IDENTIFICAÇÃO DE REGIÕES CORPORAIS DOLOROSAS EM MANICURES DA ZONA OESTE

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Registro DOI deste artigo é: 10.5281/zenodo.6450212
Registrado em https://doi.org


UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO VICE-REITORIA DE GRADUAÇÃO E CORPO DISCENTE CURSO DE FISIOTERAPIA

Autora:
Ana Paula L.M. Caldas
Discente do Curso de Fisioterapia /Universidade Castelo Branco, Rio de Janeiro, Brasil
e-mail: anapaulamontec@hotmail.com


Resumo

Este estudo teve como objetivo identificar as regiões corporais dolorosas em manicures que atuam na zona oeste do Rio de Janeiro. Participaram do estudo 20 manicures, sendo 10 atuantes em salões de beleza e 10 que trabalham em casa. A pesquisa foi feita através do questionário de Mcgill para avaliar o tipo de dor, nesse mesmo questionário foi utilizado duas figuras de um corpo humano na posição anatômica na vista anterior e posterior para a realização da marcação dos pontos dolorosos e a Escala Analógica da dor. Das 20 manicures entrevistadas 99,93 relataram sentir dor em alguma região do corpo. As regiões mais dolorosas foram coluna 27,02%, Músculo Trapézio superior 13,51%,cabeça, coluna lombar e punho 8.1%.

Conclusão:
A manicure em sua grande maioria não tem nenhum programa preventivo e condições ergométricas ideais de trabalho, incluindo a postura incorreta que favorece o aparecimento de pontos dolorosos, que certamente irão prejudica-la no desempenho profissional. Entretanto faz-se necessário um maior universo amostral a fim de constatar mais precisamente regiões dolorosas assim como programas para essas profissionais.

Palavras chave: LER/DORT, Manicures, postura.

Abstract:

This study aimed to identify this painful body regions in manicures that work in western Rio de Janeiro. The study included 20 manicures, being active in 10 salons and 10 who work at home . The research was undertaken by the McGill questionnaire to assess the type of pain that same questionnaire two figures of a human body in anatomical position was used in anterior and posterior view to achieving the marking of tender points and Analogue Pain Scale . Of the 20 interviewed manicures 99.93 reported pain in some part of the body . The most painful spine regions were 27.02%, 13.51 % upper trapezius muscle , head, spine and wrist 8.1 %. Conclusion : A manicure mostly do not have any preventive program and ideal ergonomic working conditions, including the incorrect posture that favors the onset of tender points , which will certainly affect her job performance . However it is necessary to a larger sample universe in order to determine more precisely painful areas as well as programs for these professionals.

Keyword: LER / DORT, Manicures, posture.

Introdução

As afecções músculoesqueléticas relacionadas com trabalho, que no Brasil tornaram-se conhecidas como lesões por esforços Repetitivos (LER) e/ou Distúrbios Osteomusculares Relacionada ao Trabalho (DORT) representam o principal grupo de agravos à saúde, entre as doenças ocupacionais em nosso país. No Brasil, essas afecções, de acordo com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) é a segunda causa de afastamento do trabalho gerando muito sofrimento, incapacidade e longos períodos de afastamento com benefícios e indenizações [1].

Polito (1994) define “Manicure como a pessoa que trata das mãos e dos pés dos seus clientes, aparando ,polindo esmaltando, elas são responsáveis por embelezar as unhas de várias clientes por dia, enquanto trabalham essas profissionais correm riscos relacionados a Ler (Lesão por esforço repetitivo e Dort (Distúrbios osteomusculares relacionado ao trabalho).Isso pede atenção dobrada em relação a posição durante o trabalho[2].

Uma das profissões mais antigas, iniciada entre 3.500 a 3.100 A.C no Egito, encontramos o início da profissional de manicures. Nesta época as egípcias apenas tingiam as unhas. Mas nos meados da década de 80 é que a profissão de manicure foi reconhecida [3].

A postura correta define-se como a posição fundamental, aquela que o indivíduo não tenha que exercer muito esforço, ou seja, uma postura de alinhamento esquelético refinado em um arranjo relativo das partes do corpo contra lesão ou deformidade progressiva e prevenindo o aparecimento de algias. Uma boa postura é a atitude que uma pessoa assume, utilizando uma quantidade pequena de energia contra traumas [2].

Identificar as regiões corporais dolorosas em manicures que atuam na zona oeste do Rio de Janeiro.

Materiais e Métodos

O presente estudo transversal foi aprovado pelo comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Castelo Branco, número 466/2012. O mesmo está de acordo com os princípios éticos descritos na resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde para Pesquisa em seres humanos. Todos as voluntárias envolvidas no estudo receberam os devidos esclarecimentos e tiveram acesso a um termo de consentimento livre e esclarecido.

Foram entrevistadas 20 manicures na zona oeste do Rio de Janeiro, sendo 10 atuantes em salões de beleza e 10 que trabalham em casa, contendo 20 perguntas de múltipla escolha sobre avaliação do padrão de dor através do questionário de Mgill [4]. Foi utilizado duas figuras na posição anatômica na vista anterior e posterior para a realização da marcação dos pontos dolorosos e a escala de Eva [3] para avaliação da intensidade da dor. Os critérios de inclusão foram mulheres que fossem manicures e que apresentasse quadro álgico .E os critérios de exclusão foram manicures com ausência de quadro álgico.

Os dados foram analisados utilizando Origin (Microcal Sofware inc, Northampton, USA). Os resultados serão apresentados por meio de média e desvio padrão.

Resultados

As 20 participantes todos do sexo feminino de idade média de 25 a 60 anos (36,35). A Tabela 1 analisa o cálculo das regiões mais dolorosas. A Tabela 1 analisa o cálculo das regiões mais dolorosas.

Tabela 1: Regiões corporais dolorosas

Calculo das regiões mais dolorosas

REGIÕESNº de casos% por casos
Coluna vertebral1027,02
Coluna Cervical25,4
Coluna Lombar38,1
Punho38,1
Joelho25,4
Quadril25,4
Mãos12,7
Músculo trapézio superior513,51
Cabeça38,1
Mão direita12,7
Antibraço12,7
Dedo polegar direito12,7
Ombros12,7
MI12,7
Pés 12,7

Segundo o questionário respondido pelas manicures quanto a região corporal dolorosa 99,93% sente dor em alguma região. Os Resultados demonstraram região mais dolorosa: coluna (27,02), músculo trapézio superior (13,51), punho, cabeça e coluna lombar (8,1) (Tabela 1). A Tabela 2 analisa o cálculo dos tipos de dor.

Tabela 2: Tipos de dor.

Calculo dos tipos de dor

Tipos de dorNº de casos% por casos
Formigamento38,3
Latejante616,6
Como pancada12,7
Agulhada25,5
Cansativa12,7
Maldita12,7
Pontada25,5
que incomoda411,1
Enjoada25,5
Castigante38,3
Queimação12,7
cruel12,7
exaustiva25,5
Chata12,7
Insurportável12,7
Fisgada12,7
Irradia12,7
Atormenta12,7
Dá náuzeas12,7
desgastante12,7

Em relação ao tipo de dor 98,70% referiu algum tipo de dor, sendo as principais latejante, que incomoda e castigante.Com relação a dor latejante (16,6),que incomoda (11,1) e castigante (8,3).A Figura 3 analisa-se o cálculo de intensidade.

Tabela 3: Cálculo da Intensidade moderada e Intensa.

Cálculo de Intensidade

Casos Nº de casos % por casos
entre 3 e 5821,05
entre 6 e 103078,94

Em relação a intensidade 79% referiu dor intensa e 21% referiu dor moderada.

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Figura 3: Intensidade Moderada e Intensa.

Discussão

Os dados do presente estudo referente a regiões corporais dolorosas em profissionais da área de manicures observou-se que todas as profissionais apresentou dor em alguma região. Segundo o questionário respondido pelas manicures quanto a região corporal dolorosa 99,93% sente dor em alguma região. Os Resultados demonstraram região mais dolorosa: coluna (27,02), músculo trapézio superior (13,51), punho, cabeça e coluna lombar (8,1).

Kraus e Raab, afirmam que mais de 80% das dores são devidas á deficiência muscular. Corrigindo a força muscular e a flexibilidades. Dentro de uma concepção de reeducação muscular e postural, é fundamental para o controle da dor na coluna vertebral, de forma que uma orientação adequada conseguimos oferecer às profissionais melhor qualidade de vida minimizando todos os desvios posturais [3].

Segundo Borges Filho a postura é a maneira como nos sentamos, ajoelhamos, agachamos e ficamos de pé, e é determinada pelas estruturas anatômicas humanas [3].

Já em relação ao tipo de dor no presente estudo 98,70% referiu algum tipo de dor, sendo as principais latejante, que incomoda e castigante. Com relação a dor latejante (16,6), que incomoda (11,1) e castigante (8,3). A Figura 3 analisa-se o cálculo de intensidade.

VIEIRA et al (2009), afirmam ser importante o desenvolvimento de estudos que visem estabelecer qual é a relação existente entre postura e dor, buscando compreender o fenômeno dor associado à má postura de forma mais abrangente. Nesse sentido, o presente estudo pretendeu contribuir com a discussão sobre a relação entre dor e postura, associando as regiões de maiores tensões musculares em uma classe profissional ainda pouco estudada. [5]

Holderbaum et al. (2002) apontaram ainda que ao adotar a postura sentada por longos períodos, pode ocorrer a instalação de desequilíbrios musculares (encurtamento e relaxamento dos músculos abdominais, flexores de quadril, isquiotibiais e extensoreslombares), músculos estes responsáveis pela manutenção das curvas da coluna vertebral, alterando assim a postura corporal. Este desequilíbrio parece estar associado à ocorrência de dor nas estruturas do sistema músculoesquelético. No presente estudo, 96,7% das manicures apresentam dor lombar, 73,3% encurtamento muscular dos isquiotibiais, 96,7%. [5]

Rosa em 2004 relata que a manutenção do equilíbrio postural é um complexo mecanismo de controle, alimentado por um fluxo de impulsos neurológicos provenientes dos sistemas proprioceptivo, vestibular e óculo-motor cujas informações são processadas pelo sistema nervoso central e retornam pelas vias eferentes para manter o controle do equilíbrio corporal pela contração dos músculos antigravitacionários, com isso posturas inadequadas interferem no aparecimento de dores levando a fraqueza muscular, a frouxidão ligamentar e por fim a hábitos defeituosos. [3]

Conclusão

A manicure em sua grande maioria não tem nenhum programa preventivo e condições ergométricas ideais de trabalho, incluindo a postura incorreta que favorece o aparecimento de pontos dolorosos, que certamente irão prejudica-la no desempenho profissional. Entretanto faz-se necessário um maior universo amostral a fim de constatar mais precisamente regiões dolorosas assim como programas para essas profissionais.

Referências

1 – Abrahão, P. N .Duarte, Et Al (2000) Artigo Ciêntifico .Incidências e Prevalências De Dores Em Funcionários Administrativos De Uma Instituição Particular De Ensino Superior Do Município Do Rio De Janeiro.

2 – Paula Magali D.B. (2003) Et Al Artigo Ciêntifco: Análise da relação entre a postura de trabalho e a incidência de dores na coluna vertebral. Ouro Preto, Minas Gerais.

3 – Larissa R I D A. Et Al (1999), Artigo Cientifico: Análise Postural Em Profissionais Da Área De Manicures.

4 – Bianca E.T (2007) Efeitos Da Dor Crônica Em Atletas De Alto Rendimento Em Relação ao Esquema Corporal, Agilidade Psicomotora Em Estados de Humor, São Paulo-SP.

5 – Claudia Tarragô C .et al (2010) Prevalência De Dor Lombar e os Desequilíbrios Musculares Em Manicures, Rio de Janeiro.