RESTRUCTURING SPONTANEOUS DEMAND RECEPTION AND DEFINING CARE FLOW DURING THE DENGUE EPIDEMIC 2024
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202508301453
Alexandre Gonçalves Freitas Cordeiro1
Sarah Narryman Carpaneda Teixeira2
Orientadora: Rose Maire Araújo Santos3
RESUMO: O acolhimento é fundamental para fortalecer o vínculo e melhorar o atendimento aos pacientes. Com a epidemia de dengue em 2024, tornou-se essencial revisar e aprimorar o acolhimento nas unidades básicas de saúde para garantir um acompanhamento e atendimento mais eficazes. Este artigo utilizou a metodologia de pesquisa-ação para analisar a situação atual da dengue na região e implementar uma reformulação no acolhimento. A pesquisa visou reestruturar a organização das unidades, criando um fluxo de atendimento específico para a dengue, com o objetivo de otimizar o atendimento ao paciente e alinhar as práticas com os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS).
Palavras-chave: Dengue; Classificação de Risco; Atenção Primária à Saúde.
ABSTRACT: A welcoming approach is crucial for strengthening the bond and improving patient care. With the dengue epidemic of 2024, it became essential to review and enhance the reception processes at primary health care units to ensure more effective follow-up and care. This article employed action research methodology to analyze the current situation of dengue in the region and to implement a reformulation of the reception process. The research aimed to restructure the organization of the units, create a specific care flow for dengue, and optimize patient care while adhering to the principles of the Unified Health System (SUS).
Keywords: Dengue;Risk Assessment;Primary Health Care.
1. INTRODUÇÃO
O acolhimento é uma prática existente em todas as relações de cuidado, nos atendimentos reais entre profissionais de saúde e usuários, nos atos de receber e escutar as pessoas, podendo acontecer de formas variadas.O acolhimento pode ser modificado de acordo com a realidade presenciada pelo cenário de saúde e de acordo com as demandas de maior frequência (Ministério da Saúde, 2011). Essa organização nos processos de trabalho, não exclui a possibilidade de que haja falhas no mesmo, por isso, é necessária uma avaliação contínua através da observação de sua prática, para que o mesmo possa ser reestruturado, caso seja necessário, no sentido de acolher as pessoas acometidas na epidemia de Dengue 2024.No final de dezembro de 2023 com o aumento dos números de casos com mortes por dengue no DF, a realidade das UBSs (Unidade básica de saúde) foi alterada, houve uma avalanche de demandas espontâneas nas salas de acolhimento das equipes, por sintomáticos de Dengue agregados a problemas de saúde, de complexidades variadas (Soares de Moura C, Campelo J,2024).Em um primeiro momento para conseguir atender a demandas espontâneas foram suspensa temporariamente os atendimentos programados sendo atendido apenas pré-natal, primeira consulta dos Recém- nascidos, Pessoas com condições crônicas agudizadas, troca de receitas, atenção a pessoas com HIV, Sífilis, Tuberculose e Hanseníase, laboratório, farmácia e almoxarifado e ações coletiva, E-multi, Odontologia para emergências. Porém essas medidas não foram suficientes para resolução dos problemas na unidade. Desse modo, visando resolver a problemática da alta demanda nesse período foi promovido mudanças para o enfrentamento da epidemia de Dengue com a criação de uma classificação de risco específica para o paciente com dengue, visando reduzir o tempo de espera no serviço de saúde e melhorar a assistência prestada ao paciente. Para essa classificação, foram utilizados os critérios da Política Nacional de Humanização do Ministério da saúde (2006) e o estadiamento da dengue da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (2024) com o objetivo de organizar o serviço e garantir o bom funcionamento da atenção à saúde. Além disso, articula-se com serviços especializados em uma Rede de Atenção às Urgências de forma a contemplar toda a demanda espontânea ao oferecer suporte básico em situações de emergência e referenciar os usuários já acolhidos e avaliados para o cuidado de outros serviços. A ideia de estruturar um fluxo é a de organizar o processo de trabalho dos profissionais das ESF’s (Estratégia saúde da Família) desde a recepção do usuário de demanda espontânea na unidade , até o final do atendimento efetivo e resolutivo, que envolva escuta qualificada, verificação dos sinais vitais e encaminhamento para equipe, a fim de realizar um atendimento eficiente conforme uma classificação de riscos.
2. OBJETIVOS
GERAL
Estruturar o acolhimento das demandas espontâneas e a estrutura da UBS no período de epidemia de dengue do primeiro semestre de 2024, por meio da classificação de risco, a fim de responder às necessidades de saúde da população com equidade e resolutividade.
ESPECÍFICO
- Estruturar os processos de trabalhos da ESF no atendimento às demandas espontâneas
- Elaborar um fluxograma para o acolhimento que considere a situação epidemiológica atual e as ações de continuidade da UBS
- Reestruturar a ambiência do acolhimento das demandas espontâneas tornando-o mais resolutivo, considerando a epidemia;
- Implantar a classificação de risco para priorizar o atendimento das situações críticas de saúde e reduzir as complicações
- Elaborar protocolos que direcionam o acolhimento.
- Favorecer o acesso e vinculação dos usuários junto as ESFs.
3. METODOLOGIA
A metodologia utilizada neste trabalho foi a pesquisa-ação. Ela é um processo de investigação-ação, onde se age no campo da prática e ao mesmo tempo investiga-se a respeito da resolubilidade.Dessa forma, aprende-se mais no processo tanto a respeito da prática quanto da própria investigação(MOLINA et al,2010).A Pesquisa-ação é uma metodologia coletiva que favorece as discussões e a produção cooperativa de conhecimentos específicos sobre a realidade vivida, a partir da perspectiva do esmorecimento das estruturas hierárquicas e das divisões em especialidades, que fragmentam o cotidiano. Se constitui como prática desnaturalizada e tem como foco principal de análise as redes de poder e o caráter desarticulador dos discursos e das práticas instituídas no convívio social (MOLINA et al,2010).Trata-se portanto de uma pesquisa social, com base empírica que é concebida e realizada em uma relação estreita com uma ação, visando a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes estão envolvidos com o problema questão, de modo participativo ou colaborativo., respeitando os 8 passos da ferramenta metodológica: Identificação do problema, levantamento dos dados, análise dos dados, significação dos dados levantados, identificação da necessidade de mudança, encontrando possíveis soluções, intervenção e transformação.
Figura 1: Elaboração primária a partir das abstrações teóricas.

Fonte: Pesquisa-ação: ferramenta metodológica para a pesquisa qualitativa. (KOERICH et al,2009.)
4. DESENVOLVIMENTO
4.1 Identificação do Problema
A unidade é composta por uma Unidade Básicas de Saúde do tipo 4, com oito equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF). Essa Gerência abrange uma população de 47.829 habitantes (DGIE, 2024), marcada por um perfil socioeconômico complexo, decorrente de uma estrutura populacional heterogênea e de condições econômicas predominantemente desfavoráveis. Antes do atual cenário de epidemia de dengue, a organização do acolhimento seguia as diretrizes estabelecidas pela Caderneta da Atenção Básica do Ministério da Saúde, buscando garantir um atendimento adequado e dentro das competências atribuídas à Atenção Primária à Saúde (APS). No entanto, o aumento expressivo nos casos de dengue evidenciou limitações no modelo vigente. A crescente demanda espontânea gerou uma intensa sobrecarga sobre os profissionais de saúde, além de atrasos na identificação precoce de sinais de alarme e alerta, além da insuficiência de espaço físico para realização de hidratação venosa e do consequente quadro de lotação das unidades. Diante desse contexto, tornou-se evidente a necessidade de reestruturação do acolhimento e da reorganização dos fluxos de atendimento, a fim de garantir maior resolutividade frente à epidemia e reforçar o papel estratégico da APS no enfrentamento da dengue.
4.2 Levantamento dos Dados Persistentes:
Para embasar o diagnóstico situacional e compreender a dimensão do problema, foram analisados dados epidemiológicos e assistenciais referentes aos atendimentos realizados nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) durante o surto de dengue no início de 2024. Entre os dias 07 de janeiro e 25 de fevereiro de 2024, observou-se um aumento expressivo nos casos confirmados de dengue na região, que passaram de 73.758 para 109.382 casos. (DGIE, 2024). No Distrito Federal, até o dia 04 de fevereiro de 2024, as UBSs já haviam registrado 87.065 atendimentos relacionados à dengue. Em comparação com o mesmo período do ano anterior, que contabilizou apenas 5.020 atendimentos, nota-se um crescimento abrupto e significativo na demanda. (DGIE, 2024).
4.3 Análise de Dados
A análise dos dados evidenciou um crescimento exponencial da demanda por atendimentos relacionados à dengue na Atenção Primária à Saúde (APS), refletindo um cenário de colapso iminente da capacidade assistencial. O salto de 73.758 para 109.382 casos confirmados em menos de dois meses, somado ao aumento de 5.020 para 87.065 atendimentos nas UBSs do Distrito Federal entre os anos de 2023 e 2024 (DGIE, 2024) no mesmo período, aponta não apenas para a alta transmissibilidade do vírus, mas também para a insuficiência das estratégias previamente estabelecidas para contenção e manejo da doença.
A sobrecarga dos profissionais, a lentidão na triagem de sinais de alarme e alerta, a ausência de espaço físico adequado para a hidratação venosa e o excesso de demanda espontânea revelam falhas estruturais e operacionais no modelo vigente de acolhimento. Tais fragilidades comprometem a capacidade da APS de exercer seu papel central no controle da epidemia e na proteção da saúde coletiva.
Além disso, o perfil socioeconômico vulnerável da população atendida pela unidade acentua a complexidade do enfrentamento à dengue, uma vez que fatores como baixa escolaridade, dificuldades de acesso à informação e infraestrutura precária favorecem a propagação do vetor e dificultam o manejo clínico adequado. A análise reforça, portanto, a necessidade de reorganização dos fluxos de atendimento, qualificação das equipes e reestruturação física e funcional das unidades, visando à melhoria da resposta frente à epidemia.
4.4 Significação
A análise dos dados e o impacto observado na prática cotidiana das equipes de saúde provocaram uma reflexão coletiva entre os profissionais sobre os limites do modelo vigente de acolhimento frente à epidemia de dengue. A vivência diária de sobrecarga, a frustração diante da dificuldade de resposta eficiente e a constatação das limitações estruturais contribuíram para o reconhecimento da urgência de mudanças no processo de trabalho.
A crescente demanda espontânea e a falta de condições adequadas para o manejo clínico dos casos de dengue passaram a ser percebidas não apenas como problemas pontuais, mas como sintomas de um sistema que precisa ser reorganizado. A experiência concreta do adoecimento da população e o esgotamento das equipes funcionaram como catalisadores para o fortalecimento do sentimento de corresponsabilidade entre os profissionais, gestores e instituições de apoio acadêmico.
Esse processo de significação permitiu ampliar a compreensão da epidemia não apenas como um fenômeno sanitário, mas como uma crise que exige reorganização do cuidado, reestruturação do fluxo assistencial e ressignificação do papel da APS enquanto porta de entrada e coordenadora do cuidado em saúde. A abertura para o diálogo e para o planejamento participativo a partir da realidade vivida foi essencial para a construção coletiva de estratégias de intervenção mais eficazes e sustentáveis.
4.5 Identificação da Necessidade da Mudança
O levantamento dos dados, a análise crítica e a reflexão coletiva evidenciaram que o modelo tradicional de acolhimento adotado pelas Unidades Básicas de Saúde não atende de forma adequada às demandas geradas pelo atual surto de dengue. A crescente sobrecarga dos profissionais, a insuficiência do espaço físico para atendimento e hidratação, além das dificuldades na triagem precoce de casos graves, configuram barreiras que comprometem a qualidade e a eficiência do serviço.
Essas condições revelam uma necessidade urgente de mudança na organização dos processos assistenciais, a fim de garantir um atendimento ágil, seguro e resolutivo. A mudança é indispensável para evitar o agravamento dos casos, a saturação do sistema de saúde e a disseminação contínua da doença.
A identificação clara dessa necessidade orienta a elaboração e implementação de intervenções estruturadas e participativas, com foco na adaptação dos fluxos de atendimento, qualificação da equipe e adequação da infraestrutura, assegurando, assim, a capacidade da Atenção Primária em responder eficazmente à epidemia.
4.6 Encontrando Possíveis Soluções
Em resposta à epidemia de dengue de 2024 e em consideração à alta demanda de atendimento na Unidade , foram propostas diversas atualizações e modificações na unidade, visando atender à demanda de forma eficaz e em conformidade com os princípios do Sistema Único de Saúde.
- Treinamento e Capacitação de Profissionais: Os profissionais de saúde da UBS irão ser submetidos a treinamentos específicos sobre o manejo, bem como sobre a gestão de crises e o atendimento de emergências, visando garantir um serviço de qualidade e ágil para os pacientes.
- Otimização do Espaço e Recursos:A UBS irá otimizar o uso do espaço físico e dos recursos disponíveis, a fim de maximizar a capacidade de atendimento. Isso incluiu a reorganização das áreas de espera, consultórios e setores de triagem para acomodar um maior número de pacientes de forma eficiente.
- Ênfase na Prevenção de Agravos e Educação em Saúde: Além do atendimento direto aos pacientes,a unidade intensificará suas atividades de educação em saúde e prevenção da dengue na comunidade. Serão realizadas campanhas de conscientização, distribuição de materiais informativos e orientações sobre medidas preventivas, como eliminação de criadouros do mosquito Aedes aegypti.
- Reorganização da Equipe de Saúde: Para lidar com a alta demanda durante a epidemia de dengue, será realizada uma reorganização da equipe de saúde na UBS. Isso incluiu a redistribuição de recursos humanos para áreas prioritárias, como a criação de equipes dedicadas exclusivamente ao atendimento de pacientes com suspeita de dengue. A reorganização da equipe permitirá uma distribuição mais equitativa da carga de trabalho e uma resposta mais ágil às necessidades dos pacientes, garantindo um atendimento eficiente e de qualidade durante o período crítico da epidemia.
- Implementação de Fluxo Contínuo: Será idealizado um fluxo contínuo de atendimento, com áreas designadas para triagem, acolhimento, consultas médicas, realização de exames laboratoriais , notificação. Isso permitiu uma gestão eficiente do fluxo de pacientes, minimizando tempos de espera e maximizando a utilização dos recursos disponíveis.
4.7 Intervenção Ação
Treinamento e Capacitação de Profissionais: Realização de uma sessão de atualização sobre o Manejo Clínico de Arboviroses destinada aos servidores , em colaboração com a enfermeira da GVEI (Gerência de vigilância epidemiológica e imunização).Promoção de uma sessão de atualização sobre técnicas de prova do laço e coleta de amostras para exames laboratoriais, direcionada aos técnicos de enfermagem.
Otimização do Espaço e Recursos: Paciente recebe uma senha para organização do processo de trabalho, aguarda debaixo de uma tenda. Com disponibilidade de bebedouros e locais para sentar. Realiza-se o acolhimento de todos usuários com sintomas de dengue. Os mesmos são acolhidos na demanda espontânea e classificados conforme a estratificação de risco e encaminhados para atendimento nas vagas de retaguarda aos profissionais escalados no período.
Pactuação com o laboratório do hospital regional para recebimento das amostras de exames laboratoriais dos usuários com suspeita de Dengue. Acompanhamento diário dos números de notificações preenchidas manualmente, no acolhimento, são encaminhadas online para a coordenadora do Núcleo de vigilância ambiental, para precoce bloqueios de áreas mais afetadas. Posteriormente, são lançadas no SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação) pela força tarefa de servidores em restrição, para agilizar o atendimento e evitar subnotificações.
Criação de um local reservado para preenchimento da notificação, para agilizar o atendimento no acolhimento.Organização do espaço físico para hidratação venosa e observação para os usuários com sinais clínicos de Dengue.Criação de 2 locais de hidratação venosa, uma sala com disponibilidade de 4 macas e um corredor com poltronas.
Ênfase na Prevenção de Agravos e Educação em Saúde: Ação feita junto com Vigilância ambiental, SLU (Serviço de limpeza urbana), Administração Regional em locais de maior incidência de infestação do mosquito, na região da unidade de saúde, onde todos os ACS (Agente comunitário de saúde) foram de casa de casa, orientando os cuidados, manejo e recolhimento de inservíveis.
Reorganização da Equipe de Saúde: Manutenção das agendas, com certa restrição, para atendimento prioritário dos usuários com sintomas de dengue. Foi destinado enfermeiros, técnicos em enfermagem, profissionais da equipe multi e ACS (Agente comunitário de saúde) para o acolhimento, divididos em escalas, para o acolhimento da demanda espontânea. Foram destinados ainda enfermeiros e médicos para atendimento da demanda espontânea.Foi organizada a função de cada servidor no acolhimento e atendimento das demandas espontâneas a Dengue.
Tabela 01: Reorganização da equipe de saúde da família.
Profissional | Função: |
Agente comunitario de saude | Ações de prevenção + Recepção( Distribuição de senhas, orientações, encaminhamento para o setor requerido) e busca ativa. |
Técnico em enfermagem | Triagem + coleta de exames + teste rápido + sala de hidratação. |
Enfermeiro | Atendimento + estratificação de risco + Escuta da demanda do usuário +Avaliação do risco biológico e vulnerabilidade social + Definição de oferta de cuidado |
Médico | Atendimento + estratificação de risco. Atendimento (médico ou enfermagem) em um tempo que considere riscos, desconfortos, vulnerabilidade e oportunidade de cuidado |
Equipe e-multi | Preenchimento manual das notificações, entre outros |
Fonte: Elaborada segundo as normas teóricas.7,8,9.
Implementação de Fluxo Contínuo:
Figura 2: Implementação de Fluxo para Acolhimento e atendimento à demanda espontânea durante a epidemia de Dengue

Fonte: Elaboração primária segundo as normas teóricas.5,7,8,9,10.
4.8 Transformação
A implementação das estratégias propostas promoveu mudanças significativas na organização do atendimento nas Unidades Básicas de Saúde durante a epidemia de dengue. A capacitação dos profissionais contribuiu para a melhora da triagem clínica, permitindo a identificação precoce de sinais de gravidade e agilizando o manejo dos casos. A reorganização do espaço físico possibilitou a ampliação da capacidade de acolhimento e a realização eficiente da hidratação venosa, reduzindo o tempo de espera e a superlotação nas unidades.
Além disso, o fluxo contínuo de atendimento e a redistribuição das equipes trouxeram maior fluidez ao processo assistencial, otimizando o uso dos recursos disponíveis e fortalecendo o trabalho em equipe. As ações de educação em saúde e prevenção resultaram em maior conscientização da comunidade sobre medidas de controle do vetor, refletindo na adesão das famílias às recomendações e na participação ativa na eliminação dos criadouros.Esse conjunto de intervenções configurou uma transformação concreta na prática diária. A experiência reforçou o papel central da Atenção Primária à Saúde como ponto estratégico para o enfrentamento de epidemias e a importância da articulação entre profissionais, gestores e comunidade para a construção coletiva de soluções sustentáveis.
5. DISCUSSÃO
O acolhimento na unidade básica de saúde é fundamental para organização e um atendimento de qualidade aos usuários que procuram a unidade (Ministério da Saúde, 2011). A classificação de risco inserida no acolhimento, com escuta qualificada, favoreceu um atendimento com prioridades conforme sua gravidade. Assim, beneficiando aqueles que precisam de um atendimento imediato, daqueles que não tem risco de complicações, casos não urgentes. Com a implementação do fluxo de atendimento a grande demanda da população está sendo atendida respeitando os princípios doutrinários do SUS como a equidade, universalidade e integralidade. Além disso, está sendo feito os diagnósticos e acompanhamentos dos casos de dengue de forma efetiva respeitando a classificação de risco fazendo que os paciente sejam encaminhados para outros serviços de especialidade quando necessário e diminuindo os casos de óbitos. Com o uso inicial da classificação de risco embasada no artigo citado, percebeu-se que os pacientes com suspeita de dengue estão sendo devidamente avaliados, classificados e orientados de acordo com o grupo no qual se encontram na classificação proposta pelo Plano de Contingência Dengue APS 2024 da Secretaria de Saúde do Distrito Federal. Por outro lado, a unidade enfrenta outros desafios, como a sobrecarga dos profissionais da saúde devido a grande demanda espontânea de pacientes, sobrecarga da UBS devido ao referenciamento errôneo de outras unidades de saúde e falta de insumos, o que prejudica a eficiência das mudanças que foram realizada no contexto da epidemia de dengue de 2024.
6. CONCLUSÃO
A Gerência da unidade de Saúde da Atenção Primária implementou a reorganização do processo de acolhimento à demanda espontânea e atendimento, incluindo a classificação de risco dos pacientes. Esta reestruturação, que abrangeu a adequação física do espaço e a gestão estratégica da equipe de saúde, foi conduzida em consonância com as diretrizes estabelecidas pela Secretaria de saúde do Distrito Federal no Plano de Contingência Dengue APS 2024. Tal intervenção resultou em modificações significativas na maneira como os usuários são recebidos e assistidos dentro do sistema, promovendo uma avaliação mais precisa e eficiente, com priorização dos casos que requerem intervenção imediata. Este processo não apenas melhorou a segurança e a eficácia da avaliação dos pacientes mas também reforçou a equidade e o acesso aos serviços de saúde, alinhando-se assim com os princípios fundamentais do Sistema Único de Saúde (SUS), garantindo uma prestação de cuidados de saúde mais justa e eficiente.
7. REFERENCIA
- DIRETORIA DE GESTÃO DA INFORMAÇÃO ESTRATÉGICA. Atendimentos individuais de Dengue, 2024. Disponível em: https://info.saude.df.gov.br/informacoesdengue. Acesso em: 05 mar. 2024.
- KOERICH, M. S.; BACKES, D. S.; SOUSA, F. G. M.; ERDMANN, A. L.; ALBURQUERQUE, G. L. Pesquisa-ação: ferramenta metodológica para a pesquisa qualitativa. Revista Eletrônica de Enfermagem, 2009.
- MINISTÉRIO DA SAÚDE. Política Nacional de Humanização: Manual de Implementação. Brasília: Ministério da Saúde, 2006.
- MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Acolhimento à demanda espontânea. Brasília: Ministério da Saúde, 2011. 56 p. il. (Série A. Normas e Manuais Técnicos. Cadernos de Atenção Básica, n. 28, v. 1).
- MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, Departamento de Doenças Transmissíveis. Dengue: diagnóstico e manejo clínico: adulto e criança [recurso eletrônico]. 6. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2024.
- MOLINA, R.; GARRIDO, E. A produção acadêmica sobre Pesquisa-Ação em Educação no Brasil: mapeando das dissertações e teses defendidas no período 1966-2002. v. 02, n. 02, 2010.
- SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DO DISTRITO FEDERAL (SES-DF). Nota técnica nº 11/2022: Qualificação do cuidado e do acesso nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do Distrito Federal. Brasília, 28 jul. 2022.
- SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DO DISTRITO FEDERAL (SES-DF). Plano de Contingência Dengue. Versão 2. Brasília-DF, 2024. Disponível em: SEI 00060-0031297/2024-17.
- SOARES DE MOURA, C.; CAMPELO, J. Plano para enfrentamento da dengue e outras arboviroses. Secretaria de Saúde, 2024.
- WORLD HEALTH ORGANIZATION. Dengue: Guidelines for diagnosis, treatment, prevention and control. New edition. WHO: Geneva, 2009.
1Centro Universitário de Brasília, E-mail: alexandre.goncalves@sempreceub.com
2Centro Universitário de Brasília.
3Gerente de Unidade Básica de Saúde, preceptora do internato do Centro Universitário de Brasília.