CARACTERIZAÇÃO DE GESTANTES SUBMETIDAS AO PARTO NORMAL COM OU SEM PREPARAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA DURANTE A GESTAÇÃO

CHARACTERIZATION OF PREGNANT WOMEN UNDERGOING NORMAL BIRTH WITH OR WITHOUT PHYSIOTHERAPEUTIC PREPARATION DURING PREGNANCY

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202506132145


Gabrielly Ribeiro de Souza
Laysa Lohhana Negoceki
Orientadora: Dra. Paula Renata Olegini Vasconcellos Variza


RESUMO

Este estudo teve por objetivo caracterizar o perfil de gestantes e os desfechos no parto normal com ou sem preparação fisioterapêutica durante a gestação. Trata-se de um estudo transversal, exploratório e quantitativo, com 39 mulheres que tiveram parto vaginal entre 2019 e 2025, os dados foram coletados de forma online e a análise estatística foi realizada no Microsoft Excel®. As participantes apresentaram idade média de 29,84 anos, 69,24% são casadas, 66,67% possuíam ensino superior completo, a profissão mais dominante foi fisioterapeuta com 23,08%, 38,47% recebem entre 3 e 6 salários mínimos, 46,15% tiveram acompanhamento fisioterapêutico na modalidade particular e 53,85% não tiveram nenhum tipo de acompanhamento, 33,34% mulheres relataram mais de 15 horas de trabalho de parto total, 64,11% tiveram laceração, sendo a maioria grau 1. Constatou-se uma baixa adesão à fisioterapia pélvica, frequentemente associada à falta de informação sobre sua importância e à ausência de oferta desse serviço no Sistema Único de Saúde, o que limita o acesso das gestantes de menor poder aquisitivo.

Palavras-chave: Trabalho de parto. Fisioterapia. Parto normal. Distúrbios do Assoalho pélvico.

ABSTRACT 

This study aimed to characterize the profile of pregnant women and the outcomes of normal birth with or without physical therapy preparation during pregnancy. This is a cross-sectional, exploratory and quantitative study, containing 39 women who had vaginal birth between 2019 and 2025. Data were collected online and statistical analysis was performed in Microsoft Excel®. The participants had an average age of 29.84 years, 69.24% were married, 66.67% had completed higher education, the most prevalent profession was physiotherapist with 23.08%, 38.47% received between 3 and 6 minimum wages, 46.15% had private physiotherapy follow-up and 53.85% did not, 33.34% of women reported more than 15 hours of total labor, 64.11% had lacerations, the majority of which were grade 1. Low adherence to pelvic physiotherapy was found, often associated with a lack of information about its importance and the lack of provision of this service in the Unified Health System (SUS), which limits access for pregnant women with lower purchasing power.

Keywords: Labor pain. Physiotherapy. Natural childbirth. Pelvic floor disorders.

1  INTRODUÇÃO

A gestação é um processo fisiológico natural podendo durar até 42 semanas, durante esse período, é comum ocorrer mudanças hormonais e biomecânicas. Um importante hormônio presente na gestação é a relaxina, que aumenta a flexibilidade das articulações e ligamentos, permitindo que os ossos pélvicos se expandam mais facilmente durante o trabalho de parto e a fase de expulsão. A mudança postural causa um forte impacto nos músculos do assoalho pélvico (MAP), alterações no centro de gravidade, anteversão pélvica e hiperextensão de joelho, pois, à medida que o feto se desenvolve ocorrem essas alterações biomecânicas (Boeira; Silva; Furlanetto., 2021).

Por conta de todas essas adaptações no período gravídico, as informações são importantes e devem ser transmitidas para a gestante. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), as mulheres devem ser orientadas sobre o tempo que pode durar o processo de nascimento, pois um parto é diferente do outro e existem fatores que contribuem para isso, número de filhos, qual foi a via de parto, período gestacional, entre outros. Embora muitas gestantes tenham o desejo de passar pelo processo mais natural, o parto pode ser um processo imprevisível, portanto, elas também sabem que certas vezes, procedimentos e intervenções precisam ser realizados para manter a saúde e integridade de ambos. Ainda assim, mesmo quando tais procedimentos são importantes para a segurança da mãe e do bebê, destaca-se o desejo da mulher em participar da tomada de decisões durante esse processo, pois isso faz com que ela vivencie e se realize com esse momento (Opas., 2018).

O parto é caracterizado pelo nascimento do bebê, considerado um momento intenso com uma mistura de sentimentos que transforma a vida da mulher para sempre. Apesar de ser um momento muito esperado, pode trazer consigo algumas preocupações por parte dos médicos e da gestante, ainda assim, o parto natural com mínimas intervenções possui relevância para as mulheres. Por isso, durante o período gestacional, a mulher deve receber orientações sobre as mudanças fisiológicas que acontecerão no seu corpo e o que esperar no momento do trabalho de parto, isso irá ajudá-la na preparação para tal evento (Karkada et al., 2023).

       Além das orientações que precisam ser conduzidas para as gestantes, existe também a fisioterapia pélvica, que possui um amplo papel, tanto na gestação quanto dentro das maternidades no período de preparação para o parto, essa atuação tem como objetivo auxiliar em uma melhor qualidade de vida e também é importante para uma boa experiência e confiança da parturiente (Dra, P.; Homsi, J.; Crefito 14; Abrafism., 2023). O fisioterapeuta é o profissional adequado para auxiliar no alívio dos sintomas durante a gestação, como: lombalgias, queixas de câimbras, falta de ar e edema, elaborando exercícios de acordo com a necessidade de cada mulher, tornando-o específico e individualizado (Silva; Resplandes; Silva., 2021).

       Algumas técnicas e orientações durante o período gestacional que podem ser utilizadas são: alongamentos, exercícios respiratórios, massagem, relaxamento com a bola de pilates e exercícios para o fortalecimento da musculatura do assoalho pélvico. Estudos mostram que 30% a 50% das mulheres não conseguem contrair a musculatura corretamente, portanto, esses recursos citados acima, podem contribuir para uma melhor propriocepção e conscientização corporal, prevenindo possíveis disfunções, facilitando a progressão das fases do trabalho de parto (Araújo; Ferreira; Braga., 2025). Apesar da importância da fisioterapia no período gestacional e durante o trabalho de parto, tem-se notado a falta de informação na atenção básica de saúde e a escassez de assistência fisioterapêutica na saúde da mulher, especialmente na gestação, podendo dificultar o conhecimento e abordagens fisioterapêuticas (Costa et al., 2021). A falta de informação e conhecimento sobre a fisioterapia pélvica acaba afetando as mulheres na gestação e no parto, portanto, compreender sobre as diferentes complicações durante a gravidez e os efeitos que a fisioterapia traz nesse período, através de técnicas não farmacológicas, pode ajudar a prevenir dores, desconfortos e disfunções. No entanto, devido a falta de conhecimento e condições financeiras, nem todas as mulheres podem ter acesso a este tratamento. O estudo acerca deste fato é fundamental para o fornecimento de dados relevantes e a promoção de práticas baseadas em evidências, subsidiando condutas clínicas e políticas públicas, incentivando a inclusão da fisioterapia pélvica nos cuidados de rotina do pré-natal, contribuindo para uma experiência de parto mais segura e positiva.

Dessa forma, este estudo teve por objetivo caracterizar o perfil de gestantes e os desfechos no parto normal com ou sem preparação fisioterapêutica durante a gestação.

2  METODOLOGIA

O presente estudo é do tipo transversal, exploratório, com análises quantitativas. A população do estudo foi composta por mulheres maiores de 18 anos que já tiveram filho por via vaginal.  Foi avaliado somente o primeiro parto dessas mulheres, com mulheres que realizaram ou não fisioterapia pélvica durante a gestação e tiveram parto normal. 

Foram incluídas mulheres que tenham tido seu primeiro parto vaginal de 2019 a 2025 e que tinham feito o acompanhamento na fisioterapia pélvica durante a gestação ou não. Foram excluídas mulheres que tiveram somente parto cesariana e partos que tiveram complicações que precisaram ser evoluídos para uma cesariana. A coleta de dados ocorreu no período de março a abril de 2025.

Foi criado um formulário no Google Forms no qual havia perguntas que foram desenvolvidas pelos próprios autores, como dados pessoais contendo: nome, idade, data de nascimento, estado civil, escolaridade, renda salarial, número de filhos e questões fechadas relacionadas aos dados obstétricos, para um melhor esclarecimento sobre o desejo do parto normal, tempo de trabalho de parto, se realizou ou não fisioterapia pélvica, se houve laceração ou episiotomia, entre outras questões. A divulgação ocorreu de forma online em mídias sociais e as mulheres que aceitaram participar da pesquisa, concordaram com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), disposto após a aprovação deste estudo pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Centro Universitário Univel, sob o número do parecer: 7.419.091.

Os dados coletados foram transcritos em planilhas e cada participante foi cadastrada segundo um número codificador. A análise estatística foi realizada no software Microsoft Excel®, as variáveis foram analisadas descritivamente por meio de frequência simples e porcentagens.

3  RESULTADOS

       Participaram da pesquisa 40 mulheres e houve a exclusão de apenas uma, pois o primeiro parto normal da mesma ocorreu no ano de 2012, sendo assim 39 mulheres participaram do estudo, apresentando idade média de 29,84 (± 6,04), com a faixa etária predominante de 24 a 29 anos, com 15 (38,47%) mulheres. No estado civil, a predominância foi de casadas sendo 27 (69,24%). Das 39 participantes, 66,67% possuem ensino superior completo. As profissões mais comuns foram fisioterapeuta (23,08%), empresária (10,25%) e dona de casa (10,25%). A maioria das mulheres (38,47%) recebia entre 3 e 6 salários mínimos, variando de R$4.554,00 a R$9.108,00. Quanto ao número de filhos, 66,67% tinham apenas um (tabela 1).

Tabela 1. Perfil sociodemográfico das participantes. 

Fonte: Banco de dados dos pesquisadores (2025)

       Quando perguntadas se o parto foi desejado, 37 (94,88%) participantes responderam que sim e 2 (5,12%) responderam que não. Em relação à fisioterapia pélvica durante a gestação, 18 (46,15%) tiveram acompanhamento e 21 (53,85%) não realizaram, alegando não ter condições financeiras e a falta de conhecimento sobre a fisioterapia pélvica. Todas as mulheres que fizeram fisioterapia foram acompanhadas na modalidade particular. Das mesmas, 9 (23,07%) foram indicadas por profissionais da saúde, 8 (20,51%) buscaram por conta própria em redes sociais, livros e revistas, e 1 (2,56%) realizou por indicação e conhecimento próprio (tabela 2).

       Referente a fase de pródromo até o expulsivo, no qual é denominado trabalho de parto total, a maioria, 13 (33,34%) mulheres relataram mais de 15 horas de trabalho de parto, 10 (25,64%) 6 a 10 horas, 09 (23,07%) 5 horas ou menos e 07 (17,94%) 11 a 15 horas. Na fase ativa, onde as contrações começam a se regularizar, sendo 3 contrações em 10 minutos, as dores começam a ficar mais intensas, até o nascimento do bebê, 33 (84,62%) informaram que o trabalho de parto ativo durou 5 horas ou menos e 01 (2,56%) participante não tinha conhecimento sobre tempo que durou a fase. Já na fase expulsiva que ocorre quando atinge 10 centímetros de dilatação até o nascimento do bebê, a grande maioria das mulheres que somaram 33 (84,62%) responderam que a fase expulsiva persistiu por 2 horas ou menos, 05 (12,82%) relaram de 3 a 5 horas e 1 (2,56%), não tinha conhecimento sobre o tempo que durou a fase (tabela 2).

       Das 39 participantes, 28 (71,80%) deram à luz ao bebê pesando acima de 3kg e 11 (28,20%) abaixo de 3kg. Quando questionadas sobre laceração e episiotomia durante o trabalho de parto, 25 (64,11%) tiveram laceração, sendo a maioria grau 1, 07 (17,94%) mulheres sofreram a episiotomia e as 07 (17,94%) restantes não experimentaram nenhum tipo de corte (tabela 2). 

Tabela 2. Dados obstétricos das participantes.

Fonte: Banco de dados dos pesquisadores (2025).

4  DISCUSSÃO

No estudo atual, houve uma variação de 18 a 40 anos da idade das participantes, porém, segundo (Neto et al., 2020), a faixa etária das gestantes varia de 15 a 34 anos, faixa de idade recomendada para gestar é de 20 a 34, já que mulheres abaixo ou acima dessa idade apresentam maior suscetibilidade a complicações durante a gestação. Observa-se atualmente uma correlação entre a idade e o número de gestações, com o avanço da idade as mulheres tendem a ter um número maior de gestações ao longo da sua vida reprodutiva.

O que diz respeito ao estado civil, a maioria das mulheres eram casadas e/ou possuíam união estável (84,62%), este é um ponto positivo pois ter um companheiro durante o período gestacional e puerperal, bem como, a fase de crescimento da criança, é de extrema importância para a saúde física e mental da gestante, podendo evitar complicações durante a gravidez (Woiloro et al., 2025).

Houve prevalência de mulheres que possuíam ensino superior completo. O nível de escolaridade de cada gestante exerce um impacto significativo em sua vida pessoal e social, pois instituições de ensino, como escolas e universidades, transmitem conhecimento e também promovem amplas oportunidades de socialização. Além disso, um grau de escolaridade mais elevado proporciona à mulher maior acesso a informações sobre seu próprio corpo durante a gestação, os diferentes tipos de parto, a importância do acompanhamento pré-natal e conhecimento sobre seus direitos enquanto gestante (Cisne et al., 2022).

Em relação às profissões das participantes, obteve-se um maior número de fisioterapeutas (23,08%). Segundo a Resolução COFFITO nº 401/2011 – Disciplina a Especialidade Profissional de Fisioterapia na Saúde da Mulher e de outras providências, as profissionais, durante o período de graduação tiveram conhecimentos sobre a especialidade de Fisioterapia na Saúde da Mulher, onde são abordados assuntos de diferentes subáreas, sendo uma delas, a obstetrícia, portanto, considera-se que uma gestante que possui essa formação, consequentemente terá mais entendimento e consciência sobre a fase da gestação e puerpério.

      Quanto a faixa salarial, a maioria das mulheres recebem de 3 a 6 salários mínimos (38,47%). No estudo de Cunha; Ferreira., (2021), a maioria das puérperas trabalhavam, com renda familiar de 1 a 3 salários mínimos, isso pode gerar um impacto negativo durante a realização do pré-natal, pois o cuidado é menor quando as mulheres possuem empregos precários e falta de assistência social durante o período gravídico (Pinto et al., 2022). Com base no número de filhos, a maioria 26 (66,67%) das mulheres relataram ter apenas um, o que mostra uma queda significativa do número de filhos por família, segundo o IBGE a taxa de fecundidade do país em 2023 caiu para 1,57 filho por mulher e nos próximos anos essa taxa pode diminuir e atingir seu ponto mais baixo em 2041, chegando a 1,44 filho por mulher (Bello., 2024).

       O parto normal foi desejado pela maioria das mulheres, como visto na literatura, que este meio de nascimento traz muitas vantagens para a mãe e o bebê, possui uma recuperação mais rápida, evitando a ocorrência de infecções e hemorragia (Souza et al., 2022). A maior parte das gestantes desta pesquisa, não realizaram fisioterapia pélvica durante o período gestacional pela falta de conhecimento da atuação fisioterapêutica nas disfunções do assoalho pélvico e na gestação, o que corrobora com Duarte et al., (2022) que evidenciou a falta de informação sobre a importância do fisioterapeuta em suas áreas de atuação, no período gravídico, parto e pós-parto. Outro fator relevante, é a ausência desse atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS), pois a assistência está disponível em clínicas privadas e convênios, que segundo Batista; Botaro., (2021), restringe o acesso para esse público.

      Vale ressaltar que a fisioterapia pélvica é de extrema importância neste período pois adota medidas preventivas, relaxamento, exercícios respiratórios, correção postural, alongamentos e demais exercícios de fortalecimento do assoalho pélvico afim de preparar a mulher para o parto (Silvestre et al., 2025). A massagem perineal é um recurso fisioterapêutico recomendado a partir das 35º semanas, tendo como objetivo a prevenção de trauma perineal e redução do risco de lesões obstétricas. Estima-se que aproximadamente nove a cada dez mulheres sofrem com a laceração, portanto o preparo dessa musculatura durante a gestação possui grande relevância para promover um momento mais satisfatório (Villani et al., 2024).  

      O trabalho de parto é um processo complexo, onde as contrações uterinas impulsionam o bebê pelo canal vaginal, é iniciado com a dilatação do colo uterino, tendo duração em mulheres primigestas de 10 a 12 horas e nas multigestas de 6 a 8 horas (Gregolis et al., 2024). A informação citada acima diverge do estudo atual, no qual o tempo médio da fase de trabalho de parto total foi maior, 15 horas ou mais. Segundo Carlhäll et al., (2022) a extensão da duração do trabalho de parto total tem sido uma experiência negativa, afetando a percepção da mãe e influenciando na decisão por cesariana nas futuras gestações.

     Já a fase ativa do trabalho de parto, é marcada por uma progressão mais rápida na dilatação cervical, costuma ter início quando a dilatação atinge cerca de 4 centímetros, sendo acompanhada de contrações regulares, o término da fase ocorre com a dilatação completa do colo do útero, atingindo os 10 centímetros. (Friedman; Cohen., 2023).  E, neste trabalho, a predominância foi de 2 horas ou menos, a literatura relata que a variação do tempo dessa fase oscila entre 3,7 e 8,4 horas (Mendes et al., 2022). 

      Considerando sobre a fase expulsiva, que decorre quando as contrações ficam mais intensas, de menor duração e menos espaçadas, onde a dilatação do útero atinge 10 centímetros, ou seja, quando está totalmente dilatado para o nascimento do bebê, assim considerada, uma das fases mais marcantes do parto (Fortes et al., 2022). A duração em média dessa fase varia de 14 a 66 minutos em mulheres primíparas e de 6 a 12 minutos em multíparas (Gregolis et al., 2024). O que está de acordo com o presente estudo, pois a maioria relatou a duração de 2 horas ou menos.

      Quanto ao peso do recém-nascido, grande parte das mulheres relataram que seus filhos nasceram com mais de 3kg, e devido ao parto vaginal, este fato pode estar relacionado com uma possível perda de força dos músculos do assoalho pélvico, pois, quanto maior o peso do recém-nascido maior é a sobrecarga sobre a pelve e consequentemente, menor se torna a pressão vaginal nas mulheres após o parto normal (Zhu et al., 2023). O bebê com um alto peso pode ser um dos fatores de risco para terem impactos negativos, incluindo a laceração (Domenighi et al., 2021).

     Outra questão importante a destacar, são as lacerações, que são rompimentos espontâneos das estruturas do períneo, podem ser classificadas em graus, sendo o primeiro, que afeta apenas a pele e a mucosa vaginal, o segundo, que afeta a musculatura perineal e não compromete o esfíncter anal, o terceiro, que acomete o complexo esfincteriano externo e interno e o quarto e último grau, que afeta o complexo esfincteriano externo, interno ocorrendo também, lesão da mucosa retal (Urasaki et al., 2023). Na investigação deste estudo, grande parte sofreu laceração de grau 1. As lacerações de grau 1 e 2 são as mais frequentes, e quando ocorrem os demais graus, existe o risco de ter futuramente disfunções no assoalho pélvico (Silva et al., 2025). 

    Já a episiotomia, é um corte lateralizado na região inferior do períneo, realizado pelo médico para aumentar a passagem do bebê no momento do parto, esse corte, pode estar relacionado a dores mais intensas no período pós-parto e, caso não receba os cuidados adequados, pode impactar negativamente na qualidade de vida da mulher. Ressalta-se que a episiotomia pode trazer consequências a longo prazo, incluindo dor na relação sexual, incontinência urinária, alteração no esfíncter anal, bem como, aumento do risco de prolapsos de órgãos pélvicos, essas condições podem resultar em intervenções cirúrgicas (Silva et al., 2025). Embora a prática dessa intervenção não ser recomendada, observou-se que o seu uso ainda é comum.

     Uma das principais limitações desse estudo foi o número pequeno da amostra, para caracterizar melhor um perfil desta população. Como também o uso de questionários autoaplicáveis e de forma remota, o que pode comprometer a subjetividade das respostas. Sendo assim, é fundamental a realização de novos estudos para verificar o impacto da fisioterapia pélvica no parto normal e na ocorrência de lacerações perineais.

5  CONCLUSÃO

De acordo com as informações discutidas acima, conclui-se que a maioria das participantes eram casadas, possuíam ensino superior completo, com renda salarial de 3 a 6 salários mínimos e tinham apenas um filho. Grande parte das mulheres desejaram o parto normal, o trabalho de parto teve mais de 15 horas de duração, recém-nascido maior que 3kg e tiveram laceração grau 1. Observou-se que as mulheres que realizaram acompanhamento fisioterapêutico durante a gestação, em sua maioria, apresentavam maior nível de escolaridade e renda, o que pode ter influenciado no acesso a esse tipo de cuidado. No entanto, constatou-se uma baixa adesão à fisioterapia pélvica, frequentemente associada à falta de informação sobre sua importância e à ausência de oferta desse serviço no SUS, o que limita o acesso das gestantes de menor poder aquisitivo.

Assim, reforça-se a necessidade de novos estudos com amostras maiores, que possam comprovar os benefícios da fisioterapia pélvica no prénatal e fortalecer sua inclusão na assistência à gestante.

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