OBESITY IN HIGH SCHOOL ADOLESCENTS: A BIBLIOGRAPHIC ANALYSIS OF THE IMPACTS AND THE INTERVENTION OF SCHOOL PHYSICAL EDUCATION
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202510101331
Alfredo Lins Campelo Neto1
Jhonys da Silva Nogueira1
Orientadora: Eva Vilma Alves da Silva2
Resumo
A obesidade em adolescentes do Ensino Médio se faz um agravante na saúde pública, com impactos físicos, emocionais e sociais. Este estudo analisou os efeitos da obesidade juvenil e investigou como a Educação Física escolar pode atuar como intervenção preventiva. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica em bases como SciELO, PubMed e Periódicos CAPES, considerando publicações entre 2020 e 2025. Os achados indicam que fatores como alimentação inadequada, sedentarismo, uso excessivo de tecnologias e condições socioeconômicas influenciam a obesidade. Programas estruturados de Educação Física, aliados a atividades física e apoio familiar, contribuem para reduzir o índice de massa corporal, melhorar a aptidão física e fortalecer hábitos saudáveis. Conclui-se que a Educação Física escolar é estratégica na prevenção da obesidade e promoção da saúde integral.
Palavras-chave: Obesidade. Adolescência. Educação Física Escolar. Promoção da Saúde. Prevenção.
1. INTRODUÇÃO
A obesidade entre adolescentes é hoje um dos maiores desafios de saúde pública no Brasil. Esse problema não afeta apenas o corpo, mas interfere diretamente na qualidade de vida, no bem-estar emocional e no desenvolvimento saudável dos jovens.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem destacado a obesidade como um dos maiores desafios de saúde pública global, considerando suas repercussões tanto no presente quanto nas gerações futuras. No Brasil, por exemplo, a prevalência de obesidade entre adolescentes do ensino médio tem aumentado significativamente nas últimas décadas, refletindo não só mudanças nos hábitos alimentares, mas também fatores socioeconômicos, ambientais e comportamentais. Nos últimos anos, a quantidade de crianças e adolescentes com sobrepeso ou obesidade tem aumentado de forma significativa, gerando preocupação em profissionais de saúde, educadores e familiares.
Dados do Instituto Desiderata (2025) mostram que a prevalência de excesso de peso entre crianças e adolescentes passou de 21,5 % em 2000 para 30,6 % em 2016, evidenciando uma tendência preocupante que demanda atenção imediata e ações integradas entre escola, família e comunidade. Segundo a OMS, globalmente “a prevalência de obesidade para crianças de 5 a 19 anos aumentou de 0,9 % em 1975 para 6,8 % em 2016” (WHO, Guideline: Management of adolescents with obesity, 2021) Organização Mundial da Saúde. Essa trajetória global reflete-se também nos contextos nacionais e reforça a urgência de políticas públicas e intervenções escolares eficazes.
A obesidade ocorre quando há acúmulo excessivo de gordura no corpo, geralmente provocado por um desequilíbrio entre o que se consome e o gasto energético diário. Na adolescência, essa situação é ainda mais preocupante, pois aumenta o risco de desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes tipo 2, hipertensão arterial, dislipidemias e outros problemas metabólicos. Além disso, o excesso de peso pode comprometer a saúde mental e emocional dos jovens, afetando a autoestima, a socialização e a motivação para praticar atividades físicas. O Ministério da Saúde (2023) registrou um aumento de 430% nos atendimentos de crianças e adolescentes com obesidade nos últimos oito anos, mostrando o crescimento acelerado desse problema. A ABESO (2024) também alerta que mais da metade da população brasileira encontra-se acima do peso, sendo que quase 20% estão em situação de obesidade.
Diversos fatores contribuem para o aumento da obesidade na adolescência. Entre eles, destacam-se o consumo elevado de alimentos ultraprocessados, ricos em açúcares, gorduras e sódio; a baixa ingestão de frutas, legumes e fibras; o sedentarismo e o tempo excessivo diante de telas, como televisão, videogames e smartphones. Esses hábitos, combinados a fatores socioeconômicos, emocionais e genéticos, tornam os adolescentes ainda mais vulneráveis. Fatores familiares também influenciam, visto que a presença de hábitos inadequados em casa pode reforçar escolhas alimentares pouco saudáveis e a falta de prática de atividades físicas. Estudos recentes indicam que apenas a integração entre ações escolares, familiares e comunitárias permite a construção de hábitos saudáveis duradouros (BARCELA, HOLDEFER & ALMEIDA, 2022).
A escola desempenha um papel central na prevenção da obesidade, especialmente através da Educação Física. Diferente do que muitos pensam, esta disciplina não se limita ao desenvolvimento de habilidades motoras ou esportivas, mas atua como ferramenta educativa essencial na formação de hábitos saudáveis. Quando bem planejada e articulada com estratégias nutricionais e apoio familiar, a Educação Física contribui para o aumento do gasto energético, melhora da autoestima, desenvolvimento de habilidades sociais e cognitivas, além de criar um ambiente de incentivo à prática regular de exercícios. A escola, sobretudo as públicas, tem a vantagem de alcançar uma grande diversidade de jovens, proporcionando oportunidades iguais de aprendizagem e acesso a atividades físicas de qualidade (SOUZA et al., 2023; REZENDE et al., 2022).
Outro ponto relevante é o impacto psicossocial da obesidade na adolescência. Jovens com excesso de peso frequentemente enfrentam estigma, bullying e discriminação, tanto no ambiente escolar quanto no social. Essas situações podem gerar baixa autoestima, ansiedade, depressão e isolamento social, dificultando a adesão a hábitos saudáveis e à prática de atividades físicas. A Educação Física escolar, quando aplicada de forma inclusiva e motivadora, tem o potencial de reduzir esses impactos, promovendo integração social, valorização das habilidades individuais e incentivo ao movimento de forma prazerosa (MENDES et al., 2024).
Além do estímulo à prática de exercícios, a escola também contribui para o aprendizado sobre alimentação equilibrada e escolhas conscientes. A integração da Educação Física com a educação nutricional reforça a importância de combinar movimento e alimentação saudável, prevenindo o ganho de peso excessivo e reduzindo o risco de doenças futuras. Programas que associam orientações nutricionais, acompanhamento psicológico e atividades físicas estruturadas apresentam maior efetividade, mostrando resultados positivos na composição corporal, na melhoria do condicionamento físico e na saúde mental dos adolescentes (FERREIRA & FRANÇA, 2021; FREITAS, 2024).
A adolescência é uma fase crucial para a formação de hábitos que tendem a se perpetuar na vida adulta. Assim, investir na prevenção da obesidade nesse período, por meio de práticas de Educação Física bem planejadas e interdisciplinares, é essencial para garantir não apenas a saúde física, mas também a saúde emocional e o desenvolvimento integral dos jovens. Estudos demonstram que programas escolares estruturados promovem melhor adesão às atividades físicas, reduzem o índice de massa corporal e incentivam a construção de rotinas mais saudáveis, contribuindo para a qualidade de vida e o bem-estar geral (SANTOS et al., 2023).
Diante desse cenário, este trabalho tem como objetivo analisar os impactos da obesidade na saúde de adolescentes do Ensino Médio e investigar como a Educação Física escolar pode atuar como estratégia de prevenção e promoção da saúde. Pretende-se compreender de que forma a disciplina pode contribuir para o desenvolvimento de hábitos saudáveis, para a prevenção de doenças e para o fortalecimento da autoestima, destacando a importância da articulação entre escola, família e comunidade para maximizar os efeitos das intervenções. A compreensão desse papel é essencial para apoiar professores, gestores e profissionais de saúde na implementação de estratégias eficazes de enfrentamento da obesidade juvenil, especialmente no contexto das escolas públicas, onde o impacto social das ações crescentes.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Fatores associados à obesidade em adolescentes
A obesidade na adolescência resulta da interação de múltiplos fatores, incluindo hábitos alimentares, nível de atividade física, aspectos genéticos, psicológicos e socioeconômicos. O consumo excessivo de alimentos ultraprocessados, aliado à baixa ingestão de frutas, legumes e fibras, é um dos principais responsáveis pelo aumento do sobrepeso nessa faixa etária (Oliveira et al., 2024).
O sedentarismo, frequentemente reforçado pelo uso intenso de dispositivos eletrônicos como televisão, computadores, smartphones e videogames, reduz o gasto energético diário (Santos, Silva & Sanches, 2023). Fatores genéticos e histórico familiar aumentam a predisposição ao ganho de peso, enquanto condições socioeconômicas, como acesso limitado a alimentos saudáveis e espaços seguros para atividades físicas, tornam alguns adolescentes mais vulneráveis (Miranda et al., 2022; Brasil, 2022).
Aspectos emocionais, como estresse, baixa autoestima e depressão, estão associados a padrões alimentares inadequados e à inatividade física, reforçando o excesso de peso (Reis et al., 2023; Silva & Oliveira, 2025). Compreender essa complexidade multifatorial é fundamental para desenvolver estratégias eficazes de prevenção e políticas públicas voltadas para adolescentes (Neves et al., 2021).
2.2 O papel da Educação Física na prevenção da obesidade
A Educação Física escolar desempenha papel essencial na prevenção da obesidade, estimulando a prática regular de atividades físicas e promovendo equilíbrio energético. Um currículo escolar bem estruturado e intervenções educativas direcionadas aumentam a adesão dos adolescentes à atividade física diária, reduzindo os riscos associados ao excesso de peso (Ferreira & Almeida, 2021).
Além dos benefícios físicos, a prática regular de exercícios melhora a saúde mental, reduz ansiedade e depressão, e fortalece a autoestima dos jovens (Mendes et al., 2024). Aulas diversificadas e prazerosas desenvolvem habilidades motoras como agilidade, equilíbrio e coordenação, tornando a atividade física mais motivadora e sustentável ao longo do tempo (Souza et al., 2023). Quando integrada a outras áreas do conhecimento, a Educação Física se torna eixo estratégico na promoção da saúde integral (Santos et al., 2024).
2.3 A importância da escola na promoção da saúde
A escola é um local estratégico para promover comportamentos saudáveis desde a infância, beneficiando as crianças diretamente e também suas famílias, pares e comunidades mais amplas, (OMS, 2023). Nesse sentido, o ambiente escolar ultrapassa sua função tradicional de ensino formal, tornando-se um espaço de construção de valores, atitudes e práticas que impactam a saúde física, emocional e social dos estudantes.
Quando aliada à Educação em Saúde, a escola transforma-se em uma poderosa aliada na prevenção de doenças e na formação de cidadãos mais conscientes e comprometidos com seu bem-estar e o do coletivo. A integração de temas como alimentação equilibrada, higiene, saúde mental, sexualidade e prática regular de atividade física ao currículo escolar contribui significativamente para o desenvolvimento de habilidades para a vida, fortalecendo a autonomia dos estudantes em suas escolhas cotidianas.
Além de transmitir conhecimento, a escola oferece espaço seguro e estruturado para prática regular de exercícios e suporte emocional, favorecendo habilidades sociais, autonomia e resiliência (Reis et al., 2023; Brasil, 2023). Criar uma cultura de saúde e bem-estar fortalece autoestima e confiança, protegendo contra sedentarismo e comportamentos de risco (Santos, 2024). Assim, a escola atua como ambiente estratégico para enfrentar a obesidade juvenil, complementando o papel da família e políticas públicas.
2.4 Políticas públicas e programas governamentais
O Brasil tem desenvolvido políticas voltadas à prevenção e cuidado da obesidade em crianças e adolescentes. A Estratégia Nacional de Prevenção e Atenção à Obesidade Infantil (PROTEJA), lançada em 2021 pelo Ministério da Saúde, promove ações integradas entre saúde, educação, assistência social e agricultura, incentivando ambientes saudáveis e atividade física (MS, 2024).
Essas iniciativas reforçam o entendimento de que a promoção da saúde infantil exige um esforço coletivo e intersetorial, com foco na criação de ambientes que favoreçam escolhas saudáveis desde os primeiros anos de vida. A Organização Mundial da Saúde destaca que, ações eficazes para combater a obesidade infantil exigem intervenções integradas que comecem precocemente e envolvam escolas, famílias e comunidades (OMS, 2023). Dessa forma, políticas públicas como o PROTEJA e o PSE representam avanços importantes ao reconhecerem a escola como um espaço privilegiado para a implementação dessas estratégias. Ao articular saúde e educação, essas ações contribuem para a redução das desigualdades sociais e o fortalecimento de uma cultura de cuidado, prevenção e promoção do bem-estar de crianças e adolescentes em todo o país.
O Programa Saúde na Escola (PSE) fortalece a avaliação antropométrica, promoção de alimentação saudável e incentivo à atividade física (MS, 2022). Diretrizes como a Portaria Interministerial nº 1.010/2006 regulam a alimentação escolar, restringindo ultraprocessados e promovendo refeições adequadas (MEC, 2023). A OMS também enfatiza a necessidade de políticas que incentivem estilos de vida saudáveis desde a infância.
2.5 Tecnologias digitais e impacto no estilo de vida
O uso crescente de tecnologias digitais transforma a rotina dos adolescentes, influenciando seus hábitos de saúde. Aproximadamente 74,4% dos adolescentes brasileiros passam tempo excessivo diante de telas, ultrapassando o limite recomendado de duas horas por dia (Antoniassi et al., 2024). Esse comportamento sedentário aumenta o risco de obesidade e está associado à piora da dieta, pois coincide frequentemente com consumo de ultraprocessados (UFPR, 2024; Ministério da Saúde, 2025).
A Educação Física nas escolas públicas enfrenta desafios como falta de infraestrutura, equipamentos insuficientes, poucas horas-aula e sobrecarga dos professores (Silva et al., 2023; Barcellos & Pereira, 2024). Fatores socioeconômicos e culturais também limitam a participação dos alunos, especialmente em regiões vulneráveis.
Apesar disso, tecnologias digitais podem ser aliadas da saúde, quando utilizadas de forma educativa. Aplicativos, jogos gamificados e plataformas online incentivam hábitos mais ativos e saudáveis, oferecendo acompanhamento e desafios, principalmente quando integrados à escola e família (Brasil, 2024).
2.6 Estratégias interdisciplinares
A obesidade juvenil requer ações integradas envolvendo professores, nutricionistas, psicólogos e familiares. Projetos combinando Educação Física e orientação nutricional têm resultados mais eficazes na redução do excesso de peso (Freitas, 2024; Ferreira & França, 2021). Atividades lúdicas, circuitos e esportes coletivos aumentam engajamento e motivação, reforçados por feedback positivo e apoio da comunidade escolar (Souza et al., 2023).
Novas metodologias e tecnologias vêm sendo incorporadas à Educação Física para enfrentar sedentarismo e obesidade. Aplicativos, plataformas online e aulas personalizadas aumentam engajamento e monitoram evolução dos adolescentes (Brasil, 2024). Políticas como PROTEJA incentivam integração entre Educação Física e orientação nutricional, fortalecendo ações preventivas (MS, 2024). Valorizar o professor, melhorar infraestrutura e reforçar parcerias com escola, família e comunidade são passos essenciais para que a Educação Física cumpra seu papel na promoção da saúde integral.
3. METODOLOGIA
Este estudo caracteriza-se como uma pesquisa teórica, realizada por meio de revisão bibliográfica, com o objetivo de analisar a relação entre obesidade em adolescentes do Ensino Médio e a atuação da Educação Física escolar na prevenção dessa condição. A revisão bibliográfica permite identificar, avaliar e sintetizar informações de estudos recentes, oferecendo um panorama atualizado sobre o tema e garantindo embasamento científico consistente.
A busca de literatura foi realizada nas bases SciELO, PubMed, Google Scholar e Periódicos CAPES, utilizando combinações de palavras-chave como “obesidade em adolescentes”, “Educação Física escolar”, “prevenção da obesidade” e “atividade física na adolescência”. Foram considerados artigos publicados entre 2020 e 2025, voltados para adolescentes com idade entre 12 e 18 anos, abordando intervenções ou programas de Educação Física escolar.
Após a busca inicial, aproximadamente 120 artigos foram encontrados. A leitura de títulos e resumos permitiu excluir 80 artigos que não atendiam aos critérios de inclusão, seja por não terem relação direta com obesidade juvenil ou por focarem exclusivamente em adultos ou doenças não relacionadas. Dos 40 artigos restantes, 25 foram lidos na íntegra e utilizados para compor a revisão final, garantindo que apenas pesquisas relevantes e atualizadas fossem consideradas.
3.1 Análise de Dados
A análise dos artigos selecionados foi realizada de forma crítica e sistemática. As informações relevantes foram organizadas em quadros comparativos, permitindo sintetizar dados sobre fatores que causam obesidade, impactos na saúde física e mental, intervenções de Educação Física e resultados obtidos em diferentes contextos escolares.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A obesidade entre adolescentes do Ensino Médio é um problema crescente de saúde pública no Brasil, impactando diretamente a qualidade de vida, saúde física e mental dos jovens. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE, 2023) mostram que aproximadamente 9,9% dos adolescentes apresentam obesidade, enquanto 28,6% estão com sobrepeso. Esses números reforçam que a adolescência é um período crítico, pois hábitos adquiridos nesta fase tendem a persistir na vida adulta, aumentando o risco de doenças crônicas, como hipertensão, diabetes tipo 2 e dislipidemias (Silva et al., 2022).
Os estudos revisados indicam que a obesidade resulta de fatores multifatoriais, combinando genética, alimentação inadequada e sedentarismo. Silva et al. (2022) destacam que filhos de pais obesos têm maior predisposição ao excesso de peso, evidenciando a influência genética. Além disso, o aumento do tempo em frente às telas, associado ao consumo de alimentos ultraprocessados, intensifica o risco de obesidade (Cesar et al., 2021; Barros & Oliveira, 2020).
A prática regular de atividades físicas mostra-se um fator protetor importante. Adolescentes que participam de programas estruturados de Educação Física escolar apresentam melhorias nos parâmetros antropométricos, redução do IMC e maior conscientização sobre hábitos saudáveis (Souza et al., 2023; Brasil, 2022). Intervenções integradas, que unem Educação Física e orientação nutricional, são ainda mais eficazes, reduzindo sedentarismo, desenvolvendo habilidades motoras e promovendo bem-estar psicológico (Rezende et al., 2022; Lima & Rezende, 2023).
Além dos benefícios físicos, a Educação Física escolar contribui para a formação de hábitos saudáveis, socialização e fortalecimento da autoestima. Quando combinada com políticas públicas e programas educativos, a disciplina se torna uma ferramenta poderosa na prevenção da obesidade juvenil (Barcela, Holdefer & Almeida, 2022).
Os dados corroboram para o envolvimento da família e da comunidade escolar é decisivo. Adolescentes que recebem incentivo em casa e apoio na escola apresentam maior adesão à atividade física e a hábitos alimentares adequados (Cesar et al., 2021). Isso reforça a necessidade de programas interdisciplinares, que contemplem exercícios, educação nutricional e suporte psicológico.
Tabela 1: Prevalência da Obesidade e Fatores Associados em Adolescentes Brasileiros (1218 anos)
Indicadores | Porcentagem (%) | Fonte |
Adolescente com obesidade | 9,9 | PeNSE, 2023 |
Adolescente com sobrepeso | 28,6 | PeNSE, 2023 |
(≥150 Adolescentes ativos minutos/semana) | 36,9 | Covitel, 2023 |
Jovens com consumo regular de frutas | 33,5 | Covitel, 2023 |
Jovens com consumo frequente de ultraprocessados | 24,3 | Covitel, 2023 |
Os dados apresentados no gráfico evidenciam a dimensão preocupante da obesidade em adolescentes brasileiros entre 12 e 18 anos. A prevalência de obesidade atinge quase 10% desta população, enquanto o sobrepeso atinge mais de 28%, totalizando quase 40% dos jovens com excesso de peso, fato que alerta para a necessidade de intervenções urgentes no âmbito escolar e familiar (PeNSE, 2023).
Além disso, observa-se que apenas 36,9% dos adolescentes alcançam a recomendação mínima de 150 minutos semanais de atividade física, situação que contribui para o agravamento do quadro nutricional (Covitel, 2023). O consumo alimentar também apresenta desafios, com apenas um terço da população juvenil consumindo frutas regularmente, e quase um quarto mantendo elevada ingestão de alimentos ultraprocessados, fator determinante para o desequilíbrio energético.
Esses indicadores reforçam a importância de estratégias integradas na escola, especialmente através da Educação Física e de programas de orientação nutricional, que podem potencializar a formação de hábitos saudáveis, promover a conscientização e reduzir os índices de obesidade juvenil. A colaboração entre escola, família e comunidade revela-se fundamental para a eficácia dessas ações.
Estudos recentes mostram que programas de Educação Física estruturados e diversificados aumentam a adesão dos adolescentes à atividade física, melhoram habilidades motoras e contribuem para a saúde mental, pois reduz o estresse, ansiedade e depressão, melhora a autoestima através da prática de atividades físicas (Ferreira & Almeida, 2021; Souza et al., 2023; Mendes et al., 2024).
A tabela a seguir mostra como os jovens percebem e se envolvem nas aulas de Educação Física, revelando o quanto essa disciplina pode influenciar a adoção de hábitos ativos e a construção de um estilo de vida mais saudável.
Tabela 2: Engajamento dos adolescentes em Educação Física e hábitos saudáveis
Indicador | Percentual (%) | Fonte / Contexto Escolar |
Adolescentes que participam ativamente das aulas de Educação Física | 47,8 | Pesquisa revisada, escolas públicas, 2023 |
Adolescentes que relatam aumento da motivação para se exercitar fora da escola | 39,2 | Souza et al., 2023 |
Adolescentes que percebem melhora da autoestima com EF | 38,7 | Estudos de intervenção, 2023 |
Adolescentes que incorporam hábitos de atividade física em casa | 32,4 | Covitel, 2023 |
Adolescentes que relatam incentivo da família para prática de exercícios | 34,6 | Covitel, 2023 |
A análise dos dados revela que quase metade dos adolescentes participa de forma ativa das aulas de Educação Física, e muitos relatam maior motivação para se exercitar fora da escola. Além disso, observa-se melhora na autoestima e consciência sobre a importância da prática regular de exercícios.
Esses resultados reforçam que a Educação Física é mais do que movimento: é um espaço de transformação, capaz de estimular hábitos saudáveis desde a adolescência. Quando combinada com o incentivo familiar, sua eficácia aumenta significativamente, evidenciando a importância da articulação entre escola e família (Barcela, Holdefer & Almeida, 2022; Cesar et al., 2021).
Intervenções integradas entre Educação Física, orientação nutricional e suporte psicológico demonstram efeitos positivos na redução do sedentarismo e do índice de massa corporal, contribuindo para a formação de hábitos duradouros (Rezende et al., 2022; Lima & Rezende, 2023). Portanto mesmo em escolas públicas, a disciplina pode funcionar como um verdadeiro motor de prevenção da obesidade, promovendo saúde física, mental e social para os adolescentes.
CONCLUSÃO
A Educação Física escolar contribui de forma significativa para a prevenção da obesidade em adolescentes do Ensino Médio. As atividades físicas regulares promovem o equilíbrio energético, fortalecem a autoestima e favorecem a saúde mental, mostrando-se essenciais para a formação de hábitos saudáveis.
A articulação entre escola, família e comunidade potencializa os efeitos das intervenções, permitindo que os adolescentes incorporem mudanças de comportamento de maneira duradoura. A integração da Educação Física com orientações nutricionais e estratégias educativas amplia o impacto das ações preventivas, promovendo a saúde integral dos estudantes.
Embora as políticas públicas e programas escolares existentes ofereçam suporte importante, desafios como infraestrutura limitada, falta de recursos e sedentarismo impulsionado pelo uso excessivo de tecnologias ainda precisam ser enfrentados. O estudo evidencia a necessidade de projetos interdisciplinares, metodologias inovadoras e incentivo à participação dos adolescentes para garantir a efetividade das ações.
Os objetivos propostos neste trabalho são atingidos, uma vez que a pesquisa demonstra como a Educação Física escolar atua como ferramenta estratégica na prevenção da obesidade, destacando sua relevância tanto no aspecto físico quanto psicossocial dos adolescentes. Limitações incluem a dependência de estudos bibliográficos e a ausência de coleta de dados primários, indicando que pesquisas futuras poderiam explorar intervenções práticas em contextos escolares específicos.
A implementação de programas integrados, a valorização da disciplina e a promoção de hábitos saudáveis desde a adolescência apresentam potencial para reduzir a prevalência de obesidade, contribuindo para a formação de indivíduos mais saudáveis, ativos e conscientes em relação à própria saúde.
REFERÊNCIAS
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1Discente do Curso Superior de Educação Física do Instituto Fametro Campus Sede. e-mail: alfredolins0810@hotmail.com/ jhonysriver_28@hotmail.com
2Docente do Curso Superior de Educação Física do Instituto Fametro Campus Sede. Mestre em Ciências do Movimento Humano: Aspectos Biocomportamental. e-mail: eva.silva@fametro.edu