REFORMA TRIBUTÁRIA NO BRASIL: ANÁLISE DO IMPACTO DA CBS SOBRE A COMPETITIVIDADE E A ESTRUTURA OPERACIONAL DAS EMPRESAS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202506122042


Renilson Ramos Da Silva


RESUMO: A reforma tributária tem sido amplamente debatida como uma medida essencial para modernizar e simplificar o sistema tributário brasileiro, promovendo maior eficiência econômica e justiça fiscal. Entre as principais mudanças está a substituição de diversos tributos federais, estaduais e municipais pela Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e pelo Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), criando um modelo mais unificado e alinhado às práticas internacionais de tributação sobre o consumo. A introdução da CBS e do IBS visa reduzir a complexidade do sistema atual, diminuir custos administrativos e oferecer maior previsibilidade às empresas. Com uma base de incidência mais ampla e alíquotas padronizadas, espera-se facilitar o cumprimento das obrigações fiscais e reduzir a cumulatividade tributária. No entanto, os efeitos reais desses novos tributos sobre as empresas dependerão de fatores como as alíquotas efetivas, as regras de transição, os regimes específicos por setor e as medidas de compensação adotadas para evitar aumento da carga tributária. A definição de exceções e tratamentos diferenciados por setor ainda é um ponto de atenção, especialmente para empresas com atuação interestadual. Para se adequar ao novo modelo, as empresas precisarão revisar seus processos de precificação, planejamento tributário e estrutura financeira. Investimentos em tecnologia, automação fiscal e capacitação de equipes serão fundamentais para garantir conformidade e aproveitar os benefícios de um sistema mais racional e transparente. Embora o objetivo da reforma seja promover um ambiente de negócios mais eficiente e competitivo, os resultados dependerão da implementação prática das mudanças e da capacidade das empresas de se adaptarem ao novo cenário tributário.

PALAVRAS-CHAVES: Reforma Tributária, CBS, IBS.

ABSTRACT: Tax reform has been widely debated as an essential measure to modernize and simplify the Brazilian tax system, promoting greater economic efficiency and fiscal justice. Among the main changes is the replacement of several federal, state and municipal taxes by the Contribution on Goods and Services (CBS) and the Tax on Goods and Services (IBS), creating a more unified model aligned with international consumption taxation practices. The introduction of the CBS and IBS aims to reduce the complexity of the current system, reduce administrative costs and offer greater predictability to companies. With a broader tax base and standardized rates, it is expected to facilitate compliance with tax obligations and reduce tax cumulation. However, the real effects of these new taxes on companies will depend on factors such as effective rates, transition rules, specific regimes by sector and compensation measures adopted to avoid an increase in the tax burden. The definition of exceptions and differentiated treatments by sector is still a point of attention, especially for companies with interstate operations. To adapt to the new model, companies will need to review their pricing processes, tax planning and financial structure. Investments in technology, tax automation and team training will be essential to ensure compliance and reap the benefits of a more rational and transparent system. Although the objective of the reform is to promote a more efficient and competitive business environment, the results will depend on the practical implementation of the changes and the ability of companies to adapt to the new tax scenario.

Keywords: Tax Reform, CBS, IBS.

1. INTRODUÇÃO

A reforma tributária é considerada essencial para modernizar e simplificar o sistema tributário brasileiro, marcado por alta carga fiscal, burocracia excessiva e insegurança jurídica. As propostas de criação da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) buscam unificar tributos e adotar um modelo mais eficiente e transparente, inspirado no IVA. Essas mudanças têm potencial para reduzir a cumulatividade de impostos, facilitar o cumprimento das obrigações fiscais e melhorar a competitividade das empresas brasileiras, tanto no mercado interno quanto no exterior.

Contudo, a transição exigirá das empresas investimentos em tecnologia, treinamento e reestruturação de processos, o que pode gerar custos no curto prazo. Apesar desses desafios, os benefícios de longo prazo incluem menor risco de litígios, maior, segurança jurídica e estímulo a novos investimentos. A aprovação da reforma pelo Congresso Nacional é urgente para impulsionar o crescimento econômico, atrair capital estrangeiro e fortalecer o ambiente de negócios no pós-pandemia. Um debate transparente e inclusivo é fundamental para garantir que a reforma seja equilibrada, justa e eficaz.

2. A REFORMA TRIBUTÁRIA NO BRASIL

A criação da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), em substituição ao PIS e à Cofins, é uma iniciativa que busca simplificar o sistema tributário brasileiro e aliviar a carga fiscal suportada pelas empresas. A proposta consiste na unificação desses dois tributos em um único imposto com alíquota única, o que promete reduzir a complexidade das obrigações fiscais e facilitar o cumprimento das normas tributárias. Com isso, espera-se diminuir os custos administrativos relacionados à conformidade fiscal, criando um ambiente de negócios mais atrativo e propício a novos investimentos (FERNANDES, 2022).

Complementarmente, a introdução do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), outra medida da reforma tributária, pretende fundir diversos tributos indiretos em um único imposto, também com alíquota uniforme. Essa simplificação tem como objetivo corrigir distorções existentes na tributação de bens e serviços, além de tornar o sistema mais transparente e eficiente. A medida também pode contribuir para combater a sonegação fiscal e aumentar a arrecadação de forma mais justa (PEREIRA, 2021).

A modernização do sistema tributário traria benefícios significativos para as empresas. Com menos burocracia e menores custos operacionais ligados às exigências fiscais, os empreendedores poderão focar seus esforços no crescimento dos negócios, melhorando a produtividade e a competitividade. A redução da carga administrativa também libera recursos que podem ser direcionados à inovação e à expansão empresarial (SANTOS, 2022).

No entanto, há críticas à proposta da CBS, especialmente quanto à possibilidade de desequilíbrios na distribuição da carga tributária entre diferentes setores. Empresas intensivas em mão de obra, por exemplo, poderiam ser mais prejudicadas do que aquelas com maior uso de capital, o que poderia gerar assimetrias econômicas. Além disso, existe o receio de que os novos custos tributários sejam repassados aos consumidores, encarecendo produtos e serviços (MACIEL, 2023).

Essas questões reforçam a necessidade de um debate público amplo e transparente sobre os rumos da reforma tributária. A participação da sociedade nesse processo é fundamental para garantir que as decisões tomadas sejam justas e representem os diversos interesses econômicos do país. Apenas por meio de um diálogo aberto e democrático será possível construir um sistema tributário eficiente e equitativo (QUIRINO, 2022).

É imprescindível, ainda, que o novo modelo leve em conta as particularidades das pequenas e médias empresas, que compõem uma parte significativa da economia nacional. Ao estabelecer as regras e alíquotas dos novos tributos, deve-se evitar que essas empresas sejam penalizadas de forma desproporcional. A distribuição equilibrada dos encargos fiscais é essencial para garantir um ambiente de negócios mais inclusivo e sustentável (ROCHA, 2021).

Diante do atual cenário econômico, torna-se evidente a urgência da reforma tributária no Brasil. A competitividade das empresas no cenário global está diretamente ligada a um sistema regulatório mais simples e eficiente. Assim, a modernização tributária representa uma oportunidade estratégica para impulsionar o crescimento econômico, atrair investimentos estrangeiros e explorar todo o potencial de desenvolvimento do país (CALIENDO; LIETZ, 2021).

2.1 Histórico das reformas tributárias no país

A criação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em 1967 foi um marco importante nas reformas tributárias no país. O ICMS substituiu diversos impostos estaduais e se tornou uma das principais fontes de arrecadação dos estados brasileiros. Sua implementação visava simplificar o sistema tributário e aumentar a eficiência na arrecadação de impostos, contribuindo para o desenvolvimento econômico do país (FROENER; PERINGER, 2023).

Ao longo dos anos, diversas tentativas de reforma tributária foram propostas, incluindo a unificação de impostos federais, estaduais e municipais em um único imposto. Essas propostas visavam reduzir a complexidade do sistema tributário brasileiro e facilitar o cumprimento das obrigações fiscais pelas empresas. No entanto, a resistência política e econômica enfrentada por essas propostas muitas vezes resultou em adiamentos ou modificações significativas (ROCHA, 2021).

A necessidade de simplificação do sistema tributário brasileiro é evidente, uma vez que o atual modelo é complexo e burocrático para as empresas. A multiplicidade de impostos, alíquotas e obrigações acessórias dificulta a conformidade fiscal e aumenta os custos operacionais das organizações. Portanto, a simplificação do sistema tributário é indispensável para melhorar o ambiente de negócios no país (CAMPOS, 2021).

A carga tributária elevada no Brasil tem sido apontada como um dos principais entraves à competitividade das empresas no mercado internacional. Os altos impostos incidem sobre a produção, o consumo e os investimentos, reduzindo a capacidade das empresas brasileiras de competir com seus concorrentes estrangeiros. Nesse sentido, a reforma do sistema tributário é essencial para promover a competitividade das empresas brasileiras no cenário global (MACIEL, 2023).

A importância da reforma do sistema tributário vai além da questão da competitividade empresarial. Ela também é indispensável para estimular o crescimento econômico e a geração de empregos no país. Um sistema tributário mais simples, justo e eficiente pode contribuir para o aumento dos investimentos produtivos, impulsionando a atividade econômica e gerando novas oportunidades de trabalho para a população (FROENER; PERINGER, 2023).

As expectativas em relação aos novos tributos propostos (CBS – Contribuição sobre Bens e Serviços e IBS – Imposto sobre Bens e Serviços) são grandes. Esses novos impostos buscam simplificar o sistema tributário brasileiro, unificando diversas contribuições em um único imposto indireto sobre o valor agregado. Além disso, espera-se que esses novos tributos tornem a arrecadação mais eficiente, reduzindo custos administrativos para as empresas e aumentando a transparência na cobrança de impostos (ANDRADE, 2023).

Ao longo da história das reformas tributárias no Brasil, tem-se observado uma série de desafios e obstáculos que dificultam a implementação de mudanças significativas no sistema fiscal do país. No entanto, diante da necessidade premente de simplificação e eficiência na arrecadação de impostos, as propostas atuais de reforma do sistema tributário representam uma oportunidade única para promover melhorias substanciais no ambiente empresarial brasileiro. A adoção dos novos tributos (CBS e IBS) pode ser um passo importante na direção da modernização do sistema fiscal nacional e na promoção do crescimento econômico sustentável (SANTOS, 2022).

2.2 A necessidade de modernização do sistema tributário

O sistema tributário brasileiro, em sua forma atual, apresenta-se como um dos principais entraves ao desenvolvimento econômico do país. Marcado por sua complexidade e por uma legislação repleta de normas e exigências, ele impõe um fardo especialmente pesado sobre as pequenas e médias empresas, que enfrentam grandes dificuldades na apuração e no recolhimento de tributos. Além disso, a elevada carga fiscal compromete a competitividade das empresas brasileiras no cenário internacional, afastando potenciais investidores estrangeiros (BORGES, 2023).

Nesse contexto, a proposta de criação da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) surge como uma alternativa promissora para modernizar e simplificar o sistema tributário nacional. A unificação de tributos atualmente existentes em impostos únicos, com regras mais claras e uma alíquota padronizada, pode beneficiar tanto os contribuintes quanto o Estado, ao facilitar o processo de arrecadação e reduzir a incidência de sonegação fiscal. Contudo, é fundamental analisar com cautela os possíveis impactos dessa transição, que pode gerar custos adicionais e novas exigências burocráticas, especialmente no período de adaptação (PEREIRA, 2021).

A adoção da CBS e do IBS poderá provocar mudanças relevantes na estrutura de custos das empresas, influenciando diretamente sua capacidade de investir e crescer. Por isso, é essencial garantir a participação ativa de todos os segmentos da sociedade no debate sobre a reforma tributária. A construção de um modelo justo e equilibrado exige transparência e diálogo entre governo, setor produtivo e sociedade civil, de forma a contemplar as diferentes realidades econômicas e sociais do país (FERNANDES, 2022).

Cada setor da economia possui características próprias que devem ser consideradas no desenho do novo sistema tributário. A aplicação uniforme das alíquotas, sem levar em conta essas especificidades, pode gerar desequilíbrios e penalizar determinadas atividades. Assim, é necessário que a reforma promova tanto a simplificação quanto a justiça fiscal, com regras objetivas e adequadas à diversidade da estrutura produtiva brasileira (SANTOS, 2022).

A urgência dessa modernização se deve à crescente necessidade de tornar o ambiente de negócios mais atrativo e competitivo no cenário global. Um sistema tributário mais eficiente permitirá que as empresas brasileiras se expandam, gerem empregos e contribuam mais ativamente para o crescimento econômico do país. A reforma deve acompanhar as transformações internacionais, garantindo às empresas nacionais as condições necessárias para competir em pé de igualdade com players globais (CALIENDO; LIETZ, 2021).

No entanto, os obstáculos políticos e econômicos à aprovação da reforma são significativos. O sistema atual reflete não apenas questões técnicas, mas também interesses divergentes que dificultam o consenso. A superação dessas barreiras exige um esforço conjunto e diálogo permanente entre governo, empresários, trabalhadores e representantes da sociedade civil, para que se construa uma proposta que atenda ao interesse coletivo (ROCHA, 2023).

Diante desses desafios, a atualização do sistema tributário brasileiro se torna inadiável. A criação da CBS e do IBS representa uma oportunidade estratégica para simplificar a estrutura tributária, reduzir a carga fiscal sobre as empresas e promover um ambiente mais favorável ao desenvolvimento econômico sustentável. Contudo, essa reforma só será eficaz se for conduzida com responsabilidade, participação democrática e atenção às desigualdades econômicas do país (ARAÚJO NETO, 2022).

2.3 Principais propostas em debate

A proposta de criação da Contribuição Social sobre Operações com Bens e Serviços (CBS), que substituiria o PIS e a COFINS, tem sido amplamente debatida no cenário político e econômico do Brasil. A principal motivação por trás dessa proposta é a simplificação do sistema tributário nacional, com o objetivo de reduzir a complexidade das obrigações fiscais e os altos custos de conformidade enfrentados pelas empresas. A CBS pretende consolidar a tributação sobre o consumo em um único tributo, eliminando a cumulatividade e promovendo maior clareza e transparência na arrecadação (QUIRINO, 2022).

Paralelamente, a proposta de criação do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), também em discussão como parte da reforma tributária, busca unificar diversos tributos indiretos em um só imposto. Essa medida visa não apenas simplificar a arrecadação e a fiscalização, mas também diminuir o peso tributário sobre as empresas, tornando o sistema mais funcional e menos oneroso. A expectativa é que a unificação facilite o cumprimento das obrigações fiscais e reduza distorções no atual modelo tributário (MENESES, 2022).

Apesar do potencial de melhoria, tanto a CBS quanto o IBS têm sido alvo de críticas de diversos setores da sociedade. Há preocupações de que a implementação desses tributos possa acarretar aumento de custos, especialmente para pequenas e médias empresas, que possuem menor capacidade de adaptação. Outro ponto de atenção refere-se ao possível aumento da carga tributária para setores específicos da economia, o que poderia comprometer sua competitividade (FERNANDES, 2022).

Outro aspecto fundamental diz respeito às disparidades regionais do Brasil. As reformas propostas precisam levar em conta as desigualdades entre as diferentes regiões, de modo a evitar o agravamento das diferenças econômicas e fiscais já existentes. A uniformização dos tributos, se não for bem calibrada, pode acabar penalizando regiões menos desenvolvidas, afetando negativamente seu potencial de crescimento (CAMPOS, 2021).

Diante desses desafios, é essencial que as propostas de reforma tributária sejam amplamente debatidas com a sociedade. A participação ativa de representantes dos diversos setores econômicos, sociais e regionais é indispensável para a construção de um sistema tributário mais justo e equilibrado. Esse diálogo é necessário para garantir que os interesses dos contribuintes sejam ouvidos e que as mudanças realmente resultem em avanços para a economia brasileira como um todo (ANDRADE, 2023).

Se bem implementadas, a CBS e o IBS podem trazer ganhos importantes para as empresas ao simplificar os processos fiscais e reduzir os custos administrativos relacionados ao cumprimento das obrigações tributárias. A unificação dos impostos sobre o consumo tem o potencial de criar um ambiente de negócios mais transparente, estável e competitivo, favorecendo o crescimento sustentável e a atração de investimentos no país (ROCHA, 2023).

3. A contribuição sobre bens e serviços (CBS)

A proposta de implementação da Contribuição Social sobre Operações com Bens e Serviços (CBS) prevê uma alíquota de 12%, inferior à soma das atuais alíquotas do PIS/Pasep e da Cofins. Essa redução tem como objetivo simplificar o sistema tributário e tornar a carga fiscal mais equilibrada, buscando estimular a atividade econômica. A expectativa é que, com uma tributação mais clara e racional, as empresas se tornem mais competitivas tanto no mercado interno quanto no externo, favorecendo investimentos e a geração de empregos (BORGES, 2023).

A abrangência da CBS será ampla, incidindo sobre a receita bruta das pessoas jurídicas, incluindo receitas oriundas de vendas de bens e serviços, bem como receitas financeiras. Isso significa que praticamente todas as operações realizadas por empresas estarão sujeitas à nova contribuição, independentemente de seu setor de atuação. A ampliação da base de cálculo pretende garantir uma arrecadação mais justa e eficiente, distribuindo os encargos fiscais de forma mais equitativa entre os contribuintes (ARAÚJO NETO, 2022).

Um dos principais diferenciais da CBS será o princípio da não cumulatividade, que permitirá às empresas descontar créditos relativos à aquisição de insumos e serviços utilizados em suas atividades produtivas. Com isso, será possível reduzir o impacto fiscal ao longo da cadeia produtiva, promovendo maior eficiência e incentivando a competitividade das empresas em diversos segmentos do mercado (QUIRINO, 2022).

Outro ponto relevante é a mudança no regime de apuração: a CBS será calculada com base no regime de competência, substituindo o atual regime de caixa usado para o PIS/Pasep e Cofins. Isso significa que as receitas e despesas deverão ser registradas no momento em que forem geradas, e não no momento do pagamento. Essa mudança busca maior transparência contábil e melhor controle fiscal por parte das autoridades (SANTOS, 2022).

Os impactos da CBS nas empresas podem variar conforme o setor e a estrutura de cada organização. Para alguns segmentos, a reforma representará uma simplificação tributária e até mesmo uma redução na carga fiscal. No entanto, outros setores poderão enfrentar um aumento de tributos, especialmente aqueles que têm dificuldade em gerar créditos suficientes para compensação. Além disso, o processo de transição exigirá adequações significativas nas rotinas contábeis e fiscais das empresas, o que pode demandar investimentos em sistemas e capacitação (MACIEL, 2023).

As principais críticas à CBS envolvem o risco de elevação da carga tributária para determinados setores e a complexidade da transição entre o sistema atual e o novo modelo.

Muitos empresários demonstram preocupação com a falta de clareza sobre as regras de adaptação, temendo impactos negativos na competitividade, nos investimentos e na geração de empregos. A incerteza jurídica durante esse processo também é vista como um obstáculo adicional (MENESES, 2022).

Diante dessas questões, há um consenso sobre a necessidade de ajustes legislativos que garantam a eficácia da CBS e sua adequação às diferentes realidades do setor produtivo. É fundamental que as autoridades fiscais mantenham diálogo aberto com as empresas durante o período de transição, oferecendo suporte técnico e regulatório para minimizar os impactos negativos. O monitoramento contínuo da aplicação da nova legislação será essencial para assegurar a conformidade fiscal e evitar disputas jurídicas no futuro (ROCHA, 2021).

3.1 Características e estrutura da CBS

A Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) representa uma mudança estrutural importante no sistema tributário brasileiro, substituindo os atuais tributos PIS e COFINS. Uma das principais alterações está na base de cálculo, que passa a considerar a totalidade da receita bruta da empresa, sem permitir exclusões de determinadas despesas. Essa modificação tem como objetivo simplificar o processo de apuração e aumentar a transparência, eliminando as complexidades das regras anteriores (PEREIRA, 2021).

A proposta de unificação promovida pela CBS busca reduzir a burocracia e os custos operacionais das empresas, ao mesmo tempo em que simplifica o cumprimento das obrigações fiscais. Com menos exigências acessórias, os empreendedores poderão dedicar mais tempo às atividades produtivas. Além disso, a CBS tem potencial para corrigir distorções do sistema atual, estimular a formalização e melhorar o ambiente de negócios no país (FROENER; PERINGER, 2023).

Entretanto, os efeitos da CBS variam entre os setores econômicos. Cadeias produtivas com alta utilização de mão de obra podem sofrer mais com a nova base de cálculo, enquanto empresas com margens de lucro maiores tendem a se beneficiar da simplificação. Dessa forma, é fundamental analisar o impacto setorial da nova contribuição para entender seus reflexos sobre a competitividade e sustentabilidade dos negócios (CALIENDO; LIETZ, 2021).

Para algumas empresas, especialmente aquelas que atualmente operam sob regimes especiais ou com isenções fiscais, a CBS pode significar um aumento da carga tributária. Por isso, torna-se essencial a realização de planejamento tributário estratégico, visando mitigar possíveis efeitos negativos e adaptar os processos internos à nova realidade fiscal (ANDRADE, 2023).

Entre as principais críticas à proposta apresentada pelo governo estão a falta de clareza na definição da alíquota efetiva e a ausência de medidas compensatórias para os setores mais impactados. Especialistas sugerem que haja maior diálogo entre o governo e os setores produtivos, bem como ajustes legislativos para garantir uma transição gradual e justa para o novo modelo (QUIRINO, 2022).

A transição para a CBS exigirá das empresas investimentos em tecnologia e capacitação de pessoal. Será necessário treinar equipes internas para lidar com as novas exigências e adaptar os sistemas de gestão fiscal. A automação dos processos será fundamental para o correto cumprimento das obrigações acessórias e para evitar penalidades (FROENER; PERINGER, 2023).

Um exemplo claro dessa necessidade é o uso de sistemas de tecnologia da informação (TI) capazes de calcular os tributos com precisão. A CBS, por sua natureza técnica e regras específicas, requer sistemas que interpretem corretamente as transações comerciais e apliquem automaticamente as alíquotas pertinentes. Esse nível de precisão demanda infraestrutura tecnológica adequada e profissionais capacitados para operá-la (SANTOS, 2022).

As expectativas do mercado em relação à CBS e ao IBS são diversas. Enquanto alguns analistas acreditam que a reforma tributária pode aumentar a competitividade e melhorar o ambiente de negócios, outros alertam para possíveis elevações nos custos operacionais. O acompanhamento contínuo do cenário econômico será fundamental para medir os impactos reais dessas mudanças nas empresas e na economia brasileira como um todo (ROCHA, 2021).

3.2 Impactos da CBS nas empresas brasileiras

A implementação da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) representa uma mudança significativa no sistema tributário brasileiro, com impactos diretos sobre o funcionamento das empresas. Ao unificar tributos como PIS e COFINS, a CBS tem o potencial de simplificar os processos fiscais e reduzir a burocracia, o que pode resultar em maior eficiência operacional. Essa simplificação permitirá que as empresas direcionem seus esforços para suas atividades principais, aumentando a produtividade e melhorando sua competitividade no mercado (BORGES, 2023).

Com a chegada da CBS, as empresas precisarão se adequar ao novo modelo tributário, o que inclui revisar processos internos e capacitar colaboradores. A revisão dos procedimentos internos é fundamental para assegurar o cumprimento das novas normas e evitar penalidades. Já a capacitação dos funcionários é essencial para garantir que todos compreendam e apliquem corretamente às novas regras, minimizando riscos de erros que possam afetar o desempenho da organização (ARAÚJO NETO, 2022).

Apesar das vantagens prometidas, a CBS trará também desafios importantes. Um dos principais será a adaptação dos sistemas de gestão, que precisarão ser atualizados ou substituídos para atender às exigências de apuração e recolhimento do novo tributo. Esse processo pode implicar custos operacionais adicionais, exigindo das empresas estratégias para absorver esses investimentos sem comprometer sua rentabilidade (MACIEL, 2023).

Por outro lado, a CBS também abre espaço para oportunidades estratégicas. A unificação dos tributos permitirá às empresas repensarem sua gestão fiscal, buscando formas mais eficazes de organizar suas obrigações tributárias. Isso pode favorecer empresas com maior capacidade de adaptação, que conseguirão se beneficiar de uma estrutura tributária mais clara e racional, ganhando vantagens competitivas no mercado (MENESES, 2022).

Para enfrentar esse novo cenário com segurança, é imprescindível que as empresas desenvolvam um planejamento tributário eficaz. A análise detalhada da situação atual, aliada à identificação de oportunidades legais de otimização fiscal, pode reduzir riscos e garantir maior estabilidade financeira. Esse planejamento será crucial para enfrentar os desafios da transição e manter a saúde econômica da empresa durante e após a implementação da CBS (ROCHA, 2023).

As expectativas do setor empresarial quanto à CBS e ao IBS são diversas, mas algumas preocupações são recorrentes: a necessidade de simplificação tributária, a redução da burocracia e a previsibilidade das normas fiscais são demandas centrais. Além disso, a transição entre os sistemas atuais e o novo modelo gera incertezas, especialmente em relação a impactos financeiros e operacionais de curto prazo (PEREIRA, 2021).

As perspectivas futuras para as empresas diante da CBS são ambíguas. Inicialmente, os desafios de adaptação podem gerar instabilidade e insegurança. Contudo, no médio e longo prazo, empresas que conseguirem se adaptar de forma eficiente poderão colher benefícios como maior competitividade, racionalização fiscal e melhor posicionamento no mercado. Assim, a preparação e o acompanhamento estratégico serão determinantes para que as organizações enfrentem esse novo cenário com sucesso (CAMPOS, 2021).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A criação da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), no contexto da reforma tributária, promete simplificar o sistema tributário brasileiro ao unificar tributos federais, estaduais e municipais. Essa mudança pode reduzir a burocracia e os custos operacionais, além de aumentar a transparência fiscal. No entanto, há preocupações com possíveis aumentos na carga tributária para alguns setores e com a complexidade da transição.

As empresas precisarão investir em tecnologia, adaptar seus sistemas de gestão fiscal e capacitar colaboradores para lidar com novas regras e exigências de compliance. Apesar dos desafios, a reforma pode melhorar a competitividade, atrair investimentos e estimular o crescimento econômico. A participação ativa do setor privado no debate é essencial para garantir que as mudanças sejam equilibradas e benéficas ao ambiente de negócios.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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