IMPACTOS DAS DOENÇAS OCUPACIONAIS NA QUALIDADE DE VIDA DOS DOCENTES DA SEDUC-AM: UM ESTUDO FENOMENOLÓGICO

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/dt10202506100854


Gracilene da Silva de Souza Sierpinski
Drº. Amauri Siqueira da Silva


RESUMO 

Este artigo analisou os impactos das doenças ocupacionais na qualidade de vida dos  docentes da Secretaria de Estado de Educação e Desporto do Amazonas (SEDUC AM). A pesquisa qualitativa, com abordagem fenomenológica, utilizou entrevistas,  questionários e análise documental como instrumentos de coleta de dados. Os  resultados evidenciaram que doenças como LER/DORT, problemas de coluna,  hipertensão arterial e transtornos psicológicos afetaram não apenas a saúde física,  mas também o bem-estar emocional e social dos professores. Concluiu-se que há  necessidade de ações institucionais voltadas à prevenção e promoção da saúde  ocupacional, além de valorização profissional, para melhorar as condições de trabalho  e a qualidade de vida dos docentes. 

Palavras-chave: Saúde Ocupacional, Doenças Ocupacionais, Qualidade de Vida,  Docentes. 

ABSTRACT 

This article analyzed the impacts of occupational diseases on the quality of life of  teachers at the State Department of Education and Sports of Amazonas (SEDUC-AM).  The qualitative, phenomenological approach used interviews, questionnaires, and  document analysis as data collection instruments. The results showed that diseases  such as LER/DORT, back problems, hypertension, and psychological disorders  affected not only the physical health but also the emotional and social well-being of  teachers. It was concluded that there is a need for institutional actions aimed at  prevention and promotion of occupational health, as well as professional appreciation,  to improve working conditions and teachers’ quality of life. 

Keywords: Occupational Health, Occupational Diseases, Quality of Life, Teachers.

1. INTRODUÇÃO 

O exercício da docência no Brasil é marcado por múltiplos desafios que  extrapolam as demandas pedagógicas, estendendo-se a condições de trabalho que,  muitas vezes, comprometem a saúde e o bem-estar dos professores. Esse cenário é  particularmente evidente na Secretaria de Estado de Educação e Desporto do  Amazonas (SEDUC-AM), onde docentes enfrentam sobrecarga de trabalho,  infraestrutura escolar deficiente, carência de recursos didáticos e, principalmente,  ausência de programas de saúde ocupacional eficazes. 

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2008), as doenças  ocupacionais estão associadas a fatores físicos, psicológicos e ambientais que  impactam significativamente a qualidade de vida dos trabalhadores. No contexto  educacional, esses fatores se traduzem em jornadas extenuantes, estresse  emocional, exigências burocráticas e situações de violência simbólica e até física. 

Segundo Prodanov e Freitas (2013), a saúde do trabalhador docente é  resultado de múltiplas dimensões, incluindo aspectos ergonômicos (como mobiliário  inadequado), emocionais (como pressão para resultados e conflitos interpessoais) e  sociais (como desvalorização profissional). Essas dimensões interagem de forma  dinâmica, provocando um processo de adoecimento que se manifesta em doenças  como LER/DORT, hipertensão arterial, diabetes mellitus tipo 2, ansiedade, depressão  e síndrome de Burnout, comprometendo a qualidade de vida desses profissionais. 

No caso da SEDUC-AM, observam-se relatos frequentes de docentes que  convivem com dores musculoesqueléticas, alterações psicológicas e doenças  crônicas agravadas pelas condições de trabalho. Um estudo realizado por Sampieri et  al. (2013) ressalta que a precarização das condições de trabalho, associada à  escassez de programas de prevenção, resulta em elevado índice de adoecimento  docente. 

Diante desse contexto, é fundamental compreender como as doenças  ocupacionais afetam a qualidade de vida dos professores da rede estadual de ensino,  considerando não apenas os sintomas físicos, mas também as dimensões emocionais  e sociais que impactam seu cotidiano. Este estudo, portanto, busca analisar de forma  fenomenológica os impactos das doenças ocupacionais na qualidade de vida dos docentes da SEDUC-AM, utilizando entrevistas, questionários e observações como  instrumentos de coleta de dados. 

Para Sampieri et al. (2013), pesquisas qualitativas permitem explorar aspectos  subjetivos da realidade docente, contribuindo para o desenvolvimento de políticas  públicas e práticas pedagógicas que valorizem a saúde e o bem-estar do trabalhador.  Assim, este artigo visa oferecer subsídios para que gestores, profissionais de saúde  e educadores compreendam as múltiplas dimensões do adoecimento docente,  favorecendo a construção de estratégias que promovam a saúde ocupacional e a  qualidade de vida no ambiente escolar. 

OBJETIVO GERAL 

Analisar os impactos das doenças ocupacionais na qualidade de vida dos docentes  da SEDUC-AM. 

OBJETIVOS ESPECÍFICOS 

• Identificar as principais doenças ocupacionais que acometem os docentes da  SEDUC-AM. 

• Investigar como essas doenças afetam a motivação e o desempenho  profissional. 

• Avaliar os efeitos das doenças ocupacionais na vida pessoal e social dos  docentes. 

• Sugerir ações institucionais para prevenção e promoção da saúde ocupacional  docente. 

2. JUSTIFICATIVA 

Este estudo justifica-se pela necessidade de compreender os impactos das  doenças ocupacionais na vida dos docentes da SEDUC-AM. A pesquisa evidencia  problemas de saúde ocupacional como LER/DORT, problemas de coluna, hipertensão  arterial e transtornos psicológicos, que comprometem a qualidade de vida dos  docentes. A relevância deste estudo está no aprofundamento da análise qualitativa  das falas dos professores e dos dados coletados durante a pesquisa, destacando as lacunas nas políticas públicas e o impacto das condições de trabalho na saúde do  professor. 

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 

A compreensão dos impactos das doenças ocupacionais na qualidade de vida  dos docentes requer uma abordagem interdisciplinar que considere aspectos físicos,  psicológicos, sociais e organizacionais. Esta seção apresenta uma revisão teórica  sobre os principais conceitos que embasam este estudo, com foco na saúde  ocupacional, nas doenças relacionadas ao trabalho docente e na qualidade de vida  no contexto educacional. 

3.1. Saúde Ocupacional no Contexto Docente 

A saúde ocupacional, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2008),  é o conjunto de atividades destinadas à promoção e proteção da saúde dos  trabalhadores, visando à prevenção de doenças e à melhoria da qualidade de vida no  ambiente de trabalho. No contexto docente, essas atividades devem considerar a  natureza da profissão, que envolve múltiplas demandas físicas e emocionais. 

Prodanov e Freitas (2013) destacam que os professores estão expostos a  fatores de risco como mobiliário inadequado, postura incorreta, carga horária  excessiva, ruído, iluminação inadequada e clima organizacional desfavorável. Esses  fatores contribuem para o surgimento de doenças ocupacionais, como LER/DORT,  problemas osteomusculares, transtornos psicológicos e doenças metabólicas, que  impactam diretamente a saúde e a produtividade dos docentes. 

3.2. Doenças Ocupacionais Relacionadas à Docência 

De acordo com o Ministério da Saúde (2016), as doenças ocupacionais mais  frequentes entre os docentes incluem: 

• Lesões por Esforços Repetitivos/Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao  Trabalho (LER/DORT); 

• Problemas na coluna vertebral; 

• Hipertensão arterial;

• Diabetes mellitus tipo 2; 

• Transtornos de ansiedade, depressão e síndrome de Burnout.

3.2.1. Saúde Ocupacional no Contexto Docente 

A saúde ocupacional compreende um conjunto de medidas que visam promover o  bem-estar físico, mental e social do trabalhador, prevenindo doenças e acidentes  relacionados ao trabalho (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016). No ambiente escolar,  essas medidas devem ser direcionadas para as necessidades específicas da  docência, considerando a sobrecarga emocional, a pressão por resultados e as  condições de trabalho inadequadas (PRODANOV; FREITAS, 2013). 

3.2.2. Doenças Ocupacionais e Docência

No contexto da SEDUC-AM, foram  identificadas doenças como hipertensão arterial, diabetes mellitus tipo 2, problemas  na coluna, tendinite e bursite (Sierpinski, 2020). Essas doenças, muitas vezes, são  agravadas por fatores como carga horária excessiva e sedentarismo (SAMPIERI et  al., 2013). De acordo com dados do Ministério da Saúde (2016), doenças  psicossociais como ansiedade e depressão também têm aumentado entre os  docentes. 

3.2.3. Qualidade de Vida no Trabalho Docente

A Organização Mundial da Saúde  (2008) define qualidade de vida como a percepção do indivíduo sobre sua posição na  vida, considerando fatores culturais e valores pessoais. Para os docentes, essa  percepção está relacionada à valorização profissional, ao equilíbrio entre vida pessoal  e profissional e ao suporte institucional (GERHARDT; SILVEIRA, 2009). 

3.2.4. Políticas Públicas e Saúde do Trabalhador

O Brasil conta com legislações  que visam proteger a saúde do trabalhador, como a NR-17, que trata da ergonomia  no trabalho. No entanto, na área da educação, a implementação dessas políticas  ainda é insuficiente, resultando em altos índices de adoecimento docente  (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016). 

Essas doenças afetam não apenas a saúde física, mas também comprometem  a saúde mental e emocional, provocando afastamentos, queda no rendimento profissional e impacto na vida social. Sampieri et al. (2013) ressalta que as doenças  psicossociais são potencializadas pela sobrecarga emocional e pela pressão para o  cumprimento de metas educacionais. 

Quadro 1 – Principais doenças ocupacionais relatadas por docentes da SEDUC AM 

Fonte: Dados da pesquisa, elaborado por Sierpinski, G. S. S. (2020). 

3.3. Qualidade de Vida e Saúde do Trabalhador Docente 

A qualidade de vida é definida pela OMS (2008) como a percepção do indivíduo  sobre sua posição na vida, no contexto da cultura e dos valores nos quais está  inserido, em relação aos seus objetivos, expectativas e preocupações. Para docentes,  a qualidade de vida no trabalho envolve condições ergonômicas, apoio institucional,  valorização profissional e equilíbrio entre vida pessoal e profissional. 

Gerhardt e Silveira (2009) enfatizam que a ausência de suporte psicossocial,  aliada à precarização das condições de trabalho, agrava os problemas de saúde e  compromete a qualidade de vida dos professores. Prodanov e Freitas (2013)  acrescentam que ações de promoção da saúde ocupacional devem considerar não  apenas a prevenção de doenças físicas, mas também estratégias de apoio emocional,  como grupos de acolhimento, psicoterapia e programas de valorização profissional. 

3.4. Políticas Públicas e Saúde Ocupacional no Brasil

O Brasil possui políticas públicas de saúde ocupacional que buscam proteger  a saúde dos trabalhadores. No entanto, segundo o Ministério da Saúde (2016), a  implementação dessas políticas no contexto escolar ainda é incipiente. Muitas vezes,  os programas existentes não contemplam a complexidade do trabalho docente,  deixando lacunas na prevenção e no cuidado integral. 

Para Sampieri et al. (2013), é necessário investir em programas de prevenção  que envolvam ergonomia, promoção de saúde mental e capacitação dos professores,  garantindo, assim, melhores condições de trabalho e qualidade de vida. 

3.5. Lesões por Esforços Repetitivos (LER/DORT) 

Segundo o Ministério da Saúde (2016) e relatos dos professores entrevistados  (SIERPINSKI, 2020), as LER/DORT são prevalentes entre os docentes, impactando  diretamente o rendimento profissional e a qualidade de vida. Um dos entrevistados  relatou: “As dores no braço são constantes e me impedem de escrever no quadro”.  Prodanov e Freitas (2013) reforçam que essas doenças decorrem da sobrecarga de  tarefas e da postura inadequada no ambiente escolar. 

3.6. Problemas Osteomusculares na Coluna Vertebral 

De acordo com a pesquisa (SIERPINSKI, 2020), as doenças na coluna, como  hérnias discais, estão relacionadas ao tempo prolongado em pé e à falta de cadeiras  ergonômicas. Esses dados são corroborados por Gerhardt e Silveira (2009), que  destacam a importância da ergonomia escolar para prevenir tais problemas. 

3.7. Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus Tipo 2 

Os docentes também relataram problemas como hipertensão e diabetes,  associados ao estresse ocupacional e à carga emocional do trabalho docente.  Sampieri et al. (2013) ressalta que esses problemas podem ser agravados por  hábitos alimentares irregulares, comuns entre professores devido à carga horária  extensa. 

3.8. Transtornos Psicológicos: Ansiedade e Depressão

A pesquisa identificou que muitos docentes sofrem de ansiedade e depressão,  refletindo no afastamento do trabalho e na redução do rendimento escolar  (SIERPINSKI, 2020). A OMS (2008) destaca que a saúde mental é tão importante  quanto a saúde física e requer políticas de apoio institucional. 

4. METODOLOGIA 

Este estudo é de natureza qualitativa, com abordagem fenomenológica,  buscando compreender a experiência vivida pelos docentes da SEDUC-AM em  relação às doenças ocupacionais e seus impactos na qualidade de vida. Segundo  Gerhardt e Silveira (2009), a pesquisa qualitativa permite aprofundar aspectos  subjetivos e contextuais, possibilitando a análise de sentidos e significados atribuídos  pelos sujeitos às situações que vivenciam. 

4.1. Tipo de Pesquisa 

Trata-se de uma pesquisa qualitativa de caráter fenomenológico, que busca  compreender as experiências vividas pelos professores em relação às doenças  ocupacionais (GERHARDT; SILVEIRA, 2009). 

4.2. Participantes 

Participaram da pesquisa sete professores da SEDUC-AM, com idades entre 44 e 64  anos e tempo de magistério superior a 10 anos (Sierpinski, 2020). 

4.3. Instrumentos de Coleta de Dados 

Foram utilizadas entrevistas semiestruturadas, questionários e análise documental,  seguindo as orientações de Fonseca (2002) e Gerhardt e Silveira (2009). As  entrevistas foram gravadas e transcritas na íntegra, permitindo uma análise  aprofundada das falas dos professores. 

4.4. Análise dos Dados

Os dados foram analisados utilizando a técnica de análise de conteúdo  proposta por Bardin (2016), envolvendo as etapas de pré-análise, exploração do  material, categorização e interpretação. As categorias foram definidas a partir das  falas dos sujeitos, buscando identificar elementos que revelassem os impactos das  doenças ocupacionais na vida pessoal, social e profissional dos docentes. 

4.5. Delineamento da Pesquisa 

Optou-se por um estudo descritivo-analítico, considerando que o objetivo  principal é compreender e descrever as percepções dos docentes acerca das doenças  ocupacionais e suas repercussões. A fenomenologia, enquanto método, possibilita  adentrar na subjetividade dos sujeitos e compreender suas experiências de  adoecimento no ambiente escolar. 

4.6. Universo e Amostra 

A pesquisa foi realizada com professores da rede estadual de ensino de  Manaus-AM, vinculados à SEDUC-AM. Participaram 14 sujeitos: sete docentes, três  assistentes sociais, dois psicólogos e dois médicos, todos com experiência  profissional superior a dois anos na instituição. O critério de inclusão considerou  docentes em atividade que relataram experiências com doenças ocupacionais. 

4.7. Procedimentos de Coleta de Dados 

Foram utilizados três instrumentos principais: 

a) Entrevistas semiestruturadas, com roteiro baseado nos objetivos da pesquisa,  para captar percepções e experiências individuais; 

b) Questionários com perguntas abertas, permitindo aos sujeitos expressar  livremente suas vivências; 

c) Observação participante, realizada em ambiente escolar, possibilitando o registro  de comportamentos, interações e condições de trabalho. 

4.8. Procedimentos de Coleta e Análise

As entrevistas foram gravadas (mediante consentimento livre e esclarecido) e  transcritas na íntegra. Os questionários foram entregues em formato impresso,  recolhidos em sigilo. A observação participante ocorreu em diferentes horários e  turnos, garantindo diversidade de situações. Para análise dos dados, utilizou-se a  técnica de análise de conteúdo proposta por Bardin (2016), seguindo as etapas de  pré-análise, exploração do material, categorização e interpretação. 

4.9. Aspectos Éticos 

A pesquisa seguiu as orientações da Resolução nº 510/2016 do Conselho  Nacional de Saúde (BRASIL, 2016), garantindo o anonimato e a confidencialidade dos  participantes. Todos os sujeitos assinaram o Termo de Consentimento Livre e  Esclarecido. 

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 

A análise dos dados revelou que as doenças ocupacionais impactam de forma  significativa a qualidade de vida dos docentes da SEDUC-AM, afetando não apenas  a saúde física, mas também a dimensão emocional, social e profissional. A seguir,  apresentam-se os principais resultados organizados em categorias temáticas. 

5.1. Principais Doenças Ocupacionais Identificadas 

Entre as doenças relatadas, destacaram-se LER/DORT, problemas de coluna,  hipertensão arterial, diabetes mellitus tipo 2, ansiedade e depressão. Essas doenças  foram associadas, segundo os sujeitos, às condições de trabalho e à falta de  ergonomia nas salas de aula. 

Um professor relatou: 

“Trabalhar em sala de aula, em pé o tempo todo, sem cadeira adequada, me  trouxe problemas na coluna que até hoje me prejudicam.” 

Esses dados confirmam o que Prodanov e Freitas (2013) afirmam sobre a  precarização das condições de trabalho docente, agravando os problemas de saúde.

5.2. Impactos no Desempenho Profissional 

Os professores descreveram dificuldades para manter o ritmo de trabalho,  redução da motivação e medo de agravamento das doenças. Um dos docentes  relatou: 

“Depois que comecei a ter dores constantes nos braços, não consegui mais  escrever no quadro como antes. Isso me dá desânimo e prejudica meus alunos.” Esse relato corrobora Sampieri et al. (2013), que apontam que as doenças  ocupacionais reduzem a produtividade e afetam diretamente a qualidade do ensino. 

5.3. Impactos na Vida Pessoal e Social 

A vida pessoal e social dos docentes também foi afetada, principalmente em  relação ao lazer e às relações familiares. Muitos afirmaram que deixaram de participar  de atividades que antes eram prazerosas, como reuniões familiares, viagens e  encontros com amigos. 

Uma professora desabafou: 

“Depois que fui diagnosticada com hipertensão, tenho medo de sair de casa  sozinha. Isso me deixou mais isolada e triste.” 

Para Gerhardt e Silveira (2009), o isolamento social é um fator que agrava os  quadros de ansiedade e depressão, prejudicando a recuperação do trabalhador. 

5.4. Necessidade de Apoio Institucional 

Os participantes relataram a ausência de programas de prevenção e suporte  psicológico na SEDUC-AM, o que contribui para a desvalorização do profissional e o  agravamento dos problemas de saúde. 

Um psicólogo da rede declarou: 

“A Secretaria até oferece algumas campanhas, mas não há um  acompanhamento efetivo dos casos. Isso faz o professor se sentir desamparado.” Esse dado reforça a importância de políticas públicas de saúde ocupacional,  como destaca o Ministério da Saúde (2016). 

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa teve como objetivo analisar os impactos das doenças  ocupacionais na qualidade de vida dos docentes da SEDUC-AM. Os resultados  encontrados confirmaram que essas doenças afetam significativamente a saúde  física, emocional, social e profissional dos docentes. Doenças como LER/DORT,  problemas de coluna, hipertensão arterial, diabetes mellitus tipo 2, ansiedade e  depressão foram identificadas como principais fatores que prejudicam a motivação e  o desempenho profissional dos professores, além de impactarem a vida pessoal e  social. 

Dessa forma, os objetivos específicos foram atendidos, pois o estudo identificou  as principais doenças ocupacionais, analisou como elas afetam o desempenho  docente e a qualidade de vida, e ainda indicou a necessidade de ações institucionais  de prevenção e promoção da saúde. O levantamento das falas dos professores  evidenciou que a ausência de políticas públicas de apoio à saúde do trabalhador  agrava o cenário de adoecimento e desvalorização da profissão docente. 

Conclui-se que é imprescindível a implementação de programas de prevenção,  promoção e acompanhamento da saúde ocupacional, com foco em ergonomia,  suporte psicológico e valorização profissional, para melhorar as condições de trabalho  e a qualidade de vida dos docentes. Recomenda-se também a sensibilização de  gestores e formuladores de políticas públicas para a importância da saúde do  trabalhador docente, visto que a qualidade da educação está diretamente ligada ao  bem-estar desses profissionais. 

Sugere-se que futuras pesquisas ampliem o escopo para investigar a relação  entre doenças ocupacionais e o desempenho escolar, além de avaliar a eficácia das  ações de saúde implementadas no ambiente escolar. Acredita-se que essas medidas  poderão contribuir para a redução do adoecimento docente, para a valorização da  profissão e para a melhoria da qualidade do ensino.

REFERÊNCIAS 

ALVARENGA, Estelbina Miranda de. Metodologia da Investigação Quantitativa e  Qualitativa: normas técnicas de apresentação de trabalhos científicos. (Trad.:  Cesar Amarilhas). 2ª ed. 2ª reimp. Assunção: A4 Desenhos, 2014 

ARANTES, Vanessa Cristina (org). Paciente Diabético: cuidados em nutrição. – 1. ed. – Rio de janeiro: MedBook, 2013.  

BRASIL, Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Consolidação das Leis do  Trabalho. Disponivel em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decretolei/del5452.htm>. Acesso em: [18] [08]  [2020]. 

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de  Atenção Básica. Diabetes Mellitus. – Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 64 p. il. – (Cadernos de Atenção Básica, n. 16) (Série A. Normas e Manuais Técnicos).  

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de  Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis e Promoção da Saúde.  

Saúde Brasil 2018 uma análise de situação de saúde e das doenças e agravos  crônicos: desafios e perspectivas – Brasília: Ministério da Saúde, 2019.  

CASTRO, Robson. Gestão de pessoas e conflitos no trabalho. Clube de Autores  (managed). Jun. De 2015. Disponível em: https://play.google.com/books/reader?id=u  1B8DwAAQBAJ&hl=pt_BR&pg=GBS.PT1. Acesso em [23] [02] [2021].  

BIONGIOVANI, Anair. Entre o prazer e a dor, o (des) encanto da profissão  docente. – 1. ed. – Curitiba: Appris, 2018.  

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2016. 

BRASIL. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 510, de 07 de abril de 2016.  Brasília: Ministério da Saúde, 2016.

ESTANISLAU, Rodrigo Affonseca Bressan (Orgs.). Saúde mental na escola:  [recurso eletrônico]. – Porto Alegre: Artmed, 2014.  

EVANGELISTA, Olinda; SEKI, Allan Kenji. Formação de professores no Brasil:  leituras a contrapelo. – 1. ed. – Araraquara [SP]: Junqueira&Marin, 2017.  

FERREIRA, Lenilson. Saúde emocional do professor. 2. ed. Litteris Editora  LTDA, 2019.  

GERHARDT, Tatiana Engel; SILVEIRA, Denise Tolfo. Métodos de pesquisa. Porto  Alegre: UFRGS, 2009. 

HART, Julian Tudor. Tudo Sobre Hipertensão Arterial. – 1. ed. – Editora Andrei.  São Paulo – SP, 2000.  

KRAUSE, L. Kathleen Mahan, Sylvia ESCOTT-STUMP. Alimentos, nutrição e  dietoterapia. [Tradução Natalia Rodrigues Pereira… et al.]. – Rio de janeiro:  Elsevier, 2010.  

LIPP Marilda (org.). O Stress do professor. Papirus Editora, 2015.  

LOUZÃ, Mario Rodrigues; CORDÁS, Táki Athanássios.  Transtornos de personalidade. [recurso eletrônico]. – 2. ed. – Porto Alegre:  Artmed, 2020.  

MACEDO, Rui Bocchino. Segurança, saúde, higiene e medicina do trabalho. – Curitiba, PR: IESDE Brasil, 2012.  

MENESES-BARRIVIERA, Caroline Luiz. Cervicalgia, cefaleia, diabetes mellitus,  hipertensão arterial, alteração de tireoide e ruído como fatores associados a  problemas na voz e na audição em professores. / Caroline Luiz Meneses Barriviera. Londrina: [s.n], 2018.  

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Lista de doenças relacionadas ao trabalho. Brasília:  Ministério da Saúde, 2016. 

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Integração da saúde mental nos  cuidados de saúde primários. Genebra, 2008. 

PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani Cesar de. Metodologia do trabalho  científico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. 2. ed. Novo  Hamburgo: Feevale, 2013.

SAMPIERI, Roberto Hernández; COLLADO, Carlos Fernández; LUCIO, Pilar  Baptista Lucio. Metodologia de pesquisa. 5. ed. São Paulo: McGraw Hill, 2013. 

SIERPINSKI, Gracilene da Silva de Souza. Dados da pesquisa. Manaus, 2020.