OS IMPACTOS DO DIAGNÓSTICO DE AUTISMO NO AMBIENTE  FAMILIAR: UMA REVISÃO LITERÁRIA 

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202507131119


Alciane Melo dos Santos de Brito1
Orientadora: Profª. Dr.:Sandra Karina M. do Vale2


RESUMO 

O artigo consiste em uma revisão literária com o objetivo de aprofundar o conhecimento  sobre os impactos do diagnóstico de autismo no ambiente familiar, visando compilar e  discutir os principais achados da literatura recente sobre o tema, destacando como a  dinâmica familiar é afetada após a descoberta. De forma mais específica, contribuir para  o conhecimento do referencial teórico, identificar os subtemas associados o tema  proposto; apontar as principais teorias e autores acionados; evidenciar as principais  metodologias utilizadas; analisar as ênfases, distanciamentos e lacunas em estudos  referentes ao tema. Para a revisão foi de cunho qualitativo, onde foram selecionados  trabalhos que estavam dentro dos critérios de inclusão estabelecidos previamente. A  estratégia de pesquisa foi elaborada com base nos descritores presentes nas plataformas: IBICIT/BDTD, SCIELO e ANPED. Os termos foram interligados utilizando os  operadores booleanos “OR” e “AND”. A busca foi conduzida utilizando as palavras chaves, “Família” AND “Diagnóstico” AND “Transtorno do Espectro Autista”. Os  resultados obtidos durante a pesquisa chegaram em 7 trabalhos que variam entre artigos  científicos e teses de mestrado, entre os anos 2021 e 2024, a revisão evidenciou que o  diagnóstico de autismo impacta significativamente a dinâmica familiar, gerando  sobrecarga emocional e adaptações na rotina, com ênfase na centralidade do cuidado  materno e ausência paterna, a negação e luto, além de desafios socioeconômicos e falta  de apoio institucional. Lacunas persistem na representação de pais e irmãos, em estudos  longitudinais e na diversidade socioeconômica das amostras. 

Palavras-chaves: família; diagnóstico; transtorno do espectro autista.  

ABSTRACT 

The article consists of a literature review aimed at deepening the understanding of the  impacts of an autism diagnosis on the family environment, with the goal of compiling and  discussing the main findings from recent literature on the subject, highlighting how  family dynamics are affected after the diagnosis. More specifically, it seeks to contribute  to the theoretical framework, identify subtopics related to the proposed theme, point out  the main theories and referenced authors, highlight the primary methodologies used, and  analyze the emphases, divergences, and gaps in studies on the topic. The review was  qualitative in nature, selecting works that met the predefined inclusion criteria. The  research strategy was developed based on descriptors from the following platforms:  IBICT/BDTD, SCIELO, and ANPED. The terms were combined using the Boolean  operators “OR” and “AND.” The search was conducted using the keywords “Family”  AND “Diagnosis” AND “Autism Spectrum Disorder”. The results of the research yielded  seven works, including scientific articles and master’s theses, published between 2021  and 2024. The review revealed that an autism diagnosis significantly impacts family  dynamics, leading to emotional overload and routine adjustments, with an emphasis on  the centrality of maternal care and paternal absence, denial and grief, as well as  socioeconomic challenges and a lack of institutional support. Gaps persist in the  representation of fathers and siblings, in longitudinal studies, and in the socioeconomic  diversity of samples. 

Keywords: family; diagnosis; autism spectrum disorder. 

1 INTRODUÇÃO 

Um dos termos mais usados nos últimos anos, é a palavra autismo, sua etimologia  segundo Franco e Souza (2016), tem origem grega, derivando do termo “autos” (que significa voltar-se para si mesmo), e foi utilizada pela primeira vez por Eugen Bleuler  para descrever certas características da esquizofrenia, especialmente em relação ao  isolamento social dos indivíduos. 

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) segundo o DSM V (2014), é uma  condição neurodesenvolvimental que afeta a comunicação, o comportamento e a  interação social dos indivíduos, apresentando uma ampla gama de manifestações e  severidades. O diagnóstico de autismo não impacta apenas a vida da pessoa afetada, mas  também gera profundas repercussões no ambiente familiar, alterando dinâmicas  interpessoais, expectativas e rotinas. 

Para a Associação Americana de Psiquiatria (2014), o transtorno do espectro do  autismo é uma condição atípica do neurodesenvolvimento e costuma ser diagnosticado  ainda na infância e se caracteriza por dificuldades significativas na interação social e na  comunicação, além do surgimento de comportamentos repetitivos e interesses restritos. 

Para Morreto et al., (2020), a comorbidade e as demandas de uma criança dentro  do espectro podem resultar na renúncia a vários aspectos da vida pessoal ou profissional  a fim de fornecer o melhor cuidado possível. Nesse contexto, a compreensão dos efeitos do diagnóstico de autismo sobre a família é crucial para o desenvolvimento de  intervenções e políticas de apoio que promovam o bem-estar de todos os membros  envolvidos. 

O diagnóstico de autismo, além de marcar um ponto de virada na vida da criança,  reverbera intensamente no ambiente familiar, reconfigurando dinâmicas, expectativas e  papéis. Os impactos desse processo não são uniformes, segundo Bonfim (2020), eles variando conforme fatores como contexto cultural, recursos socioeconômicos, acesso a  redes de apoio e a própria trajetória de cada família.  

Nos últimos anos, afirma André et al. (2020), o número de diagnósticos de TEA  tem aumentado de forma significativa. Alguns fatores podem ter contribuídos para esse  aumento como, o autismo hoje ser considerado um espectro, que abrange várias  síndromes, o fato do assunto está na mídia, nas escolas e nas redes socias, os pais possuem  mais informações e juntamente com os professores adquiriram um olhar mais atento para  comportamentos atípicos. 

Klinger (2020), destaca que esse crescimento na identificação de casos de TEA  pode ser atribuído a mudanças nos critérios diagnósticos, ao maior acesso à informação  sobre o tema por parte de pais e da sociedade, além da implementação de serviços especializados em autismo. A detecção precoce do transtorno tem se tornado mais  comum, facilita o acesso a tratamentos em momentos mais apropriados.  Portanto, o tema deste trabalho são os impactos do diagnóstico de autismo na  dinâmica familiar, para isso, buscou-se fazer uma revisão literária, que é uma ferramenta  metodológica fundamental na pesquisa científica, pois permite a análise crítica e  sistemática de estudos já realizados sobre um determinado tema. Para Gil (2017), ela  oferece um panorama do conhecimento existente, identifica lacunas na literatura e  contribui para a construção de novas hipóteses e abordagens. 

A importância de realizar uma revisão literária sobre os impactos do diagnóstico  de autismo no ambiente familiar reside na necessidade de compreender como essa  experiência é vivenciada pelas famílias, quais desafios enfrentam e quais estratégias de  enfrentamento são adotadas. Este trabalho justifica-se pela necessidade urgente de  abordagens que reconheçam não apenas as particularidades do autismo, mas também as  vozes e necessidades das famílias que o vivenciam. 

O artigo tem como objetivo geral aprofundar o conhecimento sobre os impactos  do diagnóstico de autismo no ambiente familiar, visando compilar e discutir os principais  achados da literatura recente sobre o tema, destacando como a dinâmica familiar é afetada  após a descoberta. De forma mais especifica, contribuir para o conhecimento do  referencial teórico, identificar os subtemas associados o tema proposto; apontar as  principais teorias e autores acionados; evidenciar as principais metodologias utilizadas; analisar as ênfases, distanciamentos e lacunas em estudos referentes ao tema. 

2 METODOLOGIA 

O produto deste trabalho é uma revisão literária que analisou trabalhos  acadêmicos, os quais tratam de como o diagnóstico de autismo impacta o ambiente  familiar. Este tipo de revisão, afirma Marconi e Lakatos (2007), abrange uma gama mais  ampla de temas, muitas vezes carecendo de uma questão específica, dispensando um  protocolo rígido na sua formulação, e frequentemente sendo empregada em estudos  menos abrangentes. Gil (2017, p. 42), apresenta que “a revisão de literatura é uma análise  crítica e detalhada das publicações existentes sobre um determinado tema, com o objetivo  de contextualizar a pesquisa, identificar lacunas no conhecimento e fundamentar  teoricamente o estudo.” 

A pesquisa teve como análise qualitativa de trabalho que estavam dentro dos  critérios de inclusão estabelecidos previamente. A estratégia de pesquisa foi elaborada  com base nos descritores presentes nas plataformas: IBICIT/BDTD, SCIELO e ANPED.  Os termos foram interligados utilizando os operadores booleanos “OR” e “AND”. A busca  foi conduzida utilizando as palavras-chaves, “Família” AND “Diagnóstico” AND  “Transtorno do Espectro Autista”.  

Para a seleção dos artigos, foram adotados os seguintes critérios de inclusão:  disponíveis na íntegra, de forma gratuita, publicados nos últimos cinco anos, em língua  portuguesa, e que abordem a temática proposta. Trabalhos de língua estrangeira,  incompletos ou com mais de cinco anos, foram excluídos do processo. Proporcionando a  criação de uma base de dados preliminar e bruta, que serviu de suporte ao longo desta  pesquisa. 

Foram identificados 95 trabalhos, que abordam o tema o diagnóstico de autismo  e o impacto na dinâmica familiar, dos quais 7 trabalhos foram escolhidos para análise,  que basicamente foi composta por leitura e filtragem dos artigos, para que se pudesse ter  uma visão geral das obras. A última etapa foi a confecção escrita deste trabalho, os  trabalhos foram dispostos em uma tabela que abordam título, data e local, subtema,  primeiros estudos sobre o tema, metodologias utilizadas, resultados e lacunas. Os  trabalhos foram analisados, buscando ser claro e conciso, com o intuito de facilitar o  entendimento do leitor. 

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES  

Usando as palavras-chaves e os filtros de idioma e com a busca dentro dos últimos  cinco anos, foram encontrados 25 artigos na base de dados IBICIT/BDTD, 53 na SCIELO  e 17 artigos na base ANPED, totalizando 95 artigos, após analisar os títulos e os resumos,  foram selecionados 23 trabalhos para leitura integral. Desses, foram excluídos 3 por  abordarem estratégias de cuidado para a criança com deficiência e não abordarem os seus  familiares, 4 por apresentarem o cuidado de enfermagem da criança com TEA, 9 por  serem artigos de revisão da literatura não respondendo o objetivo de estudo. Dentro dos  estudos encontrados, foram escolhidos 7 para integrarem os resultados da pesquisa, que  estão disponibilizados no quadro 1. 

Quadro 1 – Textos identificados e selecionados para análise

BDTD ANPED SCIELO
Transtorno do Espectro  Autista e o impacto nos  irmãos e irmãs com  desenvolvimento típico.Mudança do ciclo familiar: O  diagnóstico de Autismo e os  impactos na relação conjugalVivências de familiares de  crianças diagnosticadas com  Transtorno do Espectro  Autista
Experiências parentais na  criação de crianças com  transtorno do espectro autistaJovens com transtorno autista,  suas mães e irmãos: vivências  familiares e modelo  bioecológico
Transtorno do espectro  autista e a dinâmica familiarA adolescência de Irmãos de  Indivíduos com Transtorno do  Espectro Autista

 Fonte: elaborado pelos(as) autores(as) 

3.1 Primeiros estudos, locais onde o tema é mais pesquisado e os subtemas associados

O quadro a seguir apresenta informações sobre os resultados do levantamento dos  trabalhos selecionados para revisão, destacando os locais onde foram encontrados os  trabalhos analisados, a data de publicação, os autores que primeiro abordaram o tema e  os subtemas que cada estudo apresenta. 

Quadro 2 – Resultados do levantamento – parte 1 

Primeiros estudos Data e Locais  da pesquisaSubtemas
Bleuler, (1911);  Kanner, (1940)2021, SCIELO A percepção das mães, as experiências vivenciadas por famílias  no cuidado de crianças com TEA.
Bleuler, (1911);  Kanner, (1940)2021, ANDEP Relação conjugal sob a perspectiva sistêmica. fenômenos  sociais que alteram o ciclo familiar; Desafios emocionais e  práticos enfrentados pelas famílias. 
Bronfenbrennr,  (1996)2022, SCIELO Fatores de risco e proteção; Impacto do diagnóstico de TEA nas  dinâmicas familiares e interações fraternas. 
Bauminger e  Yirmiya, (2001).2022, BDTD Sobrecarga materna; Comorbidades associadas ao TEA; ABA  e seu impacto nos irmãos; Efeitos psicossociais em irmãos com  desenvolvimento típico.
Kanner, (1943);  Asperger, (1944) 2023, BDTD Histórico e características do TEA; impacto do diagnóstico de  TEA na dinâmica familiar; modelo Bioecológico de  Bronfenbrenner; concepções parentais e comportamento  parental. 
Bleuler, (1911);  Kanner, (1940)2023, BDTD Desafios cotidianos da família no cuidado à criança com TEA;  repercussão do diagnóstico de crianças com TEA na dinâmica  familiar.
Gorjy et al. (2017),  Petalas et al. (2012)  e Cridland et al.  (2016).2024, SCIELO As transformações físicas, busca da identidade e da autonomia;  as repercussões do TEA na adolescência e na família; os papéis  desempenhados pelos adolescentes irmãos de indivíduos com  TEA.

Fonte: elaborado pelos(as) autores(as) 

Os resultados obtidos durante a pesquisa chegaram em 7 trabalhos que variam  entre artigos científicos e teses de mestrado, entre os anos 2021 e 2024, concentrando-se  nas repercussões do diagnóstico de autista, nas dinâmicas familiares. Os subtemas  abordados incluem o impacto emocional e prático do diagnóstico nas famílias, adaptações na rotina doméstica, sobrecarga materna, ausência paterna, e desafios enfrentados por  irmãos de indivíduos com TEA, especialmente durante a adolescência.  Os estudos fundamentam-se em referenciais teóricos clássicos, como o conceito  inicial de autismo proposto por Bleuler (1911), as características do TEA descritas por  Kanner (1943), e o modelo bioecológico de Bronfenbrenner (1996), utilizado para  analisar interações familiares e contextos ambientais. Autores contemporâneos, como  Bauminger e Yirmiya (2001), contribuíram com análises sobre os efeitos psicossociais  em irmãos, enquanto pesquisadores brasileiros, como Magalhães (2021), Aguirre (2021) e Lemos (2022), exploraram especificidades locais, como a centralidade do cuidado  materno e as lacunas no apoio profissional.  

O entendimento de família tem evoluído ao longo do tempo, adaptando-se às  mudanças nos contextos históricos, sociais e políticos. Como observam Dos Santos e  Ningeliski (2024, p. 932), “o conceito de família se revelou dinâmico, ajustando-se às  transformações sociais e temporais de cada época”. 

Com a promulgação da Constituição brasileira de 1988, segundo Brasil (1988, art.  226), a definição de família foi ampliada, sendo reconhecida como a base da sociedade é descrita como a união estável entre um homem e uma mulher ou entre quaisquer dos pais  e seus filhos. Goldani (1994, p. 10) destaca que, ao enfatizar a importância da proteção  aos dependentes, como crianças, jovens e idosos, a Constituição Brasileira também  reconhece as desigualdades de poder dentro do núcleo familiar. 

Segundo Ferrari e Kaloustian (1994, p. 11), a família desempenha um papel  crucial na educação, tanto formal quanto informal. É no ambiente familiar que se  internalizam valores éticos e humanitários, se fortalecem os laços de solidariedade, se  constroem as tradições entre gerações e se transmitem valores culturais. 

Quando os primeiros sinais de alterações no comportamento de uma criança  começam a impactar a dinâmica familiar? Silva (2023) aponta que, desde as primeiras  pesquisas sobre o diagnóstico do autismo, como os estudos de Kanner e Asperger, ficou  claro que as características autísticas se tornam mais evidentes e persistentes a partir do  segundo ano de vida. Nesse estágio, pais e cuidadores podem perceber com mais clareza  os indícios do transtorno. 

A aceitação do diagnóstico de autismo varia entre as famílias e é um processo que  envolve dor e adaptação, demandando informação e educação para os pais e responsáveis.  De acordo com De Jesus Vidal et al. (2021), quando os pais notam diferenças no  desenvolvimento de um filho que podem indicar um Transtorno do Espectro Autista (TEA), frequentemente, como uma forma de defesa, eles tendem a não aceitar esse  diagnóstico como verdadeiro. 

No início, por se tratar de uma situação nova, como afirma Caparroz et al. (2022), inesperada na vida familiar, uma criança autista tem que ter cuidados e tem uma  dependência dos pais intensa, onde ocorre uma situação de impacto e transformações nas  vidas dos envolvidos, onde é necessário rever os planos e as expectativas para o futuro da  criança e dos pais. 

3.2 Os autores, metodologias, resultados e lacunas  

O quadro 3, apresenta os resultados do levantamento, destacando o nome dos  autores de cada trabalho selecionado, as metodologias empregadas na realização de  cada pesquisa. São expostos os resultados alcançados em cada trabalho, além das lacunas  observadas.  

Quadro 3 – Resultados do levantamento – parte 2

Autores Metodologias Resultados e lacunas
MAGALHÃES,  Juliana Macêdo  et al.Pesquisa  qualitativaForam identificadas cinco ideias centrais relacionadas aos  estágios vividos pelos familiares após o diagnóstico, desde a  negação até a aceitação. A busca por ajuda e as adaptações da  rotina são vivências constantes. Conclui-se que cuidar de  crianças com TEA envolve aprendizados que vão dos aspectos estruturais aos emocionais, como lidar com as limitações e  impossibilidade de cura, apontando para a necessidade de um  cuidado familiar.
AGUIRRES,  Ariane; ZANDONADI,  Antônio  Carlos.Qualitativa,  descritiva e  exploratóriaDiagnóstico tardio, contrariando recomendações de  intervenção precoce, sofrimento psíquico dos pais, sobrecarga  materna nos cuidados, com ausência paterna significativa, falta  de acolhimento profissional adequado durante o diagnóstico. Identificou-se lacunas na participação paterna. Escassez de  estudos sobre estratégias par equilibrar cuidados com o filho e  vida conjugal. Dificuldades financeiras e acesso limitado a  profissionais especializados em regiões do interior.
LEMOS,  Emellyne Lima  de Medeiros  Dias;  SALOMÃO,  Nádia Maria  Ribeiro.Qualitativa e descritiva.Sobrecarga materna, percepção ambivalente de irmãos,  limitações na participação paterna. Irmãos demonstram  esperança na evolução do irmão com TEA. Algumas lacunas  foram o predomínio de famílias com nível socioeconômico  mais alto, o que pode enviesar os resultados. A baixa  representatividade dos pais nas entrevistas. Necessidade de  estudos observacionais. Crianças menores e jovens com TEA  apresentaram respostas limitadas, indicando a necessidade de  recursos complementares.
BONFIM, W.  G.Qualitativa e Quantitativa,  
descritiva 
Sobrecarga materna, assimetria no cuidado com os filhos,  comportamentos hetero/auto lesivos do TEA. Irmãos com TEA  foram favorecidos por imitação de comportamentos-modelo  dos irmãos típicos. Lacunas identificadas: Amostra limitada,  apenas percepções maternas sem observação direta ou relatos  dos irmãos, variáveis não analisadas.
SILVA,  Leonídia Aparecida Pereira da et al. Qualitativa exploratória com recorte transversalFalta de esclarecimento por parte de profissionais de saúde,  centralidade do cuidado materno, com participação limitada  dos pais, sobrecarga emocional e adaptação da rotina familiar,  dificuldades no acesso a terapias, falta de aceitação escolar e  social, julgamento e preconceito em ambientes públicos.  Algumas lacunas foram encontradas como escassez de estudos  que integrem a perspectiva bioecológica ao TEA, necessidade  de investigar experiências paternas. Fragilidades no acesso a  serviços de saúde e educação especializada e discordâncias  entre documentos oficiais.
GRACIANO,  Olenice Ernesto  de Araújo.Pesquisa  qualitativa, com  coleta de dados por  meio de pesquisa  de campo. Análise  de conteúdo  temática.Os resultados apontam que os desafios cotidianos das famílias  estão relacionados a fragilidades na compreensão sobre o TEA,  no acesso à informação, na socialização/comunicação e na  qualidade da assistência. As repercussões do diagnóstico na  dinâmica familiar também constituem motivo de preocupação,  devido a dificuldades com o estigma, a rotina diária.
LÍBIO, Larissa;  BOSA,  Cleonice Alves.Pesquisa  qualitativa,  transversal e  exploratória,  estudo de casos  múltiplos  adolescentes.Os resultados demonstram que a experiência de ter um irmão  com TEA não impediu a realização das tarefas  desenvolvimentais esperadas para a adolescência, mas trouxe  desafios e particularidades, como lidar com características do  TEA, falta de momentos exclusivos com os pais e assunção de  diferentes papéis.

Fonte: elaborado pelos(as) autor 

Nos trabalhos analisados, predominaram abordagens qualitativas, com ênfase em  entrevistas semiestruturadas, grupos focais e análise temática de conteúdo. Estudos  descritivos e exploratórios caracterizaram a maioria das pesquisas, com exceção de um  trabalho que adotou metodologia mista (qualitativa e quantitativa). As amostras foram  majoritariamente compostas por mães, refletindo uma limitação recorrente: a sub representação de pais e irmãos, especialmente em contextos socioeconômicos menos  favorecidos.  

Os resultados evidenciaram estágios emocionais vivenciados pelas famílias pós diagnóstico, como negação, luto e aceitação, além da sobrecarga materna associada à  ausência paterna e à falta de suporte institucional. Em irmãos, observou-se ambivalência  entre afeto e responsabilidade, com adolescentes assumindo papéis de cuidado sem  prejuízo às tarefas desenvolvimentais, embora enfrentassem desafios como a falta de  atenção exclusiva dos pais. Fatores protetivos, como redes de apoio e resiliência familiar,  destacaram-se como elementos mitigadores de estresse.  

Contudo, lacunas significativas foram identificadas. A participação paterna  permanece pouco explorada, assim como a diversidade socioeconômica das amostras,  majoritariamente representadas por famílias de classe média-alta. A escassez de estudos  longitudinais limita a compreensão das trajetórias familiares a longo prazo, enquanto a  integração do modelo bioecológico ao contexto do TEA ainda carece de aprofundamento. 

Além disso, há carência de políticas públicas direcionadas ao acesso equitativo a terapias  e educação especializada, principalmente em regiões interioranas.  

Em síntese, os estudos sublinham a complexidade do cuidado familiar no TEA,  marcada por desafios estruturais e emocionais. Estudos a longo prazo seriam  fundamentais para acompanhar o desenvolvimento das crianças com TEA, diante das  terapias, do desenvolvimento escolar, do convívio social, pois se cada criança autista  exerce suas peculiaridades, mas compartilham de muitos outros aspectos da vida,  entender o todo se torna essencial para traçar metodologias para o pleno  desenvolvimentos dessas crianças. Pois como afirma Magalhães et al. (2021), as crianças  diagnosticadas com TEA exigem cuidados diferenciados, incluindo ajustes na educação  formal e na educação em geral. 

O acompanhamento de longo prazo no desenvolvimento familiar de cunho social,  econômico e emocional, diante do estresse e da pressão exercida pelo diagnóstico de  autismo nos atores familiares, seria de extrema importância para compreender como cada  família pode buscar ajuda para lidar com essa situação.  

Um ponto em comum que emerge das pesquisas analisadas é que a família tende  a se concentrar exclusivamente na criança autista, o que pode resultar em um  distanciamento das interações sociais e em outros impactos entre os outros membros. O  impacto do diagnóstico para a família é pesado, com um misto de incerteza e  inseguranças. Como corrobora Roiz e Figueiredo (2023, p 23), “ser mãe de uma criança  com TEA requer um movimento interno de superação, aceitação e adaptação para  promover uma parentalidade saudável”. 

A família é imprescindível no preparo da criança desde muito cedo, visando o  mundo que ela irá enfrentar, na adaptação da quebra de uma rotina, do convívio com  outras crianças e no diálogo, entender que as coisas nem sempre serão iguais, que as  mudanças fazem parte da vida. Para Caparroz et al. (2022 A uma nova realidade, no  sentido de que o contexto do transtorno desencadeia repercussões ao cotidiano familiar,  frente às quais as famílias precisam, por meio de diferentes estratégias, buscar a  adaptação. 

Além da dificuldade sociais e adaptativas que o diagnóstico pode trazer para uma  família atípicas, a parte financeira também foi citada nas pesquisas, pois além das  possíveis medicações e os cuidados que uma criança com TEA pode demandar, a  possibilidade de diminuição de renda é real. Bonfim et al. (2020) afirma que muitas famílias enfrentam dificuldades em vários âmbitos no que diz respeito a questões  emocionais, sociais e econômicas, trazendo ainda mais sofrimento para a parentela. Os estudos analisados apontam que, embora o diagnóstico possa gerar desafios significativos como, estresse parental, sobrecarga emocional, ajustes nas dinâmicas  familiares e dificuldades socioeconômicas, também catalisa processos de resiliência,  fortalecimento de vínculos e redefinição de prioridades.  

A maneira como as famílias respondem a esses desafios varia conforme fatores  como acesso a redes de apoio, condições socioeconômicas, contextos culturais e a  disponibilidade de informações qualificadas. Klinger et al. (2020) destacam que, ao  enfrentar os desafios cotidianos, as famílias têm a oportunidade de desenvolver maior  confiança e competência na tomada de decisões. Além disso, elas podem aprimorar suas  habilidades para buscar apoio, tanto de fontes formais quanto informais, envolvendo  indivíduos, grupos ou instituições, o que contribui para a melhoria de sua qualidade de  vida. 

4 CONCLUSÃO 

A revisão demonstrou que o diagnóstico de autismo provoca transformações  profundas na dinâmica familiar, desencadeando processos emocionais complexos, como  negação, luto e adaptação. A sobrecarga materna foi um achado recorrente, muitas vezes  agravada pela ausência paterna e pela falta de suporte profissional adequado. Além disso,  os estudos destacaram a necessidade de ajustes na rotina doméstica e a busca por redes  de apoio para lidar com os desafios cotidianos. Esses impactos variam conforme fatores  socioeconômicos e acesso a recursos especializados.  

Os resultados também revelaram lacunas significativas na literatura, como a sub-representação de pais e irmãos nas pesquisas, especialmente em famílias de baixa renda.  A maioria dos estudos são análises de curto prazo, deixando de explorar as trajetórias  familiares a longo prazo. Outra limitação foi a escassez de investigações que integrem  modelos teóricos, como o bioecológico, para compreender as interações familiares em  diferentes contextos. As metodologias em sua maioria são de cunho qualitativo, com  pesquisa de campo exploratórias. 

Apesar dos desafios, os estudos destacaram a resiliência familiar como um fator  crucial para enfrentar as adversidades, com famílias desenvolvendo estratégias de  adaptação e fortalecimento de vínculos. A compreensão desses impactos é essencial para desenvolver intervenções que promovam o bem-estar não apenas da criança com autismo,  mas de toda a família.  

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1Discente do Curso de Mestrado em Ciências da Educação, pela Facultad Interamericana de Ciências  Sociales interamericana/FICS, Especialista em Gestão Supervisão e Orientação (FADESA 2015/2016),  Educação Infantil com Ênfase nas Serie Iniciais (FACIMAB 2018),Educação Especial (FACIMAB  2018/2019),Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica (FAEL 2021), Fundamentos para Alfabetização e  Letramento e a Psicopedagogia Institucional ( FAEL2021/2022), Educação Especial e Inclusiva (FAEL  2022), Especialização em Didática e Metodologia do Ensino de Geografia (FAEL 2022/2024). E-mail: alcianemelobrito@gmail.com;
2Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal do Pará (2000), Especialista em Educação, Cultura e  Organização Social (UFPA, 2004), Mestre em Educação, (UFPA, 2005/2006) e Doutora em Educação pela  UFPA (2012). Atualmente é professora adjunta da UFPA, campus de Abaetetuba-Pará. Atuou na formação  continuada de professores e gestores na Unidade SEDUC na Escola e na Coordenadoria de Planejamento e  Pesquisa da Fundação Escola Bosque. Atual Diretora da Faculdade de Educação e Ciências Sociais do  Campus de Abaetetuba. Vice-líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Currículo, Subjetividade e  Sexualidade na Educação Básica (Experimentações) e pesquisadora colaboradora do Grupo de Estudo e  Pesquisa “Currículo e Formação de Professores na Perspectiva da Inclusão (INCLUDERE). Atua na área  de Educação, principalmente nos seguintes temas: Currículo, Cultura, Diversidade e Diferença, Ensino e  aprendizagem e Educação Inclusiva.
E-mail: karinamendes2232@gmail.com.