AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO TRATAMENTO INTEGRADO COM BACILLUS SUBTILIS E PYDIFLUMETOFEN NO CONTROLE DE PATÓGENOS EM SEMENTES DE MILHO

EVALUATION OF THE EFFECTIVENESS OF INTEGRATED TREATMENT WITH BACILLUS SUBTILIS AND’ PYDIFLUMETOFEN IN THE CONTROL OF PATHOGENS IN CORN SEEDS

EVALUACIÓN DE LA EFICACIA DEL TRATAMIENTO INTEGRADO CON BACILLUS SUBTILIS Y PIDIFLUMETOFEN EN EL CONTROL DE PATÓGENOS EN SEMILLAS DE MAÍZ

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202506071134


Bruno Tedesco Haslinger1
Gabriel Adolfo Roeder Queiroz2
Nicolas Oliveira de Araújo3
Carlos Cicinato Vieira Melo4


RESUMO

Este estudo teve como objetivo avaliar a eficácia do tratamento integrado de sementes de milho (Zea mays L.) utilizando o agente biológico Bacillus subtilis e o fungicida pydiflumetofen no controle de patógenos associados às sementes, bem como seus efeitos na emergência de plântulas e na produtividade de grãos. O experimento foi conduzido no Setor de Agronomia da UNITPAC, em Araguaína-TO, durante a safra 2023/2024. Os tratamentos consistiram na aplicação isolada e combinada do biocontrolador e do fungicida, em doses plenas e reduzidas. A análise laboratorial demonstrou que o tratamento integrado reduziu significativamente a incidência de Fusarium verticillioides, Diplodia maydis e Aspergillus flavus, com controle superior ao dos tratamentos isolados, mesmo quando aplicados em doses reduzidas. A combinação também resultou em maior emergência de plântulas e aumento expressivo na produtividade de grãos. Os resultados evidenciam que o tratamento integrado é uma alternativa eficaz para o manejo fitossanitário de sementes de milho, contribuindo para a sustentabilidade agrícola mediante a redução do uso de fungicidas químicos.

Palavras-chave: controle biológico, tratamento de sementes, Bacillus subtilis, pydiflumetofen, milho.

ABSTRACT

This study aimed to evaluate the effectiveness of integrated corn seed treatment (Zea mays L.) using the biological agent Bacillus subtilis and the fungicide pydiflumetofen in control of pathogens associated with seeds, as well as their effects on the emergence of seedlings and grain productivity. The experiment was conducted in the Agronomy Sector of UNITPAC, in Araguaína-TO, during the 2023/2024 harvest. The treatments consisted of isolated and combined application of the biocontroller and the fungicide, in full and reduced doses. Laboratory analysis demonstrated that integrated treatment significantly reduced incidence of Fusarium verticillioides, Diplodia maydis and Aspergillus flavus, with control higher than that of isolated treatments, even when applied in reduced doses. The combination also resulted in greater seedling emergence and a significant increase in grain productivity. The results show that integrated treatment is an alternative effective for the phytosanitary management of corn seeds, contributing to sustainability agriculture by reducing the use of chemical fungicides.

Keywords: biological control, seed treatment, Bacillus subtilis, pydiflumetofen, corn.

RESUMEN

Este estudio tuvo como objetivo evaluar la efectividad del tratamiento integrado de semillas de maíz. (Zea mays L.) utilizando el agente biológico Bacillus subtilis y el fungicida pidiflumetofeno en
control de patógenos asociados a semillas, así como sus efectos en la aparición de plántulas y productividad de granos. El experimento se llevó a cabo en el Sector de Agronomía de UNITPAC, en Araguaína-TO, durante la zafra 2023/2024. Los tratamientos consistieron en Aplicación aislada y combinada del biocontrolador y el fungicida, en dosis completas y reducidas. Los análisis de laboratorio demostraron que el tratamiento integrado redujo significativamente incidencia de Fusarium verticillioides, Diplodia maydis y Aspergillus flavus, con control superior al de tratamientos aislados, incluso cuando se aplican en dosis reducidas. EL combinación también resultó en una mayor emergencia de plántulas y un aumento significativo en productividad del grano. Los resultados muestran que el tratamiento integrado es una alternativa eficaz para el manejo fitosanitario de semillas de maíz, contribuyendo a la sostenibilidad agricultura reduciendo el uso de fungicidas químicos.

Palabras-clave: control biológico, tratamiento de semillas, Bacillus subtilis, pydiflumetofen, maíz.

INTRODUÇÃO

O milho (Zea mays L.) é classificado como uma das culturas agrícolas mais importantes no cenário mundial, sua enorme e marcante relevância se configura principalmente pelo seu papel primordial na segurança alimentar, em inúmeros setores industriais e na produção de biocombustíveis. Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB, 2024), possui uma área plantada superior a 21 milhões de hectares e uma produção anual superior a 120 milhões de toneladas, ocupando lugar de destaque e reafirmando a sua significância. Contudo, a produtividade dessa cultura pode ser severamente afetada em razão da presença de patógenos associados às sementes, os quais provocam a redução do vigor, falhas na emergência, morte de plântulas e, consequentemente, perdas significativas na produção (May et al., 2012).

Dentre os principais fitopatógenos de maior importância econômica que afetam as sementes de milho destacam-se espécies dos gêneros Fusarium, Diplodia, Aspergillus e Penicillium, responsáveis por doenças e disfunções como a podridão de espiga, a murcha vascular e o apodrecimento das sementes (Sousa, 2017). Além de afetarem negativamente a germinação e o estande inicial das lavouras, alguns desses fungos, como Fusarium verticillioides e Aspergillus flavus, são produtores de micotoxinas que representam riscos à saúde humana e animal quando presentes nos grãos armazenados (Diniz, 2018). 

Historicamente, o controle químico de sementes tem sido a principal estratégia de manejo utilizada para a diminuição da incidência desses patógenos (Santos, 2024). Fungicidas sistêmicos e de contato, como metalaxyl, fludioxonil e carboxamidas, são amplamente utilizados e apresentam comprovada eficácia no controle de doenças associadas às sementes (Souza, 2017). No entanto, a aplicação indiscriminada e contínua desses produtos tem gerado preocupações associadas à contaminação ambiental, ao surgimento de cepas resistentes e aos riscos à saúde humana, impulsionando a busca por alternativas mais sustentáveis e integradas de manejo fitossanitário (Santos, 2021).

Sob essa perspectiva, o controle biológico surge como uma alternativa promissora, eficaz e compatível com os valores e princípios da agricultura sustentável. A utilização de microrganismos benéficos, como as rizobactérias promotoras de crescimento de plantas (PGPR), destaca-se por sua capacidade de combater fitopatógenos por meio de mecanismos distintos, tais como a competição por espaço e nutrientes, a produção de metabólitos antimicrobianos e a indução de resistência sistêmica nas plantas hospedeiras (Braga, 2021. Mariano, 2005. Figueira, 2024). Dentre os agentes biológicos, o Bacillus subtilis tem obtido relevância e se tornado referência por sua eficácia na bioproteção de sementes e estímulo na promoção do crescimento vegetal, sendo atualmente um dos bioinsumos mais empregados no Brasil (Missio, 2015).

Simultaneamente, o avanço no desenvolvimento de novos fungicidas com modos de ação inovadores, como o pydiflumetofen que pertencente à classe das fenil-amidas, amplia as possibilidades de manejo integrado, possibilitando o uso de doses menores de produtos químicos quando combinados com agentes biológicos, contribuindo no resultado de sistemas de produção mais seguros e ambientalmente equilibrados (De Almeida et al., 2024).

O ajuste e a combinação de métodos biológicos e químicos no tratamento de sementes, conhecida como tratamento integrado, pode potencializar e fortalecer o controle de patógenos, minimizando os efeitos negativos da utilização exclusiva de produtos sintéticos, ao mesmo tempo que promove maior eficiência no controle fitossanitário (Nunes, 2023).

Estudos recentes destacam que a associação de bioagentes com fungicidas proporciona efeitos sinérgicos, contribuindo significativamente na diminuição da incidência de patógenos, além de favorecer a germinação, o vigor das plântulas e o rendimento de grãos.

Considerando esse contexto, o presente estudo foi desenvolvido com o objetivo de avaliar o potencial e a eficácia do tratamento integrado com o biocontrolador Bacillus subtilis e o fungicida pydiflumetofen na redução da manifestação de patógenos em sementes de milho, bem como seus impactos na emergência de plântulas e na produtividade da cultura. Com esta pesquisa, tem por finalidade contribuir para o desenvolvimento de estratégias de manejo mais sustentáveis, alinhadas aos desafios e exigências da agricultura moderna, que demanda sistemas produtivos eficientes, economicamente viáveis e ambientalmente responsáveis.

REFERENCIAL TEÓRICO

Importância do tratamento de sementes na cultura do milho

Realizar o tratamento de sementes é uma prática de extrema importância no manejo integrado de doenças que afetam a cultura do milho, sendo a primeira linha de defesa contra diversos patógenos que impactam negativamente o estabelecimento e o crescimento inicial das plantas (Magalhães, 2023). Essa técnica baseia-se na aplicação de fungicidas, inseticidas, produtos biológicos, estimulantes e micronutrientes diretamente sobre a semente, com o objetivo de preservar e potencializar seu desempenho fisiológico e sanitário (Nunes, 2017)

Na cultura do milho, múltiplos fitopatógenos encontram-se associados às sementes, incluindo espécies de Fusarium, Diplodia e Aspergillus. Esses organismos podem provocar a deterioração das sementes ainda no solo, prejudicando a germinação, reduzindo o vigor das plântulas e, consequentemente, afetando negativamente o estande final e o desempenho produtivo da lavoura. Além disso, fungos como Aspergillus spp. são os principais responsáveis pela produção de micotoxinas, como as aflatoxinas, que apresentam perigos significativos para a saúde humana e animal, além de causar limitações ao comércio (Costa, 2021).

Historicamente, o tratamento de sementes no Brasil experimentou uma marcante evolução. No início, o foco era apenas na aplicação de fungicidas básicos, mas atualmente integra múltiplas tecnologias, como bioestimulantes, agentes de controle biológico e micronutrientes. Estudos como o de Araújo (2016) revelam que a utilização de micronutrientes no tratamento de sementes de milho pode beneficiar o desenvolvimento inicial das plantas, promovendo maior alongamento radicular, robustez da parte aérea e potencializando a absorção de nutrientes, mesmo quando comparado à aplicação tradicional via solo.

Portanto, essa prática contribui para a melhor utilização do potencial genético das sementes e para a uniformidade do estande, elementos essenciais para atingir altos níveis de produção. Ao associar produtos biológicos, como Bacillus subtilis, e fungicidas modernos, como o Pydiflumetofen, o tratamento de sementes consolida-se como uma prática sustentável e eficaz no controle preventivo de doenças e promoção do desenvolvimento inicial do milho.

Controle químico de patógenos de sementes: Eficiência e limitações

O controle químico ainda é muito usado para combater doenças que vem junto com a semente de milho, pois ajuda bastante a diminuir o inóculo e fazer a plantação crescer por igual (Da Silva,, 2017). Os principais são fludioxonil, metalaxyl-m e pydiflumetofen, cada um age de um jeito diferente.

O fludioxonil atrapalha o transporte de açúcar no fungo e não deixa ele crescer. O metalaxyl-m age por dentro da planta, bloqueia a formação de RNA nos fungos, principalmente o Fusarium e Pythium, quando misturado junto do fludioxonil funciona bem, quase 90% de eficiência. Tem produtos tipo Maxim XL que usam esses dois juntos.

O difenoconazole também serve para Fusarium, mas é um pouco menos forte que os outros. Já o pydiflumetofen é mais novo, ele para a respiração do fungo, e está sendo usado mais agora para matar fungo que já resiste a outros venenos.

Só que usar só fungicida tem problema, porque o fungo pode ficar resistente, como já aconteceu com o Fusarium. Além disso, sobra veneno no solo e água, e também pode prejudicar a semente se colocar a dose errada.

Por isso, hoje em dia, se fala em misturar o químico com controle biológico, usando por exemplo Bacillus subtilis, para deixar o cultivo mais seguro e menos poluente. Assim, o uso de fungicidas ainda é importante, mas precisa ser com cuidado e junto de outras formas para proteger a natureza e manter o sistema agrícola saudável.

Controle biológico de patógenos: O papel de Bacillus subtilis

O controle biológico é um jeito mais sustentável de proteger as plantas, usando microrganismo bom que combate os patógenos (Gonçalves, 2016). Eles fazem isso competindo por espaço e comida, produzindo substância que mata fungos e ajudando a planta se defender. É uma opção boa pro milho, que sofre muito com fungos tipo Fusarium, Aspergillus e Diplodia.

Um dos bichos mais usados é a bactéria Bacillus subtilis, que mora no solo e ajuda as plantas a crescer. Ela trabalha assim:

  • Produz veneno natural que mata fungos;
  • Briga por espaço e comida com os micróbios ruim;
  • Puxa o ferro pra ela, deixando menos pros patógeno;
  • Faz a planta ativar defesa, tipo engrossar tecido e produzir enzima de defesa.

Num estudo de Cavalcante (2022), usar Bacillus na semente e também no solo aumentou muito a produção de milho. A planta ficou com folha maior, espiga mais grossa e mais grão. O melhor resultado foi quando colocou a bactéria na semente e depois no solo, 30 dias depois, com produção até 30% maior.

Isso acontece porque Bacillus também produz hormônio que ajuda a raiz crescer, pegando mais água e nutriente. Outro estudo, de Souza (2024), também viu que a bactéria aumenta a produtividade quando usada junto com adubo nitrogenado.

Então, usar Bacillus subtilis no tratamento das sementes de milho é bom porque faz a planta crescer mais, fica mais saudável e ainda usa menos veneno químico, ajudando o meio ambiente.

Sustentabilidade e inovação no manejo fitossanitário de sementes

Hoje em dia tem muita preocupação com o uso de químicos na lavoura, que causa problema no meio ambiente e sociedade. Por isso, vem se buscando um jeito mais sustentável e diferente de tratar as sementes, principalmente do milho, que é uma cultura muito importante no Brasil e no mundo.

O tratamento integrado mistura produtos químicos com biológicos ou naturais, tipo extrato de planta e óleo essencial. Assim, diminui o uso de veneno e ajuda a semente a ficar saudável, crescer bem e sem perder produtividade (Santos, 2015).

Por exemplo, Lima (2019) testou o extrato de nim e o óleo de pequi para tratar semente de milho. O nim não deu muito resultado contra a lagarta-do-cartucho, mas o óleo de pequi ajudou bastante no controle de fungos como Penicillium e Rhizopus, e ainda fez a raiz crescer mais, com boa germinação.

No Brasil, vem crescendo o uso de bioinsumos, com regras novas como a Instrução Normativa nº 65 de 2020, que facilita o registro de produtos biológicos. Isso ajuda a aumentar as pesquisas e o uso de produtos naturais na agricultura.

No futuro, o manejo das sementes deve focar mais nesses sistemas mistos, com uso consciente dos insumos, monitoramento mais preciso e tecnologia nova, tipo uso de microorganismo que ajuda a planta crescer, encapsulamento e nanotecnologia.

METODOLOGIA

Local e período de realização

O estudo em questão foi conduzido no Setor de Agronomia do Centro Universitário Tocantinense Presidente Antônio Carlos (UNITPAC), campus de Araguaína, localizado no município de Araguaína, estado do Tocantins, Brasil, com as seguintes coordenadas geográficas aproximadas: 7°11’28” S de latitude e 48°12’27” W de longitude. As atividades experimentais foram realizadas entre os meses de novembro de 2024 e maio de 2025, período correspondente à safra agrícola 2024/2025, sob condições edafoclimáticas típicas da região Norte do Tocantins.

Material biológico

Utilizaram-se sementes certificadas do híbrido de milho AG 1051, caracterizado por apresentar suscetibilidade a patógenos transmitidos por sementes, com ênfase em Fusarium verticillioides, Diplodia maydis e Aspergillus flavus. O biocontrolador empregado foi a bactéria Bacillus subtilis cepa RS-34, disponibilizada pelo banco de microrganismos da própria instituição, com concentração de 1 x 10⁹ UFC/mL. O composto químico empregado foi o fungicida pydiflumetofen, na formulação comercial de 250 g/L de ingrediente ativo.

Tratamentos

A seguir, descrevem-se os tratamentos aplicados:

1. Testemunha (sem tratamento);
2. Bacillus subtilis (10 g/100 kg de sementes);
3. Pydiflumetofen (200 mL/100 kg de sementes);
4. Bacillus subtilis (10 g/100 kg) + Pydiflumetofen (200 mL/100 kg);
5. Bacillus subtilis (5 g/100 kg) + Pydiflumetofen (100 mL/100 kg) – doses reduzidas.

O tratamento das sementes foi efetuado por meio de homogeneização manual, utilizando sacos plásticos estéreis, com o principal objetivo de assegurar a completa cobertura das sementes com os produtos biológico e químico, em acordo com a dose estipulada para cada tratamento.

Procedimentos laboratoriais

As análises laboratoriais visaram avaliar a incidência de patógenos associados às sementes após o tratamento. Com esse propósito, utilizou-se lotes de 100 sementes por tratamento, divididos em 20 placas de Petri, contendo meio de batata-dextrose-ágar (BDA) acidificado com ácido láctico a 0,2%.

As placas foram submetidas à incubação em câmara de crescimento, sob fotoperíodo de 12 horas de luz e temperatura controlada de 25 ± 2 °C, durante o período de cinco dias. Após esse tempo, a existência de patógenos foi examinada mediante inspeção visual, com auxílio de microscópio estereoscópico, detectando-se as colônias características de F. verticillioides, D. maydis e A. flavus, de acordo com keys taxonômicas descritas por Leslie e Summerell (2006).

Os resultados foram apresentados em porcentagem de sementes infectadas para cada patógeno, determinada com base no total de sementes analisadas.

Procedimentos a campo

Foram realizados experimentos em campo em delineamento experimental de blocos casualizados, contendo quatro repetições. Cada parcela foi formada por quatro linhas de 5 metros de comprimento, com espaçamento de 0,9 metro entre linhas e 0,20 metros entre plantas, correspondendo a 18 metros quadrados de área útil por parcela.

Após o tratamento específico, as sementes foram semeadas manualmente em solo classificado como Latossolo Vermelho distroférrico, com predominância de argila. Realizou-se a adubação inicial de acordo com as recomendações específicas para a cultura do milho, com aplicação de 350 kg/ha de NPK na formulação 08-28-16. O manejo fitossanitário e irrigação foram realizados de acordo com as práticas agrícolas recomendadas para a região.

Avaliações realizadas

Emergência de plântulas: A avaliação da emergência ocorreu aos 21 dias após a semeadura (DAS), contabilizando-se o número de plantas emergidas em cada parcela. O resultado foi apresentado em porcentagem, considerando-se a quantidade inicial de sementes plantadas.

Rendimento de grãos: No estágio de maturação fisiológica das plantas, as espigas foram colhidas manualmente, trilhadas e os grãos pesados. A produtividade foi expressa em kg/ha, com os valores corrigidos para umidade padrão de 13%. 

Incidência de patógenos: As sementes colhidas foram submetidas a uma nova análise para avaliar a presença dos patógenos alvo, utilizando os mesmos procedimentos laboratoriais descritos anteriormente, com o propósito de verificar a eficácia residual do tratamento.

Análise estatística

Os dados obtidos nas análises de ocorrência de patógenos, emergência de plântulas e produtividade foram submetidos à análise de variância (ANOVA), utilizando o software estatístico SISVAR® versão 5.8. As médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade (p ≤ 0,05), para a verificação de diferenças significativas entre os tratamentos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados deste estudo demonstraram que os tratamentos aplicados influenciaram significativamente a incidência de patógenos nas sementes de milho, bem como a emergência de plântulas e a produtividade de grãos, corroborando com pesquisas anteriores que apontam a eficácia do manejo integrado no tratamento de sementes.

Incidência de patógenos nas sementes 

A análise laboratorial indicou que, nas sementes da testemunha (sem tratamento), observou-se elevada incidência dos principais patógenos: Fusarium verticillioides (42%), Diplodia maydis (37%) e Aspergillus flavus (33%) (Tabela 1). A aplicação isolada de Bacillus subtilis resultou em uma diminuição significativa da incidência desses patógenos, alcançando médias de 15%, 12% e 10%, respectivamente.

O tratamento químico com pydiflumetofen também resultou em uma redução expressiva da incidência dos patógenos, com percentuais variando entre 8% e 12%. No entanto, os melhores resultados foram obtidos na combinação de B. subtilis com pydiflumetofen, tanto na dose completa quanto na dose reduzida. Nesses tratamentos em específico, a presença dos patógenos foi praticamente eliminada, apresentando índices inferiores a 2% para todas as espécies avaliadas.

Os dados obtidos indicam um efeito sinérgico entre o agente biológico e o químico, promovendo controle mais eficiente em comparação ao obtido pelos tratamentos isolados, mesmo quando as doses foram reduzidas pela metade. Resultados similares foram reportados por Dourado (2018), onde verificaram a eficiência da associação entre rizobactérias e fungicidas no controle de patógenos de sementes de milho.

Tabela 1. Incidência (%) de patógenos nas sementes de milho após os tratamentos.

TratamentoFusarium verticillioidesDiplodia maydisAspergillus flavus
Testemunha42%37%33%
Bacillus subtilis (10 g/100 kg)15%12%10%
Pydiflumetofen (200 mL/100 kg)12%10%8%
B. subtilis + Pydiflumetofen (dose completa)2%1%0%
B. subtilis + Pydiflumetofen (dose reduzida)4%3%2%

Fonte: Elaborado pelos Autores.

Emergência de plântulas

A emergência de plântulas foi significativamente impactada pelos diferentes tratamentos (Figura 1). Analisando a menor taxa nos índices de emergência, confirmou-se que foi observada na testemunha, com uma média de 65%, enquanto os tratamentos com B. subtilis e pydiflumetofen, manuseados isoladamente, alcançaram 78% e 80%, respectivamente.

A combinação dos tratamentos resultou nas maiores taxas de emergência, sendo 90% na dose completa e 88% na dose reduzida. Essa eficiência no desempenho superior do tratamento combinado pode ser decorrente da maior sanidade das sementes, reduzindo a competição e o dano causado pelos patógenos, além do potencial de promoção de crescimento conferido por B. subtilis, conforme destacado por Melo e Fauller (2023).

Figura 1. Emergência de plântulas (%) conforme os tratamentos.

Nota: Emergência mais elevada nos tratamentos associados, destacando a eficácia do manejo integrado. Produtividade de grãos

Fonte: Elaborado pelos Autores.

A produtividade também apresentou uma variação significativa entre os tratamentos (Tabela 2). A testemunha resultou em menor rendimento, com média de 5.500 kg/ha. Os tratamentos isolados com B. subtilis e pydiflumetofen aumentaram a produtividade para 6.100 kg/ha e 6.300 kg/ha, respectivamente.

Os tratamentos combinados resultaram em rendimentos mais elevados, com 7.200 kg/ha na dose completa e 7.000 kg/ha na dose reduzida. Estes incrementos se tratam de aumentos superiores a 30% em relação à testemunha, destacando a eficácia do tratamento integrado. Resultados semelhantes foram descritos por Rossini (2020) e Medyk (2025), que ressaltam a importância de estratégias integradas para o aumento da eficiência produtiva na cultura do milho.

Tabela 2. Emergência de plântulas (%) e produtividade de grãos (kg/ha)

TratamentoEmergência (%)Produtividade (kg/ha)
Testemunha65%5.500
Bacillus subtilis (10 g/100 kg)78%6.100
Pydiflumetofen (200 mL/100 kg)80%6.300
B. subtilis + Pydiflumetofen (dose completa)90%7.200
B. subtilis + Pydiflumetofen (dose reduzida)88%7.000

Fonte: Elaborado pelos Autores.

Análise Crítica

Confirmando a hipótese, o resultado deste estudo afirma que o tratamento integrado com Bacillus subtilis e pydiflumetofen potencializa o controle de patógenos, melhora a emergência de plântulas e aumenta a produtividade. Além disso, destaca-se que, apesar da dose reduzida, a combinação manteve alta eficiência, evidenciando a possibilidade de reduzir o uso de fungicidas químicos, adequando-se às diretrizes de uma agricultura mais sustentável e ambientalmente responsável.

Em nenhum dos tratamentos realizados foram observados sintomas de fitotoxidez, reafirmando a segurança da associação entre o biocontrolador e o fungicida. A eficiência do B. subtilis como agente de bioproteção pode ser fundamentada pela sua capacidade de produzir substâncias antimicrobianas, como lipopeptídeos e sideróforos, além de estimular mecanismos de resistência sistêmica nas plantas.

Por outro lado, o pydiflumetofen, que pertence ao grupo das fenil-amidas, se apresenta altamente eficaz no controle de patógenos do solo e sementes, revelando também um baixo risco de resistência cruzada, o que expande a sua aplicabilidade no manejo integrado de doenças como descrito por De Almeida et al., (2024). Com base nos resultados obtidos, ressalta-se a importância da adoção de estratégias de manejo integrado para o tratamento de sementes de milho, associando produtos biológicos e químicos de forma racional e eficiente. Tais abordagens não apenas garantem a maior produtividade e qualidade sanitária das sementes, mas também promovem a sustentabilidade da cadeia produtiva do milho.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O tratamento integrado de sementes de milho com Bacillus subtilis e pydiflumetofen provou ser altamente eficaz no controle de patógenos associados às sementes, promovendo uma redução expressiva na incidência de Fusarium verticillioides, Diplodia maydis e Aspergillus flavus. Acrescenta-se que os tratamentos integrados viabilizaram um avanço significativo na emergência de plântulas e na produtividade de grãos, indicando um efeito sinérgico entre o agente biológico e o químico.

Evidencia-se que a combinação na dose reduzida revelou um desempenho próximo ao da dose completa, sugerindo que é viável reduzir o uso de fungicidas sem afetar a eficiência, adequando-se aos princípios de uma agricultura mais sustentável e menos condicionada à dependência de insumos químicos.

Com base nos resultados alcançados, recomenda-se a adoção do tratamento integrado como uma prática viável para o manejo fitossanitário de sementes de milho, auxiliando na garantia da segurança alimentar, na preservação do meio ambiente e no aumento da eficiência produtiva.

REFERÊNCIAS

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1 ,2 ,3, 4 Universidade Particular do Tocantins, Centro Universitário Tocantinense Presidente Antônio Carlos1 brunohaslinger@gmail.com2 adolforoeder029@outlook.com3 emailnicolas@gmail.com4 emailcarlos@gmail.com