THE IMPORTANCE OF CRITICAL REFLECTION IN TEACHING PRACTICE
LA IMPORTANCIA DE LA REFLEXIÓN CRÍTICA EN LA PRÁCTICA DOCENTE
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202509220649
Maria da Glória Nery da Silva1; Elias Alves de Castro2; Clélio Roberto Monteiro3;Regiane da Silva Souza4; Orientador: Diogenes José Gusmão Coutinho5
RESUMO
Este artigo tem por escopo discutir a importância da reflexão crítica na prática docente, considerando-a como um instrumento para o desenvolvimento profissional do professor e para a melhoria do processo de ensino-aprendizagem. Nesse particular, cabe salientar que a reflexão crítica é compreendida como uma prática que permite ao docente analisar suas ações, questionar pressupostos e ressignificar sua prática pedagógica, promovendo maior autonomia e emancipação. A pesquisa apresenta fundamentos teóricos a partir de autores clássicos e contemporâneos que discutem a formação reflexiva, entre eles Dewey, Schön e Freire, relacionando-os ao papel do professor como agente transformador da realidade educacional. Além disso, são analisados os impactos da reflexão crítica na inovação pedagógica, na qualidade do aprendizado e na construção de práticas inclusivas e contextualizadas. A metodologia empregada neste estudo é a revisão bibliográfica.
Palavras-chave: Reflexão Crítica. Prática Docente. Ensino-aprendizagem.
ABSTRACT
This article discusses the importance of critical reflection in teaching practice, considering it as a tool for teacher professional development and for improving the teaching-learning process. In this regard, it is important to emphasize that critical reflection is understood as a practice that allows teachers to analyze their actions, question assumptions, and reframe their pedagogical practice, promoting greater autonomy and emancipation. The research presents theoretical foundations based on classical and contemporary authors who discuss reflective training, including Dewey, Schön, and Freire, relating them to the role of the teacher as an agent of transformation in educational reality. Furthermore, the impacts of critical reflection on pedagogical innovation, the quality of learning, and the development of inclusive and contextualized practices are analyzed. The methodology used in this study is a literature review.
Keywords: Critical Reflection. Teaching Practice. Teaching-Learning.
RESUMEN
Este artículo analiza la importancia de la reflexión crítica en la práctica docente, considerándola una herramienta para el desarrollo profesional docente y la mejora del proceso de enseñanza-aprendizaje. En este sentido, es importante destacar que la reflexión crítica se entiende como una práctica que permite a los docentes analizar sus acciones, cuestionar supuestos y replantear su práctica pedagógica, promoviendo una mayor autonomía y emancipación. La investigación presenta fundamentos teóricos basados en autores clásicos y contemporáneos que abordan la formación reflexiva, como Dewey, Schön y Freire, relacionándolos con el rol del docente como agente de transformación de la realidad educativa. Además, se analizan los impactos de la reflexión crítica en la innovación pedagógica, la calidad del aprendizaje y el desarrollo de prácticas inclusivas y contextualizadas. La metodología empleada en este estudio es una revisión bibliográfica.
Palabras clave: Reflexión crítica. Práctica docente. Enseñanza-aprendizaje.
1 INTRODUÇÃO
A prática docente caracteriza-se pela complexidade de processos que envolvem tanto a dimensão técnica, quanto a dimensão humana, cultural e social e, dentro deste enfoque, o professor não atua como mero transmissor de conteúdos, mas como sujeito ativo e crítico, capaz de problematizar sua ação e de repensar estratégias que melhor atendam às necessidades dos estudantes. Nesse contexto, a reflexão crítica apresenta-se como instrumento essencial para que o docente compreenda sua própria prática, investigue seus pressupostos e busque aperfeiçoamento contínuo.
Ao longo das últimas décadas, o debate educacional tem ressaltado a relevância da prática reflexiva, ora compreendida como um movimento de análise constante sobre as experiências de ensino, cujo movimento contribui para o fortalecimento da autonomia docente, ao mesmo tempo em que promove o desenvolvimento de competências pedagógicas contextualizadas. O presente trabalho busca analisar, de maneira sistematizada, a importância da reflexão crítica na prática docente, articulando contribuições de autores clássicos e contemporâneos.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 CONCEITO DE REFLEXÃO CRÍTICA
Segundo Dewey (1959), a reflexão consiste em um processo ativo, persistente e cuidadoso de considerar uma crença ou forma de conhecimento à luz de seus fundamentos e consequências e, nesta toada, não se limita à contemplação, mas constitui uma forma de investigação que transforma experiências em aprendizado. Nesse sentido, o professor reflexivo é aquele que examina sua prática de modo constante, elaborando novas interpretações para situações já vividas.
Schön (2003) amplia essa compreensão ao propor a figura do “profissional reflexivo”, consubstanciando-se naquele que é capaz de refletir na ação e sobre a ação, que comumente enfrenta situações singulares e complexas, que não podem ser solucionadas apenas com base em regras ou técnicas preestabelecidas. A reflexão crítica surge, então, como ferramenta essencial para a tomada de decisões pedagógicas conscientes, permitindo ao professor responder de forma criativa às demandas de seu contexto.
Freire (1996) acrescenta uma dimensão política à reflexão crítica ao afirmar que o ato de refletir é inseparável da práxis, isto é, da união entre ação e reflexão transformadora e, desta forma, refletir criticamente significa questionar estruturas de opressão e buscar práticas que promovam a emancipação dos sujeitos. Assim, a reflexão docente assume papel de resistência e reinvenção, possibilitando a construção de uma educação voltada à libertação.
Na leitura de Alarcão (2018), a reflexão crítica representa um processo de construção de saberes próprios, que permite ao professor consolidar sua identidade profissional, de maneira que o docente não apenas analisa sua prática, mas também se coloca como sujeito epistêmico, produtor de conhecimento. A reflexão crítica, portanto, confere ao professor autonomia intelectual e reforça a legitimidade da profissão docente.
Zeichner (1993) destaca que a reflexão não pode ser reduzida a um exercício individual, mas deve estar vinculada a dimensões sociais e institucionais, razão pela qual refletir criticamente sobre a prática implica considerar os contextos culturais e políticos em que o ensino ocorre. Essa perspectiva evidencia que a prática reflexiva não se restringe ao aperfeiçoamento técnico, mas se constitui como condição necessária para a construção de uma educação democrática e inclusiva.
Imbernón (2017) reforça que a reflexão crítica possibilita ao docente enfrentar os desafios de um mundo em constante transformação e, desta forma, a prática docente precisa ser entendida como um ato social e cultural, que exige análise contínua das condições que influenciam o processo de ensino-aprendizagem. Dessa forma, refletir criticamente é um caminho para resistir à estagnação e para buscar alternativas inovadoras na educação.
2.2 PRINCIPAIS AUTORES E TEORIAS SOBRE A PRÁTICA REFLEXIVA
Nesse particular, cabe salientar que Dewey (1959) foi pioneiro ao introduzir o conceito de reflexão como parte essencial da aprendizagem, sendo que, de acordo com o autor, a experiência vivenciada pelo sujeito só se transforma em conhecimento quando submetida a um processo reflexivo sistemático. Esse pensamento influenciou fortemente a pedagogia moderna, consolidando a ideia de que o professor deve ser um investigador constante de sua prática.
Schön (2003) desenvolve a noção de reflexão no contexto profissional, argumentando que os desafios enfrentados pelo docente exigem criatividade e improvisação consciente e, através da sua teoria do “profissional reflexivo” sugere que a prática educacional não pode ser rigidamente planejada, pois envolve situações únicas e incertas. A reflexão, nesse sentido, torna-se instrumento para lidar com a complexidade e a imprevisibilidade da sala de aula.
Freire (1996), por sua vez, associa a prática reflexiva ao compromisso ético-político da educação, delimitando que a reflexão crítica deve conduzir o docente à conscientização de sua função transformadora, superando a concepção bancária do ensino. O professor reflexivo é aquele que problematiza a realidade, instigando os estudantes a participarem ativamente da construção do conhecimento.
Na perspectiva de Zeichner (1993), a prática reflexiva deve ser institucionalmente valorizada como parte integrante da formação docente, razão pela qual defende que a reflexão deve ultrapassar a dimensão individual e alcançar o coletivo, promovendo mudanças nas políticas e culturas escolares, cuja visão amplia o alcance da reflexão crítica, situando-a como prática de transformação estrutural.
Alarcão (2018) reforça a ideia de que a reflexão é um processo formativo que permite ao professor tornar-se autor de sua prática pedagógica, razão pela qual a docência precisa ser compreendida como profissão intelectual, na qual a reflexão crítica desempenha papel decisivo na produção de novos saberes, o que faz com que essa abordagem desloca a reflexão do campo da mera técnica para o da construção epistemológica.
Imbernón (2017) argumenta que a reflexão docente é uma prática social e cultural, influenciada por múltiplos fatores que atravessam o trabalho do professor e, dessa forma, não basta que o docente reflita individualmente; é preciso que esse exercício seja realizado em diálogo com colegas, alunos e comunidade escolar. É indispensável afirmar, ademais, que a colaboração e a troca de experiências potencializam o caráter crítico da reflexão.
2.3 A PRÁTICA DOCENTE E A NECESSIDADE DA REFLEXÃO NO CONTEXTO EDUCACIONAL
Inicialmente, é oportuno salientar o entendimento de Imbernón (2017), que sustenta que a docência deve ser compreendida como prática em constante transformação, sujeita a mudanças sociais, políticas e tecnológicas e, nesse sentido, a reflexão crítica é fundamental para que o professor consiga adaptar-se às novas demandas e reconfigurar sua prática de acordo com os desafios contemporâneos.
Zeichner (1993) enfatiza que a reflexão crítica deve ultrapassar os limites da experiência individual, assumindo caráter social e coletivo e, desta forma, os professores precisam refletir não apenas sobre suas práticas em sala de aula, mas também sobre o papel das instituições educacionais na reprodução ou superação das desigualdades sociais, cujo albergamento amplia o escopo da reflexão, vinculando-a ao compromisso ético da profissão docente.
Alarcão (2018) aponta que refletir sobre a prática permite ao docente consolidar sua identidade profissional e, sendo assim, a reflexão crítica não é apenas um exercício de autoanálise, mas um meio para que o professor se reconheça como sujeito epistêmico, capaz de produzir conhecimento e contribuir para a valorização da docência como profissão intelectual.
Nóvoa (1992) acrescenta que a formação do professor deve ser concebida como processo contínuo, no qual a reflexão crítica ocupa lugar central, defendendo que o desenvolvimento profissional depende da capacidade de analisar a própria prática, reconhecendo falhas, desafios e possibilidades de inovação. Desse modo, a reflexão torna-se condição indispensável para a autonomia e para a emancipação docente.
Perrenoud (2000) argumenta que a competência profissional do professor não se limita à execução de técnicas pedagógicas, mas envolve a capacidade de tomar decisões fundamentadas em situações complexas, enfatizando, ainda, que essa habilidade só pode ser desenvolvida por meio de uma postura reflexiva permanente, que permita ao docente interpretar e agir criticamente diante das demandas educativas.
Tardif (2014) reforça a ideia de que o saber docente é construído no exercício da prática, e que a reflexão crítica é indispensável para que esse saber se torne consciente e sistematizado, destacando que a prática reflexiva transforma a experiência em conhecimento pedagógico, fortalecendo a identidade profissional e a legitimidade social da docência.
3 A REFLEXÃO CRÍTICA COMO INSTRUMENTO DE FORMAÇÃO DOCENTE
3.1 O PAPEL DA REFLEXÃO NO DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DO PROFESSOR
Nesse particular, Nóvoa (1992) defende que a formação docente deve ser concebida como processo permanente e em constante transformação, de modo que o professor possa reconstruir continuamente sua identidade profissional e, sendo assim, a reflexão crítica permite ao docente questionar suas práticas e buscar novos significados para sua atuação. Nesse sentido, a identidade profissional não é algo fixo, mas dinâmico, sendo construída e reconstruída pela análise reflexiva.
Perrenoud (2000) afirma que a competência docente depende da capacidade de tomar decisões fundamentadas em contextos complexos, e tal habilidade só pode ser alcançada por meio da reflexão crítica e, logo, os professores que se limitam a repetir modelos tradicionais acabam por perder a oportunidade de desenvolver uma prática autônoma e inovadora.
Segundo Alarcão (2018), a reflexão crítica confere ao professor autonomia intelectual, uma vez que possibilita a produção de saberes a partir da própria prática, considerando que o docente, ao refletir sobre suas ações, torna-se investigador de sua realidade, o que amplia sua compreensão sobre o processo educativo, cuja atitude investigativa é fundamental para o desenvolvimento profissional.
Para Imbernón (2017), o desenvolvimento profissional do professor deve ser coletivo, baseado no diálogo e na troca de experiências e, nesse contexto, a reflexão crítica possibilita que os docentes construam saberes compartilhados, fortalecendo sua prática e contribuindo para a melhoria da instituição escolar, sendo indubitável, neste enfoque, que o processo reflexivo assume também um caráter social.
Schön (2003) destaca que a aprendizagem do professor não se dá apenas em cursos formais, mas sobretudo em sua atuação cotidiana, sendo certo que a capacidade de refletir sobre as situações vividas transforma a experiência em conhecimento e aprimora a prática pedagógica. Desse modo, a reflexão crítica é o motor do desenvolvimento profissional, pois permite reconfigurar ações a partir da análise dos resultados obtidos.
Tardif (2014) acrescenta que o saber docente é plural e situado, resultando da experiência prática, da formação inicial e das interações sociais, enfatizando que somente a reflexão crítica torna possível integrar esses diferentes saberes em um corpo coerente de conhecimento, o que fortalece sobremaneira o papel do professor como sujeito produtor e não apenas reprodutor de saberes.
3.2 A REFLEXÃO CRÍTICA COMO MEIO DE RESSIGNIFICAÇÃO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA
É relevante esclarecer, neste particular, o posicionamento de Freire (1996), destacando que a prática pedagógica deve ser entendida como práxis, isto é, como ação e reflexão indissociáveis que visam transformar a realidade e, nesse sentido, a reflexão crítica é fundamental para que o professor possa ressignificar sua prática, rompendo com modelos bancários de ensino e promovendo a construção coletiva do conhecimento.
Dewey (1959) argumenta que a reflexão possibilita ao indivíduo revisar suas experiências, atribuindo-lhes novos significados e, para o docente, isso significa transformar situações vividas em aprendizagem, de modo a construir novas abordagens pedagógicas. A ressignificação da prática ocorre, portanto, quando a experiência é submetida a um processo reflexivo sistemático.
Segundo Zeichner (1993), a prática reflexiva deve ultrapassar os limites da individualidade e alcançar o nível institucional, permitindo mudanças significativas nas culturas escolares, o que implica que a ressignificação da prática pedagógica não depende apenas do esforço individual do docente, mas também de condições estruturais que favoreçam a reflexão coletiva.
Alarcão (2018) defende que o professor reflexivo é aquele que, ao analisar sua prática, é capaz de identificar incoerências, repensar métodos e reconstruir estratégias pedagógicas e, desta forma, a ressignificação, nesse contexto, é fruto de uma postura investigativa que leva o docente a questionar os pressupostos que orientam sua ação.
Imbernón (2017) reforça a importância do diálogo e da colaboração entre professores no processo de ressignificação da prática, argumentando que refletir coletivamente favorece a construção de práticas mais inovadoras e contextualizadas, rompendo com modelos rígidos e autoritários de ensino. A prática pedagógica ressignificada é, portanto, mais democrática e participativa.
Perrenoud (2000) argumenta que a prática reflexiva é condição necessária para a inovação pedagógica, pois permite ao professor experimentar novas metodologias e avaliar seus impactos, e a ressignificação, nesse caso, é resultado de um ciclo contínuo de ação e reflexão, no qual o docente se coloca como sujeito de sua própria formação.
3.3 REFLEXÃO, AUTONOMIA E EMANCIPAÇÃO DOCENTE
Ao considerar os ensinamentos propostos por Freire (1996), observa-se que a reflexão crítica é caminho para a autonomia e para a emancipação do professor e, por conseguinte, não há neutralidade na prática educativa, e a reflexão permite ao docente assumir-se como sujeito histórico capaz de intervir na realidade, e a autonomia se fortalece à medida que o professor se conscientiza de seu papel social.
Segundo Nóvoa (1992), a emancipação docente está relacionada à construção de uma identidade profissional crítica e autônoma, e a reflexão, nesse sentido, é elemento essencial para que o professor se reconheça como produtor de saberes e como agente de transformação. A autonomia, para o autor, não se confunde com isolamento, mas com a capacidade de posicionar-se criticamente diante das demandas educacionais.
Alarcão (2018) afirma que a autonomia docente é fortalecida quando o professor assume sua prática como objeto de investigação e, sendo assim, a reflexão crítica, nesse caso, garante ao docente independência intelectual, permitindo-lhe ressignificar métodos e superar práticas mecânicas.
Imbernón (2017) destaca que a emancipação docente só é possível quando há espaços coletivos de reflexão, nos quais os professores compartilham saberes e experiências e, dessa forma, a reflexão crítica assume caráter coletivo, contribuindo para a construção de uma profissão mais valorizada e reconhecida socialmente.
Por sua vez, Schön (2003) acrescenta que a autonomia do professor depende de sua capacidade de refletir na ação, criando soluções criativas para problemas inéditos, e a emancipação, nesse contexto, não significa apenas liberdade individual, mas a possibilidade de exercer uma prática pedagógica consciente e inovadora.
Já Perrenoud (2000) reforça que a competência crítica é indispensável para que o professor exerça autonomia e emancipe-se de modelos impostos, argumentando que a reflexão crítica confere ao docente condições para enfrentar situações complexas sem depender de prescrições externas, fortalecendo sua independência profissional.
4 REFLEXÃO CRÍTICA E A QUALIDADE DO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM
4.1 A REFLEXÃO COMO FATOR DE INOVAÇÃO PEDAGÓGICA
É importante salientar que de acordo com o que sustenta Schön (2003), a inovação pedagógica surge da capacidade do professor de refletir sobre situações imprevistas e de criar soluções criativas e, nesse sentido, a reflexão crítica funciona impulsionando a renovação, permitindo ao docente experimentar novos caminhos e revisar práticas já estabelecidas.
Perrenoud (2000) afirma que a inovação não resulta apenas da introdução de técnicas ou tecnologias, mas da capacidade de o professor questionar os pressupostos de sua prática, razão pela qual a reflexão crítica é, portanto, condição para que a inovação pedagógica seja significativa e transformadora.
Segundo defendido por Alarcão (2018), o professor reflexivo é aquele que se apropria de sua prática para transformá-la continuamente, cuja postura investigativa possibilita que a inovação ocorra de forma consciente, fundamentada e coerente com os objetivos educacionais.
É relevante mencionar que nos termos sintetizados por Imbernón (2017) que a inovação pedagógica deve ser coletiva, construída a partir do diálogo entre professores, sendo certo que a reflexão crítica compartilhada amplia o repertório de possibilidades e favorece a construção de práticas mais democráticas.
Zeichner (1993) acrescenta que a inovação só se consolida quando vinculada a mudanças institucionais e, continuamente, a reflexão crítica deve alcançar as políticas e as culturas escolares, de modo a sustentar práticas inovadoras no longo prazo. Nessa toada, Freire (1996) lembra que a inovação pedagógica deve estar comprometida com a transformação social.
4.2 IMPACTOS DA PRÁTICA REFLEXIVA NO DESEMPENHO DISCENTE
Cumpre delimitar, aqui, que nos termos enfatizados por Freire (1996), que o processo de ensino-aprendizagem deve ser dialógico, e a reflexão crítica do professor contribui para construir um espaço em que o estudante é sujeito ativo, sendo certo que essa postura reflexiva do docente favorece o engajamento discente e potencializa o aprendizado.
Nesse sentido, Dewey (1959) argumenta que a experiência só é capaz de se transformar em conhecimento quando submetida à reflexão e, diante disso, o professor que adota essa postura cria condições para que o aluno também reflita sobre sua própria aprendizagem, fortalecendo, por conseguinte, sua autonomia intelectual.
Segundo Schön (2003), a prática reflexiva do professor influencia diretamente a formação de estudantes críticos e criativos, pois, a partir do momento que ocorre a modelagem do comportamento reflexivo, o docente estimula os alunos a enfrentarem situações complexas de maneira consciente.
Perrenoud (2000) defende que o desempenho discente melhora quando o professor é capaz de adaptar suas estratégias a partir da reflexão crítica, permitindo-se, pois, uma abordagem mais personalizada, que atende às necessidades específicas de cada estudante.
Por sua vez, Tardif (2014) afirma que o saber docente se constrói na prática e impacta a aprendizagem dos alunos e, neste sentido, quando o professor reflete criticamente, transforma sua experiência em conhecimento pedagógico, o que gera efeitos positivos no rendimento escolar.
Alarcão (2018) reforça que a prática reflexiva do docente fortalece o protagonismo discente, promovendo aprendizagens mais significativas, enfatizando que o desempenho dos alunos está diretamente relacionado à capacidade do professor de questionar e ressignificar sua prática.
4.3 A REFLEXÃO CRÍTICA COMO CAMINHO PARA PRÁTICAS INCLUSIVAS E CONTEXTUALIZADAS
Cumpre salientar, aqui, que de acordo com o que sustenta Freire (1996), a prática educativa deve ser libertadora e inclusiva, e isso apenas é possível alcançar por meio da reflexão crítica. O professor reflexivo, neste cenário, reconhece as diferenças e busca estratégias que respeitem a diversidade cultural, social e econômica dos alunos.
Segundo Imbernón (2017), a inclusão requer professores capazes de analisar criticamente as condições sociais que influenciam o processo de aprendizagem, e por meio da reflexão crítica resta permitido compreender essas condições e criar práticas pedagógicas mais equitativas.
Zeichner (1993) argumenta que as práticas inclusivas apenas são passíveis de se consolidarem a partir do momento que a reflexão crítica é ampliada ao coletivo docente e às instituições educacionais, o que garante que a inclusão não dependa apenas da vontade individual, mas de políticas pedagógicas consistentes.
Já Alarcão (2018) aponta que a contextualização do ensino depende da capacidade do professor de refletir sobre sua prática e ajustá-la às necessidades específicas de seus alunos e, desta forma, por meio da reflexão crítica, assegura-se, portanto, maior relevância social ao processo educativo.
Considerando-se os ensinamentos de Tardif (2014), compreende-se que os saberes docentes são construídos em interação com a realidade concreta e, por conseguinte, a reflexão crítica, nesse sentido, torna-se indispensável para que o professor adapte suas estratégias pedagógicas ao contexto em que atua.
Por fim, Dewey (1959) reforça que a experiência é o início para toda aprendizagem significativa e, em decorrência disso, o professor reflexivo utiliza as experiências dos alunos como base para práticas inclusivas e contextualizadas, valorizando sua realidade.
5 CONCLUSÃO
A reflexão crítica apresenta-se como elemento central para a formação docente e para a melhoria da qualidade do ensino, sendo que, ao longo deste estudo, evidenciou-se que a prática reflexiva, defendida por autores como Dewey, Schön, Freire, Nóvoa, Perrenoud, Alarcão, Imbernón, Zeichner e Tardif, constitui instrumento de desenvolvimento profissional, inovação pedagógica e transformação social.
A docência, compreendida como profissão intelectual e social, exige que o professor se coloque constantemente em posição de análise, questionamento e ressignificação de sua prática, cuja postura fortalece a autonomia e a emancipação docente, além de impactar positivamente o desempenho discente, promovendo aprendizagens mais significativas.
Conclui-se, portanto, que a reflexão crítica é não apenas uma exigência da prática docente contemporânea, mas também uma condição para a consolidação de uma educação democrática, inclusiva e comprometida com a transformação da sociedade.
REFERÊNCIAS
ALARCÃO, Isabel. Professores reflexivos em uma escola reflexiva. 8. ed. São Paulo: Cortez, 2018.
DEWEY, John. Como pensamos: como se relaciona o pensamento reflexivo com o processo educativo: uma reexposição. 3. ed. São Paulo: Nacional, 1959.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 25. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
IMBERNÓN, Francisco. Formação docente e profissional: formar-se para a mudança e a incerteza. Tradução: Silvana Cobucci Leite. 9. ed. São Paulo: Cortez, 2017.
NÓVOA, António. Os professores e a sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1992.
PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Penso, 2000.
SCHÖN, Donald. Educando o profissional reflexivo: um novo design para o ensino e a aprendizagem. Tradução: Roberto Cataldo Costa. Porto Alegre: Penso, 2003.
TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 17. ed. Petrópolis: Vozes, 2014.
ZEICHNER, Kenneth. A formação reflexiva de professores: ideias e práticas. Lisboa: Educa, 1993.
1mestranda em ciências da educação pela graduada em pedagogia, especialista em necessidades especiais: e-mail. sglorianery@gmail.com.
2mestrando em ciências da educação pela Christian Business School, graduado em geografia pelo centro universitário Claretiano: e-mail: eliascastro040178@gmail.com.
3em ciências da educação pela Christian Business School, professor do quadro efetivo do estado do amapá. Email:clelioroberto61@gmail.com.
4mestranda em ciências da educação pela Christian Business School, graduada em letras Português – Faculdade Metropolitana de Porto velho – RO, professora do quadro efetivo da escola professora Flora Calheiros. Email: Souza.regianesilva@gmail.com.
5licenciatura plena em ciências biológicas, doutor em biologia oela UFPE, professor, orientador da Christian Business School.
