FISIOTERAPIA PÉLVICA EM PACIENTES COM INCONTINÊNCIA URINÁRIA

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JHONATAN FERNANDES ARAÚJO

Trabalho de Conclusão do Curso de Fisioterapia, Faculdade Uninassau, para obtenção do título de Fisioterapeuta.
Orientador (a): Prof. Carlos Cerqueira

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Prof. Carlos Cerqueira
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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha mãe, a meus familiares, meus amigos e meu cachorro Gru, que sempre me apoiaram e me ajudaram.
OBRIGADO

AGRADECIMENTO

Agradeço a minha mãe, Marilene Fernandes; minhas tias, Rosilene Fernandes e Francisca Fernandes; alguns outros familiares; meus amigos; Diogo Francisco, Tayara Nazário, Adian Laffaele, Douglas Mesquita e colegas de turma pelo que fizeram para meu crescimento pessoal e contribuição para minha chegada até aqui. Agradeço também a alguns professores pelo conhecimento obtido, pelos seus ensinamentos e contribuição para minha formação acadêmica e crescimento profissional.

EPÍGRAFE
“Talento é algo que se faz florescer, instinto é algo que se refina”
Oikawa Tooru

RESUMO

OBJETIVO: Analisar e apontar a importância da Fisioterapia pélvica e sua eficácia em pacientes com incontinência urinária, descrever o conceito da patologia, destacar os benefícios da Fisioterapia pélvica e apontar recursos efetivos para avaliação e tratamento. METODOLOGIA: O método utilizado foi pesquisa bibliográfica de artigos nacionais e internacionais obtidos nas bases de dados; PEDRo, ClinicalTrials, SCIELO e livros, com proposito de apresentar os benefícios da Fisioterapia em pacientes com incontinência urinária. CONCLUSÃO: Com base nos aspectos funcionais anatômicos do assoalho pélvico, verificou – se que a utilização das técnicas da Fisioterapia, como a Cinesoterapia e Biofeedback tem participação positiva tanto na prevenção como no tratamento da Incontinência urinária, colaborando para a reabilitação e reintegração de pacientes na sociedade, proporcionando uma melhor qualidade de vida.

Palavras-chaves: Incontinência Urinaria, Tratamento, Fisioterapia Pélvica.

ABSTRACT

OBJECTIVE: To analyze and point out the importance of pelvic physiotherapy and its effectiveness in patients with urinary incontinence, describe the concept of pathology, highlight the benefits of pelvic physiotherapy and point out effective resources for assessment and treatment. METHODOLOGY: The method used was a bibliographic search of national and international articles obtained in the databases; PEDRo, ClinicalTrials, SCIELO and books, with the purpose of presenting the benefits of Physiotherapy in patients with urinary incontinence. CONCLUSION: Based on the anatomical functional aspects of the pelvic floor, it was found that the use of Physiotherapy techniques, such as Kinesotherapy and Biofeedback, has a positive participation both in the prevention and treatment of urinary incontinence, contributing to the rehabilitation and reintegration of patients in the society, providing a better quality of life.

Keywords: Urinary Incontinence, Treatment, Pelvic Physiotherapy.

3. INTRODUÇÃO

Estudos indicam que até 40% das mulheres tem algum grau de Incontinência Urinária (IU) (ANGER et al., 2006). Uma parcela delas ainda apresenta esse problema com interferência em atividades cotidianas, como nas relações interpessoal e sexual. Apesar disso, muitas ainda não procuram auxílio médico. (KELLEHER et al., 1995; SUSKIND et al., 2016). A perda involuntária de urina afeta de certa forma na qualidade de vida das mulheres, já que elas não conseguem conter a urina, tendo impacto físico, social e emocional.

Este documento tem como objetivo Analisar e apontar a importância da Fisioterapia pélvica e sua eficácia em pacientes com IU, descrever o conceito da patologia, destacar os benefícios da Fisioterapia pélvica e apontar recursos efetivos para avaliação e tratamento. A metodologia utilizada trata-se de pesquisa bibliográfica de artigos nacionais e internacionais obtidos nas bases de dados; PEDRo, ClinicalTrials e SCIELO, nos anos entre 2008 a 2017, também através de livros, com proposito de apresentar os benefícios da Fisioterapia em pacientes acometidos pela patologia.

Neste artigo será abordado a definição da patologia, fatores que podem estar associados e sua classificação. Será mencionado a respeito do assoalho pélvico; sua função e os músculos que o compõe. Está incluso também, método de avaliação e tratamento Fisioterapêutico através da Cinesoterapia e Biofeedback.

4. DESENVOLVIMENTO

4.1 INCONTINÊNCIA URINÁRIA

A IU trata-se de um distúrbio que pode levar a um grande impacto na qualidade de vida das pessoas acometidas. A IU é definida Como toda perda involuntária de urina (Baracho, 2007). Esta perda é entendida como um problema social e higiênico, que leva à restrição do convívio social, a vivenciar previa de situações constrangedoras e ao receio de outras pessoas perceberem o odor de urina. (Sperandio et al, 2011).

Dentre os fatores que podem estar associados à IU; estão à deficiência esfincteriana uretral intrínseca, aumento da pressão intra-abdominal, elevado número de partos, período gestacional, menopausa, obesidade, trauma obstétrico, tabagismo, doenças crônicas, cirurgias ginecológicas, constipação intestinal, uso de drogas e excesso de exercícios físicos (HIGA et al., 2006).

A classificação da IU pode ser; Incontinência de esforço (IUE): é a perda urinária involuntária, que ocorre em situações de aumento de pressão abdominal, na ausência de atividade contrátil do detrusor, pode acontecer durante o exercício físico, tosse ou espirro. Incontinência urinária de urgência (IUU): perda urinária acompanhada por forte desejo de urinar, aumento da frequência e noctúria. E incontinência urinária mista (IUM): quando há incontinência de esforço e por urgência, simultaneamente (Baracho, 2007 e Montellato et al, 2000).

4.2 MUSCULATURA DO ASSOALHO PÉLVICO

O Assoalho Pélvico AP é composto por partes moles e formado por músculos, ligamentos e fáscias. Esse conjunto que forma o AP, tem como função de sustentação e garantem o posicionamento anatômico correto dos órgãos Pélvicos como; bexiga, útero, intestino, reto e todo conteúdo localizado na pelve, também contribuem para a manutenção das continências urinária e fecal.

Os músculos que formam o AP são juntamente mencionados como, músculo levantador do ânus e músculo coccígeo. Eles formam uma grande camada de músculo esquelético subdivididos. O levantador do ânus é subdividido em três músculos que são; pubococcígeo, puborretal e iliococcigeo. Caracterizam-se como a musculatura profunda de assistência aos órgãos pélvicos, também auxiliam no processo de defecação e micção.

4.3 AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA

Atualmente, o modelo de avaliação utilizado na prática fisioterapêutica baseia­se na Classificação Internacional de Funcionalidade CIF, desenvolvido com o intuito de padronizar a terminologia e nortear a avaliação, abrangendo tanto os aspectos relacionados com a condição de saúde quanto a avaliação de deficiências de estruturas e funções do corpo, limitações nas atividades de vida diária e as restrições que tais deficiências possam causar na participação social do indivíduo. (Ponzio et al., 2019).

A avaliação pode ser realizada através da história clínica, com coleta de dados que caracterizam a IU. São consideradas também, informações referentes a antecedentes cirúrgicos, obstétricos e uso de drogas que podem comprometer a função do trato urinário inferior. (Ramos et al., 2011).

Para demonstrar o impacto dos sintomas da IU na qualidade de vida, utiliza-se o King\’s Health Questionnaire (KHQ) para analisar e ter um comparativo dos resultados iniciais aos obtidos ao final do tratamento. O KHQ trata-se de um questionário constituído por 21 questões e 8 domínios: Percepção geral da Saúde, impacto da IU, limitações da atividade diária, limitações físicas, limitações sociais, relações pessoais, emoções, sono/disposição.

A avaliação da força muscular do MAP também é de suma importância, essa avaliação é efetuada através dá Escala Modificada de Oxford (EMO), realizada a partir da palpação digital. A EMO é uma forma de mensurar a habilidade de contração, relaxamento e capacidade de sustentação de força do AP. A avaliação da força muscular através da EMO é graduada em seis pontos (0 a 5), sendo que 0 significa ausência de contração e 5 contratação forte, assim como pode ser observado na figura 1.

Figura 1 – Escala Modificada de Oxford (EMO)

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Fonte: Dietz e Shek, 2008.

4.4 TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO

Com o avanço de estudos científicos sobre as disfunções do AP, tem­se dado ênfase à investigação de técnicas e recursos que proporcionem aos fisioterapeutas alternativas terapêuticas. A base principal dos recursos fisioterapêuticos utilizados no tratamento de mulheres incontinentes consiste em técnicas que auxiliem na tomada de consciência da contração dos músculos do assoalho pélvico MAP durante o processo de reabilitação. Além da cinesioterapia, empregada para o treinamento dos MAP, existem outros recursos, como eletroterapia, Biofeedback, e Cones Vaginais, capazes de potencializar ou ter grande relevância para o resultado do tratamento fisioterapêutico (Ponzio et al., 2019).

Cinesioterapia: Recurso mais usado pelo fisioterapeuta na reabilitação e na prevenção das disfunções uroginecológicas, foi inicialmente citada e estudada por Kegel, que recomendava os exercícios de contração dos MAP para melhora da incontinência urinária de esforço, obtendo excelentes resultados (70% das mulheres tratadas exibiram melhora). Com base em seus estudos, outros autores deram seguimento à investigação dos exercícios do assoalho pélvico AP e seus efeitos sobre os sintomas urinários. (Ponzio et al., 2019).

O treinamento muscular do assoalho pélvico consiste na realização de exercícios de contração dos MAP com o objetivo de promover maior suporte uretral, o que favorece o aumento da oclusão uretral (ação esfincteriana ao redor da uretra), evita a perda urinária e promove o suporte dos órgãos pélvicos. Também visa a ativar e aumentar a circulação local, reeducar e hipertrofiar os MAP e contribuir para a atividade sexual. (Ponzio et al., 2019).

Biofeedback: um aparelho cuja técnica possibilita que a informação sobre o processo normal, fisiológico e inconsciente da contração muscular do assoalho pélvico, seja introduzida ao paciente e/ou ao terapeuta como sinal visual, auditivo ou tátil (Ramos et al., 2011). O biofeedback perineal é um dos procedimentos mais utilizados na reabilitação da musculatura pélvica, tendo um êxito considerável graças à informatização e tornando-se uma ferramenta importante para o fisioterapeuta especializado nessa área (Baracho, 2012).

Associado às outras técnicas de reabilitação do AP, esse procedimento consiste em um retrocontrole biológico, que permite a conscientização objetiva de uma função fisiológica inconsciente. Tal conscientização muscular é obtida por meio da utilização de um sinal sonorovisual e/ou auditivo. (Baracho, 2012).

4.5 ANÁLISE, DISCUSSÃO, RESULTADO

Ao analisar os estudos de uma pesquisa exploratória e qualitativa utilizando a revisão bibliográfica em busca de assuntos que Referiam-se sobre a IU, pode-se observar que é uma disfunção que tem um grande impacto na qualidade de vida das mulheres, afetando de forma física, social e emocional. A Fisioterapia a partir de seus recursos terapêuticos, pode ajudar na prevenção e tratamento da IU, através do fortalecimento da MAP, diminuindo os sintomas da perda involuntária de urina e em consequência dando uma melhor qualidade de vida aos pacientes. Existem diversos documentos bibliográficos que evidenciam a eficácia desses recursos terapêuticos na recuperação de pacientes incontinentes.

Em termos de discussão e a partir de estudos utilizados, dados obtidos e investigados, pode-se perceber que a Cinesoterapia e Biofeedback no treinamento para fortalecer a MAP tem relevância significativa e é ressaltado na literatura como métodos seguros e eficaz. Os critérios adotados por grande parte dos estudiosos, para considerar uma resposta positiva sobre os efeitos da cinesioterapia do assoalho pélvico para ganho de força muscular e consequentemente um tratamento eficaz para incontinência urinária, foram baseados nos trabalhos desenvolvidos por Kegel, em 1948. Seus relatos e eficácia do tratamento contribuíram para que pesquisadores de todo o mundo passassem a utilizar as técnicas de cinesioterapia para fortalecer a musculatura pélvica de mulheres que desencadeassem incontinência urinária de esforço (MORKVED & BO, 1996).

As pesquisas demonstraram que os exercícios propostos por Kegel, de forma supervisionada, são capazes de trazer relevante redução das perdas involuntárias de urina, na diminuição da frequência urinária, redução da noctúria e ainda melhora no perfil emocional das pacientes. Os resultados alcançados pelos tratamentos com o biofeedback também foram positivos, e indicaram que é um importante aliado quando associado ao treinamento de contrações rápidas e lentas da MAP, proporcionando mudança significativa na consciência perineal, ganho de força muscular, redução da perda urinária e melhora na qualidade de vida das mulheres.(Bertoldi et al., 2014).

Os Resultados obtidos Segundo, Ramos et al (2011) A partir da análise do KHQ nas pacientes estudadas, foi possível observar uma melhora aparentemente significativa da qualidade de vida no pós tratamento com a cinesioterapia do assoalho pélvico. Corroborando nosso estudo, o autor, ao avaliar qualidade de vida de mulheres após tratamento da IUE com fisioterapia, observou melhora significativa da qualidade de vida dessas mulheres.

Os estudos confirmam que a Cinesioterapia e Biofeedback do AP, como tratamento conservador para IU em pacientes femininos, é um método terapeutico efetivo, seguro e de baixo custo, que contribui para ampliar as possibilidades terapêuticas desta enfermidade.

5. CONCLUSÃO

O artigo trata de como a IU afeta o meio físico , social e emocional das mulheres, a importância da Fisioterapia pélvica e métodos de tratamento como Cinesoterapia e Biofeedback para a recuperação da qualidade de vida das mulheres afetadas, com os resultados obtidos pode-se que esses meio de tratamento fisioterapêuticos para o fortalecimento da MAP é positivo para obter melhorias reais e significativas sobre a perda involuntaria de urina.

Com base nos aspectos funcionais anatômicos do assoalho pélvico, verificou – se que a utilização das técnicas da Fisioterapia, tem participação positiva tanto na prevenção como no tratamento da Incontinência urinária, colaborando para a reabilitação e reintegração de pacientes na sociedade.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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  4. BARACHO, E. Fisioterapia aplicada a saúde da mulher : 6. ed. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.
  5. OLIVEIRA, K. A. C; RODRIGUES, A. B. C; PAULA A. B. Técnicas
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  10. Palma PCR, Ricceto CLZ. Incontinência urinária na mulher In: Brata HS, Carvalhal GF. Urologia : princípios e prática. Porto Alegre: Artmed; 1999. p. 209 – 216.
  11. Pinto e Silva, Marcela Ponzio. Tratado de fisioterapia em saúde da mulher / Marcela Ponzio Pinto e Silva, Andréa de Andrade maeruqes, Maria Teresa Pace do Amaral. -2 ed.; -Rio de Janeiro : Roca, 2019. 472 p. Il.; 28cm.
  12. Baracho, Elza Fisioterapia aplicada à saúde da mulher / Elza Baracho. – 5. Ed. –Rio de Janeiro : Guanabara koogan, 2012.