Faculdade ESTÁCIO Manaus/AM
Curso de Enfermagem
Autores:
Ana Cristina da Silva Pena¹ Ediones do Socorro de Queiroz Rocha² Kátia Virgínia Gabriel Castro³ Tatiane Soares de Magalhães4 Ricardo Felipe de Souza Caramês5
¹ Acadêmica do Curso de Enfermagem da Faculdade ESTÁCIO Manaus/AM. ² Acadêmica do Curso de Enfermagem da Faculdade ESTÁCIO Manaus/AM. ³ Acadêmica do Curso de Enfermagem da Faculdade ESTÁCIO Manaus/AM. 4 Acadêmica do Curso de Enfermagem da Faculdade ESTÁCIO Manaus/AM. 5 Enfermeiro Doutor docente da Faculdade ESTÁCIO Manaus/AM.
RESUMO
O parto humanizado envolve um conjunto de condutas e procedimentos que tem como finalidade a promoção do parto fisiológico, prevenindo a morbimortalidade materna e perinatal. Objetivo:Demonstrar como ocorre a assistência da equipe de enfermagem durante o parto humanizado. Métodos: Foi realizada uma revisão da literatura nas bases de dados MEDLINE, LILACS, SCIELO e PUBMED e revistas relativo aos anos de 2010 a 2020, utilizando os descritores: enfermagem, humanização da assistência, parto humanizado e seus correspondentes em inglês. Resultados eDiscussão: Foram identificados 242 artigos, onde levando em consideração os itens de inclusão e exclusão, permaneceram 10 artigos. Na qual demonstram a importância da assistência de enfermagem no parto humanizado. Conclusão:Durante o parto humanizado, a equipe de enfermagem possui uma grande importância, dando autonomia, segurança e protagonismo à parturiente. Favorecendo a redução de riscos e complicações, oferecendo orientação, apoio, bem estar e melhor qualidade de vida.
Descritores: Enfermagem, humanização da assistência, parto humanizado.
ABSTRACT
Humanized childbirth involves a set of conducts and procedures that promote physiological childbirth, preventing maternal and perinatal morbidity and mortality. Objective: to demonstrate how the care of the nursing team occurs during humanized childbirth. Methods: A literature review was carried out in the MEDLINE, LILACS, SCIELO and PUBMED databases and journals for the years 2010 to 2020, using the descriptors: nursing, care humanization, humanized childbirth and their English counterparts. Results and Discussion: 242 articles were identified, where, taking into account the inclusion and exclusion items, 10 articles remained. In which they demonstrate the importance of nursing care in humanized childbirth. Conclusion: During humanized childbirth, the nursing team has a great importance, giving autonomy, security and protagonism to the parturient. Favoring the reduction of risks and complications, offering guidance, support, well-being and better quality of life.
Descriptors: Nursing, humanization of care, humanized childbirth.
INTRODUÇÃO
Na tentativa de preservar o caráter fisiológico do nascimento, criou-se o conceito parto humanizado, que vem a ser um conjunto de condutas e procedimentos que tem por finalidade a promoção do parto, nascimentos saudáveis e prevenção da morbimortalidade materna e perinatal. Nesta constante busca pela humanização do parto exige-se em primeiro lugar o seu entendimento como sendo um evento da vida sexual e reprodutiva; um processo fisiológico, que requer acompanhamento com o mínimo de intervenção, que disponha de pessoal treinado e de condições estruturais para identificação e prevenção precoce de complicações e situações de risco, permitindo atuação imediata, adequada e eficaz.¹
Humanizar a assistência ao parto e ao nascimento implica em mudança de atitudes e de condutas, por meio de uma assistência que garanta o respeito e a sensibilidade com o trinômio mulher-criança-família. A humanização precisa ir além de tratar bem as pessoas, envolvendo a valorização dos sujeitos e o respeito às suas singularidades. Compreender o significado da humanização do parto e suas implicações positivas na vida da mulher é ter um posicionamento voltado para a atenção aos usuários. Nesse sentido, para que o profissional de saúde possa oferecer um parto e nascimento humanizados, em primeiro lugar, faz-se necessário dar voz às parturientes, ouvir suas queixas, seus anseios, suas dúvidas e expectativas e, a partir disso, delinear as mudanças necessárias na cena do parto.²
Humanizar o parto não se resume em apenas realizar o parto normal, mas sim tornar a mulher protagonista e não apenas expectadora desse momento. Incluindo o respeito à dinâmica de cada nascimento e seu processo fisiológico.3
O bem estar físico e emocional da mulher é necessário para ocorrer um bom desenvolvimento durante o trabalho de parto, favorecendo a redução de riscos e complicações. Por isso, é fundamental o respeito ao direito da mulher a privacidade, conforto e segurança, recebendo uma assistência humana e qualificada.4
Nessa perspectiva, o profissional de saúde, e em especial, o enfermeiro obstetra, deve ter habilidades e competências que favoreçam a prestação de um cuidado integral, respeitando a fisiologia do parto, promovendo apoio físico e emocional à mulher e sua família, bem como evitando intervenções desnecessárias no parto e no nascimento. Portanto, evidencia-se que a atuação da equipe de enfermagem é primordial na assistência à mulher no processo parturitivo, garantindo um atendimento de qualidade em um ambiente adequado e seguro para o binômio mãe/filho.5
Logo, o objetivo do presente artigo é demonstrar como a equipe de enfermagem atua, oferecendo assistência durante o parto humanizado.
METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão da literatura, onde foram utilizados artigos científicos em português e inglês, publicados entre os anos de 2010 a 2020. A pesquisa foi feita nas bases de dados MEDLINE (literatura internacional em ciências da saúde), LILACS (literatura latino-americana e do Caribe em ciências da saúde), SCIELO Org (Scientific Electronic Library Online), PUBMED. Utilizando a combinação dos seguintes descritores: enfermagem, humanização da assistência, parto humanizado e seus correspondentes em inglês, estes descritores poderiam estar no título ou no resumo.
A busca dos artigos nas bases de dados resultou: 1 artigo no PUBMED, 194 artigos no LILACS, 23 artigos no MEDLINE e 24 artigos no SCIELO. Foram incluídos artigos que abordassem sobre a assistência de enfermagem durante o parto humanizado, publicado no período de 2010 a 2020 e excluídos aqueles duplicados, publicados antes do ano de 2010 e que não abordassem o tema proposto. Seguindo os critérios de inclusão e exclusão foram selecionados 10 artigos que contemplaram o desenho metodológico proposto.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A busca por um cuidado mais humanizado, isto é, que permita vivenciar a gestação, trabalho de parto e parto de forma plena e natural é iniciativa das próprias mulheres, dado o significado cultural do processo do nascimento. Humanizar o cuidado à mulher e sua família, na situação de trabalho de parto e parto, consiste em respeitar o tempo da mulher no processo de parturição; evitar intervenções desnecessárias impostas pelas rotinas hospitalares e reconhecer os aspectos culturais próprios da mulher, dentro de seu contexto de vida.6
Durante o processo gestacional, muitas vezes, a tranquilidade é abalada, pois nesse período a mulher passa por mudanças biológicas, somáticas, psicológicas e sociais, podendo gerar sentimentos de preocupação e insegurança. Porém, a sensação de tranquilidade é fundamental para o exercício prazeroso da maternidade.7
Diante desse cenário, surge a enfermeira obstétrica como profissional capacitada a realizar uma assistência humanizada, proporcionando às mulheres conforto e segurança, através de uma escuta ativa e orientações prestadas. A equipe de enfermagem tem se mostrado importante na desmedicalização do parto e nascimento, lançando mão de práticas que não interferem na fisiologia do parto, com o objetivo de tornar a parturiente e seus acompanhantes ativos e participativos nesse momento único.8
A formação em obstetrícia confere à enfermeira habilidades e competências que a possibilitam ter uma visão integral da situação, cuidando do que é fundamental, ou seja, desde a temperatura da sala, até a luminosidade e o silêncio, para que cada mulher sinta-se livre e à vontade para mudar de posição.9
A gestação e o parto, como eventos naturais e fisiológicos, fazem parte da vida sexual e reprodutiva da mulher e deve ser acompanhada de maneira favorável e não invasiva, possibilitando que a parturiente tome posse do seu trabalho de parto de forma ativa.10
No momento do parto humanizado a autonomia da mulher deve ser colocada de forma primordial, cabendo ao profissional: esclarecer dúvidas, fornecer informações, realizar os desejos da mulher, intervindo o mínimo, para que o processo do parto venha se desenvolver naturalmente e sem distócia, para que isso aconteça deve haver um laço de confiança entre a parturiente e o profissional.11
O enfermeiro tem como responsabilidade planejar, coordenar, executar, intervir e avaliar os serviços da assistência de enfermagem, tendo assim oportunidade de expor seu conhecimento e promover um serviço de bem- estar para a gestante e o bebê que está por vir, no qual para que seja um ato humanizado é necessária a junção do trabalho multidisciplinar para que não ocorra intercorrências.11
Existem diversas formas de ação com o objetivo de humanizar o parto, sendo que uma delas é proporcionar à mulher o acompanhamento de uma pessoa de sua confiança no período de trabalho de parto. É fundamental que os profissionais de saúde estejam sensibilizados a respeito da importância da presença do acompanhamento para a mulher durante o trabalho de parto, bem como precisam estar preparados para executarem suas atividades junto ao acompanhante e à parturiente, informando-os sobre as condutas e evoluções a serem realizadas.12
O papel do acompanhante é um elemento essencial para dar suporte emocional. É uma das maneiras de a mulher encontrar forças para levar o trabalho de parto de forma mais tranquila, diminuindo a ansiedade. Portanto, o acompanhante proporciona à mulher segurança e conforto.13
Na preparação da gestante para o parto, a equipe de enfermagem utiliza de alguns métodos que contribuem para o trabalho de parto e para uma boa dilatação, como a utilização do cavalinho, realização de agachamentos, movimentos de alongamentos e pequenos passos de dança, que é uma prática positiva para a gestante, pois ajuda na abertura da pelve e favorece os movimentos na hora do parto; táticas para acalmar a parturiente no momento expulsivo, como a penumbra, que é a baixa iluminação na sala de procedimento, a música suave, a temperatura ambiente agradável e o silêncio para evitar alguns estímulos desnecessários, que favorecem a boa dinâmica do trabalho de parto, abreviando o sofrimento materno.14
As tecnologias não invasivas de cuidado fazem parte do modelo humanizado e vêm sendo amplamente utilizadas, seja na diminuição do tempo do trabalho de parto ou aliviando a dor. Oportunizar à parturiente a utilização de TNICE configurou- se como importante estratégia no processo de humanização das duas instituições analisadas. Estas TNICE permitiram à parturiente escolher a posição que melhor lhe conviesse durante o trabalho de parto e parto.15
Controlar a dor do trabalho de parto, sem malefícios para o feto ou parturiente, é um dos principais objetivos do cuidado à mulher em processo de parturição. A dor é uma experiência subjetiva, que envolve uma interação complexa entre a fisiologia do corpo, o espírito e o ambiente. É uma experiência emocional, sensitiva e desagradável associada à lesão tecidual. No trabalho de parto, a dilatação do colo uterino é um componente importante da dor, adicionado a outros fatores, como: contração e distensão das fibras uterinas; tração de anexos e peritônio; distensão do canal vaginal; pressão nas estruturas pélvicas, na uretra, na bexiga e sobre as raízes do plexo lombo-sacro. O desconforto da dor pode ser aliviado através do uso de métodos não farmacológicos.16
A massagem é um método de estimulação sensorial que tem o potencial de promover alívio da dor e o efeito de relaxamento, diminuindo o estresse emocional, melhorando o fluxo sanguíneo e a oxigenação dos tecidos.17
Conhecidos como cuidados de origem milenar, a utilização do calor ou do frio sempre se mantiveram como fonte terapêutica não farmacológica no alívio a dor. O uso da crioterapia ameniza a dor durante toda a fase ativa e o período expulsivo, promove redução na duração da evolução do parto, sem alterações quanto ao grau de laceração, frequência cardíaca fetal e escore de Apgar. Ela pode ser realizada nas costas e na região inferior do abdômen durante o período de dilatação, recomenda-se também a continuidade em região perineal durante o período expulsivo.18
ANO | AUTOR | OBJETIVO | TIPO DE ESTUDO | RESULTADOS |
2010 | Frello e Carraro | Identificar como se apresentam os componentes do cuidado de Enfermagem nas falas das puerpéras acerca do seu processo de parto. | Pesquisa Qualitativa | Os resultados apontam os aspectos relativos ao cuidado da mulher no processo de parto, possibilitando ter clareza sobre suas necessidades de forma a qualificar o cuidado prestado. |
2012 | Caus et al., | Compreender o significado que a parturiente atribui ao processo de parir assistido pela enfermeira, à luz da Teoria Humanística, e identificar as contribuições deste processo para promover o cuidado humanístico. | Pesquisa convergente- assistencial | Conclui-se que a parturiente assistida pela enfermeira obstétrica percebe um canal intersubjetivo aberto para o encontro, proporcionando-lhe mecanismos de chamados-respostas indispensáveis ao cuidado de si e do recém-nascido. |
2012 | Progianti e Costa | Discutir as repercussões das práticas educativas desenvolvidas por enfermeiras sobre a vivência das mulheres na gravidez e no parto | Qualitativo | Os resultados mostraram que as práticas educativas foram reestruturantes para a vivência tranquila, formação do vínculo materno, livre expressão da sexualidade durante a gestação e sensações vividas no parto. Concluiu-se que a educação em saúde utilizada como instrumento do cuidar, oportuniza a adesão da mulher a práticas obstétricas menos intervencionistas. |
2016 | Motta et al., | analisar a implementação das práticas humanizadas na assistência ao parto natural, fundamentada no documento \”Boas práticas de atenção ao parto e ao nascimento” de 1996. | Transversal | 35,29% das mulheres tinham entre 20 e 25 anos, 64,71% não concluíram o ensino médio e 76,47% relataram renda mensal de um salário. Destacaram-se práticas eficazes de atenção ao parto e ao nascimento: apoio empático pelos profissionais (92,16%); uso de métodos não farmacológicos no alívio da dor (90,20%); liberdade de posição durante o trabalho de parto (74,51%); e práticas inadequadas: cateterização venosa profilática (64,7%), pressão do fundo uterino (62,7%) e transferência da parturiente para outra sala no segundo estágio do trabalho de parto (82,3%). |
2016 | Vargens et al., | Identificar as práticas empregadas por enfermeiras obstétricas na assistência ao parto em maternidades públicas e sua contribuição na consolidação da humanização do parto e nascimento. | Estudo descritivo, quantitativo, transversal, | Na Maternidade A, 68,50% dos partos foram acompanhados por enfermeiras obstétricas. Na Maternidade B, estes foram 43,07%. Predominou a adoção de posições verticalizadas (78,95%). O estímulo à deambulação ocorreu em 37,29% dos partos. A episiotomia ocorreu em apenas 4,0% dos partos |
2017 | Lehugear et al., | Caracterizar os partos assistidos por enfermeira obstétrica quanto aos métodos não farmacológicos de alívio da dor no processo de parturição. | Estudo quantitativo, transversal, descritivo | 98,3% utilizaram algum método não farmacológico de alívio da dor, a saber: deambulação (79,2%), banho (73,1%), massagem (60,0%), variedade de posição (58,8%), aromaterapia (46,9%), bola (42%), entre outros. |
2018 | Alvares et al., | Analisar a prática de enfermeiras obstétricas atuantes em uma unidade de pré- parto/parto/pós -parto de um hospital universitário do estado de Mato Grosso e o bem-estar materno resultante da assistência nesse cenário | Estudo de abordagem quantitativa | Os resultados indicam que a prática das enfermeiras obstétricas está pautada na humanização do parto e nascimento, contudo, a presença de práticas invasivas e desnecessárias no serviço não influenciou o nível de bem-estar materno que foi ótimo para 76% das mulheres. |
2018 | Ferreira et al., | Avaliar a importância da assistência de enfermagem humanizada durante o parto | Revisão Integrativa | Os resultados dos estudos apontaram que a assistência humanizada no parto vem sendo incentivada pelos órgãos de saúde através de portarias e decretos que regulamentam e visam melhorar a qualidade da assistência, com o desenvolvimento de novas tecnologias houve progresso no atendimento obstétrico. O papel do enfermeiro é proporcionar à mulher, durante o parto, maior segurança e conforto, sempre com uma escuta ativa e atenciosa. |
2019 | Mascarenh as et al., | Identificar na literatura nacional e internacional, estudos sobre a eficácia de métodos não farmacológicos na redução da dor do parto. | Revisão Integrativa | A acupuntura e a acupressão agem tanto sobre aspectos fisiológicos da dor como sobre sua subjetividade. O banho quente de aspersão, a musicoterapia, a aromaterapia e as técnicas de respiração promovem o relaxamento e a diminuição dos níveis de ansiedade. As terapias térmicas contribuem para a analgesia local de regiões afetadas pela dor. Os exercícios na bola suíça são importantes para reduzir a dor e adotar a posição vertical, importante na progressão do trabalho de parto. |
2019 | Viana et al., | Descrever a experiência vivenciada por acadêmicas na assistência de Enfermagem ao parto humanizado em uma maternidade na região norte do Ceará. | Relato de experiência, de caráter descritivo. | Verificou-se que alguns artifícios como o cavalinho, a penumbra e a música, fortalecem o desenvolvimento de um parto seguro e sem intercorrências, contando com a assistência da equipe de enfermagem que tem papel fundamental no cuidado da gestante. |
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto, observou-se que a humanização na assistência ao parto é muito importante e requer ética e uma atitude acolhedora dos profissionais da área da saúde, onde o objetivo principal é tornar o momento do parto o mais natural possível, criando um ambiente onde a mulher é a protagonista principal e possui a autonomia sobre seu corpo, tendo seus direitos e desejos respeitados.
Evidencia-se que o enfermeiro obstétrico possui um papel fundamental na humanização do parto, visto que é um profissional capacitado para atuar em diversas áreas, inclusive durante o parto. O seu objetivo no parto humanizado é orientar, ouvir e promover meios de tornar o parto um momento único e natural,
preservando os desejos e autonomia da parturiente, utilizando de técnicas não invasivas como meio de acelerar o nascimento e auxiliar no alívio de dor.
REFERÊNCIAS
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