PHYSIOTHERAPEUTIC APPROACH IN LYMPHEDEMA IN BREAST CANCER IN PATIENTS UNDER PALLIATIVE CARE.
AUTORES:
ELISAMA FREITAS DA SILVA
POLLIANA DE CARVALHO FERREIRA
PROFESSOR-ORIENTADOR
THIAGO BEZERRA PEREIRA
RESUMO
A proposta deste estudo foi realizar uma revisão narrativa acerca da importância dos cuidados paliativos no contexto da fisioterapia bem como descrever os benefícios da abordagem fisioterapêutica no linfedema de pacientes com câncer de mama em cuidados paliativos,buscando identificar as contribuições desta área da saúde sobre a qualidade de vida dos pacientes. Metodologia: A pesquisa de revisão de literatura compreende estudos buscados em bases eletrônicas de dados, tais como Literatura da América Latina e do Caribe (Lilacs), PubMed e Scielo, com busca no período de 2010 a 2020. Considerações a fisioterapia Paliativa no linfedema tem como objetivo principal à melhora da qualidade de vida dos pacientes sem possibilidades curativas, reduzindo os sintomas e promovendo sua independência funcional e retorno a suas AVDs.Sendo relevantes novas pesquisas sobre estes tratamentos fisioterapêuticos em momentos de baixa expectativa de vida
Palavras-chave: Linfedema, cuidados paliativos e tratamento fisioterapêutico.
ABSTRACT
The purpose of this study was to carry out a narrative review about the importance of palliative care in the context of physical therapy as well as to describe the benefits of the physical therapy approach in lymphedema of patients with breast cancer in palliative care, seeking to identify the contributions of this area of health on quality of life of patients. Methodology: The literature review research comprises studies sought in electronic databases, such as Literature of Latin America and the Caribbean (Lilacs), PubMed and Scielo, with a search in the period from 2010 to 2020. Considerations Palliative physiotherapy in lymphedema has as the main objective to improve the quality of life of patients without curative possibilities, reducing symptoms and promoting their functional independence and return to their ADLs. New research on these physiotherapeutic treatments in moments of low life expectancy is relevant..
Key-words: Lymphedema, palliative care and physiotherapeutic treatment.
INTRODUÇÃO:
O câncer de mama é uma doença causada pela multiplicação desordenada de células da mama. Esse processo gera células anormais que se multiplicam, formando tumor. Os tipos de câncer de mama são variados, e por isso a doença pode evoluir de diferentes formas, podendo também progredir de forma rápida ou lenta (INCA, 2020).
Esse tipo de câncer acomete principalmente as mulheres, representando cerca de 25% dos cânceres que afetam o sexo feminino. Para o Brasil, foram estimados quase 60 mil novos casos em 2019, com risco estimado de 56 casos a cada 100 mil habitantes, no entanto a mortalidade do câncer de mama no país é baixa quando comparada à média mundial (ENSP, 2020).
Essa neoplasia é considerada um grave problema de saúde pública, em razão da necessidade de alto investimento financeiro para equacionar o diagnóstico, os tratamentos e, principalmente, os possíveis eventos adversos que são gerados pelas terapias (INCA, 2020).
O linfedema é a principal complicação decorrente do tratamento para essa neoplasia, com incidência de até 50% nas mulheres, acometendo, em sua maioria o membro superior homolateral à mama comprometida (REBECA et al., 2015). Essa é uma doença crônica definida na literatura como um acúmulo de proteínas e fluidos no interstício devido à ineficiência do sistema linfático (GODOY, AZOUBEL e GODOY, 2010; GURDAL et al., 2012).
O linfedema pode impactar de forma significativa na qualidade de vida, gerando desconfortos, perda da função linfática, deformidade e fadiga, sendo possível também causar alterações em nível psicológico, que refletem de forma negativa na imagem corporal e na autoestima dos pacientes (DAMSTRA e PARTSCH, 2013; HUANG et al., 2013; SZTRAMKO et al., 2014).
A doença pode ser caracterizada em três graus, que são estágios de progressão que se manifestam por meio de diferentes sintomas, podendo ser incluídos o endurecimento cartilaginoso e hiperqueratose da pele, que são frequentemente observados na elefantíase, além de inchaço, queixa de redução da função do membro, sensação de peso, entre outros ( FABRO et al., 2016; MARTÍN et al., 2011).
Nesse sentido, a sobrevida de mulheres com câncer de mama e que desenvolvem o linfedema, surge como uma prioridade para que a equipe de saúde possa aprimorar os cuidados ofertados aos pacientes, considerando que essa população, em sua maioria, apresenta diagnóstico tardio e tratamento mais agressivos, tendo potencial para gerar piores prognósticos (DURANT et al., 2019). Comumente para o tratamento são realizadas abordagens medicamentosas, exercícios, enfaixamento compressivo e drenagem, que ajudam no alívio dos sintomas, reduzindo o edema e a produção de líquido intersticial, estimulando também a mobilidade da linfa (FLORENTINO et al., 2012; DAMSTRA e PARTSCH, 2013).
O tratamento precoce do linfedema pode resultar em melhor qualidade de vida desses pacientes. A literatura considera que a doença em questão é complexa, em especial no que tange ao tratamento integral do paciente (CARVALHO et al., 2011). Nesse contexto, os cuidados paliativos se apresentam como uma forma inovadora de assistência na área da saúde, ganhando cada vez mais espaço no Brasil (GOMES e OTHERO, 2016).
O enfoque da assistência está no cuidado integral do indivíduo, por meio de prevenção e do controle dos sintomas. De modo geral, o conceito aplica-se ao paciente e também ao seu entorno, que abrange seus familiares, cuidadores e também a equipe de saúde (FLORENTINO et al., 2012; GOMES e OTHERO, 2012; MATSUDO, 2012).
Sendo, portanto, uma abordagem integral e ao mesmo tempo multidisciplinar, o fisioterapeuta vai atuar no espectro da prevenção das complicações, na esfera osteomioarticular, respiratória, entre outras, que impactam sobre a capacidade física e funcional do indivíduo (FLORENTINO et al., 2012).
Nesse sentido, é relevante explorar mais acerca da importância do cuidado paliativo no contexto da fisioterapia, concernente à manifestação de insuficiência do sistema linfático da obstrução ao fluxo da linfa. Entende-se que no Brasil ainda há carência de estudos que possam trazer maiores esclarecimentos, tanto no que diz respeito à doença, como também referente às formas de diagnóstico e tratamentos.Mediante breve contextualização, o estudo busca discutir a seguinte problemática: Quais são os impactos da abordagem fisioterapêutica no linfedema de pacientes com câncer de mama em cuidados paliativos?
O estudo propõe a realização de uma revisão literária, buscando explorar as produções acadêmicas recentes que abordam sobre o tema. Pretende-se no decorrer desta produção, apresentar de forma conceitual o linfedema, bem como seus impactos globais sobre a vida do paciente. Também será discorrido acerca dos Cuidados Paliativos, enquanto estratégia de prevenção e tratamento da doença crônica em questão. Por fim, será abordado acerca dos cuidados paliativos no âmbito da fisioterapia, buscando identificar as contribuições desta área da saúde sobre a qualidade de vida dos pacientes com objetivo: Descrever os benefícios da abordagem fisioterapêutica no linfedema de pacientes com câncer de mama em cuidados paliativos.
METODOLOGIA
O estudo propõe a realização de uma revisão narrativa literária, buscando explorar as produções acadêmicas recentes que abordam sobre o tema. Pretendese no decorrer, apresentar de forma conceitual o linfedema, bem como seus impactos globais sobre a vida do paciente. Também será discorrido acerca dos Cuidados Paliativos, enquanto estratégia de prevenção e tratamento da doença crônica em questão. Por fim, será abordado acerca dos cuidados paliativos no âmbito da fisioterapia, buscando identificar as contribuições desta área da saúde sobre a qualidade de vida dos pacientes.
A pesquisa de revisão de literatura compreende estudos buscados em bases eletrônicas de dados, tais como Literatura da América Latina e do Caribe (Lilacs), PubMed e Scielo, com busca no período de 2010 a 2020. Foram levantados ainda dados em sites do Instituto Nacional do Câncer, artigos científicos e livros de fisioterapia relacionados ao tema abordado.
Além dos estudos estarem inseridos dentro de um período de tempo determinado, estes foram selecionados também com base no critério de idioma português e inglês. Os descritores utilizados na busca dos estudos foram: linfedema; cuidados paliativos; tratamento fisioterapêutico. Foram excluídos estudos que abordassem linfedemas primários, linfedemas após tratamento de qualquer outro tipo de câncer que não o câncer de mama e qualquer tipo de linfedema em pacientes que não se encontrassem em tratamento de cuidados paliativos.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
REFLEXÃO SOBRE CUIDADOS PALIATIVOS E LINFEDEMA
Os Cuidados Paliativos implica numa visão que considera não somente a dimensão física, mas também as preocupações psicológicas, sociais e espirituais do paciente Para tanto, o fisioterapeuta deve ver o paciente como ser ativo no seu tratamento com a possibilidade de participar dos processos de decisão e dos cuidados voltados para si (MC. COUGHLAN, 2003).
Atualmente, sequelas físicas e/ou funcionais como Linfedema podem deixar limitações significativas, as quais surgem as queixas para o serviço de fisioterapia, onde há necessidade de uma equipe multidisciplinar, composta por médicos, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais e nutricionistas para a assistência integral à paciente (SILVA et al., 2002).
A Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu os que os cuidados paliativos surgiu para atender inicialmente pacientes portadores de câncer, promovendo uma assistência multiprofissional, assim como, a prevenção, diagnóstico e tratamento, visando uma qualidade final de vida (OMS apud Gomes, 2016).
Através das ações de prevenção e promoção da saúde é possível diminuir sofrimentos causados por doenças crônicas ou terminais. Os cuidados paliativos se configuram, sobretudo, em proporcionar uma melhor qualidade no final da vida do indivíduo e seus familiares e para que isso seja possível, deve haver a interação de uma equipe que irá atuar em campos relacionados ao lado social, religioso e físico e assim alcançar o objetivo final que é abrandar a dor e o sofrimento dos pacientes e acolher a família de forma que está saiba lidar com essa fase tão difícil e dolorosa para ambos (COSTA, 2017).
O linfedema acarreta uma série de problemas a serem enfrentados pelas pacientes, sendo algum deles a diminuição da capacidade funcional sendo ombro, cotovelo, punho e mão do lado comprometido mais afetados ocorre também diminuição de amplitude de movimento. Dessa maneira o linfedema é um acometimento onde a qualidade de vida da paciente se altera desde movimentos funcionais até a forma de como este se vê negativamente, relações sociais e familiares são afetadas e assim a fisioterapia tem um papel fundamental para a funcionalidade da paciente e melhora nesses aspectos (PANOBIANCO et al., 2008).
DESENVOLVIMENTO
O conceito de cuidados paliativos teve origem no movimento hospice (hospitalidade), originado por Cicely Saunders(médica, enfermeira, assistente social, e escritora inglesa) e colaboradores em 1950, que disseminou pelo mundo uma nova filosofia sobre o cuidar e não somente curar, focando no paciente até o final de sua vida. A partir deste importante movimento, foi criado o campo da medicina paliativa, incorporando essa filosofia à equipes de saúde envolvidos no controle da dor e alívio dos sintomas (MELO et al., 2013).
Em contrapartida, o avanço tecnológico alcançado principalmente a partir do século XX, associado ao desenvolvimento terapêutico, fez com que muitas doenças mortais se transformassem em doenças crônicas (ANCP, 2012).
Diante disso, existe uma crescente necessidade de os profissionais de saúde buscarem entendimento acerca de suas funções dentro deste contexto cada vez mais relevante dentro da medicina. Assim, é necessário apostar na formação especializada e diversificada, de forma a atender as necessidades dos pacientes, buscando promover assim, maior qualidade de vida (GIRÃO e ALVES, 2013). Pressupõe-se, neste importante cenário, que o paciente necessita de atendimento global, demandando aprofundamento acerca dos cuidados paliativos. Dentro desse conceito, valoriza-se a história natural da doença, a história pessoal de vida, as reações fisiológicas, emocionais e culturais diante do adoecer. Em contrapartida, é promovida uma atenção direcionada para o controle de sintomas e promoção de bem-estar (ANCP, 2012).
Nesse contexto, o fisioterapeuta possui papel importante, já que detém métodos e recursos exclusivos de sua profissão que são imensamente úteis nos cuidados paliativos, tendo em sua atuação grande colaboração com o tratamento multiprofissional e integrado necessário para o atendimento de pacientes com câncer. Como preconizado por Melo et al (2013), os cuidados paliativos visam tratar o paciente em sua totalidade.
O fisioterapeuta, a partir de uma avaliação bem específica, vai estabelecer um programa de tratamento adequado com utilização de recursos, técnicas e exercícios, objetivando alívio do sofrimento, alívio da dor e outros sintomas estressantes. Além do mais, oferece suporte para que os pacientes vivam o mais ativamente possível, com impacto sobre a qualidade de vida, com dignidade e conforto (ANDRADE, SERA e YASUKAWA, 2012).
O suporte dado pelo profissional da fisioterapia, como já preconizado, busca atender as necessidades do paciente, e suas ações são tomadas com base nos sinais e sintomas observados no paciente, como dor, dispneia, fadiga, alterações neurológicas, linfedema e fatores importantes à funcionalidade (DAMSTRA e PARTSCH, 2013; HUANG et al., 2013; SZTRAMKO et al., 2014).
Entre esses sinais observados, os sinais e sintomas que são mais preocupantes são a dor e imobilidade, sendo este um dos sintomas que mais causam agravos ao paciente terminal, situação essa que incide sobre a capacidade funcional do mesmo (LEAL et al., 2011; TACANI et al., 2013; DURANT et al., 2019).Mediante esse sintoma, uma das metas da fisioterapia é a preservação da função motora do paciente, adiando assim a instalação de incapacidades que decorrem da imobilidade, que é resultante da doença (FABRO et al., 2016). É importante considerar que o planejamento estratégico de intervenção deste profissional, deve ser elaborado de acordo com o grau de dependência e progressão do paciente (LUZ e LIMA, 2011).
LINFEDEMA E CÂNCER DE MAMA
Entre um dos cânceres mais prevalentes está o de mama, que pode ser de vários tipos, e que por este motivo, a doença pode evoluir de diferentes formas. Alguns tipos têm desenvolvimento rápido, enquanto outros crescem mais lentamente. A prevalência do câncer de mama se dá principalmente em mulheres, mas também pode acometer homens, porém é raro, representando apenas 1% do total de casos da doença (INCA, 2020).
A abordagem terapêutica do câncer de mama envolve cirurgia (mastectomia radical ou conservadora e linfadenectomia), quimioterapia e hormonoterapia. Podem ser administradas uma ou mais terapêuticas, onde são observadas as características individuais do paciente e do tratamento, com vistas ao controle da doença associado à qualidade de vida após o tratamento (PAIVA et al., 2011).
Independente da abordagem cirúrgica utilizada no tratamento, são inúmeras as complicações que podem ocorrer no período pós-operatório, produzindo sintomas dolorosos e incapacitantes, interferindo de maneira significativamente no processo de recuperação. Entre as alterações presentes, o linfedema surge como uma das principais complicações mais comuns após a cirurgia da mama, ocasionado geralmente pelo esvaziamento dos linfonodos axilares (LEAL et al., 2011; TACANI et al., 2013). O linfedema caracteriza-se pelo acúmulo excessivo e persistente de fluido e proteínas extravasculares nos espaços teciduais por causa da ineficiência do sistema linfático (CENDRON et al., 2015).
O linfedema é classificado em três estágios, de acordo com a Sociedade Internacional de Linfologia (2013).
No estágio 0, também denominado de estágio subclínico, o paciente possui o risco para o desenvolvimento do linfedema, porém não apresenta edema evidente. O estágio I já apresenta um acúmulo precoce de fluido com conteúdo proteico relativamente alto, capaz de reduzir com a elevação do membro. No estágio II, somente a elevação do membro não reduz o edema e as alterações teciduais aumentam o risco de fibrose, infecção e lesões cutâneas.
Por fim, o estágio III, também denominado de elefantíase, o sinal de cacifo está ausente e já é possível observar alterações cutâneas mais exuberantes. Portanto, observa-se que a sua progressão se dá em diferentes níveis, e comumente alguns estudos associam essa condição crônica a importantes alterações físicas e também psicossociais, com impactos funcionais e na qualidade de vida, necessitando de acompanhamento contínuo (TAMBOUR et al., 2014).
Nesse processo, que compreende o tratamento do paciente, a fisioterapia vai ocupar lugar de destaque, podendo ser realizada em duas fases, que compreendem a intensiva e de manutenção, e visam a redução máxima do volume do membro com melhoria estética e da funcionalidade (TAMBOUR et al., 2014).
Mulheres com linfedema apresentam grande desconforto físico, angústia, prejuízo funcional no membro afetado, mudanças na percepção corporal e piora na qualidade de vida. Além do mais, o tratamento do linfedema gera custos importantes para o indivíduo afetado e também para o sistema de saúde (PAIVA et al., 2011).A maioria dos casos manifestam-se em mulheres, chegando a uma incidência de 50%, acometendo principalmente os membros superior homolateral à mama comprometida (REBEGEA et al., 2015). Alguns autores consideram que o linfedema relacionado ao câncer, quando instalado, pode ser irreversível mesmo com as técnicas terapêuticas, acompanhando a mulher durante toda a vida, tornando-se uma sequela progressiva e debilitante (BODAI et al., 2015).
Diante dessas complicações, as preocupações sobre a qualidade de vida das pacientes têm aumentado cada vez mais, onde busca-se uma abordagem mais integral frente ao tema. Os estudos em geral que avaliam os fatores de risco e sobrevivência de mulheres com linfedema relacionado ao câncer, são poucos (RIBEIRO, KOIFMAN e BERGMAN, 2017).
Nesse sentido, a sobrevida de mulheres com câncer de mama e que desenvolvem o linfedema surge como uma necessidade para que a equipe de saúde possa aprimorar os cuidados oferecidos, considerando que essa população, em sua maioria, é resultante de diagnósticos tardios e de tratamentos mais agressivos, com potencial para gerar piores prognósticos (DURANT et al., 2019).
Assim, é importante que os diagnósticos sejam realizados de forma mais precoce possível, a fim de que sejam estabelecidas as melhores estratégias de intervenção. O diagnóstico do linfedema, pode ser obtido por meio de critérios subjetivos e objetivos. No que tange aos critérios subjetivos, incluem os sintomas relatados pelo paciente, como sensação de peso, inchaço, dor e queixa de redução da função do membro (REZENDE, ROCHA e GOMES, 2010).
Já em relação aos critérios objetivos é possível citar a perimetria, volumetria, ultrassonografia, entre outros. Comumente são solicitados exames complementares, somente para o diagnóstico diferencial (FABRO et al., 2016).
A FISIOTERAPIA NO TRATAMENTO DO LINFEDEMA
O gerenciamento do linfedema relacionado ao câncer de mama envolve a prática de comportamento de redução de risco, cuidados com a pele, drenagem linfática, exercícios e dispositivos de compressão externa. A base dessas estratégias continua sendo o controle de sintomas, buscando melhorar a amplitude de movimento do ombro, entre outros aspectos importantes (FABRO et al., 2016).Buscando melhores resultados, a prevenção deve ser feita de forma mais precoce possível, já a partir do diagnóstico do câncer, da definição do tratamento do câncer e do tratamento oncológico a ser realizado. Nesse sentido, é importante considerar que o paciente em tese é abordado por diferentes profissionais, isso visando um tratamento integral, que possa atender o indivíduo nas suas diferentes necessidades (LACOMBA et al., 2010; DURANT et al., 2019).
O fisioterapeuta é um destes profissionais, e seu papel é fundamental, pois compreende a prevenção por meio de orientações no que tange aos cuidados com o membro superior homolateral, tais como procedimentos de hidratação, uso de repelentes, evitar traumas, queimaduras, entre outros cuidados importantes, que se inserem no processo de tratamento. Além do mais, consideram-se outros cuidados relevantes, que se relacionam basicamente às atenções necessárias que o indivíduo precisa ter ao realizar atividades básicas do dia a dia, entre elas as de natureza doméstica, laborais e também de lazer (LEAL et al., 2011; TACANI et al., 2013).
O paciente sob cuidados oncológicos, precisa também ter bastante atenção sobre a sua alimentação, com o controle do peso corporal e também com a realização de atividades físicas. Quando necessário, o fisioterapeuta também pode fazer encaminhamentos do paciente para outros profissionais de saúde, como nutricionistas, psicólogos, médicos, assistentes sociais, entre outros (FABRO et al., 2016).
O tratamento do linfedema pode ser realizado em duas fases, a intensiva e a de manutenção, sendo a primeira fase composta pela fisioterapia complexa descongestiva (FCD), técnica que combina drenagem linfática manual com alguns procedimentos, como o enfaixamento compressivo funcional,contenção elástica,exercícios terapêuticos, cuidados com a pele e cuidados também na vida diária (LEAL et al., 2011).
Todos estes profissionais precisam ser sensíveis, capazes de orientar os pacientes quanto aos sinais e sintomas iniciais do linfedema e de processos infecciosos, para que possam buscar assistência especializada. Nesse sentido, a equipe multidisciplinar precisa estar capacitada tanto para diagnosticar quanto para intervir, da forma mais precoce possível (LACOMBA et al., 2010; FABRO et al., 2016).
Conforme mencionado, o diagnóstico do linfedema requer uma correta anamnese e exame físico, e nesse processo, os relatos de peso ou de braço inchado, dor e sinais de infecção devem ser valorizados. No que tange ao exame físico, são observadas as condições da pele, a textura e perimetria dos membros superiores (REZENDE, ROCHA e GOMES, 2010).
Dentre os recursos fisioterapêuticos estão: terapia da dor a (eletroterapia, métodos de terapia manual e termoterapia), alívio dos sintomas psicofísicos utilizase técnicas de relaxamento, como: as terapias manuais, o watsu, a yoga, o relaxamento induzido, o tai-chi-chuan e exercícios físicos, reabilitação de complicações linfáticas (uso de bandagens elásticas, drenagem linfática manual e aparelhos de compressão pneumática); melhora da função pulmonar (mudança de decúbito, aspiração de secreções respiratórias, espirometria de incentivo, oxigenoterapia, drenagem postural, as manobras respiratórias, dentre outras), (CUNHA; GARDENGHI, 2019).
Chiarelli et al (2013) menciona sobre a importância de cursos de formação para profissionais de fisioterapia que possam apresentar uma abordagem adequada às demandas , visando a inserção em equipes multiprofissionais que atuam na área de cuidados paliativos.
Muller et al (2011) aponta que há escassez no que tange à pesquisas e também discussões em relação aos pacientes que necessitam de cuidados paliativos. Os poucos estudos recentes acerca do tema dentro da área de fisioterapia mostram um grande potencial acerca dos cuidados paliativos, onde evidenciam também diversos recursos fisioterapêuticos que podem amenizar de forma significativa os sintomas apresentados pelos pacientes.
Florentino et al 2012 afirma que a Fisioterapia não objetiva apenas a funcionalidade da paciente, mas a manutenção de uma comunicação, visando estreitar a relação profissional-paciente, gerando mais confiança da paciente em relação ao terapeuta e conforto. A adoção destas condutas diminuem a sensação de abandono que acomete muitas pacientes e seus familiares em fase avançada.
Rocha e Cunha 2017 dizem que além disso, o profissional possui conhecimentos e recursos específicos para tratar muitos dos sintomas, como: a dor, náuseas, fadiga, dispneia e acúmulo de secreção, dessa forma melhorando a qualidade de vida e o bem-estar das pacientes com câncer. O profissional pode auxiliar ainda nos quadros de edema e linfedema, nos déficits de locomoção/equilíbrio e na perda de funcionalidade.
IMPACTOS FISIOTERAPÊUTICOS
A participação do fisioterapeuta nos cuidados paliativos e a reabilitação é parte integrante no processo pelo qual o paciente deve passar, no entanto muitos são restringidos desnecessariamente até mesmo pelos familiares, quando na verdade são capazes de realizar atividades e serem independentes. Estudos comprovam que desenvolver atividades diárias restaura autoestima e dignidade mesmos para o indivíduos acamados e a fisioterapia contribui efetivamente para o retorno dessas atividades, direcionando-os a novos objetivos (MARCUCCI, 2005).Elegendo a melhor técnica para obter uma resposta positiva junto ao paciente este é o papel fundamental destes profissionais, promovendo alívio de sintomatologia dolorosa, conforto psicossocial, orientações aos familiares e ao paciente promovendo a promoção, prevenção, reabilitação e melhora da qualidade de vida do indivíduo com uma avaliação detalhada de acordo com a necessidade do paciente (MARCUCCI, 2005).
Uma opção de treinamento físico é o exercício aeróbico, como caminhada, corrida, ciclismo e natação, além de atividades funcionais que também podem ser utilizadas, como jardinagem, trato de animais, dança ou outros hobbies. Os meios fisioterapêuticos para o manejo da dispneia são exercícios de controle respiratório, orientações sobre gasto energético; o relaxamento, útil na diminuição da ansiedade e dos aspectos emocionais da dispneia, e alívio da tensão muscular gerada pelo esforço respiratório e até mesmo a ventilação não invasiva, enfaixamento compressivo com principal objetivo de redução do volume do membro acometido incluindo os cuidados com a pele, a drenagem linfática manual (ARRAIS, 2013).
É indispensável e de suma importância existir a comunicação entre profissionais e pacientes, pois com isso podemos diminuir o sofrimento e sentimento de abandono dos pacientes e familiares. Os profissionais devem demonstrar atenção e solidariedade em relação ao estado dos pacientes (SILVA et al., 2002).
CONCLUSÃO
Os profissionais da área de saúde devem firmar um compromisso de transparência, sensibilidade e sabedoria para com sua relação com o paciente, pois o mesmo poderá não relatar seus medos, angústias e preocupações, impedindo o apoio terapêutico, portanto traçar um vínculo com este indivíduo se torna imprescindível neste momento.
É relevante a realização de novas pesquisas que possam ampliar os conhecimentos sobre os tratamentos fisioterapêuticos no linfedema em pacientes sob cuidados paliativos.
A visão da reabilitação trazida pelos profissionais fisioterapeutas para com o linfedema em pacientes sob cuidados paliativos é uma forma de dar ao paciente melhora de amplitude de movimento no membro afetado trazendo retorno a suas AVDs, uma chance de dignidade física e psíquica, mesmo estando este acometido de doença grave em cuidados paliativos lhe proporcionando dignidade restauração da autoestima e socialização com seus familiares e ciclos sociais, mesmos para o indivíduos acamados a fisioterapia contribui efetivamente para o retorno dessas atividades, direcionando-os a novos objetivos concluindo assim o objetivo do presente estudo que seria avaliar os impactos fisioterapêuticos para com estes pacientes.
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