REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202507151530
Adriana de Oliveira Rolim
Resumo – A interculturalidade emerge como um campo de estudo essencial para compreender as complexas interações entre culturas diversas, destacando-se como uma abordagem fundamental na era da globalização. Este trabalho tem como objetivo analisar as dinâmicas interculturais entre brasileiros e venezuelanos, identificando os principais elementos que influenciam essas interações e suas implicações para a convivência e a integração entre os dois grupos. A pesquisa adotou uma abordagem predominantemente bibliográfica, baseada na análise de fontes documentais, teóricas e empíricas sobre interculturalidade e relações entre Brasil e Venezuela. Foi realizada uma revisão da literatura. Os resultados obtidos evidenciaram a complexidade das dinâmicas interculturais entre brasileiros e venezuelanos, destacando tanto os desafios quanto as oportunidades para a convivência e a integração entre os dois grupos. Fatores como migração, identidade cultural e políticas públicas emergiram como elementos-chave na compreensão dessas dinâmicas. Diante do exposto, conclui-se que a interculturalidade atua na promoção do diálogo, do respeito mútuo e da cooperação entre diferentes culturas, contribuindo para uma convivência mais harmoniosa e enriquecedora entre brasileiros e venezuelanos.
Palavras-chave: Interculturalidade. Diversidade cultural. Dinâmicas interculturais.
Abstract – Interculturality emerges as an essential field of study to understand the complex interactions between different cultures, standing out as a fundamental approach in the era of globalization. This work aims to analyze the intercultural dynamics between Brazilians and Venezuelans, identifying the main elements that influence these interactions and their implications for coexistence and integration between the two groups. The research adopted a predominantly bibliographic approach, based on the analysis of documentary, theoretical and empirical sources on interculturality and relations between Brazil and Venezuela. A literature review was carried out. The results obtained highlighted the complexity of intercultural dynamics between Brazilians and Venezuelans, highlighting both the challenges and opportunities for coexistence and integration between the two groups. Factors such as migration, cultural identity and public policies emerged as key elements in understanding these dynamics. In view of the above, it is concluded that interculturality works to promote dialogue, mutual respect and cooperation between different cultures, contributing to a more harmonious and enriching coexistence between Brazilians and Venezuelans.
Keywords: Interculturality. Cultural diversity. Intercultural dynamics.
1 Introdução
No contexto atual, o debate sobre interculturalidade e diferenças culturais emerge como um tema relevante e complexo, especialmente quando consideramos as relações entre países como o Brasil e a Venezuela. Ambos os países possuem uma rica diversidade cultural, resultado de processos históricos, sociais e políticos distintos, que influenciam as interações entre suas sociedades. A interculturalidade, como abordagem teórica e prática, torna-se fundamental para compreender e lidar com essa diversidade, promovendo o diálogo, o respeito mútuo e a cooperação entre diferentes culturas.
Diante desse cenário, a presente pesquisa busca delimitar e explorar o tema da interculturalidade e diferenças culturais sob o viés comparativo entre Brasil e Venezuela. O problema de pesquisa centraliza-se como as dinâmicas interculturais entre brasileiros e venezuelanos são influenciadas por suas respectivas identidades culturais e contextos sociais. Essa indagação direciona a análise para compreender as interações entre as culturas brasileira e venezuelana, considerando suas similaridades, diferenças e os desafios enfrentados na convivência intercultural.
A relevância deste trabalho acadêmico reside na sua contribuição para o entendimento das relações interculturais em um contexto específico, oferecendo informações para políticas públicas, práticas sociais e estudos futuros sobre o tema. Ao compreender melhor as dinâmicas interculturais entre Brasil e Venezuela, é possível promover uma convivência mais harmoniosa e enriquecedora entre os dois países e suas diversas comunidades.
A metodologia adotada nesta pesquisa é predominantemente de natureza bibliográfica, baseada na análise de fontes documentais, teóricas e empíricas sobre interculturalidade, diferenças culturais, identidade nacional e relações internacionais. Também será realizada uma revisão da literatura especializada sobre as relações entre Brasil e Venezuela, destacando estudos que abordam questões interculturais. A análise dos dados será guiada por uma abordagem comparativa, buscando identificar padrões, semelhanças e diferenças entre os dois contextos culturais.
O objetivo geral desta pesquisa é analisar as dinâmicas interculturais entre brasileiros e venezuelanos, identificando os principais elementos que influenciam essas interações e suas implicações para a convivência e a integração entre os dois grupos. Como objetivos específicos, pretende-se: a) mapear as principais características das identidades culturais brasileira e venezuelana; b) analisar as relações interculturais entre brasileiros e venezuelanos em diferentes contextos sociais e geográficos; c) identificar os desafios e as oportunidades para a convivência intercultural entre os dois grupos.
A estrutura do trabalho está dividida em cinco tópicos. No primeiro tópico, são apresentados os fundamentos teóricos da interculturalidade e sua relevância para as relações entre Brasil e Venezuela. O segundo tópico discute as principais características das identidades culturais brasileira e venezuelana, destacando suas origens históricas e suas manifestações contemporâneas. O terceiro tópico analisa as dinâmicas interculturais entre brasileiros e venezuelanos em diferentes contextos sociais e geográficos, considerando aspectos como migração, integração e políticas públicas de multiculturalismo. O quarto tópico aborda os desafios e as oportunidades para a convivência intercultural entre os dois grupos, destacando questões como preconceito, discriminação e construção de identidades transnacionais. O quinto tópico apresenta as conclusões da pesquisa, sintetizando os principais resultados e contribuições para o campo da interculturalidade e das relações internacionais.
2 Interculturalidade
Interculturalidade refere-se à interação e troca entre diferentes culturas, buscando promover a compreensão mútua, o respeito e a convivência harmoniosa entre pessoas de origens culturais diversas. Este conceito reconhece a existência de uma variedade de culturas dentro de uma sociedade e enfatiza a importância de reconhecer e valorizar essas diferenças (SOUZA, 2022).
No âmbito da interculturalidade, as diferenças culturais são percebidas como elementos que enriquecem a sociedade, proporcionando uma ampla gama de perspectivas, conhecimentos e experiências. Essa abordagem reconhece que cada cultura possui sua própria riqueza e valor intrínseco, e que a interação entre culturas pode levar a uma maior compreensão mútua e ao crescimento pessoal e coletivo. É por isso que o diálogo intercultural tem um papel fundamental nesse processo, permitindo que as pessoas compartilhem suas histórias de vida, tradições, crenças e valores, enquanto também aprendem e se beneficiam das experiências dos outros (DELL’OLIO; MARTINEZ, 2019).
Por meio desse diálogo, as pontes são construídas entre culturas, conectando pessoas de diferentes origens e promovendo um sentido de pertencimento e identidade compartilhada. Ao invés de ver as diferenças como obstáculos ou fontes de conflito, a interculturalidade encoraja a busca por pontos de convergência e respeito mútuo, ajudando a superar barreiras culturais e promover uma convivência harmoniosa (COELHO, 2018).
Segundo Ferreira e Borges (2022), um dos princípios fundamentais da interculturalidade é a promoção da igualdade de direitos e oportunidades para todas as culturas, implica em reconhecer e combater qualquer forma de discriminação ou exclusão baseada em origem étnica, religiosa, linguística ou cultural. Ao celebrar a diversidade como um elemento essencial para o desenvolvimento humano e social, a interculturalidade busca criar sociedades mais justas, inclusivas e democráticas, onde todas as pessoas possam participar plenamente da vida em comunidade, independentemente de sua origem cultural.
A interculturalidade pode se manifestar em diversas áreas, como educação, arte, política, negócios e mídia. Como, em contextos educacionais, a interculturalidade pode ser promovida através da inclusão de conteúdos e perspectivas culturais diversas no currículo escolar, bem como por meio de atividades que estimulem o intercâmbio cultural entre os estudantes (PARAQUETT, 2018).
No contexto globalizado em que vivemos, a interculturalidade torna-se cada vez mais relevante, uma vez que as interações entre diferentes culturas são inevitáveis e ocorrem em diversos níveis, desde o local até o global. No entanto, reconhecer que a interculturalidade não é um processo isento de desafios. Diferenças de valores, crenças e práticas podem gerar mal-entendidos e conflitos, exigindo um esforço contínuo de diálogo, respeito mútuo e adaptação (OLIVEIRA; SOUZA, 2022).
A interculturalidade é vista como um caminho para a construção de sociedades mais inclusivas, justas e pacíficas, onde a diversidade cultural é valorizada e celebrada. É um processo dinâmico e em constante evolução, que exige o engajamento de todos os membros da sociedade na promoção do respeito, da tolerância e da cooperação entre culturas diferentes (RUSSO; BORRI-ANADON, 2019).
3 Identidades culturais brasileira e venezuelana
As identidades culturais do Brasil e da Venezuela são complexas e diversificadas, refletindo a rica história e a mistura de influências étnicas, culturais e sociais que moldaram esses países ao longo do tempo. No caso do Brasil, a identidade cultural é profundamente influenciada pela diversidade étnica resultante da colonização portuguesa, da escravidão africana e da migração de diversas outras comunidades, como indígenas, europeus e asiáticos. Essa mistura de culturas se reflete na música, na dança, na culinária e nas tradições religiosas do país. Como, o samba, o carnaval e o futebol são elementos centrais da identidade cultural brasileira, que representam a fusão de influências africanas, europeias e indígenas (SANTOS; ZAMBRANO, 2020).
De acordo com Gonzalo et al. (2016), a identidade cultural venezuelana também é caracterizada por uma rica diversidade étnica e cultural, embora de uma maneira distinta em comparação ao Brasil. Na Venezuela, a população é predominantemente mestiça, resultado do encontro histórico entre indígenas, europeus e africanos durante o período da colonização espanhola. Essa miscigenação étnica contribuiu para a formação de uma identidade venezuelana única, marcada por uma fusão de influências culturais.
A Venezuela possui uma forte tradição indígena, com várias etnias que preservam suas línguas, costumes e crenças ancestrais. Essas comunidades indígenas têm um papel importante na diversidade cultural do país, contribuindo para a preservação de tradições antigas e transmitindo conhecimentos ancestrais às gerações futuras. Essa diversidade étnica e cultural é um reflexo da rica herança histórica e do legado multicultural da Venezuela (CENTOFANTE et al., 2022).
Sábio (2020) ressalta que a música e a culinária são elementos centrais da identidade cultural venezuelana. A salsa, um gênero musical vibrante e cativante, e o joropo, uma dança tradicional animada, são expressões artísticas profundamente enraizadas na cultura do país. Da mesma forma, a culinária venezuelana é conhecida por sua variedade de pratos deliciosos, que refletem a influência das diferentes regiões geográficas e das culturas que contribuíram para a formação da identidade gastronômica venezuelana.
Esses aspectos culturais distintos contribuem para a riqueza e a diversidade da identidade venezuelana, que continua a evoluir e se adaptar às mudanças sociais, políticas e econômicas. Ao reconhecer e celebrar essa diversidade, a Venezuela enriquece sua herança cultural e fortalece os laços de identidade entre seus habitantes, promovendo um maior senso de pertencimento e orgulho nacional (SILVA, 2021).
Ambos os países também enfrentam desafios em relação à preservação e valorização de suas identidades culturais em meio à globalização e à influência crescente da cultura ocidental. A migração, as mudanças sociais e econômicas e os conflitos políticos também podem afetar a forma como as pessoas se identificam com sua cultura e tradições (SOARES et al., 2022).
No entanto, apesar das diferenças e dos desafios, tanto o Brasil quanto a Venezuela compartilham um profundo senso de orgulho e identidade cultural, que se manifesta em suas expressões artísticas, na valorização de suas raízes históricas e na solidariedade entre os diferentes grupos étnicos e sociais que compõem suas sociedades. Essa riqueza cultural é um reflexo da diversidade e da pluralidade que caracterizam esses países e contribui para sua identidade nacional única (CARVALHO et al., 2023).
4 Dinâmicas interculturais entre brasileiros e venezuelanos
As dinâmicas interculturais entre brasileiros e venezuelanos são influenciadas por uma série de fatores, incluindo história, geografia, migração e relações políticas. Essas interações podem ocorrer em diferentes contextos, como trabalho, educação, comunidade e vida cotidiana, e têm o potencial de gerar tanto oportunidades de enriquecimento cultural quanto desafios de adaptação e compreensão mútua (SOUZA et al., 2023).
Na migração, as dinâmicas interculturais entre brasileiros e venezuelanos têm se tornado cada vez mais proeminentes, principalmente devido à crise política, econômica e humanitária que assola a Venezuela. Essa crise tem levado muitos venezuelanos a buscarem refúgio e oportunidades em países vizinhos, incluindo o Brasil, resultando em uma migração em larga escala. Como resultado, têm surgido encontros interculturais significativos entre brasileiros e venezuelanos, proporcionando oportunidades para interação, compartilhamento de experiências e aprendizado mútuo (FRIEDRICH; BERTOLDO, 2022).
Segundo Soares et al. (2022), essa migração em massa não apenas alterou a paisagem demográfica de regiões específicas do Brasil, mas também tem influenciado as dinâmicas sociais, econômicas e culturais dessas áreas. Os venezuelanos que chegam ao Brasil trazem consigo suas próprias tradições, língua, culinária e perspectivas culturais, enriquecendo o tecido social das comunidades receptoras. Ao mesmo tempo, os brasileiros têm a oportunidade de se engajar com uma cultura diferente, expandindo seus horizontes e promovendo uma compreensão mais profunda da diversidade humana.
Esses encontros interculturais não estão isentos de desafios. A adaptação dos venezuelanos à nova realidade no Brasil pode ser difícil, enfrentando barreiras linguísticas, culturais e socioeconômicas. Da mesma forma, as comunidades locais podem encontrar desafios ao lidar com a chegada de uma grande quantidade de migrantes, incluindo questões relacionadas à integração, distribuição de recursos e coesão social. No entanto, esses desafios também representam oportunidades para o crescimento e o desenvolvimento, à medida que as comunidades trabalham juntas para encontrar soluções colaborativas e promover a inclusão e o bem-estar de todos (GONZALO et al., 2016).
No entanto, essas dinâmicas interculturais também podem gerar desafios, especialmente em termos de integração e convivência harmoniosa entre os dois grupos. Diferenças culturais, linguísticas e sociais podem criar barreiras de comunicação e compreensão, enquanto estereótipos e preconceitos podem alimentar tensões e conflitos interculturais. Questões relacionadas à competição por recursos, empregos e moradia também podem surgir, especialmente em áreas onde a chegada de venezuelanos têm impactado significativamente as comunidades locais (SÁBIO, 2020).
De acordo com Figueiredo e Pacheco (2023), para promover uma convivência intercultural positiva entre brasileiros e venezuelanos, investir em iniciativas que incentivem o diálogo, o respeito mútuo e a valorização da diversidade, pode incluir programas de integração cultural, aulas de idiomas, eventos comunitários e oportunidades de trabalho e educação que promovam a colaboração e a cooperação entre os dois grupos. Políticas públicas que protejam os direitos dos migrantes e promovam a inclusão social e econômica são essenciais para garantir uma migração segura e digna.
As dinâmicas interculturais entre brasileiros e venezuelanos são um reflexo da complexidade e da diversidade das sociedades contemporâneas, apresentando tanto desafios quanto oportunidades para a construção de sociedades mais inclusivas e resilientes. O reconhecimento e a valorização das diferenças culturais, juntamente com o compromisso com o diálogo e a cooperação, são fundamentais para promover uma convivência intercultural harmoniosa e construtiva entre os dois grupos (FORTES, 2022).
5 Convivência intercultural
A perspectiva intercultural rompe com uma visão essencialista das culturas e das identidades culturais. Concebe as culturas em contínuo processo de elaboração, desconstrução e reconstrução. Certamente cada cultura tem suas raízes, mas estas raízes são históricas e dinâmicas. Não fixam as pessoas em determinado padrão cultural (CANDAU, 2023).
A convivência intercultural é um processo dinâmico que envolve a interação e a coexistência entre pessoas de diferentes origens culturais, buscando promover o entendimento mútuo, o respeito e a harmonia em um ambiente multicultural. Essa convivência pode ocorrer em diversos contextos, como comunidades, locais de trabalho, instituições educacionais e espaços públicos, e é fundamental para o fortalecimento da coesão social e o desenvolvimento de sociedades pluralistas (SOUZA et al., 2023).
No cerne da convivência intercultural está o reconhecimento e a valorização da diversidade cultural como uma fonte essencial de enriquecimento e aprendizado, implica em cultivar uma postura de abertura ao diálogo intercultural, onde as pessoas estão dispostas a compartilhar suas experiências, tradições, valores e perspectivas, buscando estabelecer pontos de conexão e promover um entendimento mútuo mais profundo (CARVALHO et al., 2023).
É fundamental reconhecer que cada cultura possui sua própria riqueza e contribuição para o mosaico cultural global e, portanto, estar aberto a aprender com as experiências e conhecimentos dos outros. O diálogo intercultural não apenas permite a troca de informações e ideias, mas também promove a construção de laços de confiança e respeito mútuo (FERREIRA; BORGES, 2022).
Cultivar a empatia e a tolerância em relação às diferenças culturais significa reconhecer e respeitar as perspectivas, práticas e crenças dos outros, mesmo quando divergem das nossas. A empatia nos permite nos colocar no lugar do outro e compreender suas experiências e motivações, enquanto a tolerância nos capacita a conviver pacificamente com a diversidade, mesmo quando discordamos ou não compreendemos completamente as crenças ou comportamentos do outro (PARAQUETT, 2018).
Gonzalo et al. (2016) ressalta que embora o diálogo intercultural possa ser enriquecedor, ele também pode envolver desafios e conflitos, especialmente quando as diferenças culturais são percebidas como ameaçadoras ou desconfortáveis. Nesses momentos, é fundamental manter uma atitude de respeito mútuo e buscar ativamente formas construtivas de resolver conflitos e promover a compreensão mútua.
Para promover uma convivência intercultural positiva, criar espaços e oportunidades para o encontro e a interação entre diferentes culturas, pode incluir a organização de eventos culturais, workshops, grupos de discussão e projetos colaborativos que incentivem a participação e o engajamento de pessoas de origens diversas. É fundamental investir em educação intercultural, tanto formal quanto informal, que prepare as pessoas para viver em sociedades multiculturais (FORTES, 2022).
A convivência também pode enfrentar desafios, especialmente em contextos em que há desigualdades sociais, econômicas e políticas, bem como tensões étnicas ou religiosas. O preconceito, a discriminação e o racismo podem minar os esforços de convivência intercultural, criando divisões e conflitos dentro da sociedade. Por isso, adotar políticas e práticas que promovam a igualdade de direitos e oportunidades para todos, bem como combater ativamente qualquer forma de discriminação ou exclusão (SILVA, 2021).
A convivência intercultural é um processo contínuo e desafiador, mas também enriquecedor e vital para o desenvolvimento de sociedades inclusivas e democráticas. Requer o compromisso de todas as partes envolvidas em promover o diálogo, o respeito mútuo e a cooperação entre culturas diferentes, visando construir um mundo onde a diversidade seja celebrada e valorizada como uma força para o bem comum (COELHO, 2018).
Portanto, a convivência intercultural como destacam autores como Souza et al. (2023), Carvalho et al. (2023) e Ferreira e Borges (2022), é um processo essencial para promover a compreensão e a harmonia entre pessoas de diferentes origens culturais, se baseia no reconhecimento e na valorização da diversidade cultural, incentivando o diálogo, a empatia e a tolerância. Contudo, enfrenta desafios, como apontado por Silva (2021), relacionados a desigualdades sociais, discriminação e conflitos étnicos ou religiosos, demandando a implementação de políticas e práticas que promovam a igualdade de direitos e oportunidades para todos. Assim, a convivência intercultural, conforme ressaltam Coelho (2018) e Fortes (2022), é um processo contínuo que requer o engajamento de todas as partes interessadas na promoção do respeito mútuo e na construção de sociedades inclusivas e democráticas.
6 Considerações finais
A interculturalidade é um conceito essencial para entender e promover a convivência harmoniosa entre pessoas de diferentes origens culturais. Ao reconhecer e valorizar a diversidade cultural, a interculturalidade oferece uma abordagem dinâmica e inclusiva para lidar com as complexidades das sociedades contemporâneas.
Ao explorar as identidades culturais brasileira e venezuelana, foi possível compreender suas origens históricas, manifestações contemporâneas e sua importância para as dinâmicas interculturais. A rica diversidade étnica e cultural desses países contribui significativamente para a formação de uma identidade nacional única, refletida em suas expressões artísticas, tradições e valores.
As dinâmicas interculturais entre brasileiros e venezuelanos, especialmente no contexto da migração em massa, foram examinadas em detalhes, destacando tanto as oportunidades quanto os desafios enfrentados por ambos os grupos. A migração venezuelana para o Brasil trouxe consigo uma série de encontros interculturais significativos, que oferecem oportunidades para o intercâmbio cultural e o aprendizado mútuo.
No entanto, essas dinâmicas interculturais também apresentam desafios, como barreiras linguísticas, culturais e socioeconômicas, bem como estereótipos e preconceitos que podem alimentar tensões e conflitos interculturais. Para promover uma convivência intercultural positiva entre brasileiros e venezuelanos, é essencial investir em iniciativas que incentivem o diálogo, o respeito mútuo e a valorização da diversidade.
Esta pesquisa contribui para o entendimento das relações interculturais entre Brasil e Venezuela, oferecendo dados para políticas públicas, práticas sociais e estudos futuros sobre o tema. Ao compreender melhor as dinâmicas interculturais entre esses dois países, é possível promover uma convivência mais harmoniosa e enriquecedora entre brasileiros e venezuelanos, bem como suas diversas comunidades.
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