O USO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO A PARTIR DAS METODOLOGIAS ATIVAS: DINAMIZANDO O PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202509221046


Diógenes Charles da Conceição1


RESUMO- O presente artigo tem como temática central o uso das metodologias ativas em pedagogia: instrumentalizando seu desempenho no ensino fundamental, cumprindo um importante papel no que diz respeito ao conhecimento significativo, conferindo dinamicidade ao aprendizado, além de colocar o aluno no papel de protagonista do conhecimento. Os métodos tradicionais de ensino, centrados na figura do professor, concebem o aluno como mero receptor do saber, limitando sua criatividade e produzindo um desempenho muito abaixo das exigências de uma época, centrada na pró atividade, na capacidade de lidar e resolver problemas práticos e criatividade no uso das tecnologias da informação e comunicação. Daí a relevância deste tema, sobretudo nestes tempos em uso contínuo das tecnologias da comunicação e informação (TIC’S), tem se destacado enquanto instrumentos importantes para que o professor dinamize sua produção de conhecimento além de contribuir com a atuação e desempenho do aluno. O objetivo desta é demonstrar como o uso das Novas Tecnologias da Comunicação e da Informação (TIC’S), com base nas Metodologias Ativas, dinamiza as práticas pedagógicas em sala de aula, conferindo protagonismo ao aluno e melhorando seu desempenho, principalmente no tocante à aquisição e produção do conhecimento. No tocante à fundamentação teórica, buscou-se aporte nas teorias de Demerval Saviani, Luckesi, Paulo Freire, Kenski, tanto no que diz respeito à crítica ao modelo tradicional, quanto na discussão a respeito das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’S) Destacando-se que um passo importante, seja necessário para os avanços, será o de propor métodos inovadores, capazes de aproveitar o potencial dos recursos digitais colocados a serviço da educação, como as Metodologias Ativas e que estas precisam fazer parte das práticas dos docentes e da equipe pedagógica da Escola, não esquecendo que quando vivenciada vem  possibilitar um avanço na formação de sujeitos críticos e capazes de solucionar os problemas que se apresentarão nas suas vivências.

Palavras-chave: Metodologias Ativas. Tecnologias da Informação e Comunicação. Ensino Aprendizagem. Ensino Fundamental.

1. INTRODUÇÃO 

As metodologias ativas propõem a diversificação das formas de ensino, a fim de que o conhecimento seja significativo para o aluno e ele compreende seu papel de artífice do saber e não mero receptor de informações repassadas pelo professor. Neste sentido, busca-se ir além da mera exposição oral e avaliações baseadas na memorização. 

Por intermédio das metodologias ativas o aluno se conecta ao mundo, à sua realidade e compreende o verdadeiro significado do aprendizado escolar e isto deve ocorrer desde os níveis mais básicos de ensino. As metodologias ativas são um excelente instrumento para a produção do conhecimento e a mudança de visão acerca da escola. Uma forma bastante rica de se trabalhar com metodologias ativas é utilizar as imensas possibilidades trazidas pelas Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’S). A revolução tecnológica dos últimos 50 possibilitou que os aparelhos eletrônicos fossem incorporados ao cotidiano escolar. Tais objetos já vêm fazendo parte do cotidiano das pessoas, operando significativas transformações nas relações sociais e no caso da Escola o cenário é o mesmo, onde o aluno chega ao ambiente escolar, portando uma série de aparelhos que o ajudam a se conectar ao mundo, de modo a não depender mais do professor para obter certas informações. 

Com efeito, as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’S) assumem uma função importante em relação ao apoio pedagógico, porém o seu uso só será efetivo quando realizado com o planejamento, onde a internet, por exemplo, traz consigo a possibilidade de maneiras diferentes de se ensinar e interagir com o conhecimento. Nesse sentido, é importante avaliar a conduta dos profissionais da educação diante de tantas ferramentas tecnológicas que estão sendo inseridas no meio educacional, uma vez que educar na era digital não é simplesmente investir em alguns aparatos tecnológicos. 

É preciso ensinar como usá-los de forma responsável, ética e segura apresentando as consequências da utilização inapropriada destas ferramentas digitais, que pode afetar não só o indivíduo, mas também a sociedade. Em outras palavras, é preciso introduzir na pedagogia escolar as metodologias ativas. O uso das ferramentas tecnológicas, sobretudo no nível fundamental de ensino, pode ser de grande repercussão processo ensino-aprendizado, desde que seu uso seja feito com base nas metodologias ativas. É esse o tema que será desenvolvido neste trabalho. 

A questão que move este artigo é a seguinte: de que forma é possível instrumentalizar as Tecnologias da Informação e Comunicação para melhorar o processo ensino-aprendizagem? Como utilizar essas ferramentas no contexto das metodologias ativas? O objetivo desta pesquisa é mostrar como a instrumentalização das metodologias ativas por meio das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’S) contribui para o melhor desempenho dos alunos do nível fundamental de ensino, conferindo significado ao conhecimento. 

Esta pesquisa é de caráter qualitativo e tem por base a pesquisa em livros e artigos que tratam da temática em questão, bem como as discussões que são travadas nos meios de comunicação e no próprio ambiente escolar, do qual os membros deste grupo fazem parte. A discussão aqui proposta e extremamente relevante, pois diz respeito à melhoria do ensino-aprendizagem na escola, por meio da introdução das TIC’S, algo que toca profundamente o cotidiano escolar e a atuação dos profissionais de educação e estes se veem muitas vezes desmotivados, pois não conseguem fazer com que os alunos se envolvam ativamente no aprendizado. A verdade é que as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’S) oferecem instrumentos importantes para que o professor dinamize a produção do conhecimento e melhore a atuação e desempenho do aluno. 

Para melhor desenvolver a temática aqui proposta, o trabalho foi dividido em três partes. Na primeira se discute o que são as metodologias ativas, a partir da crítica ao modelo tradicional de escola. Na segunda parte a discussão recai sobre os métodos de ensino e a utilização das TIC’S no ambiente escolar.  Finalmente, na última parte, são apresentadas algumas possibilidades de se trabalhar com as TIC’S por meio das metodologias ativas, sobretudo levando em consideração o contexto da pandemia do Coronavírus, o qual exigiu da escola a adoção das aulas remotas. 

2. TRABALHANDO COM AS METODOLOGIAS ATIVAS 

Quando se propõe trabalhar com metodologias ativas, principalmente com a inserção das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’S) o que se está fazendo inicialmente é avançar para formas mais dinâmicas de construção do saber, inserindo o aluno neste contexto, dando um significado diferente ao conhecimento adquirido. As exigências dos tempos atuais se voltam também para a educação, que precisa inovar e dar conta das mudanças contínuas do mercado de trabalho e das relações sociais. Para extrair o melhor dos alunos é necessário investir na formação docente em uma era marcada pela revolução tecnológica e na qual o aluno tem acesso ao conhecimento por vários canais e não apenas por meio da escola. 

Portanto, o professor precisa ser capaz de propor várias intervenções pedagógicas, de forma a tornar o conhecimento mais dinâmico e inserir o aluno na dinâmica do aprendizado. Quanto mais se insistir, única e exclusivamente, no método de transmissão de conteúdo, no qual os alunos apenas absorvem o que é repassado pelo professor, mais a escola se tornará um ambiente desinteressante e o conteúdo, sem sentido. 

Investir na variedade de intervenções e métodos é uma escolha fundamental, que deve ser levada em conta no projeto pedagógico da escola, fomentando o uso das metodologias ativas. Isto requer, é obvio, que o professor seja formado para lidar com inúmeras formas de intervenção pedagógica.  Diante disso, Júnior et. al. (2019, p. 2) afirma que a proposta da metodologia ativa surge como: 

Um sistema que busca uma educação crítica e também reflexiva, direcionando o aluno para resolução de situações problemas. Ainda sobre o método destaca-se que esse é desenvolvido no contexto da realidade dos alunos e posteriormente são discutidos em grupos e ações são traçadas para a problemática ser resolvida 

Podemos ver, conforme mencionado pelos autores, que as metodologias ativas se voltam para uma educação crítica e reflexiva, onde o aluno é desafiado a resolver problemas a partir dos instrumentos conceituais apresentados pelo professor. A relação agora se torna mais dinâmica e o aluno sai de sua atitude passiva e começa a intervir na realidade, mediado pela atuação pedagógica do professor. 

O que se pretende neste novo modelo pedagógico, no qual se utilizam as metodologias ativas, é ir além das práticas do modelo tradicional que, em muitos dos seus aspectos, não consegue mais responder às exigências do mundo contemporâneo. É preciso superar a fragmentação do saber, que gera uma quantidade enorme de disciplinas que não dialogam entre si. 

Em relação ao conteudismo se propõem e praticam formas variadas, cujo foco não seja despejar no aluno milhares de conteúdos, muitos deles desconexos e que não dialogam com outros saberes e também com a realidade, deixando o conhecimento no vácuo, além de desestimular o próprio estudante. Ainda de acordo com Júnior et. al. (2019, p. 3):  

As metodologias ativas surgem para impulsionar a construção e/ou estruturação de conhecimentos, que são baseadas em problemáticas que segundo pensamento de Rodrigues (2016), são baseadas em modos de desenvolver o processo de ensino aprendizagem, fazendo com que o aluno compreenda os conceitos e saibam relacionar os achados com os conhecimentos já existentes. Seguindo esta mesma trilha, Bastos (2006, p.10) define as metodologias ativas como “um processo interativo de conhecimento, análise, estudos, pesquisas e decisões individuais ou coletivas, com a finalidade de encontrar soluções para um problema”. 

Ainda segundo Bastos (2006, p. 10) “o docente deve atuar como um facilitador, para que o estudante faça pesquisa, reflita e decida por ele mesmo o que fazer para alcançar os objetivos”. 

Ao autor mostra que se trata de um processo que se constrói a partir da boa formação dos professores e da inserção do aluno neste caminho, de forma a que ele atue também de forma coletiva, em parceria com os colegas. Trata-se de algo importante, sobretudo no nível fundamental de ensino, quando o aluno precisa sair efetivamente do seu mundo e ir ao encontro do outro, realizando atividades em grupo.  

É o que nos diz Toledo et. al. (2017, p. 3), ao afirmar que a Metodologia Ativa: 

Vem propor uma aprendizagem em que o estudante é o protagonista do saber, orientado e mediado por um professor que ao invés de expor conhecimento, desafia e proporciona situações problemas que o aluno deve aprender. Vale ressaltar que tudo isso, apesar de ser uma demanda atual, leva tempo para ser incorporada pelos sujeitos escolares (professores, alunos e gestores). 

Quando se fala em professor facilitador é neste sentido apontado pelos autores. O aluno é o protagonista e o professor orienta, propõe, toma e iniciativa de adentrar o aluno no universo do saber e de suas imensas potencialidades. O mais importante na utilização de tais metodologias é levar o aluno a ser desafiado e não apenas repassar informações engessadas, que o aluno deverá simplesmente assimilar e repetir ipsis litteris.  

Não é que o ensino por transmissão deixe de ocorrer e que ele não tenha valor algum. Ao discutir as Metodologias Ativas como caminho para uma aprendizagem profunda, Moran & Bacich (2018, p. 37) afirmam que a aprendizagem por “meio da transmissão é importante, mas a aprendizagem por questionamento e experimentação é mais relevante para uma compreensão mais ampla e profunda”.  O autor não nega o valor da aprendizagem por transmissão, mas esclarece que ela é insuficiente para levar o aluno a uma compreensão e atuação mais profunda na realidade. Moran & Bacich (2018, p. 37-38) prosseguem afirmando que: 

A aprendizagem é ativa e significativa quando avançamos em espiral, de níveis mais simples para mais complexos de conhecimento e competência em todas as dimensões da vida. Esses avanços realizam-se por diversas trilhas com movimentos, tempos e desenhos diferentes, que se integram como mosaicos dinâmicos, com diversas ênfases, cores e sínteses, frutos das interações pessoais, sociais e culturais em que estamos inseridos 

O aprendizado ativo supõe uma diversidade de cores e estratégias didáticas, não podendo se concentrar unicamente na mera transmissão de conteúdos e desta forma, as Metodologias Ativas, no dizer de Moran & Bacich (2018, p. 41): 

São estratégias de ensino centradas na participação efetiva dos estudantes na construção do processo de aprendizagem, de forma flexível, interligada e híbrida. As metodologias ativas, num mundo conectado e digital, expressam-se por meio de modelos de ensino híbridos, com muitas possíveis combinações. A junção de metodologias ativas com modelos flexíveis e híbridos traz contribuições importantes para o desenho de soluções atuais para os aprendizes de hoje. 

Na verdade, tais exigências são colocadas pelo mundo contemporâneo, com suas múltiplas facetas e marcado pela velocidade da informação e das mudanças. Nesta nova realidade, o indivíduo precisa ser competitivo, aberto à crítica, tem que saber ouvir, trabalhar em grupo, ser resiliente, saber lidar com as mudanças constantes decenário, não ter medo de arriscar e, algo ainda mais necessário, estar sempre dispostos a desenvolver seus conhecimentos através da pesquisa e de aprendizados constantes. Isso requer, inclusive, um novo espaço escolar, que possa favorecer a pesquisa e o acolhimento das diferenças, bem como a busca de um saber compartilhado, conforme as palavras de Schlickmann e Schmitz (2015, p. 5): 

A sala de aula da escola contemporânea é tão mais do que um ambiente delimitado por paredes, porta e janelas, onde estão dispostas inúmeras carteiras e cadeiras. Para além disso, este é um espaço no qual se devem acolher diferenças, questionamentos, dúvidas e saberes. Ambiente esse que pode ser transformado com a necessidade existente e se for preciso criar cenários, histórias e espaços de interação e aprendizagem. 

Esta nova formatação da sala de aula tem em vista a promoção de um conhecimento que não esteja concentrado unicamente na figura do professor, de modo a que o aluno também seja protagonista. Porém este protagonismo precisa ser desenvolvido por meio de métodos variados. A presença das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’S) também podem contribuir para se conformar com este novo espaço escolar. Vamos discutir agora o papel destas tecnologias. 

3. AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO NO AMBIENTE ESCOLAR 

As tecnologias da informação e comunicação são uma realidade indiscutível e não há como negá-las. Elas invadiram todos os espaços da sociedade. E chegaram à escola, em todos os níveis. Estão presentes também no ensino fundamental. As novas gerações crescem envolvidas nas tecnologias digitais. Isso é algo que já faz parte de seu cotidiano e as envolve como algo normal e corriqueiro, fazendo com que elas se sintam à vontade diante destas mídias e caso a escola não acompanhe esta realidade, corre o risco de se transformar num espaço obsoleto, que não atrai o aluno.  

Ao comparar as gerações anteriores com as gerações atuais, Braga (2013) faz uma distinção entre os nativos digitais e os imigrantes digitais. Os imigrantes digitais, segundo Braga (2013, p. 137) são aquelas “pessoas que cresceram antes das tecnologias digitais se tornarem populares”. Já os nativos digitais, prosseguem Braga (2013, p. 138) são os “jovens que já cresceram imersos e interagindo com esse tipo de tecnologia”. 

A grande questão colocada pelas autoras é exatamente como usar essas ferramentas digitais de maneira pedagógica, já que no universo cotidiano do aluno não é isto o que ocorre. Geralmente, ele se utiliza destes recursos para satisfazer suas necessidades ou para o seu lazer. O fato é que essas tecnologias aportaram no ambiente escolar. A este respeito Bielschowsky (apud Inoue et. al. 2018, p. 8) afirma que: 

A implantação de mídias tecnológicas em ambientes de aprendizagem visa proporcionar ao aluno e ao professor conhecimentos das várias formas de usabilidade da tecnologia da informática, em especial, em relação ao uso do computador. A consequência do uso da informática em ambientes de aprendizagem é a melhoria da qualidade do ensino e, também, em salas de aula. 

De fato, o que se observa é que a utilização das ferramentas digitais propicia uma forma de aprendizado que se aproxima mais da realidade do aluno, que se sente totalmente familiarizado com tal linguagem. Neste sentido, as tecnologias funcionam como canais de emancipação. Seguindo essa mesma discussão e citando Kenski (2012), Inoue et. al. (2018, p. 8) afirma que: 

A utilização de recursos inovadores em sala sempre contribui para o processo de ensino-aprendizagem, caso o professor seja devidamente capacitado e saiba utilizá-los. O autor ressalta que nenhum indivíduo pode vir a fazer o uso eficaz de determinado recurso, sem antes estudar e compreender todas as especificidades de sua utilização. 

Como se pode ver, o autor deixa muito claro que a utilização dos recursos tecnológicos em sala de aula só contribui para o processo ensino-aprendizagem se for devidamente utilizado. Isso significa que o professor precisa ser formado para trabalhar com estas ferramentas. Portanto, é preciso preparação, além de uma boa formação em Metodologias Ativas. Corroborando com este argumento, Aires (2016, p. 255) faz a seguinte observação: 

A incorporação das inovações tecnológicas só tem sentido se contribuir para a melhoria da qualidade do ensino. A simples presença de novas tecnologias na escola não é, por si só, a garantia de maior qualidade na educação, pois a aparente modernidade pode mascarar um ensino tradicional baseado na recepção e na memorização de informações. 

Esta observação é muito importante e se coaduna com o que foi discutido no primeiro capítulo desta monografia. O uso das Tecnologias da Informação e Comunicação na escola pode servir apenas para dar um verniz de modernidade à escola, porém mascarando um modelo tradicional baseado na transmissão do conhecimento. Quando utilizadas dentro de uma proposta pedagógica inovadora, as TIC’S podem proporcionar ganhos enormes para o ensino-aprendizado, além de inúmeras possibilidades, conforme nos diz o boletim EDUNOVATIC/ REDINE (2019, p. 172): 

Com as TIC vislumbramos diversas possibilidades de ensino e aprendizagem na prática docente, já que englobam novas linguagens, que fazem parte do cotidiano dos alunos, das escolas e universidades. Permitem aulas em diversos espaços como virtual com uso prático de: grupos de discussões, a participação em fórum, do qual pode ser discutidos assuntos sobre a aula do dia anterior ou sugerir pesquisas para futuras aulas, mas também criar um ciberespaço de aprendizagem envolvendo elementos construtivos para a aprendizagem. As Tecnologias da Informação e Comunicação permitem realizar atividades de forma mais dinâmica, fora do espaço e do tempo da escola. A criação de fóruns de discussão, chats e desafios virtuais possibilita dinamizar muito mais o conteúdo e a prática escolar. Na mesma direção, é possível incorporar a linguagem que faz parte do cotidiano do aluno, sem deixar de entronizar, é claro, os conceitos e expressões formais, que são importantes no processo de formação do estudante. No nível fundamental, isso é de suma relevância. Afinal de contas, o aluno sai da educação infantil e começa a ingressar em outra realidade, que requer mais maturidade e o desenvolvimento da linguagem. Ao discutir as vantagens do uso das TIC’S no ambiente acadêmico, Lima & Vicente (2019, p. 41) afirmam que: 

Na área educacional, elas estão a cada dia mais presentes nas salas de aula sendo utilizados por discentes e docentes, desde o uso notebook para pesquisas na internet, pen-drives para transporte de documentos/trabalhos, lousas digitais que aprofundam o conhecimento dando interatividade ao mesmo. 

Para que as TIC’S sejam incorporadas de vez ao ambiente escolar, por meio das Metodologias Ativas, é necessário reforçar a formação dos professores nesta área. Eles precisam ter um domínio de tais tecnologias e saber os ganhos que elas oferecem em termos de dinâmica do aprendizado, motivação dos alunos e transformação dos mesmos em sujeitos ativos do conhecimento. Essa questão é reforçada por Lima & Vicente (2019, p. 42): 

Há também, a questão da necessidade de um certo conhecimento tecnológico para a utilização de algumas dessas TICs, além de um planejamento estratégico do Docente para resolução de problemas, bem como, a disponibilização de conteúdos para os discentes em tempo hábil para futuros retornos avaliativos. 

De fato, o modelo presencial acabou por fomentar um modelo pedagógico no qual a participação do aluno se limita a reproduzir as informações repassadas pelo professor, algo que inibe sua criatividade e capacidade de resolver problemas concretos com o auxílio da teoria. Felizmente, esse cenário vem mudando, conforme destaca Mezarri (2011, p. 115): 

Esse cenário tem passado por modificações ao longo dos anos, e a participação ativa do aluno em seu aprendizado tem sido mais produtiva do que apenas a informação do professor. Esse processo de mudança na educação trouxe desafios ao romper com estruturas sedimentadas nos modelos de ensino presencial. 

Tais mudanças têm sido ocasionadas inicialmente pelo uso contínuo do computador, dos celulares e da internet. Esta última disponibiliza plataformas e variados recursos virtuais, capazes de dinamizar a relação professor-aluno, melhorando o desempenho do aprendizado. Vejamos então o papel da internet e de outros recursos 

4. O USO DAS TIC’S A PARTIR DAS METODOLOGIAS ATIVAS 

O avanço tecnológico chegou à escola e já faz parte de sua configuração e das relações entre docentes e discentes. Porém, a grande questão, apresentada desde as primeiras páginas desta pesquisa, diz respeito ao uso destas tecnologias por meio de métodos inovadores, que confiram ao aluno o protagonismo que os tempos atuais exigem. Neste sentido, combinar o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’S) com as Metodologias Ativas é o grande desafio que se coloca para a escola, no que concerne ao desempenho dos alunos no nível fundamental. Em relação aos recursos que podem ser utilizados pelo professor, Júnior et. al. (2019, p. 8) apresenta as seguintes possibilidades: 

Diante da afirmação acima, faz-se necessário, no contexto escolar, a gestão, a coordenação e o corpo docente elaborar estratégias para a inserção das tecnologias digitais através das metodologias ativas. Aplicativos, tais como o Kahoot, Duolinguo, Math4all e plataformas, tais como: Youtube, Aprendendo Língua Portuguesa e Geohistória do Brasil são exemplos de softwares que podem ser utilizados nas atividades dentro e fora de sala de aula para pesquisas, ampliação de conhecimentos, aquisição e aprimoramento de línguas e outros. Esses recursos quando utilizados com planejamento podem viabilizar aos alunos uma aprendizagem significativa para a formação profissional e social dos indivíduos. 

Como se pode ver, os autores apresentam alguns aplicativos e softwares que podem ser utilizados em sala de aula, de forma a imprimir uma dinâmica mais interessante aos estudos, destacando-se o Youtube que por meio desta plataforma, o professor pode disponibilizar vídeos que complementam o conteúdo trabalhado sem sala de aula. Os alunos desta faixa etária, que fazem parte do Ensino Fundamental, costumam acessar vídeos pela plataforma do Youtube, de modo que não terão dificuldade de acompanhar os materiais disponibilizados pelo professor. Se for possível, o professor pode criar seu próprio canal, onde ele possa oferecer aos alunos conteúdos, dicas rápidas e encaminhamentos em relação aos roteiros e finalidades do estudo. 

Dentre os recursos disponibilizados ao professor para trabalhar com as tecnologias digitais, a Gamificação se apresenta como uma proposta bem interessante, onde através dela, o aluno pode aprofundar o conteúdo por meio de jogos didáticos. A este respeito, Toledo et. al. (2017, p. 9) explica que:  

O Gamification consiste em utilizar jogos no contexto educacional, identificando objetivos e conteúdos a serem apresentados e discutidos na disciplina. Os professores utilizam como recurso pedagógico alguns aplicativos como o Socrative e Leitor de QRCode. 

Os jogos são utilizados com fins didáticos, dentro do contexto da disciplina do professor. Esse recurso é bastante atrativo. Como é sabido, os jogos online atraem bastante os adolescentes, pois são desafiados, colocados em várias situações, nas quais experimentam a sensação de aventura e de vencer obstáculos. Tudo isto carrega em si um grande incentivo e motivação ao aluno. Ainda sobre o recurso da Gamificação, Toledo et. al. (2017, p. 9) mostra que: 

Nesta Metodologia os alunos são desafiados a responder perguntas contextualizadas, de cunho bastante interpretativo, relacionadas aos conteúdos da disciplina. Geralmente feito em equipe constituída de líder e demais integrantes, cada um com uma função específica. Assim como em um jogo, as questões possuem pontuação e ganha a equipe que melhor se sair nas respostas e no tempo estipulado. 

Como se pode ver, o professor pode trabalhar com games individualmente, como pode propor atividades e desafios em grupo, atribuindo pontuação e lançando desafios que instiguem os alunos a realizar as tarefas por meio dos jogos. O professor também pode aproveitar o grande apelo e interesse que as redes sociais despertam dos adolescentes. Neste sentido, é possível utilizar os recursos disponibilizados pelo Facebook, que é uma das redes sociais mais utilizadas no mundo, que atrai crianças, jovens e adultos. Ele pode ser utilizado como recurso e apoio didático, dinamizando as aulas e a interação dos alunos com o conteúdo da disciplina. Sobre o uso didático do Facebook, Lima & Vicente (2019, p. 42) fazem a seguinte observação: 

O Facebook®, uma das maiores redes sociais na internet, que tem como participantes, uma grande parcela desses jovens, tem em sua estrutura, ferramentas que podem ajudar a dar mais interatividade a metodologia do Docente. Os grupos privados podem comportar o Docente como moderador e os Discentes como membros que podem participar do fórum de discussões, bem como, compartilhar material de aula, links ou informações sobre a disciplina. A ferramenta ainda permite utilizar o recurso de lives (recurso de streaming dentro da plataforma, que permite transmitir um vídeo ao vivo para o seu público através do perfil pessoal ou da página da empresa, a fanpage. 

Os autores destacam muito bem as possibilidades oferecidas pelo Facebook. E os alunos geralmente estão familiarizados com essa rede social. O professor pode criar grupos privados e neles enviar material, links, propor debates e discussões sobre temas relativos à sua disciplina. Além disso, o docente pode interagir ainda mais com seus alunos, propondo lives, nas quais se marca um horário determinado, onde os alunos participam e interagem com o conteúdo exposto pelo professor.  

5. CONCLUSÃO 

Chegou-se ao final deste artigo, o qual tratou de uma pesquisa sobre a utilização das Metodologias Ativas e sua instrumentalização contribuindo para o desempenho exitoso no Ensino Fundamental, motivado por ser um problema de estudo aqui descrito e de intensa investigação, de acordo com termos onde se interfere: de que forma é possível instrumentalizar as Tecnologias da Informação e Comunicação para melhorar o processo ensino-aprendizagem? Partindo da problemática inicial, essa pesquisa se propôs a mostrar como a combinação entre Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’S) e Metodologias Ativas, contribui para o desempenho dos alunos do Ensino Fundamental, contribuindo para tornar este processo um ensino mais significativo. 

Vimos como a chegada das tecnologias digitais trouxe mudanças importantes, propiciando mais interatividade entre o professor, o aluno e os conteúdos trabalhados em sala de aula. Imersos no mundo da informática, das redes de computadores e das redes sociais, os estudantes vêem nas Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’S) uma grande oportunidade de aprender de forma mais interativa e dinâmica. 

Destaca-se que, apenas o uso das tecnologias digitais não garante necessariamente um saber mais dinâmico e atrativo, embora essa tenha sido, uma importante conclusão que se chegou ao final desta pesquisa, além de entender que não basta apenas usar o computador, o Datashow, celular e outros recursos tecnológicos se o método de ensino continuar sendo o mesmo, focado apenas na transmissão e repetição mecânicas de textos, frases, fórmulas.  

Neste caso, o professor pode introduzir também recursos digitais em sua aula, ao mesmo tempo em que insere outras propostas metodológicas, que inclui o uso assertivo e pedagógico das TIC’S, por isso, trabalhar com Metodologias Ativas é mais uma decisão, que acaba por fazer uma diferença contundente na relação ensino e aprendizagem. Essa discussão tende a se intensificar bastante nestes tempos, visto que o mundo se vê às voltas com uma pandemia em que os problemas trazidos por esta crise sanitária, obrigam as Escolas realizarem aulas on-line, e logo os professores se viram obrigados pelas circunstâncias a fazerem uso das tecnologias digitais e a se relacionarem com os alunos por meio das diversas plataformas. 

Tudo isso representa um passo importante, embora, se faz necessário avançar e propor métodos inovadores, capazes de aproveitar o potencial dos recursos digitais a serviço da educação, só que para que isto ocorra, as Metodologias Ativas precisam ser parte inerente das práticas docente e pedagógicas da Escola, sem esquecer que sua vivência possibilitará a formação de sujeitos críticos e capazes de solucionar problemas que virão quando das ações vivenciadas no mundo contemporâneo. 

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1Mestre em educação pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanidades – FUNIBER. E-mail; diogenescharles2009@gmail.com