Autores:
Lins Edyolimpio de Souza1,
Podmelle Rubenyta Martins2.
1. Fisioterapeuta formado pelo Centro Universitário São Miguel. E-mail: edyolimpio@yahoo.com.br.
2. Mestre em Gerontologia pela UFPE, Professora do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário São Miguel. E-mail: rmartins63@hotmail.com.
RESUMO
Objetivo: analisar a eficácia do treinamento proprioceptivo na melhoria da performance de atletas de taekwondo. Método: estudo de caso, realizado na Academia de Taekwondo Lins Santos, com 01 atleta adulto, do sexo masculino. A coleta de dados foi realizada utilizando o Star Excursion Balance Test (SEBT), na avaliação do equilíbrio estático do atleta. A intervenção proprioceptiva foi realizada durante 03 meses, 01 vez por semana, com duração de 15 minutos e ocorreu no período de novembro de 2019 a janeiro de 2020; consistia em exercícios de apoio unipodal, com e sem uso de materiais (Bola medicine Ball de 2Kg, disco e prancha de equilíbrio). Resultados: das 08 direções avaliadas pelo SEBT, foi possível observar melhoras significativas em 07 direções do lado direito e em 06 direções do lado esquerdo, trazendo como resultado final a melhora do equilíbrio em 83,38% no Membro Inferior Direito e 77,57% no Membro Inferior Esquerdo. Conclusão: a inclusão de um programa de exercícios proprioceptivos nos treinamentos de atletas de Taekwondo mostra-se uma alternativa eficaz na melhoria do equilíbrio, controle postural e gesto esportivo desses atletas, possibilitando melhor desempenho em competições. Recomenda-se a realização de novos estudos para comprovar de forma mais fidedigna a eficácia deste protocolo.
DESCRITORES: Taekwondo; Propriocepção; Atletas; Fisioterapia; Desempenho Esportivo.
DESCRIPTORS: Taekwondo; Proprioception; Athletes; Physiotherapy; Sports Performance.
INTRODUÇÃO
O Taekwondo (TKD) é uma arte marcial que surgiu na Coréia, da junção de diferentes técnicas milenares existentes nessa região e que se baseia na prática da autodefesa utilizando os pés e as mãos, com ênfase maior dada para o uso dos pés em detrenimento das mãos 1,2. Draeger e Smith (1980)3 explicam que o nome Taekwondo vem da junção de três palavras: “Tae” = chute ou pés, “Kwon” = bater ou perfurar com as mãos ou punho, e “Do” = caminho ou método, formando a gênese do TKD como sendo “Caminho dos pés e das mãos”. Esta arte existe há mais de 1200 anos e nela utilizam-se golpes de pernas e braços para ataque e defesa, com utilização de golpes em diferentes alturas e partes do corpo4.
Após se tornar um esporte olímpico em Sidney, no ano 2000, ocorreu uma divulgação exponencial do esporte e crescimento do número de praticantes da arte em todo mundo5. Com esta crescente demanda, houve a necessidade de usar novas medidas que levassem os atletas de TKD a melhorias de desempenho na performance e no gesto esportivo, promovendo melhores resultados nas competições6. No âmbito competitivo, o TKD é uma luta de chutes giratórios rápidos, que utiliza saltos e deslocamentos, projeções e rotações do corpo, com técnicas, em sua maioria de apoio unipodal, que geram desequilíbrio, exigindo do atleta, além de um bom condicionamento físico, um bom controle postural4, 5.
Diretamente ligado ao controle postural, equilíbrio e coordenação motora, existe a propriocepção, que é a percepção corporal, o controle neuromuscular do corpo. Esse controle funciona através de mecanorreceptores que estão ligados aos músculos, articulações, tendões e ligamentos, que vão levar a informação, através de aferências proprioceptivas, para o Sistema Nervoso Central, que irá processar e organizar as respostas que o corpo irá produzir, promovendo controle postural adequado através de movimentos corretos e melhor estabilidade articular7.
A percepção corporal é que irá manter a postura, e quando ocorrerem alterações na propriocepção, aumenta os riscos de queda e de instabilidade articular, interferindo diretamente no controle motor e desempenho funcional da articulação8. A estabilidade articular vem sendo cada vez mais exigida como requisito essencial na prática de atividades esportivas e para melhorar o movimento e o gesto esportivo, o praticante de artes marciais precisa manter o controle motor e trabalhar constantemente a habilidade do corpo em perceber modificações bruscas, para que, de acordo com as necessidades, consiga modificar os detalhes da ação9.
O treinamento proprioceptivo, dentro da fisioterapia esportiva, busca não apenas a reabilitação, mas a prevenção e o preparo do corpo para as atividades esportivas. Tem um papel primordial para os atletas de TKD, pois mostra ser um ponto chave para melhorar o equilíbrio, potencializar os gestos do esporte e as funções do atleta, evitando seu afastamento e melhorando seu desempenho em competições10.
OBJETIVO
O objetivo dessa pesquisa foi analisar a eficácia do treinamento proprioceptivo na melhoria da performance de atletas de taekwondo.
MÉTODO
Trata-se de um estudo de caso, quantitativo, prospectivo, quase experimental, de delineamento longitudinal, realizado na Academia de Taekwondo Lins Santos, localizada na cidade de Paulista, entre os meses de agosto de 2019 a junho de 2020.
A amostra do estudo foi não probabilística por conveniência e respeitou os critérios de elegibilidade. Os critérios de inclusão utilizados foram: ser praticantes da arte marcial taekwondo, conseguir realizar apoio unipodal, realizar chutes na altura do quadril e da cabeça, apresentar pleno entendimento do processo da pesquisa e ter assinado o termo de consentimento livre e esclarecido. Os critérios de exclusão foram: apresentar lesões, estar em tratamento médico e apresentar doenças vestibulares.
No final da triagem, obedecendo aos critérios de inclusão e exclusão, a população estudada foi composta por 01 atleta de alto rendimento de TKD, do sexo masculino, de 19 anos, que praticava taekwondo há quatro (04) anos e que não possuía lesões nem estava em tratamento médico.
A coleta de dados foi realizada utilizado o Star Excursion Balance Test (SEBT), para a avaliação proprioceptiva pré e pós intervenção. O SEBT consiste em um teste funcional de equilíbrio, onde o avaliado, posicionado no centro de um estrela de 8 pontas, realiza um apoio unipodal de um dos membros inferiores, com leve flexão de joelho, e percorre, com o membro contralateral ao que está fixo no solo, cada uma das 8 linhas da estrela, tocando com a ponta do hálux, na amplitude máxima conseguida. A estrela de 8 pontas foi feita no chão, com fita colante amarela e cada uma das 8 linhas possuía 120 centímetros de comprimento e 45º de angulação entre elas, sendo demarcadas de acordo com a posição e direção relativas à posição dos membros, da seguinte forma: anterior, anterolateral, lateral, posterolateral, posterior, posteromedial, medial e anteromedial.
O examinador mostrou previamente como o teste deveria ser realizado e, antes de dar início, o voluntário teve a porção distal do hálux, do membro inferior contralateral ao fixo no solo, demarcado com um marcador vermelho (batom). O examinado deveria seguir o sentido anti horário de alcance das retas quando utilizasse a perna esquerda e o sentido horário com a direita.
O teste iniciou com o atleta no centro da estrela de 8 pontas, realizando leve flexão de joelho e posicionando as mãos de forma fixa no quadril. Em seguida, utilizou o membro inferior, que não estava fixo no solo, para alcançar a maior distância na reta, tocando levemente com a parte mais distal do seu hálux no chão, retornando com o membro para o centro da estrela, mantendo-se em apoio bipodal, em posição de equilíbrio. Esse procedimento foi realizado em cada uma das oito direções, três vezes seguidas com a perna direita e três com a esquerda e, após cada tentativa do examinado, foi medida a distância percorrida do centro das retas até o ponto de toque do hálux, utilizando uma fita métrica e medindo esta distância em centímetros. O tempo de descanso entre cada tentativa foi de 10 segundos e no final, foi calculada a média aritmética com o resultado das três tentativas, chegando ao resultado de cada direção.
Quando ocorriam erros no teste, tais como o examinado tirar o calcanhar do pé de apoio do solo; o pé de apoio sair do centro das retas; o examinado não conseguir tocar na reta; tirar as mãos da cintura, perder o equilíbrio de qualquer outra forma ou realizar descarga de peso com o hálux ao tocar o chão, o teste era repetido naquela reta após descanso de 10 segundos.
A intervenção proprioceptiva foi realizada durante 03 meses, 01 vez por semana, com duração de 15 minutos e ocorreu no período de novembro de 2019 a janeiro de 2020. Ela era realizada dentro do treinamento da academia, sempre após os alongamentos e treinamento de aquecimento e antes dos exercícios de chutes, que eram realizados pelo professor de TKD da academia, cabendo ao examinador realizar apenas o treinamento proprioceptivo, dando ênfase ao equilíbrio e coordenação motora do atleta.
O protocolo de exercícios proprioceptivos utilizado foi descrito por Verhagen et al11, e constituído por exercícios de apoio unipodal, realizados com e sem uso de materiais (bola medicine Ball de 2Kg, disco e prancha de equilíbrio). Todos os exercícios foram realizados em superfície instável (tatame de EVA de 2cm de largura), com os olhos abertos e fechados, utilizando apoio unipodal, intercalando os lados direito e esquerdo e apresentavam variações.
A intervenção sem material foi feita em apoio unipodal, em cima do tatame, com flexão da articulação do joelho durante 5 segundos, realizando, de forma intercalada, 10 repetições em cada membro; a variação do exercício foi feita da mesma forma, porém com flexão do joelho e quadril. Com o uso da medicine Ball, o atleta ficou em apoio unipodal, com joelho em flexão, e com o auxílio do examinador, que ficou distante 5 metros do examinado, realizou 10 arremessos e 10 recepções de bola, de forma intercalada e mantendo o equilíbrio. A variação deste exercício também foi realizando flexão de joelho e quadril.
Os exercícios proprioceptivos, no disco de propriocepção, foram realizados com leve flexão de joelho, também em apoio unipodal. O examinado tentava manter o equilíbrio no disco por 30 segundos com cada membro, realizando duas repetições para cada uma das pernas. A variação incluía além da flexão do joelho, a flexão do quadril. Já na prancha de equilíbrio, os exercícios foram de agachamento em apoio bipodal (10 repetições), e agachamento com apoio unipodal, com uma das articulações do joelho flexionada. Foram feitos 10 agachamentos (flexão do joelho), enquanto tentava-se a manutenção do equilíbrio, com duas repetições em cada perna, de forma alternada. A variação foi apenas para o exercício de apoio unipodal, onde o examinado realizou flexão de joelho e, utilizando a bola medicine Ball de 2Kg, realizou 10 arremessos com as duas mãos, mantendo o equilíbrio. O teste foi repetido duas vezes para cada perna, sempre de forma intercalada.
A análise de dados foi realizada pelo pesquisador e seu orientador, comparando os dados coletados com o SEBT no pré e pós intervenção, e correlacionando-os com os resultados descritos na literatura. As variáveis independentes da pesquisa foram: sexo, idade, peso, altura, frequência de treino e categoria do atleta. As variáveis dependentes foram apenas o equilíbrio dinâmico, avaliado através do SEBT. A presente pesquisa obedeceu aos critérios éticos estabelecidos na Resolução 466/12 da Comissão Nacional de Ética e Pesquisa (CONEP).
Observando os critérios de elegibilidade, o indivíduo apto a participar do estudo foi devidamente esclarecido sobre os objetivos e procedimentos do mesmo e somente foi incluído ao concordar em participar e assinar o “Termo de Consentimento Livre e Esclarecido” (Anexo B), onde também foram descritos os riscos e benefícios da intervenção, e também após assinar o Termo de autorização do uso de imagem e depoimento (Anexo C).
O participante foi informado que com os treinamentos/intervenção, poderiam ocorrer fadiga, dor muscular e/ou articular, quedas e contusões; e que seriam tomadas ações que visassem minimizar esses riscos, como a utilização do piso emborrachado (existente na academia), e a realização de aquecimentos/alongamentos, feitos antes da aplicação da intervenção. Caso ocorresse algum incidente, como uma contusão ou estiramento muscular, a academia estava preparada para atendimento imediato com materiais de primeiros socorros, que foram doados pelo pesquisador principal, para uso em todo período de pesquisa e ainda por mais um ano após a mesma.
O voluntário poderia ainda apresentar algum constrangimento em realizar os testes e a intervenção, ou ainda desconforto em realizar os exercícios, por não conhecê-los. Para minimizar isto, foi realizado um trabalho individualizado, com a participação apenas dos pesquisadores e do professor da academia; além de orientações sobre as atividades e exercícios, que incluíam demonstrações prévias, ao voluntário, de como deveriam ser executadas as tarefas.
Os dados coletados nesta pesquisa (avaliações, fotos e filmagens), ficarão armazenados em pastas de arquivo no computador pessoal do pesquisador Responsável, sob a responsabilidade do mesmo, pelo período mínimo de 05 anos.
Este projeto foi aprovado pelo comitê de ética da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, com o Nº 3.633.350, CAAE 19893019.7.0000.5208 (Anexo D).
RESULTADOS
A amostra do presente estudo foi formada por um atleta do sexo masculino, com 19 anos de idade, que pesava 55 Kg, com 1,67 metros, que treinava TKD pelo menos duas vezes na semana e participa de campeonatos na categoria de luta.
A variável dependente analisada foi o equilíbrio dinâmico do atleta em apoio unipodal, por meio do resultado do teste Star Excursion Balance Test (TAB 01).
Tabela 01: Descrição das variáveis independentes e dependentes.
Variáveis Independentes | |
Sexo | Masculino |
Idade (anos) | 19 |
Peso (Kg) | 55 |
Altura (m) | 1,67 |
Frequência de treino | 02 vezes na semana |
Categoria | Luta |
Variável Dependente | |
Equilíbrio dinâmico | Star Excursion Balance Test |
Esta variável foi medida no início e no final da intervenção, em oito direções diferentes (anterior, anterolateral, lateral, posterolateral, posterior, posteromedial, medial e anteromedial), dos lados direito e esquerdo (FIG 01).
Foi possível observar melhora significativa em 07 (sete) direções no Membro Inferior Direito (MID) (anterior, lateral, posterolateral, posterior, posteromedial, medial e anteromedial) e em 06 (seis) direções no Membro Inferior Esquerdo (MIE) (anterior, anterolateral, lateral, posteromedial, medial e anteromedial) das 08 (oito) direções avaliadas pelo SEBT, que apresentou como resultado final a melhora do equilíbrio em 83,38% no lado direito e 77,57% no lado esquerdo (TAB 02 e 03).
Tabela 02: Resultado da intervenção através da análise do Star Excursion Balance Test .
Pré Intervenção | Pré Intervenção | Pré Intervenção | Pós Intervenção | Pós Intervenção | Pós Intervenção |
Direções | Distância percorrida (cm) | Distância percorrida (cm) | Direções | Distância percorrida (cm) | Distância percorrida (cm) |
MID | MIE | MID | MIE | ||
Anterior | 0,77 | 0,78 | Anterior | 0,84 | 0,80 |
Anterolateral | 0,80 | 0,72 | Anterolateral | 0,80 | 0,77 |
Lateral | 0,73 | 0,66 | Lateral | 0,77 | 0,75 |
Posterolateral | 0,77 | 0,75 | Posterolateral | 0,83 | 0,75 |
Posterior | 0,78 | 0,73 | Posterior | 0,81 | 0,70 |
Posteromedial | 0,72 | 0,64 | Posteromedial | 0,82 | 0,72 |
Medial | 0,61 | 0,54 | Medial | 0,80 | 0,71 |
Anteromedial | 0,66 | 0,67 | Anteromedial | 0,74 | 0,70 |
Tabela 03: Valores percentuais de melhoria.
Valores Percentuais de Melhoria | ||
Resultados (%) | ||
Direções | MID | MIE |
Anterior | 9,10 | 2,56 |
Anterolateral | 0,00 | 6,94 |
Lateral | 5,48 | 13,64 |
Posterolateral | 7,79 | 0,00 |
Posterior | 3,85 | 0,00 |
Posteromedial | 13,89 | 12,50 |
Medial | 31,15 | 31,48 |
Anteromedial | 12,12 | 10,45 |
Total | 83,38 | 77,57 |
DISCUSSÃO
Os resultados obtidos demonstram que um treinamento específico de propriocepção é importante para atletas de TKD, pois promove melhorias no equilíbrio desses atletas, que irá culminar com melhora do gesto esportivo e dos resultados em competições. Encontra-se ainda em concordância com trabalhos anteriores, mesmo com diferenças metodológicas e de protocolos utilizados.
Um estudo de 2017, que comparava os efeitos do treinamento proprioceptivo com o treinamento de reforço muscular sobre a articulação do tornozelo, em atletas de futsal, por meio do SEBT, mostrou que o treinamento proprioceptivo foi eficaz para a melhoria da estabilidade da articulação avaliada, trazendo como resultado um melhor controle dos movimentos. Este resultado se assemelha ao do presente estudo, uma vez que a melhora no controle dos movimentos também melhora o equilíbrio, potencializa os gestos do esporte e as funções do atleta, evitando seu afastamento e melhorando seu desempenho em competições10.
Um artigo de 2004, que forneceu o protocolo de intervenção utilizado nessa pesquisa, já havia mostrado resultado similar ao avaliar a eficácia de um treinamento proprioceptivo na prevenção da entorse de tornozelo em atletas de voleibol. O estudo analisou o incremento de um programa de treinos de equilíbrio, durante 36 semanas. Após as intervenções, os resultados mostraram que foi eficaz a inclusão do programa de treinamento proprioceptivo para a prevenção de entorses de tornozelo11, e comparando com o presente estudo e com os resultados obtidos por Ribas et. al em 2017, os mesmos são semelhantes, pois a propriocepção atua não apenas na prevenção de lesões, mas também no preparo do corpo para as atividades esportivas, na melhora do equilíbrio e na potencialização dos gestos do esporte10.
Resultado semelhante foi obtido por Curtolo et. al12 que compararam e correlacionaram medidas de equilíbrio, controle postural e amplitude de movimento de dorsiflexão do tornozelo (DROM) entre atletas de basquete e não atletas. Estes foram separados em dois grupos diferentes e testados igualmente quanto ao equilíbrio, controle postural e DROM de tornozelo. No final da intervenção, o grupo de atletas de basquete apresentou valores superiores, em relação ao grupo de não atletas. Os autores atribuíram os resultados ao fato do grupo basquete já realizar treinamentos proprioceptivos, uma vez que o basquete é uma modalidade esportiva que pratica atividades que requerem um maior controle postural e equilíbrio dos atletas, concordando que a propriocepção promove controle postural e melhora no equilíbrio.
O estudo de Shirabe et. al13 comparou o equilíbrio postural de atletas de taekwondo com atletas de handebol e futebol americano, onde todos realizaram testes de equilíbrio Unipodal sobre uma plataforma de força de membros inferiores (MMII). Os resultados mostraram que os atletas de TKD têm melhor controle postural dos MMII comparando com as outras modalidades avaliadas. Os autores atrelaram os resultados à prática de atividades, dentre os atletas de TKD, que exigem melhor controle do equilíbrio, da postura e dos movimentos, visto que, para se manter em apoio unipodal e conseguir realizar golpes, se faz necessário incorporar treinamentos específicos que desenvolvam habilidades relacionadas ao equilíbrio.
Concordando com o presente estudo, Yoo et. al.14 foram mais além e investigaram o efeito do treinamento proprioceptivo e do treinamento de força muscular dos MMII na melhoria da performance de atletas de taekwondo na categoria Poomsae (luta imaginária). Foram estudados 30 atletas, separados em 03 grupos de 10 atletas cada (um grupo de treinos proprioceptivos, um grupo de treinos de força muscular e um grupo controle). As intervenções duravam 60 minutos, ocorreram por 06 semanas e nelas foram avaliados, através de um software, o equilíbrio e a estabilidade dos atletas, de forma pré e pós as intervenções. O grupo que realizou a intervenção proprioceptiva mostrou melhores resultados de equilíbrio e estabilidade em comparação com os outros dois grupos. Os autores relataram que o treinamento proprioceptivo contribuiu, inclusive, para a melhora na força dos músculos dos MMII e do desempenho atlético, e elevou o nível de habilidade dos atletas em manter a postura durante o Poomsae. Desta forma, os resultados coincidem com o do presente estudo, uma vez que a inclusão de treinamentos proprioceptivos nos treinos de TKD produz um efeito positivo na melhoria do equilíbrio e do desempenho em competições13.
Outro estudo com artes marciais analisou e comparou o equilíbrio quase estático de praticantes de Muay-thai, de diferentes níveis de aprendizado, através de uma plataforma de força, e teve como resultado conclusivo que os atletas de níveis mais avançados possuíam maior equilíbrio quase estático, do que os de nível inicial, visto que já praticavam exercícios proprioceptivos há mais tempo que os atletas iniciantes. A justificativa assemelha-se aos resultados desta pesquisa, pois demonstra igualmente a importância do treinamento para ganho de equilíbrio como sendo fundamental para a prática de esportes, uma vez que o treinamento neuromuscular proprioceptivo promove melhora do equilíbrio, da evolução do desempenho do atleta na modalidade e, consequentemente, melhora o desempenho nas competições15.
Diferindo dos resultados, um estudo de 2012, que comparou dois grupos distintos, formados um por atletas de TKD e outro por não atletas, avaliou se a prática de TKD influenciava o controle neuromuscular. Esse trabalho mostrou que não houve diferenças significativas no controle neuromuscular de quem praticava TKD e quem não praticava. Entretanto, os autores atribuíram esse resultado à falta de treinamentos específicos de propriocepção nos atletas avaliados e enfatizam que o treinamento proprioceptivo se faz importante para atletas de TKD porque promove melhora no desempenho esportivo e no gesto atlético, e que atletas demandam uma maior utilização desse sistema quando se compara com indivíduos que não praticam nenhum esporte4.
CONCLUSÃO
A partir do estudo realizado, conclui-se que a inclusão de um programa de exercícios proprioceptivos nos treinamentos de atletas de TKD mostra-se uma alternativa eficaz na melhoria do controle postural e, consequentemente, do equilíbrio e gesto esportivo desses atletas, possibilitando melhor desempenho em competições.
Em contrapartida, não há ainda nenhum consenso quanto ao tempo de aplicação das intervenções, plataformas ou métodos de avaliação, nem quanto ao uso de protocolos de exercícios específicos.
Vale ressaltar que há várias formas de avaliar o efeito de um treinamento proprioceptivo em atletas e uma quantidade pequena de estudos nessa esfera temática. Novas pesquisas, utilizando um maior número de participantes, são recomendadas para poder comprovar, de forma mais fidedigna, a eficácia deste protocolo, bem como a eficácia do SEBT como teste específico para avaliação e reavaliação do controle postural em atletas de taekwondo, já que é um teste de baixo custo.
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ANEXO A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
(PARA MAIORES DE 18 ANOS OU EMANCIPADOS)
Convidamos o (a) Sr. (a) para participar como voluntário (a) da pesquisa TREINAMENTO PROPRIOCEPTIVO NA MELHORIA DA PERFORMANCE DE ATLETAS DE TAEKWONDO, que está sob a responsabilidade do (a) pesquisador (a) Edyolimpio de Souza Lins, residente à Rua Vinte e Cinco, nº 196 – Maranguape I – Paulista – PE – CEP: 53.444-300, Telefone para contato: 81- 98307.9963 / 81 – 99606.4115, e-mail:
Também participa desta pesquisa o (a) pesquisador (a): Rubenyta Martins Podmelle, Telefone para contato: 81- 99834.3161, estando sob a orientação da mesma, de telefone: 81- 99834.3161e e-mail: rmartins63@hotmail.com.
Todas as suas dúvidas podem ser esclarecidas com o responsável por esta pesquisa. Apenas quando todos os esclarecimentos forem dados e você concorde com a realização do estudo, pedimos que rubrique as folhas e assine ao final deste documento, que está em duas vias. Uma via lhe será entregue e a outra ficará com o pesquisador responsável.
Você estará livre para decidir participar ou recusar-se. Caso não aceite participar, não haverá nenhum problema, desistir é um direito seu, bem como será possível retirar o consentimento em qualquer fase da pesquisa, também sem nenhuma penalidade.
INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA:
- Descrição da pesquisa: A pesquisa tem o objetivo de verificar os efeitos do treinamento proprioceptivo na performance de atletas de taekwondo e fundamenta-se na justificativa de que o atleta de taekwondo precisa ter um bom controle postural, equilíbrio e coordenação motora, para poder realizar de forma mais eficiente os chutes da arte, que são de apoio unipodal e geram bastante instabilidades e quedas. A propriocepção age corrigindo essas instabilidades, promovendo um melhor controle corporal e a execução mais segura e correta dos movimentos, promovendo melhorias na performance desportiva dos atletas. A coleta de dados será feita através de um teste de avaliação proprioceptiva, o Star Excursion Balance Test, que será realizado pré e pós intervenção. A intervenção será baseada no protocolo descrito por Verhagem et al. 2004, que descreveu exercícios proprioceptivos em apoio uni e bipodal, sem uso de materiais e com uso de bola medicine Ball de 2KG, disco e prancha de propriocepção, e será realizada durante o treinamento de taekwondo da academia, após o aquecimento inicial e treino de circuito, e antes dos treinos de chutes.
- Esclarecimento do período de participação do voluntário na pesquisa, início, término e número de visitas para a pesquisa: a intervenção ocorrerá durante 3 meses, com programação para ocorrer nos meses de outubro, novembro e dezembro de 2019, quando encerra a participação do voluntário na pesquisa. Será realizada 1(uma) visita semanal, programada para acontecer nos sábados.
- RISCOS: levando-se em conta que é uma pesquisa e os resultados podem ser positivos ou negativos e somente serão obtidos após sua realização, com os treinamentos, podem ocorrer fadiga e dor muscular, quedas e contusões. Todos os riscos citados serão devidamente amenizados com o uso do piso emborrachado (existente na academia), e com a realização de aquecimentos e alongamentos que serão feitos antes da aplicação da intervenção. Caso ocorra algum incidente, como uma contusão, a academia estará preparada para atendimento imediato com materiais de primeiro socorros, que serão doados pelo pesquisador principal, para uso em todo período de pesquisa e ainda por mais um ano após a mesma. Em caso de dano mais grave, todas as despesas gastas e comprovadas pelo voluntário com transporte, tratamento e medicações, serão ressarcidas pelo pesquisador principal, podendo o voluntário ser até mesmo indenizado conforme determina a lei.
- BENEFÍCIOS: a pesquisa pode gerar alguns benefícios, tais como: melhora do controle postural, equilíbrio e coordenação motora, que poderão levar a melhora do gesto esportivo, da eficiência dos golpes e do desempenho nos treinamentos e competições.
Todas as informações desta pesquisa serão confidenciais e serão divulgadas apenas em eventos ou publicações científicas, não havendo identificação dos voluntários, a não ser entre os responsáveis pelo estudo, sendo assegurado o sigilo sobre a sua participação. Os dados coletados nesta pesquisa (avaliações, fotos e filmagens), ficarão armazenados em pastas de arquivo e no computador pessoal do pesquisador principal, sob a responsabilidade do pesquisador, no endereço acima informado, pelo período mínimo de 5 anos.
Nada lhe será pago e nem será cobrado para participar desta pesquisa, pois a aceitação é voluntária, mas fica também garantida a indenização em casos de danos, comprovadamente decorrentes da participação na pesquisa, conforme decisão judicial ou extra-judicial. Se houver necessidade, as despesas para a sua participação serão assumidas pelos pesquisadores (ressarcimento de transporte e alimentação).
Em caso de dúvidas relacionadas aos aspectos éticos deste estudo, você poderá consultar o Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos da UFPE no endereço: (Avenida da Engenharia s/n – 1º Andar, sala 4 – Cidade Universitária, Recife-PE, CEP: 50740-600, Tel.: (81) 2126.8588 – e-mail: cepccs@ufpe.br).
___________________________________________________
(assinatura do pesquisador)
CONSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO DA PESSOA COMO VOLUNTÁRIO (A)
Eu, _____________________________________, CPF _________________, abaixo assinado, após a leitura deste documento e de ter tido a oportunidade de conversar e ter esclarecido as minhas dúvidas com o pesquisador responsável, concordo em participar do estudo TREINAMENTO PROPRIOCEPTIVO NA MELHORIA DA PERFORMANCE DE ATLETAS DE TAEKWONDO, como voluntário (a). Fui devidamente informado (a) e esclarecido (a) pelo (a) pesquisador (a) sobre a pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios decorrentes de minha participação. Foi-me garantido que posso retirar o meu consentimento a qualquer momento, sem que isto leve a qualquer penalidade (ou interrupção de meu acompanhamento/ assistência/tratamento).
Impressão digital
(opcional)
Local e data __________________________________
Assinatura do participante: __________________________________________
Presenciamos a solicitação de consentimento, esclarecimentos sobre a pesquisa e o aceite do voluntário em participar. (02 testemunhas não ligadas à equipe de pesquisadores):
Nome: | Nome: |
Assinatura: | Assinatura: |
ANEXO B – TERMO DE AUTORIZAÇÃO DE USO DE IMAGEM E DEPOIMENTO
TERMO DE AUTORIZAÇÃO DE USO DE IMAGEM E DEPOIMENTO
Eu_________________________________,CPF____________, RG________________, depois de conhecer e entender os objetivos, procedimentos metodológicos, riscos e benefícios da pesquisa, bem como de estar ciente da necessidade do uso de minha imagem e/ou depoimento, especificados no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), AUTORIZO, através do presente termo, os pesquisadores Rubenyta Martins Podmelle e Edyolimpio de Souza Lins, do projeto de pesquisa intitulado “Treinamento Proprioceptivo na melhoria da performance de atletas de taekwondo” a realizar as fotos/filmagens que se façam necessárias e/ou a colher meu depoimento sem quaisquer ônus financeiros a nenhuma das partes.
Ao mesmo tempo, libero a utilização destas fotos/imagens (seus respectivos negativos) e/ou depoimentos para fins científicos e de estudos (livros, artigos, slides e transparências), em favor dos pesquisadores da pesquisa, acima especificados, obedecendo ao que está previsto nas Leis que resguardam os direitos das crianças e adolescentes (Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, Lei N.º 8.069/ 1990), dos idosos (Estatuto do Idoso, Lei N.° 10.741/2003) e das pessoas com deficiência (Decreto Nº 3.298/1999, alterado pelo Decreto Nº 5.296/2004).
Recife, _____/ ________/ __________.
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Entrevistado
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Responsável Legal CPF e IDT (Caso menor – incapaz)
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Pesquisador responsável pela pesquisa
ANEXO C – CARTA DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA
Este parecer foi elaborado baseado nos documentos abaixo relacionado.
Situação do Parecer
Aprovado
Necessita Apreciação da CONEP
Não
RECIFE, 10 de Outubro de 2019
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Assinado por:
LUCIANO TAVARES MONTENEGRO
(Coordenador)