REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202507051521
Daniele de Souza Jesus Rodrigues
RESUMO
Este artigo apresenta norteadores que têm a finalidade de colaborar com o processo de inclusão de crianças e adolescentes com necessidades educativas especiais no âmbito da educação básica, dentro de um contexto de interação social e percepção do meio através do uso de recursos didáticos que possibilitem a inclusão a partir da literatura infantil e infanto-juvenil. O trabalho é resultado de um estudo bibliográfico e de pesquisa de campo, bem como da pesquisa empírica, partindo de questionamentos sobre a importância da inclusão na educação básica, a relevância do papel do professor, seus anseios e necessidades, em que aspecto a literatura pode contribuir para a inclusão de alunos portadores de necessidades educacionais especiais na sala de aula e por fim, quais materiais podem ser utilizados, realizando sugestões que agregam as práticas educativas no cotidiano da escola e do aluno. O presente estudo visa de alguma maneira diminuir os anseios dos professores frente a inclusão possibilitando o desenvolvimento de um trabalho pedagógico que alcance a diversidade através de livros infantis.
Palavras-chave: Inclusão. Diversidade.Literatura.
ABSTRACT
This article presents guidelines that aim to collaborate with the process of inclusion of children and adolescents with special educational needs within the scope of basic education, within a context of social interaction and perception of the environment through the use of teaching resources that enable inclusion from children’s and young adult literature. The work is the result of a bibliographical study and field research, as well as empirical research, starting from questions about the importance of inclusion in basic education, the relevance of the teacher’s role, their desires and needs, in what aspect literature can contribute to the inclusion of students with special educational needs in the classroom and finally, which materials can be used, making suggestions that add educational practices to the daily life of the school and the student. The present study aims to somehow reduce teachers’ desires regarding inclusion, enabling the development of pedagogical work that achieves diversity through children’s books.
Keywords: Inclusion. Diversity. Literature.
1 INTRODUÇÃO
O início da vida acadêmica e social das crianças acontece na escola, tendo em vista que a educação básica compreende a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, abrangendo a faixa etária de 4 meses aos 18 anos de idade, a escola contribui em grande medida na formação do sujeito. Desta forma o ensino da linguagem, especificamente da disciplina de língua portuguesa, pode contribuir para a mudança da sociedade.
Algumas questões através desse trabalho podem ser elucidadas, por exemplo: O que a literatura traz de positivo no processo de inclusão? Qual é o papel do professor de língua portuguesa nas diferentes etapas da educação básica? Quais livros de literatura podem ser utilizados? Como tornar efetiva a inclusão através da literatura infantil e ou infanto juvenil?
A partir das respostas a essas questões através da pesquisa empírica, observação, análise documental: diários de classe, PPP ( Projeto Político Pedagógico) e entrevistas com professores, monitores, supervisora, e profissional da sala de AEE (Atendimento Educacional Especializado), realizadas na EMEF Coronel Avelino situada no bairro Borges na Cidade de Vacaria RS, sugerir livros que deem suporte para a prática inclusiva de professores de português para maior eficiência na sua prática pedagógica e atuação segura que beneficia alunos portadores de necessidades especiais, bem como seus familiares e também outros profissionais envolvidos com a inclusão de maneira direta ou indireta além de favorecer e promover o respeito à diversidade. Objetivo Geral:
– Promover a inclusão na EMEF Coronel Avelino no Município de Vacaria, de maneira efetiva, diminuindo obstáculos que limitam a aprendizagem, através de literatura inclusiva facilitando a prática pedagógica e a interação social no processo educativo para crianças e adolescentes contemplando a diversidade.
O referencial teórico da pesquisa está fundamentado em autores que discutem a educação inclusiva, a literatura e a diversidade como: Mantoan, Caceres, Sassaki e Fumegali, além da BNCC, LDB/ 96 e outras leis a respeito dos direitos das pessoas portadores de necessidades especiais e da leitura de publicações científicas sobre a Inclusão Escolar e Ludicidade.
2. A EDUCAÇÃO E INCLUSÃO
Ao pesquisar no Google o significado de inclusão são obtidos conceitos de que representa um ato de igualdade entre os diferentes indivíduos de determinada sociedade ou mesmo como ato de acrescentar ou adicionar uma pessoa em um determinado grupo.
Conforme Sassaki:
A educação inclusiva pode ser estimada como sendo o conjunto de princípios e procedimentos implementados pelos sistemas de ensino com a finalidade de adequar a realidade das escolas à realidade do educando, onde essa deve representar toda a diversidade humana. Nenhum tipo de aluno deve ser rejeitado por parte das escolas. Nesse caso, as escolas passam a ser denominadas de inclusivas a partir do momento em que decidem aprender com os educandos o que deve ser eliminado, mudado, substituído ou acrescentado nas seis áreas de acessibilidade, para que cada aluno possa aprender de acordo com seu estilo de aprendizagem, fazendo uso de suas múltiplas inteligências (Sassaki, 2013, p.15).
Em concordância com o autor, é imprescindível que as escolas busquem “adequar” o currículo e a metodologia a fim de oferecer todo e qualquer subsídio necessário para que o aluno possa frequentar a escola e pertencer a esse grupo, em relação a infra estrutura, no pessoal e também na mudança de mentalidade, através da organização dos projetos políticos pedagógicos e adaptação do currículo.
No entanto pode-se afirmar que a escola precisa ser um espaço de inclusão, a sociedade atual demanda uma postura de aceitação que deve ser assumida desde a tenra idade, estamos falando de mudar a concepção da nossa visão de mundo, é inadmissível que ainda hoje, hajam pessoas que sejam impossibilitadas de usufruírem dos espaços comuns, por qualquer tipo de diferença, seja ela gênero, raça, cor ou mesmo por alguma excepcionalidade
A comunidade escolar deve educar para a inclusão, aliás nem seria preciso falar mais nesse assunto, ou usar este termo, se já estivesse intrínseco nos valores e conceitos de moral e ética social a aceitação, respeito e valorização do outro como indivíduo.
Reconstruir os fundamentos de escola de qualidade para todos, remete-se em questões específicas relacionadas ao conhecimento e a aprendizagem, ou seja, consideram-se que o ato de educar supõe intenções, representações que temos do papel da escola, do professor, do aluno, conforme os paradigmas que os sustentam. A autora ainda relata que a escola inclusiva exige mudanças de paradigmas, que podem ser definidos como modelos, exemplos abstratos que se materializam de modo imperfeito no mundo concreto. Possa também ser entendida, segundo uma concepção moderna, como um conjunto de regras, normas, crenças, valores, princípios que são partilhados em um grupo em um dado momento histórico e que norteiam o nosso comportamento, até estarem em crise, porque não nos satisfazem mais, não nos dão mais conta dos problemas que temos para solucionar. Mantoan (2003).
A sociedade não é estática, ela se renova, constroi e desconstroi, constantemente e nós como educadores, precisamos nos adaptar e evoluir, para atender da melhor maneira possível os alunos cada um com sua particularidade. Dentro desta proposta os livros de literatura inclusiva desde a infância podem transformar ou melhor, construir um olhar inclusivo nas próximas gerações, modificando assim o mundo.
3 O PAPEL DO PROFESSOR NA INCLUSÃO
Não se pode ignorar o fato, que muito da inclusão, da forma que acontece dentro das escolas, fica a cargo do professor, que busca por si mesmo se informar e estudar sobre o seu aluno, suas necessidades e anseios motivam para que o bom educador encontre meios de ensiná-lo a partir da adaptação e criação de recursos, já que as políticas públicas, ou mesmo o investimento na educação, na maioria das vezes são escassos ou inexistentes, quando pensamos em formação continuada com a finalidade de proporcionar recursos didáticos ou mesmo recursos humanos de qualidade. De acordo com Moreira:
Para o professor é uma situação triste e inquietante ver uma criança portadora de necessidades especiais e não saber um modo correto de como ajudá-la, sobretudo no seu desenvolvimento intelectual, por fatores externos ao seu conhecimento, tendo em conta que as NEE vão além das deficiências físicas, quanto no plano intelectual. As NEE representam um grande grupo, esse que inclui quaisquer dificuldades no processo de aprendizagem de forma geral. Moreira (2012)
Ao longo da caminhada acadêmica o aluno que possui necessidades educacionais especiais ou aquele que é ‘diferente’ seja por estar inserido em cultura diversa da sua, seja por crença religiosa, étnica, identidade sexual ou mesmo questões culturais, nem sempre vai encontrar pessoas respeitosas em todos os ambientes, quanto aos professores isso também pode acontecer de fato, já que, no sentido em que pontua Cáceres, a atuação deste se faz, de acordo com a sua visão de mundo e do seu compromisso com os alunos.
O professor exerce um papel de grande importância para a realização de uma proposta de educação que seja realmente inclusiva. Sua ação, seja através do ato de planejar seu trabalho, bem como sua atuação em sala de aula é estabelecida segundo a sua visão de mundo, pela leitura que este faz da sociedade, da educação, de si mesmo, e principalmente do seu compromisso com seus alunos e das relações estabelecidas com eles. Caceres (2009).
A formação continuada, conforme Fumegalli enfatiza, pode ser entendida como requisito que acompanha a evolução da sociedade moderna, assim deve ser realizada por todos os profissionais da educação durante o exercício da profissão. Corroborando com este pensamento, destacamos a seguinte ideia do autor:
A formação continuada deve ser objetivo de aprimoramento de todo professor, porque o educador deve acompanhar o processo de evolução global, colocando a educação passo a passo no contexto de modernidade, tornando-a cada vez mais interessante para o aluno, a fim de que ele possa compreender que, na escola, ele aperfeiçoa sua bagagem. É nesse processo que o professor pode ver e rever sua prática pedagógica, as estratégias aplicadas na aprendizagem dos alunos, os erros e acertos desse processo para melhor definir, retomar e modificar o seu fazer de acordo com as necessidades dos alunos. Fumegalli (2012,p 40).
A formação continuada deve ser prioridade do professor, talvez para a grande maioria seja, já que hoje a educação e seus resultados estão sobre as “costas” do corpo docente que aplicam recurso financeiro, intelectual e moral, já que o descaso por parte do poder legislativo e executivo em proporcionar investimento de qualidade para educação é tão presente no nosso país.
De maneira a atender as necessidades educacionais especiais, o professor deve buscar ou criar recursos para que a inclusão aconteça de fato, para que o aluno seja acolhido e tenha suas necessidades, sejam quais forem, atendidas. Isso muitas vezes só é pensado a partir do momento em que o aluno com necessidades educacionais especiais chega até a sala de aula, como declara Rodrigues 2003:
A presença de alunos com necessidades educativas especiais no contexto cotidiano da sala de aula obrigará o professor a adaptações e ajustamentos, por vezes substanciais, como dissemos anteriormente. Antes de mais nada, o professor deverá analisar se os cenários de organização do ambiente de aprendizagem proporcionam lugar e condição para as necessidades desses alunos; em segundo lugar, terá de decidir se as rotinas de organização e gestão da aula incluem ou excluem as necessidades especiais; em terceiro lugar, deverá verificar se os guiões das actividades e sua organização sequencial respeitam os percursos e ritmos de aprendizagem de todos os alunos. Rodrigues (2003: 25).
Devido a essas questões e buscando trazer sugestões de material literário que possa lançar um olhar inclusivo e trazer a pauta da inclusão e aceitação da diversidade social para dentro do universo acadêmico desde a infância, foi dedicado o próximo capítulo a pesquisa do acervo literário disponível na biblioteca da escola ou da internet, através da releitura e material produzido com a finalidade de despertar o interesse pela leitura além da percepção do outro, das suas necessidades e características.
4 SUGESTÃO DE LITERATURA INCLUSIVA
A criança tem a necessidade de brincar, é através da brincadeira que ela expressa seus sentimentos, desejos, anseios e emoções mais profundas. Dentro da educação infantil o brincar é o ato de educar mais bem aproveitado. Através de jogos e brincadeiras é possível ensinar valores, limites, regras sociais, que irão compor o caráter futuro deste indivíduo.
Um modo mais comum de se definir ludicidade, consiste em dizer que lúdico é aquilo que promove o prazer e a alegria. Compreende-se, no entanto, que partindo desse ponto de vista, a ludicidade é algo que gera alegria, se estabelecendo entre as pessoas em certas situações. No que refere-se a essas situações, é possível citar como exemplo a relação entre uma pessoa e um animal, uma criança e um brinquedo, isto é, o lúdico está ligado a várias circunstâncias, onde essas possam proporcionar felicidade e bem-estar (GASPAR, 2011).
A brincadeira torna o ensino um ato prazeroso para a criança, faz com que ela enxergue a escola com um olhar de leveza e alegria, como espaço onde ela pode interagir e brincar com seus pares, construindo amizades, onde o aprendizado é a consequência natural das relações com os colegas e com o brinquedo, e o livro pode ser enxergado com esta ludicidade trazendo a alegria da brincadeira na hora da contação das histórias ou da leitura delas.
O momento de ler deve ser prazeroso para que o gosto pela leitura se torne habitual, como muitas crianças e juvenis, não possuem nenhum tipo de incentivo para ler, é necessário que o professor enquanto leitor incentive-a, através do uso de algumas técnicas de leitura, como a entonação da voz, a utilização de recursos sonoros e visuais, a dramatização de histórias e diversas outras que podem ser empregadas como estímulo para incentivar o aluno a ler e desenvolver o hábito.
Os livros podem ser utilizados para desenvolver a consciência social e a própria identidade a partir de demandas que possam ser questionadas e debatidas em sala de aula como a diversidade étnica, cultural, de gênero ou religiosa. Quando algum assunto é abordado de maneira fictícia a partir de um livro, os alunos podem emitir suas opiniões e construir um modo de pensar de maneira que respeite o outro e muitas vezes isso não é natural, ou não está intrínseco na personalidade ou mesmo na estrutura familiar da qual faz parte, por isso precisa desconstruir preconceitos e muitas vezes criar um novo pensamento e uma nova posição que contemple pensamentos e ações igualitárias e empáticas.
Desta forma, este trabalho sugere títulos de livros com abordagem inclusiva, para utilização na escola principalmente na educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental, e início dos anos finais, numa tentativa de colocar o diferente dentro do universo do aluno desde a mais tenra idade para que todos aprendam a valorização, o respeito e a empatia com todos os grupos minoritários e lancem um olhar que seja altruísta e benevolente, não de uma maneira piedosa, mas igualitária e justa.
– Rodrigo enxerga tudo, de Markiano Charan Filho: Este livro retrata como alguém com deficiência visual percebe o mundo e enxerga as coisas ao seu redor através do uso de outras percepções sensoriais.
– Poá, Marcelo Moreira: O livro conta a história de uma galinha da angola que começa a enxergar de forma diferente suas companheiras e tudo fica resolvido a partir do momento que começa a usar óculos.
– Olívia não quer ser princesa, Ian Falconer: A história fala de uma porquinha chamada Olívia que questiona e rejeita o modo de vestir de todas as garotas da cor rosa e dos vestidos de princesa, pretendendo adotar um estilo próprio.
– O livro negro das cores, Menena Cottin e Rosana Faría: O livro contém páginas pretas com escritas brancas e nos convida a perceber através dos nossos sentidos e descobrir que não temos somente a visão mas que nossas experiências vão muito além do que aquilo que enxergamos. O livro possui escrita em braile.
– O passarinho que não sabia voar, Fabiano dos Santos: O Passarinho que não sabia voar, essa historinha fala de um pássaro que demora mais tempo que os outros para ter a habilidade de voar, seus anseios, sonhos, o sofrimento e a emoção do primeiro voo. A história fala de superação mas chama atenção para o bullying escolar. Ótimo para abordar o tema e quem sabe até construir um projeto para beneficiar crianças que passam por problemas de adaptação na escola.
– Quem sou eu? Gianni Rodari: O livro fala sobre a descoberta da identidade e de tantos lugares que podemos assumir na busca e construção de quem somos.
– A felicidade das borboletas, Patrícia Secco: Fala sobre a história e desafios de uma menina com deficiência visual que encontra liberdade de expressão através da dança e como, apesar de não enxergar, é capaz de desenvolver habilidades e ser feliz.
– Um mundinho para todos, Ingrid Biesemeyer Bellinghausen: Um mundinho para todos de Ingrid Biesemeyer de Bellinghausen, essa historinha conta sobre um mundo colorido, com homens de todas as cores, com muitas diferenças, mas que convivem felizes nesse mundo ideal. E um detalhe, o livro é em braile, então mesmo que a professora prepare esse avental com imagens e com o texto, é importante que as crianças possam manusear o livro após a contação ou antes para perceberem, é ainda mais importante se houver uma criança com deficiência visual, mas de qualquer maneira a professora deverá explicar o que é o braille e sua finalidade, para aproveitar todas as oportunidades de tornar a diferença algo natural. Recurso com imagens criadas a partir de uma releitura do livro, sua finalidade é proporcionar modos diversos para contação da história, no anexo.
– Tudo bem ser diferente, tradução de Marcelo Bueno: O livro trata do universo infantil e toca em assuntos como adoção, separação de pais, deficiências físicas e preconceitos raciais, enfim fala que somos diferentes, gostamos de coisas diferentes, vivemos realidades diferentes, culturas diferentes, famílias diferentes mas está tudo bem, trazendo um olhar leve e simples.
– Amor de Cabelo, Matthew Cherry: O livro deve ser trabalhado ao longo do ano todo e não somente no dia da consciência negra, pois fala de cabelo, de afeto, de uma menina negra que enfrenta um momento desafiador ao arrumar o cabelo, mas que tem muitas aventuras pra contar. O recurso conta com a luva e dezoito cards com as imagens do livro e o texto no verso. Um recurso que além de bonito pode auxiliar as crianças da educação infantil e séries iniciais, despertar gosto pelas histórias, cultivando valores, quebrando preconceitos e paradigmas enfrentados por mulheres negras a respeito de seus cabelos, foto no anexo.
– O cabelo de Lelê, Valéria Belém: O Cabelo de Lelê de Valéria Belém é outra linda historinha dentro dessa mesma temática. Para chamar atenção para essa linda obra, foi criada uma luva inspirada no livro, onde a menina negra não gosta do seu cabelo até ela estudar sobre a sua origem e descobrir da onde ele vem, numa pequena viagem até a sua ancestralidade. A luva possui imagens originais criadas no Canva e tem o texto no verso para realizar a contação. Cada card da historinha fica preso na luva por um mini prendedor, foto no anexo.
– Pai, me compra um amigo?, Pedro Bloch: O livro trata de diversas questões como pais ausentes, colegas cheios de preconceitos e uma busca por aceitação e empatia.
– Um Guri Daltônico, Carlos Urbim: O livro como o próprio nome sugere fala da história de um menino daltônico e de seus desafios e de como encarar isso de maneira criativa e nos envolve em questões que podem não ser nossas, mas nos faz refletir sobre o contexto que vivemos.
– Menina Bonita do Laço de Fita, Ana Maria Machado: Essa historinha contém um diálogo entre um coelhinho branco que fica encantado pela cor de uma menina preta que com muita criatividade fala sobre a causa da sua cor, quando o coelhinho descobre que a origem dela é devido a sua constituição familiar ele mesmo busca montar sua família para poder recriar a sua cor através dos seus descendentes. Foto da luva da história no anexo.
– Joaninha Diferente, Regina Célia Melo: A luva da Joaninha diferente, baseada no livro de Regina Célia Melo conta a história de uma joaninha que não possuía bolinhas e era discriminada pela sua condição.Foto do recurso com cards no anexo..
– Quem disse que eu não vou conseguir? Marcos Ribeiro: Esse livro fala sobre como lidar com situações adversas que estão presentes na nossa vida muitas vezes e nos ensina a lidar de uma maneira positiva.
– Menino de todas as cores, adaptação da história de Luísa Ducla Soares: A historinha na moldura do Menino de todas as cores é uma adaptação da história de Luísa Ducla Soares que fala de um menino que passa em outros países e outras culturas descobrindo a pluralidade e a beleza de outras pessoas com outras cores e culturas. O recurso criado para a contação dessa história, contém moldura e palitoches para contar através de um mini teatro. Imagem disponível no anexo.
– Estrelas Tortas, de Walcyr Carrasco: O livro conta a história de Marcela que sofre um acidente com a mãe e fica paraplégica, num primeiro momento tudo se torna horrível e ela precisa reaprender todos os movimentos, mas quando conhece novos amigos que a auxiliam a encontrar motivos para continuar, esse livro fala sobre amizade e superação.
5 A LITERATURA E A SOCIEDADE INCLUSIVA
Apesar deste trabalho elencar livros que tratam sobre a pluridiversidade para diferentes idades, e alguns recursos, não houve a intenção de esgotar títulos que tratam do tema. Numa pesquisa rápida no Google podemos verificar a presença de muitos outros livros infantis e infanto-juvenis que abordam a diversidade e a inclusão, com excelência.
Durkheim acreditava que, assim como a sociedade, a educação poderia e deveria ser estudada de forma científica. Desta forma, a educação também possuiria uma natureza própria, desenvolvida pelo seu caráter social, e deveria ser analisada pelos métodos e fundamentos da sociologia. Foi a partir desta concepção que a criação de uma Sociologia da Educação foi possível, fazendo com que Durkheim se tornasse o primeiro sociólogo da educação (FATURI, 2014, p. 13).
A literatura inclusiva presta um serviço imprescindível não só para professores e crianças que se beneficiam, mas para toda a sociedade, o que nos remete ao conceito de inclusão social de Émile Durkheim sobre “a educação e sua função de integrar harmoniosamente o indivíduo na sociedade, evitando os conflitos e o isolamento”.
A educação tem poder para transformar o mundo social através da mudança de concepções pré construídas que devem ser repensadas e desenvolvidas, talvez até reestruturadas de forma coerente ao que é mais aceitável com o tempo e espaço que queremos. Assim, segundo Durkheim:
O objetivo e o efeito da ação que a sociedade exerce sobre o indivíduo, principalmente através da educação, não são nem um pouco reprimi-lo, diminuí-lo, desnatura-lo, mas sim amplificá-lo e transformá-lo em um ser verdadeiramente humano. (DURKHEIM, 2013, p. 60).
Uma sociedade justa e igualitária só pode ser concebida, dentro dos portões da escola, é ali, neste espaço que atualmente é tão desmerecido e desacreditado que está a força capaz de modificar conceitos, atitudes e pensamentos, construindo e discutindo valores éticos e morais necessários para a vida em sociedade.
Como seres que sentem e pensam, o ser humano deveria buscar um espaço de autocrítica e insatisfação com o que lhe rodeia, estabelecendo uma constante e incessante evolução, enquanto sujeitos conscientes dentro do espaço educacional. O trabalho da escola precisa conter uma intencionalidade primeira, não somente para a sobrevivência na sociedade ou voltada para a demanda do mercado de trabalho, que contempla a competitividade herdada e desenvolvida pela revolução industrial, como tem sido atualmente, mas priorizando as relações interpessoais de forma efetiva.
6 CONCLUSÃO
A inclusão real do aluno com necessidades educacionais especiais, é um processo que envolve diversas áreas, como a saúde, escola, família, comunidade escolar, políticas públicas, que se bem articulados, possibilitam a realização de um trabalho efetivo e contínuo, visando sempre que o aluno com NEE possa usufruir de todas as oportunidades disponibilizadas a todos os alunos, de modo não só a favorecer a aprendizagem, mas à formação e desenvolvimento integral do sujeito.
Considera-se importante um acompanhamento regular dos alunos com necessidades especiais bem como o uso de todo tipo de instrumento ou recurso necessário para que haja de fato, o atendimento à diversidade, cada aluno é um ser único e deve ser respeitado dentro da sua individualidade em detrimento de qualquer limitação ou característica.
Percebe-se que as dificuldades existem e são muitas, e não refletem somente aos alunos com necessidades especiais, mas são problemas estruturais da educação que vem se arrastando ao longo dos anos pelo país como um todo. É nesse contexto que a inclusão favorece a implementação de novas perspectivas e novos desafios, visto como um primeiro passo nessa longa caminhada de muitas lutas para garantir a todos as mesmas oportunidades seja no estudo, trabalho, ou lazer.
Neste sentido é necessário compreender o aluno com necessidades educacionais especiais como alguém que possui uma diferença normal, pois é a diferença que caracteriza todos os indivíduos, já que todos nós somos diferentes em algum aspecto, substituindo a visão de incapacidade, deficiência ou excepcionalidade que agrega tanta rejeição.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BRASIL. Decreto nº. 3.956, de 08 de outubro de 2001. Promulga a Convenção Interamericana para Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência. Guatemala: 2001.
CACERES, Marcela. Educação inclusiva: concepções dos professores da rede regular de ensino. 2009. Monografia. Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium. Lins, 2009.
DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. São Paulo: Martin Claret, 2008b
DURKHEIM, Émile. Educação e sociologia. Petrópolis: Vozes, 2013.DURKHEIM, Émile. Sociologia e filosofia. Rio de Janeiro: Forense, 1970.
FATURI, Rhuany. A produção acadêmica brasileira sobre a educação na obra de Émile Durkheim. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Sociais) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2014
FUMEGALLI, Rita de Cássia de Ávila. Inclusão escolar: O desafio de uma educação para todos? Ijuí, 2012 – Disponível em: http://bibliodigital.unijui.edu.br:8080/xmlui/bitstream/handle/123456789/716/rita%20monogr afia.pdf?sequence=1. Acesso em: 08 jan. 2022.
GASPAR, Alessandra Silva. O lúdico na Educação Física Infantil. 2011.Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Educação Física) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2011.
REZENDE, Daniele. A importância da ludicidade na educação especial inclusiva. Pedagogia em Ação, Belo Horizonte, v. 10, n. 2, 2017.
MACHADO, Nilson José. Pensando e fazendo educação de qualidade. São Paulo: Moderna, 2001.
MANTOAN, Maria Tereza Eglér. Inclusão Escolar: O que é? Por quê? Como fazer? São Paulo: Moderna, 2003.
MOREIRA, G. E. Representações sociais de professoras e professores que ensinam que ensinam Matemática, sobre o fenômeno da deficiência. Tese de Doutorado. Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação Matemática da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). São Paulo: PUCSP, 2012.
SASSAKI, Romeu K. Inclusão: o paradigma do século XXI. In: Revista da Educação Especial. Brasília. Secretaria de Educação Especial, v.1, n.1, outubro, p. 19-23, 2013.
ANEXOS
1. RECURSOS PARA UTILIZAR NA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS
Luva da História 1:

Imagem 1: Composição de imagem de autoria proṕria produzida no Canva Releitura do livro, com imagens e textos do livro formato da luva feito no Canva
História 2:

Imagem 2: Composição de imagem de autoria proṕria produzida no Canva
Luva da História 3:

Imagem 3: Composição de imagem de autoria proṕria produzida no Canva.
Moldura da História 4:

Imagem 4: Composição de imagem de autoria proṕria produzida no Canva Luva da história 5:


Luva da história 6:


Imagem 6: Composição de imagem de autoria proṕria produzida no Canva
Luva da história 7: Tudo bem ser diferente de Todd Parr. 80

Luva ou avental da história 8:

Imagem 8: Composição de imagem de autoria proṕria produzida no Canva