Trabalho de Conclusão do Curso de Fisioterapia, Uninassau, para obtenção do título de Fisioterapeuta.
Orientador: Prof. Francisco Carlos Santos Cerqueira.
DEDICATORIA
Sem a direção dada por Deus, a conclusão deste trabalho não seria possível. Por causa disso, dedico esta monografia a Ele. Com muita gratidão no coração.
OBRIGADO
AGRADECIMENTO
Agradeço primeiramente a Deus por ter me mantido nessa trilha durante este projeto de pesquisa com saúde e forças para chegar até o final.
Agradeço principalmente também aos meus pais por todo o esforço investido na minha educação, sem eles nada disso estaria acontecendo em minha vida.
Agradeço à minha namorada Jayne Santana que sempre esteve ao meu lado durante o meu percurso acadêmico.
Sou grato pela confiança depositada na minha proposta de projeto pelo meu professor Cerqueira, orientador do meu trabalho. Obrigado por me manter motivado durante todo o processo.
Por último, quero agradecer também à Universidade Uninassau e todo o seu corpo docente.
RESUMO
O futebol sendo um dos esportes de impacto mais popular do mundo, e principalmente no Brasil. Porém nota-se um índice de lesões por falta do treinamento muscular.
Portanto, há um crescente interesse na prevenção de lesões em jogadores de futebol por meio do treinamento muscular. Objetivo: O objetivo desse estudo foi de enfatizar quais as lesões mais recorrentes em jogadores de futebol do sexo masculino e analisar a eficácia do treinamento muscular na prevenção de lesões. Métodos: O estudo foi uma revisão bibliográfica, descritiva com estudos clínicos selecionados nos últimos 18 anos. Conclusão: Após uma breve revisão da literatura, pode-se concluir que o Treinamento muscular tem importância na prevenção de lesões nos atletas em esportes de alto impacto e trazem vários benefícios, assim tendo uma baixa nos afastamentos dos atletas e com isso reduzindo os gastos por lesões.
Palavras-chaves: Treinamento muscular, Prevenção de lesões, Fisioterapia.
ABSTRACT
Football being one of the most popular impact sports in the world, and especially in Brazil. However, there is an injury rate due to lack of muscle training.
Therefore, there is a growing interest in preventing injuries in soccer players through muscle training. Objective: The objective of this study was to emphasize which injuries are the most recurrent in male soccer players and to analyze the effectiveness of muscle training in preventing injuries. Methods: The study was a bibliographic, descriptive review with selected clinical studies in the last 18 years. Conclusion: After a brief review of the literature, it can be concluded that muscle training is important in preventing injuries in athletes in high-impact sports and brings several benefits, thus reducing athletes\’ absences and thereby reducing expenses for injuries.
Keywords: Muscle training, Injury prevention, Physiotherapy.
1. INTRODUÇÃO
O futebol é o esporte mais praticado do mundo, apresentando um público heterogêneo, caracterizado por diferentes faixas etárias e sem distinção de gênero. De acordo com a Federação Internacional de Futebol (FIFA) existem mais de 265 milhões de atletas profissionais de ambos os sexos (FERREIRA, et al, 2015).
O aumento da competitividade tem modificado as características do esporte deixando de ser considerado o futebol arte, onde a técnica é priorizada, e passando a ser considerado o futebol força, onde a parte física se tornou mais importante, aumentando a exigência física do atleta (Selistre e colaboradores, 2009).
As lesões no futebol também têm aumentado, visto que é um esporte caracterizado por intenso contato físico, movimentos curtos, rápidos e não contínuos, tais como aceleração, desaceleração, saltos e mudanças abruptas de direção. (PALACIO, et al, 2009).
Tendo em vista o exposto acima, neste trabalho será relatado, quais são as principais lesões em jogadores de futebol do sexo masculino e a importância da fisioterapia na prevenção de lesões em esportes de alto impacto, por meio do treinamento muscular. O Trabalho irá enfatizar jogadores de futebol profissional, do sexo masculino entre 20 e 30 anos. Além disso, o trabalho irá realçar de qual forma a aplicação do treinamento muscular irá auxiliar na prevenção de lesões nos atletas, averiguar se os programas de prevenção do FIFA11+ pode prevenir lesões, e também analisar se a fisioterapia desportiva é essencial para prevenir lesões em jogadores profissionais de futebol.
O estudo tem como objetivo verificar de que forma a aplicação do treinamento muscular auxilia na prevenção de lesões em atletas de futebol do sexo masculino e assim, prevenir lesões de alto impacto em atletas de futebol, entretanto, o estudo irá agregar mais conhecimento na área da Fisioterapia Desportiva, assim também como para os profissionais Fisioterapeutas.
O estudo tem carater em revisões bibliográficas, descritivas nos últimos 18 anos e foram ultilizados bases de dados Scielo e Google Acadêmico para busca dos artigos ralacionados ao estudo. A seleção dos artigos foi em base com a importância do tema e contribuiçao para a realização do estudo.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1. Principias lesões acometidas em jogadores de futebol Profissional.
O futebol, deporto mais popular do mundo, é caracterizado por ser um esporte de contato. A sua popularidade cresce a cada ano, e com isso, a ocorrência de lesões e o interesse na investigação dos riscos e da prevenção de lesões cresce proporcionalmente (PASSOS, 2007).
Sendo um esporte de contato, durante as disputas de bola ocorre divididas e travadas dos adversários, podendo ocasionar em lesões de várias gravidades (PASSOS, 2007).
Atualmente existem várias definições de lesão, porém, ainda não está claro qual a melhor definição. Assim, o termo lesão pode variar de investigador para investigador, podendo incluir aspectos como idade do atleta, lado dominante, posição no campo durante o jogo, sexo, condicionamento físico, carga horária de treino e jogo e condições atmosféricas. Como consequência, torna-se difícil buscar e comparar estudos com exatidão, principalmente quando busca-se investigar estudos de diferentes países e culturas (PASSOS, 2007).
Uma lesão esportiva é sinônimo de qualquer problema médico ocorrido durante a prática esportiva, podendo levar o atleta a perder parte ou todo treinamento e competição ou limitar sua habilidade atlética (HOFF e MARTIN apud GANTUS e ASSUPÇÃO, 2002).
Portanto, lesões são uma ocorrência que podem acontecer durante os treinos e jogos, de origem traumática ou atraumática, levando o atleta a se afastar e/ou parar com as atividades, resultando em incapacidade funcional (PASSOS, 2007).
Diferentes capacidades biomotoras são requisitadas durante uma partida de futebol, como agilidade, coordenação motora, velocidade, impulsão e resistência e em diferentes intensidades (Silva e colaboradores, 2000; Rebelo e Oliveira, 2006), e diferentes ações motoras realizadas como saltos, corridas, mudanças de direções, alterações de velocidades (Marques, Travassos e Almeida, 2010) e devido a todas essas exigências do esporte a quantidade de lesões por contato físico, sobrecarga muscular, torções e entorses ocorrem durante a temporada (Bonfim e Paccola, 2000; Renstrom e Lynch, 1999).
No futebol, um esporte extremamente complexo do ponto de vista da perfeita interligação entre aspectos físicos, técnicos, táticos e psicológicos, a incidência de lesões tem sido alta nos últimos anos. Como em qualquer outro esporte de alto nível, o envolvimento físico do atleta numa partida exige demandas fisiológicas múltiplas que necessitam apresentar-se em ótimas condições como velocidade, força, flexibilidade, resistência, entre outras (BARROS e GUERRA, 2004).
As lesões no futebol causam incômodo aos atletas em toda a sua carreira, e até mesmo, a interrupção precoce desta. São contusões, entorses, luxações, fraturas, tendinites, distensões, rupturas de ligamentos, entre outras. Atletas deixam de exercer suas funções nos gramados e superlotam as salas dos departamentos médicos dos clubes de futebol (BARROS e GUERRA, 2004).
A maior parte das lesões musculares ocorre durante atividade desportiva, correspondendo de 10 a 55% de todas as lesões (JÃRVINEN, et al, 2005). Os músculos mais comumente afetados são os isquiotibiais, quadríceps, e gastrocnêmios, músculos estes biarticulares que estão mais sujeitos às forças de aceleração e desaceleração (BRUKNER, et al, 2006).
2.2. Estiramento Muscular.
O tecido muscular possui três principais objetivos no nosso organismo, que são: Produção de movimentos corporais (movimentos globais, como andar ou correr); estabilização das posições corporais (realizada através das contrações musculares que promovem a estabilização das articulações); produção de calor (através da contração que causa um atrito entre suas fibras, auxiliando na manutenção da temperatura corporal). (TORTORA, 2002).
Para Lopes (2014), a coxa é formada por várias fibras que, na hora do movimento, escorregam umas sobre as outras. Quando o movimento não é harmônico ocorre um estiramento. Durante o chute, por exemplo, o músculo está contraído para produzir a força contra a bola e, de repente, você o estende. Os músculos posteriores são as principais vítimas. Eles podem simplesmente travar (contratura) ou mesmo se romper.
Conforme Teixeira (2010), o que pode acarretar o estiramento muscular são agravamentos como deficiências de flexibilidades e fatores ligados a treinos e cansaço muscular. Outros fatores como o estado de condicionamento físico do atleta, condições climáticas e o estado de equilíbrio emocional, contribuem para o mecanismo da lesão. Além disso, o ato de chutar uma bola exige que os músculos e tendões sejam estendidos rápida e violentamente, o que causa uma enorme propensão aos estiramentos.
O estiramento muscular, pode ser causado por uma contração excêntrica ou concêntrica brusca ou pelo alongamento das fibras musculares além de seu estado fisiológico. Ocorreram durante a aceleração máxima do movimento nos jogos ou treinos de velocidade ou força máxima. (HENSEL et al, 2008).
Os estiramentos são classificados de acordo com as dimensões da lesão em Grau 1, Grau 2 e Grau 3. No Grau 1 ocorre o estiramento de uma pequena quantidade de fibras musculares. A dor é localizada em um ponto específico, surge durante a contração muscular contra resistência e pode ser ausente no repouso. Ocorrem danos estruturais mínimos, a hemorragia é pequena, a resolução é rápida e a limitação funcional é leve (QUINTANA, 2010).
Neto (2003) afirma no que se refere às lesões de Grau 2, a quantidade de fibras lesionadas e a gravidade da lesão costumam ser maiores, além de conservarem as mesmas características da lesão de primeiro grau. A única diferença é que esses fatores se apresentam com maior intensidade. Os sintomas são: dor moderada, hemorragia, processo inflamatório local mais acentuado e redução da função muscular. Com relação ao Grau 3, Quintana (2010) relata que a lesão acontece normalmente desencadeando uma ruptura de grande parte ou de todo músculo. A dor pode variar de moderada a muito intensa, provocada pela contração muscular passiva. O edema e a hemorragia são grandes. O defeito muscular pode ser palpável e visível.
2.3. Torção Articular.
Segundo Lopes (2010), o tornozelo sofre com a rápida movimentação do futebol moderno. Para piorar, os tornozelos são mais vulneráveis a pancadas e aos buracos do campo. As lesões mais comuns são torções (ou entorses) nos ligamentos que conectam os pés aos ossos da perna. Fernandes (2011), ainda aponta que as falhas nos gramados dos estádios como responsáveis por parte destas lesões provocadas por uma excessiva distensão dos ligamentos e das restantes estruturas que garantem a estabilidade da articulação.
De acordo com Renstrom e Peterson (2001), a articulação do tornozelo é uma das áreas que mais sofre lesões em esportes. O mecanismo de lesão mais comum é a entorse da planta e do dorso do pé para dentro (supinação – rotação medial). Outra lesão comum é a entorse da sola e do dorso do pé para fora (pronação – rotação lateral).
Ainda segundo Renstrom e Peterson (2001), a classificação de torções de tornozelo tem base no mecanismo de lesão. Uma entorse do tornozelo também é classificada em graus I, II e III, de acordo com sua gravidade. A recorrência de uma lesão do tornozelo é comum: 50% a 75% dos pacientes sofrem torções recorrentes e 25% relatam torções frequentes, sendo que jogadores de futebol que já sofreram uma lesão no tornozelo têm duas a três vezes mais chances de sofrer outra que aqueles sem história clínica de lesão.
2.4. Ruptura de ligamento do Joelho.
A principal causa de lesões no joelho é a atividade atlética, principalmente, em atletas inadequadamente condicionados, com preparação deficiente, má coordenação motora e desenvolvimento muscular inapropriado. Fatores extrínsecos podem acarretar as lesões como condições do terreno, buracos, grama alta, solo escorregadio, condições da vestimenta e dos calçados, condições climáticas e outros. (ABDALLA, 2003).
Conforme Abdalla (2003), o aumento do interesse por atividades esportivas, bem como a vulnerabilidade e complexidade anatômica da articulação do joelho justificam um aumento crescente do número de paciente com lesões ligamentares.
De acordo com Lopes (2014) os movimentos de rotação são os culpados pelas lesões no joelho. As mais comuns são rompimentos (total ou parcial) do ligamento cruzado anterior, do ligamento colateral-tibial e do menisco. Eles funcionam como elásticos que se esticam com a rotação da perna.
Conforme Renstrom e Peterson (2001), lesões no ligamento cruzado anterior (LCA) são as mais comuns para o joelho, a perda de um ligamento cruzamento anterior não produz somente cinética anormal, mas, também frequentemente resulta em grandes mudanças degenerativas no joelho. Esse tipo de lesão pode acontecer com um impacto de torção, assim como em rotação interna e hiperextensão ou em rotação externa e valgo. O ligamento colateral medial é o ligamento mais comumente lesado do joelho.
A incidência de lesões do ligamento cruzado anterior (LCA) tem aumento nos últimos anos. A lesão do LCA pode ser total ou parcial. Em algumas situações, o coto do LCA fica aderido a sinovial do ligamento cruzado posterior (LCP), dando a falsa ideia de um joelho normal, explica Cohen e Abdalla (2003). São mais comuns na segunda e terceira décadas de vida e predominam no sexo masculino. O paciente se refere em geral, com clareza, ao movimento do trauma, a sensação de impossibilidade de continuar jogando. O aumento de volume do joelho pode ocorrer logo nas primeiras horas.
Já as rupturas no ligamento cruzado posterior (LCP) do joelho não são muito comuns, consistem apenas 5% a 10% das rupturas ligamentares de todos os maiores ligamentos do joelho, afirmam Renstrom e Peterson (2001). As lesões no ligamento cruzado anterior e ângulo póstero-lateral são provavelmente as mais debilitantes das três lesões ligamentares do joelho, isso é ainda mais verdadeiro no caso de lesões combinadas.
Merck (2010) cita que o joelho é uma articulação frequentemente lesionada em jogadores de futebol. Impactos diretos (quando o atleta é derrubado ou leva uma pancada) ou indiretos (girando ou torcendo) podem afetar ligamentos (principalmente, o ligamento cruzado anterior), tendões ou cartilagens. Segundo Santos (2007), a recuperação do atleta pode variar em função do tratamento escolhido, levando de seis a nove meses para retornar a prática da modalidade.
2.5. Treinamento muscular na prevenção de lesão em atletas de futebol.
A prevenção é de extrema importância, pois um programa bem elaborado de alongamentos melhora o desempenho do atleta, visto que músculos bem alongados tendem a aumentar a eficiência e diminuir o gasto energético no movimento. Esse tratamento deverá ser delineado e realizado com base em um levantamento dos fatores de risco dessas lesões, da análise de sinais específicos do esporte, como os erros de movimentos executados pelos atletas. (NASCIMENTO; TAKANASHI, 2012). Os pontos a serem observados para que esse programa seja bem sucedido são: o esporte, características e a individualidade do atleta ou grupo e as lesões alvo do programa. (TAKAHASHI, 2009)
Atualmente a fisioterapia no Brasil dispõe de equipamentos de alta tecnologia, equipamentos esses capazes de avaliar e treinar força, potência e resistência dos grupos musculares. O ideal seria que todos os atletas realizassem esse tipo de avaliação com o intuito de prevenir lesões, obtendo assim um melhor desempenho do atleta durante o esporte específico. (NASCIMENTO; TAKANASHI, 2012).
Existem prevenções de suma importância que ao serem utilizadas em atletas pode sim prevenir lesões, tais como:
Bandagem/órteses: Podem ser feitas de esparadrapo, elastano e algodão ou material rígido; e têm a função de limitar o movimento. A bandagem de esparadrapo é mais confortável, porém, a de material rígido leva vantagem por não sofrer a interferência do suor. (TAKAHASHI, 2009).
Exercícios de estabilização: Uma estabilização do tronco permite um melhor desempenho dos membros, gerando assim uma melhora na transferência de força enquanto executa o movimento. Além disso, deve-se estabilizar todas as articulações envolvidas no movimento, pois estudos mostram efeito significativo na habilidade do atleta em criar e transferir forças para os membros inferiores. (SHINKLE et al., 2012)
Alongamento Muscular: Embora os benefícios do alongamento não sejam comprovados na prevenção de lesões, deve-se sempre inclui-lo nos programas visando o bem-estar do atleta; aumentando a flexibilidade de estruturas encurtadas, o que trará benefícios a longo prazo. Além disso o alongamento traz um maior conforto ao paciente, e auxilia na diminuição de aderências teciduais. (TAKAHASHI, 2009).
Treino sensório motor: Tem como objetivo fazer com que o atleta presencie estímulos diferentes do que está acostumado, e assim treinar seus receptores articulares e musculares e mandar a informação mais rápida para o cérebro para que o corpo permaneça sempre em equilíbrio. (TAKAHASHI, 2009).
Aquecimento: O aquecimento é essencial antes da atividade, devendo causar um suor leve e nunca um cansaço. O objetivo é melhorar a contração muscular durante a prática da atividade. (TAKAHASHI, 2009).
Um outro modo de se prevenir lesões é através do treino da flexibilidade, podendo este ser ativo, passivo ou combinado. No ativo o atleta realiza o movimento de forma independente; no passivo já se faz uso de equipamentos ou ajuda externa. O mais indicado é a forma passiva, pois faz com que o atleta atinja níveis de alongamento superiores ao que atingiria sozinho. (PASSOS, 2007).
2.6. Prevenção de lesões através do programa de aquecimento FIFA 11+
Os estudos do F-MARC embasaram inicialmente o desenvolvimento do “FIFA11”, um programa de prevenção para jogadores amadores, cuja eficácia foi comprovada de maneira notável na Suíça diminuindo o número lesões (lesões graves; de não-contato; e estiramentos), durante jogos e treinamentos (JUNGE et al., 2011). Após atestada a efetividade do programa, o mesmo foi aprimorado dando origem a um completo programa de aquecimento, o “FIFA11+”. Confirmando os resultados preventivos de lesão, uma pesquisa realizada na Noruega com 125 clubes, durante uma temporada, observou que com a adesão ao programa houve uma diminuição do número total de lesões em geral, principalmente as lesões graves, com destaque para lesões do joelho. O estudo apontou que ocorreram 33 lesões no grupo de intervenção e 47 no grupo controle, e também destacou a gravidade da lesão, sendo 72 casos graves no grupo controle, enquanto o grupo de intervenção teve apenas 45 incidentes (SOLIGARD et al., 2008).
Este programa é formado por um pacote completo de aquecimento, que substitui o aquecimento habitual antes dos treinos. O FIFA 11+ possui três partes com o total de 15 exercícios, que devem ser realizados no início de cada treino, sendo a primeira parte com exercícios de corrida em baixa velocidade, alongamento ativo e contatos controlados entre parceiros; a segunda parte consiste em seis conjuntos de exercícios focados na força do core e das pernas, equilíbrio e pliometria/agilidade, todos com três níveis de dificuldade crescente; a terceira parte conta com exercícios de corrida com velocidade moderada/alta, combinados a movimentos de fixação/partida. É de extrema importância que as técnicas do programa sejam realizadas adequadamente, prestando total atenção na postura correta, e que haja bom controle corporal, incluindo alinhamento correto das pernas, posição de joelhos e pisadas suaves (Bizzini, Junge & Dvorak, 2010).
Brito et al. (2010), interviram com o “FIFA11+” em jogadores de futebol, três vezes por semana durante 10 semanas, e identificaram um aumento significativo na produção de força dos flexores e extensores dos joelhos, e uma melhora nas razões convencionais e funcionais. Os autores concluíram que o programa de treinamento parece ser adequado e eficaz para melhorar a força muscular e o equilíbrio em torno da articulação dos joelhos. Esses achados são corroborados por Daneshjoo et al. (2013), que avaliaram duas propostas de aquecimentos preventivos (“FIFA11+” e HarmoKnee), a fim de identificar os benefícios na produção de força dos extensores e flexores do joelho, e concluíram que mesmo os dois programas proporcionando um bom treinamento de força concêntrica dos flexores, o “FIFA11+” parece promover maiores adaptações de força neste grupamento muscular, quando comparado ao HarmoKnee.
Adicionalmente em outro estudo, Daneshjoo et al. (2013), observaram a superioridade dos atletas que treinaram com o “FIFA11+” em testes de saltos verticais, agilidade e habilidade com a bola, comparados ao grupo que treinou com HarmoKnee, concluindo que o “FIFA11+” pode ser eficaz para aumentar a altura dos saltos verticais, agilidade e habilidade no futebol, enquanto o programa HarmoKnee, em geral, só produziu melhoras no teste de habilidade.
Mesmo o programa “FIFA11+” sendo apontado como eficaz para promoção de um melhor desempenho atlético, Grooms et al (2013) sugerem que são necessárias mais investigações controladas para compreender os reais efeitos, e os mecanismos envolvidos nas melhoras apresentadas nos estudos com o programa.
2.7. Importância da Fisioterapia desportiva na prevenção de lesões.
A fisioterapia desportiva é um componente da Medicina Esportiva onde seus métodos são aplicados nas lesões causadas pelo esporte, com o propósito de recuperar, sanar e prevenir as lesões. Grande parte dessas lesões são causadas por desgaste crônico e lacerações, decorrentes de movimentos repetitivos que afetam os tecidos suscetíveis. (NASCIMENTO; TAKANASHI, 2012). Essa área vem ganhando cada vez mais espaço entre os atletas que buscam uma orientação de profissionais especialistas, objetivando uma melhor performance no esporte e qualidade de vida (TAKAHASHI, 2009).
A fisioterapia desportiva possui um papel muito importante pois tudo deverá ser mais rápido e mais efetivo, pois o atleta precisará executar todas as funções do corpo ao mesmo tempo com o máximo de potência e amplitude. Além disso o fisioterapeuta está sempre sendo pressionado, seja por treinadores, diretores ou até mesmo pelo atleta, fazendo com que seu trabalho seja ainda mais rápido e intensivo. (PARREIRA, 2007). (NASCIMENTO; TAKANASHI, 2012) vê isso como um desafio para o fisioterapeuta, pois há a necessidade de reabilitar o atleta em um menor tempo possível, sem que isso prejudique o mesmo; pois o tratamento e o tempo de afastamento vai variar de acordo com o tipo de lesão, a estrutura lesada e o tipo de tratamento fisioterapêutico escolhido para esse atleta.
A função do fisioterapeuta desportivo é cuidar propriamente dos atletas, sendo ele o responsável por iniciar um processo de levantamento físico do atleta na pré-competição, organizar e realizar este levantamento e fazer recomendações à equipe; além disso é necessário que haja um conhecimento dos movimentos executados pelo atleta, como conhecer os principais músculos envolvidos no movimento (origem, inserção, ação e inervação). (NASCIMENTO; TAKANASHI, 2012).
2.8 Resultados e Discussão
A presente revisão bibliográfica mostra que os protocolos de fortalecimento e os programas de aquecimento através do FIFA 11+ são métodos eficazes e satisfatórios na prevenção de lesões em jogadores de futebol, tanto no profissional como em amadores. Assim, evitando problemas como afastamentos dos atletas nos treinos e jogos durante a temporada de jogos, tendo melhora no condicionamento físico e na qualidade de vida e reduzindo custos com reabilitação esportiva.
3. CONCLUSÃO
Diante da revisão bibliográfica é possível concluir que o futebol sendo um esporte de contato, os atletas que praticam o mesmo podem sofrer lesões de várias gravidades, como por exemplo, estiramento muscular, torção ligamentar e ruptura de ligamento de joelho que são as principias lesões acometidas no futebol. Portanto é de suma importância a implementação dos protocolos de fortalecimento e de aquecimento nos jogadores de futebol para a prevenção das lesões.
Como visto, os protocolos de fortalecimento muscular nos atletas trás benéficos como, melhora no sistema cardiorrespiratório, musculoesquelético, metabólicos, além disso, aumenta a força, resistência e habilidade muscular.
Conclui-se que a Fisioterapia desportiva é de suma importância não só na prevenção e reabilitação dos atletas, pois o fisioterapeuta tem a função de diminuir ou evitar que o atleta não apresente disfunções que prejudique a sua performance, assim evitando que fique temporariamente afastados dos jogos e treinos.
Conclui-se que os protocolos de fortalecimento muscular realizados regularmente trazem inúmeros benefícios, melhorando a saúde em geral das atletas durante os jogos e treinamentos, e assim reduzindo os afastamentos e gastos para os clubes.
4. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
BARROS, T; GUERRA, I (orgs.). Ciência do futebol. Baruerí: Manole, 2004.
BIZZINI, M; JUNGE, A; DVORAK, J. FIFA 11+ Manual. Um Programa de Aquecimento Completo para Prevenir Lesões no Futebol. FIFA Medical Assessment and Research Center (F-MARC). v.1; p.1-74. 2010
Bonfim, T. R.; Paccola, C. A. J. Propriocepção após a reconstrução do ligamento cruzado anterior usando ligamento patelar homólogo e autólogo. Revista Brasileira de Ortopedia. Vol. 35. Num. 6. 2000.
BRITO, J; FIGUEIREDO, P; FERNANDES, L; SEABRA, A; SOARES, J.M; KRUSTRUP, P; REBELO, A. Isokinetic strength effects of FIFA’s “The 11+” injury prevention training programme. Isokinetics and Exercise Science, v.18, p.211–215. 2010.
Clube: Estudo de Coorte Histórico do Campeonato Brasileiro de 2003 a 2005. Rev Bras Med Esporte 2009; Vol.15 Nº1.
COHEN, Moisés; ABDALLA, Rene Jorge. Lesões nos Esportes. 2ª ed. Rio de Janeiro: Editora Revinter Ltda, 2003
FERREIRA, Cruz; FERNANDES; MARUJO. E-balonmano.com: revista de ciencias del deporte, revisão sistemática. Programas de exercício na prevenção de lesões nos jogadores de futebol: revisão sistemática. vol. 11, 39-40, ano 25/05/2015.
GANTUS, M.C; ASSUMPÇÃO, J.D. Epidemiologia das lesões do sistema locomotor em atletas de basquetebol. Acta Fisiátrica, São Paulo, v. 9, n. 2, p. 7784, 2002.
JUNGE, A; LAMPRECHT, M; STAMM, H; HASLER, H; BIZZINI, M; TSCHOPP, M; REUTER, H; PSYCH, D; WYSS, H; CHILVERS, C; DVORAK, J. Countrywide Campaign to Prevent Soccer Injuries in Swiss Amateur Players. The American Journal of Sports Medicine. v.31, n.1, p.57-63, 2011
Marques, M. C.; Travassos, B.; Almeida, R. A força explosiva, velocidade e capacidades motoras específicas em futebolistas juniores amadores: Um estudo correlacional. Motricidade. Vol. 6. Num. 3. p.5-12. 2010.
MERCK, M. Lesões Esportivas. Disponível em www.msd-brasil.com.br. Acessado em 8 de agosto de 2020.
NASCIMENTO, Hilma Borges; TAKANASHI, Silvânia Yukiko Lins. Lesões mais incidentes no futebol e a atuação da fisioterapia desportiva. 2012
PALACIO, Evandro Pereira; CANDELORO, Bruno Moreira; LOPES, Aline de Almeida. Lesões nos Jogadores de Futebol Profissional do Marília Atlético Clube: Estudo de Coorte Histórico do Campeonato Brasileiro de 2003 a 2005. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, Marília, vol 15, n. 1, p. 31-35, jan/fev. 2009.
PARREIRA, Cesar Augusto. Tratamento fisioterápico e prevenção das lesões desportivas. I Encontro de Extensão da Unifil 29 a 31 de outubro de 2007. Out. 2007.
PASSOS, Emanuel Fernandes. Lesões musculares no futebol: tipo, localização, prevenção, reabilitação e avaliação pós lesão. Universidade do Porto. 2007.
PETERSON, Lars. Lesões do Esporte – Prevenção e Tratamento. 3. ed. Barueri-SP: Editora Manole LTDA, 2002.
SANTOS, Randy Marcos. Análise epidemiológica das lesões em atletas de futebol profis-sio-nal do Sport Club do Recife em 2007
Selistre, L. F. A.; e colaboradores. Incidência de lesões nos jogadores de futebol masculino Sub-21 durante os jogos regionais de Sertãozinho-Sp de 2006. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. Vol. 15. Núm. 5. 2009.
SHINKLE, J; NESSER, TW, DEMCHAK, TJ, MCMANNUS, DM. Effect of core strength on the measure of power in the extremities. J Strength Cond Res. 26(2):373-80. Feb. 2012.
Silva, B. A. R. S.; e colaboradores. Efeitos da fadiga muscular induzida por exercícios no tempo de reação muscular dos fibulares em indivíduos sadios. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. Vol. 12. Núm. 2. 2006.
SOLIGARD, T; MYKLEBUST, G; STEFFEN K; HOLME I; SILVERS H; BIZZINI M; JUNGE A; DVORAK J; BAHR R; ANDERSEN T.E. Comprehensive warm-up programme to prevent injuries in young female footballers: cluster randomised controlled trial. British Journal of Sports Medicine, v.12, p.1-9, 2008.
TORTORA, Gerard; GRABOWSKI, Sandra. PRINCIPIOS DE ANATOMIA E FISIOLOGIA. Editora Guanabara, Rio de janeiro-2002.