OS BENEFÍCIOS FISIOTERAPÊUTICOS ATRAVÉS DA DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL NO TRATAMENTO DO LINFEDEMA PÓS-MASTECTOMIA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA

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Autora:
Yara Vargas Braga¹;
Orientador:
Denilson da Silva Veras²

1Acadêmica Finalista do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Fametro – CEUNIFAMETRO, Manaus/AM.

2Fisioterapeuta Mestre; Docente do Centro Universitário Fametro – CEUNIFAMETRO, Manaus/AM.


RESUMO

Introdução: O câncer de mama é considero uma doença maligna, sendo assim, o tratamento consiste em cirurgias, como a mastectomia, que visa eliminar o tumor e aumentar as chances de vida. Entretanto, geralmente no pós-operatório podem ocorrer complicações, como o linfedema e a diminuição da amplitude de movimento. Portanto, a adição da drenagem linfática manual no tratamento tem como objetivo a melhora do linfedema, assim ajudando no retorno da qualidade de vida. Objetivo:Analisar os benefícios que a adição da drenagem linfática manual pode ter no quadro sintomatológico do linfedema no pós-mastectomia. Métodos: Foi realizada uma revisão integrativa da literatura, onde se utilizou artigos científicos da base de dados: PubMed, SciELO, LILACS, publicados entre os anos de 2011 a 2020. Utilizando os seguintes descritores: pós-mastectomia, linfedema, drenagem linfática manual, câncer de mama, e seus correspondentes em inglês. Resultados: No total foram 23 artigos, onde 5 artigos que abordaram o tema foram selecionados e demonstraram os benefícios através da inclusão da drenagem linfática manual no tratamento do linfedema pós-mastectomia. Conclusão: Desta forma, diante do que foi exposto, conclui-se que a fisioterapia é de suma importância no pré e pós- operatório de mastectomia, sendo benéfica através da drenagem linfática incluída no tratamento, na qual possui eficácia quanto á redução do linfedema, na melhora da dor, amplitude de movimento e trazendo também o retorno da qualidade de vida das mulheres mastectomizadas.

Palavras-chaves:Linfedema, mastectomia, drenagem linfatica manual.

ABSTRACT

Introduction: Breast cancer is considered a malignant disease, so the treatment consists of surgery, such as mastectomy, which aims to eliminate the tumor and increase the chances of life. However, usually in the postoperative period complications can occur, such as lymphedema and decreased range of motion. Therefore, the addition of manual lymphatic drainage to the treatment aims to improve lymphedema, thus helping the return of quality of life. Objective: To analyze the benefits that the addition of manual lymphatic drainage can have on the symptomatological picture of lymphedema in the post-mastectomy. Methods: An integrative literature review was conducted using scientific articles from the database: PubMed, SciELO, LILACS, published between the years 2011 and 2020. Using the following descriptors: post-mastectomy, lymphedema, manual lymphatic drainage, breast cancer, and their English correspondents. Results: In total there were 23 articles, where 5 articles that addressed the topic were selected and demonstrated the benefits through the inclusion of manual lymphatic drainage in the treatment of post-mastectomy lymphedema. Conclusion: Thus, in view of what was exposed, it is concluded that physical therapy is of utmost importance in the pre and postoperative period of mastectomy, being beneficial through the lymphatic drainage included in the treatment, which is effective in reducing lymphedema, improving pain, range of motion and also bringing back the quality of life of mastectomized women.

Keywords:.Lymphedema, mastectomy, manual lymphatic drainage.

INTRODUÇÃO

A glândula mamária, órgão par, situa-se na parede anterior do tórax, em sua porção superior, e está apoiada sobre o musculo peitoral maior, estendendo-se da segunda á sexta costela no plano vertical e do esterno á linha axilar anterior no plano horizontal. (CAMPOS e CAMARGO, 2015).

Segundo Ribeiro (2004 apud Furtado e Thiesen, 2019), o sistema linfático é uma via auxiliar do sistema venoso na qual drena líquidos originados do interstício onde os mesmos retornam e seguem por meio da circulação linfática, onde esta relacionada com a circulação sanguínea e a os líquidos intersticiais.

Portanto, Filho e Pereira (2015), relatam que a linfa é recolhida pelos capilares linfáticos, passando diretamente para os vasos linfáticos e chegando aos troncos linfáticos sendo depositada nas veias mais calibrosas, assim os troncos linfáticos possuem relação com os ductos linfáticos, sendo divido em ducto torácico e o ducto linfático direito.

Conforme Fernandes e Narchi (2013), o câncer de mama (CM), pode se manifestar como um tumor de densidade dura na qual possui limites indeterminados e tamanho que pode mudar de 1 até alguns centímetros de diâmetro, podendo evoluir através do tempo.

Para Rett et al., (2012), mesmo que se tenha uma evolução do câncer de mama e do tratamento, junto com a técnica de retirada do linfonodo sentinela, os métodos cirúrgicos sendo eles radicais ou conservadores, continuam prevalecendo. Sendo que o método cirúrgico é composto desde a tumorectomia até a mastectomia estando relacionada ou não com a retirada dos linfonodos axilares.

De acordo com Durant et al., (2019), o acontecimento do linfedema associado ao câncer de mama está relacionado a vários fatores de risco, podendo estar incluída as cirurgias mais agressivas, dissecção de linfonodos axilares, o alto índice de massa corporal, radioterapia realizada sobre a região linfonodal, idade e compilações no pós-operatório.

Para Huang et al., (2013), o linfedema é uma complicação considera bastante preocupante para pacientes que precisaram passar por tratamento de câncer de mama e assim tendo que ser submetidas á dissecção de linfonodos axilares. Desse modo a incidência do linfedema varia de 12% a 26% com o período de 12 meses após a cirurgia. Sendo assim esta complicação acarreta em deformidades, perda de função, desconforto físico, e sofrimento psíquico.

Segundo a autora Baracho (2018), drenagem linfática manual é considerada um método terapêutico, na qual é caracterizada por um conjunto de manobras individualizadas que atuam, especialmente sobre o sistema linfático superficial, drenando o excesso de liquido acumulado no interstício, no tecido e dentro dos vasos. A direção do fluxo linfático superficial se dá por meio de diferentes pressões e forças externas ao sistema linfático, como por exemplo, a contração muscular e a drenagem linfática manual.

Logo, o objetivo do presente artigo através de sites de buscas de pesquisas acadêmicas foi analisar e descrever o benefício proposto para o linfedema pós- mastectomia com o método de drenagem linfática manual.

METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, utilizando artigos cientificos a base de dados: Serviço de U.S. National Libraryof Medicine (PubMed), Scientific Electronic Library Online (SciELO), Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), publicados no período de 2011 a 2020, pesquisados no período agosto a outubro de 2021. Utilizando os seguintes descritores: pós- mastectomia, linfedema, drenagem linfática manual, câncer de mama e seus correspondentes em inglês.

A busca de artigos resultou em: 8 artigos no LILACS, 9 artigos no SCIELO E 5 artigos no PUBMED e 1 Monografia. O critério de inclusão adotado foram artigos que puderam demonstrar os benefícios da adição da drenagem linfática manual no linfedema pós-mastectomia. Artigos que não atenderam esse critério foram excluídos, bem como aqueles que não abordavam a temática e publicações de anos anteriores 2011. Seguindo os critérios de inclusão e exclusão foram selecionados 5 artigos que contemplaram o desenho metodológico proposto.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com Almeida e Monteiro (2011), estudos afirmam que a fisioterapia é de suma importância quanto ao tratamento do câncer de mama e pós- mastectomia, ou seja, quando é necessário ser feita a cirurgia para retirada do seio, pois é uma área que possui várias técnicas nas quais ajudam na melhoria de vida dos pacientes, assim ela não se faz importante apenas no pré-operatório para prevenção de possíveis complicações decorrentes, mas no pós-operatório também onde podem surgir complicações logo após a cirurgia, como o linfedema. A drenagem linfática é uma técnica entre algumas outras existentes compostas por manobras bastante utilizadas como a VOODER, FOLDI, LEDUC, GODOY E GODOY, onde se tornou uma das técnicas mais indicadas e possui resultados benéficos para o tratamento do linfedema, tanto na sua redução significativa, quanto na melhora em outras complicações. E junto de outras técnicas associadas a eficácia do tratamento se torna mais benéfica.

Em estudos Ezzo et al., (2015) relatam que a drenagem linfática manual (DLM), consiste em uma técnica leve, simples, segura, e que consequentemente dispõe de uma função na qual é capaz de causar um efeito de redução do inchaço, deste modo aumentando o fluxo da linfa nas vias linfaticas, ou seja, o mesmo pode ser administrado sozinho, conseguindo oferecer os benefícios para a melhora do edema, porém alguns estudos mostram que a drenagem linfática pode ser associada a outros tipos de técnicas trazendo benefícios adicionais quando utilizado a técnica de terapia de compressão, aumentado a sua eficácia na redução do linfedema. Um ensaio analisado mostrou que após adicionar a drenagem à bandagem de compressão o inchaço diminuiu cerca de 7,11%%. Geralmente a drenagem linfática relacionada á outra técnica ou não, possui esse benefício de redução do inchaço de modo mais significativo em pacientes que possuem linfedema leve a moderado, assim sendo de suma importância iniciar o tratamento fisioterapêutico o mais rápido possível.

Segundo McNeely et al., (2011), através de cinco estudos na qual houve o envolvimento de 198 pacientes, foi investigado o beneficio demonstrado ao acrescentar a drenagem linfática manual junto à terapia de compressão, sendo comparada apenas com esta terapia. Deste modo, os resultados dos estudos apresentaram um efeito considerado muito importante e eficaz com a adição da drenagem linfática manual (DLM), resultando de modo significativo em relação à redução de volume em linfedema superior como complicação do pós-operatório de mastectomia.

Conforme Silva et al., (2020), em estudos analisados foi necessário a utilização dos métodos de avaliação que pudessem verificar se houve alguma diferença logo após as condutas utilizadas para o tratamento em pacientes acometidas de linfedema no pós-operatório, com a faixa etária entre 40 e 85 anos. A perimetria foi um método utilizado para a avalição, que serve para mensurar o como se encontra o edema, junto da gôniometria, para se obter informações, como quaisquer alterações na amplitude de movimento do membro superior. Logo após as informações recolhidas, sendo utilizada a técnica de drenagem linfática manual, onde foi possível observar uma evolução considerada significativa da abdução máxima de ombro e redução importante do edema apresentado, ocasionando a melhora do fluxo linfático associando a exercício físico.

Para Dielle e Santana (2018), os estudos mostraram que o linfedema é uma complicação que pode aparecer após a mastectomia, a mesma é subdividida através da Classificação da Sociedade de Linfologia. Sendo assim foi um estudo controlado randomizado avaliou cerca de 135 mulheres com a faixa etária entre 53 e 56 anos, com o tratamento de 14 sessões, comparando a eficácia do protocolo de terapia complexa descongestiva que possui a adição da drenagem linfática, podendo observar que houve redução media do volume do linfedema de 236,7 mL comparado ao valor coletado inicialmente, sendo que ao final do tratamento 51% das pacientes relataram melhora da dor. Deste modo a drenagem linfática estando associada ao protocolo de TCD possui eficácia na redução do linfedema, na dor e na melhora da qualidade de vida.

Tabela 2


ANO
AUTOROBJETIVOTIPO DE ESTUDORESULTADO
2011Almeida e Monteiro.Analisar a atuação da drenagem linfática manual no tratamento do linfedema.Revisão bibliográficaEstudos comprovam a eficácia da DLM como técnica isolada em pacientes mastectomizadas, mas os seus efeitos são melhores com a associação de outras técnicas.
2015Ezzo et al.Avaliar a eficácia e segurança da drenagem linfática manual no tratamento do linfedema relacionado ao câncer de mama.Revisão Sistemática
De acordo com os ensaios analisados houve redução significativa do inchaço do linfedema quando adicionado o DLM.
2011McNeely et alAtualizar as evidencias dos ensaios clínicos randomizados sobre os benefícios das intervenções conservadoras para o linfedema relacionado ao câncer.Revisão Sistemática e Meta-analiseOs resultados combinados demonstraram um beneficio estatisticamente significativo na adição de DLM para reduzir o volume do linfedema relacionado ao câncer de mama.
2020Silva et al.Verificar o efeito da drenagem linfática no pós- operatório de mastectomia.Revisão Sistemática.Verificou o efeito da DLM associada a outras técnicas em mulheres no pós-operatório de mastectomia assim foi encontrada melhora na ADM, circunferência do membro e qualidade de vida dessas mulheres.
2018 Dielle e Santana. Identificar sistematicamente a eficácia dos protocolos de tratamento fisioterapêutico associados a drenagem linfática e seus efeitos em mulheres mastectomizadas que evoluíram com linfedema.Revisão Sistemática A DLM incluída no TCD possui eficácia significativa no controle e resolução do linfedema.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Deste modo, diante do exposto, concluímos que a drenagem linfatica manual incluída no tratamento de linfedema possui eficácia quanto á redução do edema, sendo também benéfico na melhora da dor e amplitude de movimento associada a outros métodos, assim se faz de suma importância a fisioterapia estar tanto no âmbito pré-operatório visando a prevenção, quanto no pós-operatório de mastectomia. Desta forma, se faz necessário ressaltar a carência de novas pesquisas quanto a esta técnica, pois os estudos são limitados.

REFERÊNCIAS

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DURANT, L. C.; TOMADON, A.; CAMBOIN, F. F.; SILVA, J.; CAMPOS, R. B.; GOZZO, T. O. Sobrevivência e fatores de risco em mulheres com câncer demama:arelaçãodolinfedema.Revista Brasileira de Cancerologia. 65(1): e- 07303, São Paulo, 2019.

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