, Instagram e e-mail, durantes meses de Setembro e Outubro de 2021. Foram incluídos indivíduos de todas as faixas etárias.

O tipo de pesquisa é descritiva, com abordagem quantitativa. O tratamento estatístico busca identificar, por meio das frequências absolutas, medidas de posição e variabilidade, se os dados convergem para algum diferencial em especial ou se há tendência ou não (BUSSAB, MORETTIN, 2010), é o foco do presente trabalho, usando para tal, no primeiro momento a estatística descritiva dos dados com base em frequências absolutas e relativas, e em seguida a aplicação de testes estatísticos.

Neste estudo foi utilizado o teste da razão de verossimilhança do Quiquadrado para amostras independentes para verificar a tendência ente as variáveis nominais, no caso do perfil dos pacientes. Trata-se de um teste de hipótese que usa conceitos estatísticos para rejeitar ou não uma hipótese nula (H0 = As frequências observadas ocorrem na mesma proporção para os diferentes grupos). É um teste estatístico para n amostras cujas proporções das diversas modalidades estão dispostas em tabelas de frequência, sendo os valores esperados deduzidos matematicamente, procurando-se determinar se as proporções observadas nas diferentes categorias ocorrem conforme o esperado ou apresentam alguma tendência. Para realização do teste, foi adotado um nível de significância de p-valor < 0.05, ou seja, se p-valor<0.05 aceita-se H1 = As frequências observadas diferem significativamente para os diferentes grupos.

Desta forma, os dados coletados foram tabulados, interpretados, processados e analisados por meio da estatística descritiva e inferencial. Para a análise dos dados foram utilizados recursos de computação, por meio do processamento no sistema Microsoft Excel, Statistic Package for Social Sciences (SPSS) versão 24.0, todos em ambiente Windows 7.

Esta pesquisa foi desenvolvida respeitando todos os princípios éticos e morais, e todos que se propuseram ou não a participar do questionário que foi proposto nesta pesquisa.

RESULTADOS

A tabela 1 mostra que a maioria significativa dos pacientes entrevistados já fez fisioterapia em apenas 1 clínica (55; 56,7%), 41 (42,3%) pacientes classificam seus últimos atendimentos como bom e 33 (34%) afirmam ser excelente o atendimento. A maioria demonstra ter ficado satisfeito com o tratamento recebido (42; 43,3%), 53 (54,6%) pacientes afirmaram serem boas as explicações oferecidas pelo fisioterapeuta a respeito do seu tratamento no primeiro contato e a maioria significativa (p<0.05) classifica como boa (42; 43,3%) ou excelente (41; 42,3%) a segurança transmitida pelo fisioterapeuta durante o seu tratamento.

Tabela 1: Distribuição dos pacientes frequentes em clínicas de fisioterapia na Região Metropolitana de Belém – PA, segundo a satisfação com a assistência fisioterapêutica recebida.

\"\"
Fonte: Protocolo de pesquisa (2021).
Nota 1: Os resultados são baseados em linhas e colunas não vazias em cada sub-tabela mais interna.
(1) Teste Pearson Chi-Square para tendência.
*Valores Significativos (p<0.05); NS – Valores Não Significativos (p>0.05).
Interpretação do teste:
H0: Hipótese nula = Não há tendência significativa entre as variáveis e os grupos.
Ha: Hipótese alternativa = Há tendência significativa entre as variáveis e os grupos.
Decisão: Como o valor de p computado é menor que o nível de significância alfa = 0,05, deve-se rejeitar a hipótese nula H0 e aceitar a hipótese alternativa Ha.

Figura 1: Distribuição dos pacientes frequentes em clínicas de fisioterapia na Região Metropolitana de Belém – PA, segundo a quantidade de clínicas que já fez fisioterapia.

Você já fez fisioterapia em quantas clínicas?

\"\"
Fonte: Protocolo de pesquisa (2021).

Figura 2: Distribuição dos pacientes frequentes em clínicas de fisioterapia na Região Metropolitana de Belém – PA, segundo a classificação dos últimos atendimentos recebidos.

Como você classifica seus últimos atendimentos?

\"\"
Fonte: Protocolo de pesquisa (2021).

Figura 3: Distribuição dos pacientes frequentes em clínicas de fisioterapia na Região Metropolitana de Belém – PA, segundo a satisfação com o tratamento recebido.

Você ficou satisfeito com o tratamento recebido?

\"\"
Fonte: Protocolo de pesquisa (2021).

Figura 4: Distribuição dos pacientes frequentes em clínicas de fisioterapia na Região Metropolitana de Belém – PA, segundo a satisfação com as explicações oferecidas pelo fisioterapeuta.

Sobre as explicações oferecidas pelo fisioterapeuta a respeito do seu tratamento no primeiro contato:

\"\"
Fonte: Protocolo de pesquisa (2021).

Figura 5: Distribuição dos pacientes frequentes em clínicas de fisioterapia na Região Metropolitana de Belém – PA, segundo a classificação da segurança transmitida pelo fisioterapeuta.

Como você classificaria a segurança transmitida pelo fisioterapeuta durante o seu tratamento:

\"\"
Fonte: Protocolo de pesquisa (2021).

A tabela 2 mostra que quando questionados se tinha oportunidade para expressar sua opinião durante a sessão, a maioria significativa (p<0.05) afirmou que sim (86; 88,7%), a maioria dos pacientes já fez fisioterapia apenas na Região Metropolitana de Belém (90; 92,8%), a minoria dos pacientes (27; 27,8%) já precisou mudar de local de atendimento de fisioterapia. Dentre os pacientes que afirmaram já ter necessitado mudar de local de atendimento, verifica-se que os principais motivos foram: insatisfação com o atendimento (tempo de espera, atendimento pelas estagiárias, sem resultados etc.) (9; 33,3%), devido à distância (8; 29,6%) e a busca por novas técnicas (6; 22,2%).

Observa-se que 38 (39,2%) pacientes já presenciaram o fisioterapeuta ficar mexendo no celular durante a sessão ou sair constantemente da sala (31; 32%), contudo estes comportamentos não se mostraram ser tendências significativas (p>0.05) entre os fisioterapeutas. Mas para 32 (33%) pacientes estes comportamentos citados já fizeram o mesmo mudar de local de atendimento ou querer parar de fazer fisioterapia. Competência (82; 84,5%) é a principal qualidade que o paciente espera encontrar no fisioterapeuta. A maioria significativa (p<0.05) dos pacientes acredita que o modo no qual é tratado durante a sessão interfere no seu tratamento (87; 89,7%).

Tabela 2: Distribuição dos pacientes frequentes em clínicas de fisioterapia na Região Metropolitana de Belém – PA, segundo a relação com o profissional de fisioterapia.

\"\"
Fonte: Protocolo de pesquisa (2021).
Nota 1: Os resultados são baseados em linhas e colunas não vazias em cada sub-tabela mais interna.
(1) Teste Pearson Chi-Square para tendência.
*Valores Significativos (p<0.05); NS – Valores Não Significativos (p>0.05).
Interpretação do teste:
H0: Hipótese nula = Não há tendência significativa entre as variáveis e os grupos.
Ha: Hipótese alternativa = Há tendência significativa entre as variáveis e os grupos.
Decisão: Como o valor de p computado é menor que o nível de significância alfa = 0,05, deve-se rejeitar a hipótese nula H0 e aceitar a hipótese alternativa Ha.

Figura 6: Distribuição dos pacientes frequentes em clínicas de fisioterapia na Região Metropolitana de Belém – PA, segundo a oportunidade para expressar sua opinião.

Você tinha oportunidade para expressar sua opinião durante a sessão?

\"\"
Fonte: Protocolo de pesquisa (2021).

Figura 7: Distribuição dos pacientes frequentes em clínicas de fisioterapia na Região Metropolitana de Belém – PA, segundo a região no país que já fez a fisioterapia.

Em qual região você já fez fisioterapia?

\"\"
Fonte: Protocolo de pesquisa (2021).

Figura 8: Distribuição dos pacientes frequentes em clínicas de fisioterapia na Região Metropolitana de Belém – PA, segundo a necessidade de troca de local de atendimento.

Você já precisou mudar de local de atendimento de fisioterapia?

\"\"
Fonte: Protocolo de pesquisa (2021).

Figura 9: Distribuição dos pacientes frequentes em clínicas de fisioterapia na Região Metropolitana de Belém – PA, segundo o comportamento do fisioterapeuta durante a sessão.

Já presenciou algum desses comportamentos do fisioterapeuta durante a sessão:

\"\"
Fonte: Protocolo de pesquisa (2021).

DISCUSSÃO

Através deste questionário de satisfação foi possível observar as expectativas do paciente não só em relação ao tratamento como também ao que esperam do profissional pelo qual estão sendo atendidos. Os dados reforçam a temática abordada, o efeito que a relação profissional/ paciente têm sobre o tratamento.

Goldstein et al afirma que a satisfação em relação ao serviço de saúde está intimamente ligada a expectativa do paciente e suas reações diante do serviço recebido, uma vez que a satisfação é relativa e está sujeita a interpretação de cada indivíduo sendo também condicionada pela constância da qualidade desse serviço.

A pesquisa mostra que a maioria dos participantes (56,7%) fez fisioterapia em apenas um lugar, (42,3%) classificaram seus últimos atendimentos como bom e (34%) como excelente. A maioria demostra estar satisfeito com o atendimento recebido (43,3%).

Em relação as explicações do fisioterapeuta sobre o tratamento no primeiro contato (54,6%) afirmaram ter sido boa, sobre a segurança transmitida pelo fisioterapeuta durante o tratamento (43,3%) classificaram como boa e (42,3%) como excelente.

Na pergunta 6 que abordava se o paciente tinha a oportunidade de expressar sua opinião durante a sessão (88,7%) afirmaram que sim. Esse demonstrativo fortalece a ideia de que a comunicação é fundamental para o desenvolvimento da terapêutica pois de acordo com Rogers (1995) a falha na comunicação é o que provoca o desajustamento nas relações, nesse sentido entende-se que dominar a arte da comunicação é imprescindível na prática clínica.

Quanto a pergunta 8 e 9 se o participante já precisou mudar de local de atendimento e por qual motivo, (72,2%) responderam que não e (27,8%) que sim, sendo (33,3%) da justificativa de mudança foi por insatisfação no atendimento. Esses dados reforçam o que Freud afirmou acerca da aliança terapêutica onde explica que o sucesso inicial da relação profissional/paciente pode ser comprometido se a primeira abordagem não for a compreensão. Apesar da insatisfação no atendimento ter diversos fatores a principal causa está em não saber lidar com as pessoas, e é por esse motivo que (GREENBERG, 2007) defende a importância de um comportamento empático baseado na sensibilidade e respeito a condição do outro, contribuindo para um ambiente que segundo (BORDIN 1979) fará com que o paciente acredite, aceite e se mantenha no tratamento.

Apesar de alguns comportamentos indelicados de alguns fisioterapeutas sejam frequentemente presenciados (pergunta 10) a maioria (67%) afirmou que essas condutas não estimularam o desejo de mudar de local ou de parar a fisioterapia.

A pergunta 12 reflete o que o paciente espera do profissional (84,5%) respondeu competência, (76,3%) gentileza, (76,3%) responsabilidade. Nessa perspectiva podemos afirmar que estes componentes são os pilares da prática clínica, competência na execução do conhecimento científico, na identificação da disfunção cinético- funcional e na elaboração de um plano de tratamento eficiente. A gentileza se enquadra dentro do comportamento empático, que segundo Pimentel e Coelho (2009) é um facilitador da relação terapêutica. A responsabilidade é o ato pelo qual o fisioterapêutica demonstra ao paciente o comprometimento que tem com o seu trabalho e a dedicação em reabilitar.

O questionário finaliza com a pergunta se o paciente acredita que o modo pelo qual ele é tratado durante a sessão interfere no seu tratamento, (89,7%) afirmaram que sim. Esta pergunta evidência tudo o que foi abordado neste artigo sobre o impacto da relação profissional/paciente na assistência fisioterapêutica, onde a maioria acredita que tem influência, saber a importância disso é de extrema relevância para os profissionais e acadêmicos de fisioterapia, pois cada sessão é uma construção de vínculo e uma troca de experiência. É preciso que o profissional desenvolva qualidades humanitárias para desenvolver sua prática clínica, pois segundo (BORDIN, 1979) a relação terapêutica exerce efeito motivacional no paciente resultando no sucesso e influência positiva no tratamento.

CONCLUSÃO

Diante de tudo que foi exposto, conclui-se que a relação profissional/paciente tem grande influência sobre o tratamento por desenvolver vínculos afetivos, amizade, confiança e respeito, fatores que contribuem para o sucesso da terapêutica. É importante ressaltar que para exercer uma abordagem humanizada no atendimento é preciso abandonar o modelo biomédico centralizado apenas na doença e aspecto físico.

Desenvolver a prática clínica com um comportamento empático com sensibilidade e respeito a condição do outro pode fazer a fisioterapia não só um momento de ajuste cinético- funcional, mas também uma experiência transformadora na vida de ambas partes. Desta forma este trabalho de pesquisa destina-se a estimular uma autorreflexão aos profissionais atuantes e uma reavaliação em sua conduta para que possam exercer a fisioterapia com excelência.

REFERÊNCIAS

AYRES, Manuel. BioEstat 5.4: aplicações estatísticas nas áreas das ciências biológicas e médicas. Sociedade Civil Mamirauá, 2015.

BAUMAN, Z. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.

BORDIN, E. S. The generalizability of the psychoanalytic concept of the working alliance. Psychotherapy: Theory, Research & Practice. 16, 252–260, 1979.

BUSSAB, W. O.; MORETTIN, P. A. Estatística Básica., 7ª edição, 1ª reimpressão, Ed. 2011.

COFFITO – Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Mercado de trabalho para fisioterapeutas é muito concorrido. Brasília; 2007 [citado out. 2008]. Disponível em: http://www.coffito.org.br/publicacoes/pub_view.asp?cod=565&psecao=7.

EISENBERG, N. Empathy-related emotional responses, altruism, and their socialization. In DAVIDSON, R. J.; HARRINGTON, A. (Orgs.), Visions of compassion: western scientists and Tibetan Buddhists examine human nature. London: Oxford University Press,2002. p. 131-164.

FOUCAULT, M. A história da Loucura. Perspectiva, 1993.

FOUCAULT, M. O Nascimento da Clínica. 5 ed. Rio de Janeiro, Forense Universitária, 2001.

FREUD, S. O ego e o id. In: Edição standard das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (J. Salomão, trad., Vol. XIX). Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado 1923), 1976.

GOLDSTEIN MS, Elliott SD, GUCCIONE AA. The development of an instrument to measure satisfaction with physical therapy. Phys Ther. 2000;80(9):853-63.

GREENBERG L. Emotion in the therapeutic relationship in emotion-focused therapy. In GILBERT, P., LEAHY, R. (Orgs), The therapeutic relationship in the cognitive behavioral psychotherapies. London and New York: Routledge. 2007. p. 43-62.

MENDONÇA K, Guerra R. Desenvolvimento e validação de um instrumento de medida da satisfação do paciente com a fisioterapia. Rev Bras Fisioter. 2007;11(5):369-76.

PIMENTEL, P. K. A.; COELHO JÚNIOR, N. Algumas considerações sobre o uso da empatia em casos e situações limite. Psicologia Clínica, Rio de Janeiro, Vol .21, n. 2, 301314, 2009.

ROGERS, C.R. Fundamentos de uma abordagem centrada na pessoa. In: Um jeito de ser. São Paulo: EPU, 1987.

APÊNDICE 1 – Questionário Adaptado para uso de coleta de dados.

\"\"