EDUCAÇÃO E CONSCIENTIZAÇÃO SOBRE GÊNERO E RAÇA NO AMBIENTE DE TRABALHO EM LARANJAL DO JARI 

EDUCATION AND AWARENESS ABOUT GENDER AND RACE IN THE WORKPLACE IN LARANJAL DO JARI

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202505312102


Luiz Fernando Gonzaga Nunes1
Rafael Marques Nobre2
Eliete Mendes Ferreira3


Resumo 

O presente artigo investiga o nível de educação e conscientização sobre questões de gênero e  raça no ambiente de trabalho em Laranjal do Jari. Para isso, utilizou-se o método quantitativo,  com a aplicação de questionários a 62 trabalhadores de diferentes setores. Para analisar os  dados obtidos, utilizou-se estatística descritiva e análise entre variáveis, com uso da tabulação  cruzada para identificar as relações entre as variáveis. Os resultados indicam que a maioria  dos participantes possui algum nível de conhecimento sobre as questões abordadas, mas há  uma necessidade significativa de maior aprofundamento e sensibilização. Conclui-se que  políticas educacionais e treinamentos contínuos são essenciais para promover um ambiente de  trabalho mais inclusivo e equitativo. 

Palavras-chave: Educação; Conscientização; Gênero; Raça; Ambiente de trabalho. 

ABSTRACT 

The present article investigates the level of education and awareness about gender and race  issues in the workplace in Laranjal do Jari. For this purpose, a quantitative method was used,  applying questionnaires to 62 workers from different sectors. To analyze the obtained data,  descriptive statistics and variable analysis were employed, using cross-tabulation to identify  relationships between the variables. The results indicate that the majority of participants have  some level of knowledge about the addressed issues, but there is a significant need for further  depth and sensitization. It is concluded that educational policies and continuous training are  essential to promote a more inclusive and equitable work environment. 

Keywords: Education; Awareness; Gender; Race; Workplace. 

1. INTRODUÇÃO 

O mundo do trabalho, com sua relevância para a formação da “autonomia dos  indivíduos, reconhecimento social, elevação da autoestima, construção de redes de  convivência, acesso a bens de consumo e constituição de identidade pessoal”, compreende um  dos campos mais significativos da vida social (FONTOURA; GONZALEZ, 2009, p. 26).  Contudo, as disparidades relacionadas ao gênero e à etnia exercem um papel significativo na  determinação das oportunidades de emprego e na sua manutenção, além de influenciarem as  condições laborais, como salários, benefícios e segurança social (OIT, 2011).

Nos estudos sobre o trabalho, é essencial considerar a perspectiva de gênero para  compreender a dinâmica e as características do mercado, destacando que as relações de  gênero desempenham um papel significativo na sua estratificação. No Brasil, a opressão de  gênero está intrinsecamente ligada à opressão racial, étnica e de classe, manifestando-se em  uma falsa noção de democracia racial permeada por preconceitos arraigados e práticas  discriminatórias (OIT, 2011).

Portanto, as desigualdades de gênero e raça no mercado de trabalho brasileiro são  profundas e contínuas. Esse fator precisa ser considerado ao formular, implementar e avaliar  políticas públicas em geral. Particularmente, é essencial levar isso em conta nas políticas de  emprego, inclusão social e redução da pobreza (ABRAMO, 2006).

Para superar as desigualdades no ambiente de trabalho, é essencial desenvolver  políticas que promovam a educação e a conscientização sobre as tendências de evolução dos  indicadores e os obstáculos enfrentados por mulheres e pessoas negras. Integrar as dimensões  de gênero e raça na análise do mercado de trabalho não só facilita a compreensão dos desafios  e dos fatores que os causam, mas também proporciona uma visão mais clara do  funcionamento do mercado e da dinâmica de produção e reprodução das desigualdades sociais  no Brasil (ABRAMO, 2006).

Diante do contexto apresentado, é essencial reconhecer que a educação e  conscientização sobre questões de gênero e raça no ambiente de trabalho são processos  contínuos. Inicialmente, é essencial investigar as percepções e atitudes dos trabalhadores em  relação aos preconceitos e desigualdades e, ao examinar essas percepções, podemos  identificar as barreiras existentes e criar estratégias mais eficazes para a educação e  conscientização, promovendo assim uma sociedade mais justa e equitativa. Diante disso, este  estudo tem como objetivo responder ao seguinte problema de pesquisa: qual o nível de educação e conscientização sobre questões de gênero e raça no ambiente de trabalho em  Laranjal do Jari?

Portanto, o objetivo geral da pesquisa é investigar o nível de educação e  conscientização sobre questões de gênero e raça no ambiente de trabalho em Laranjal do Jari.  Para isso, necessita-se de alguns objetivos específicos: 

  1. Avaliar a compreensão atual dos trabalhadores sobre questões de gênero e raça;
  2. Explorar as percepções dos trabalhadores sobre as iniciativas de igualdade de gênero e raça. 

Além disso, visto que entender as percepções dos trabalhadores é crucial para  identificar barreiras e facilitadores na implementação de políticas de igualdade, a pesquisa  levanta a hipótese de que pode haver receios quanto à meritocracia ser comprometida por  ações afirmativas (hipótese 1), além de considerar que as gerações mais jovens possam estar  mais abertas a programas de conscientização (hipótese 2). Abordar esses pontos permitirá  desenhar estratégias mais eficazes e adaptadas às realidades específicas de Laranjal do Jari. 

Assim, em face dos argumentos delineados, o presente estudo almeja preencher uma  lacuna significativa na literatura acadêmica, direcionando seu escopo ao contexto específico  de Laranjal do Jari. Embora exista uma abundância de estudos sobre questões de gênero e  raça em contextos mais abrangentes, como grandes centros urbanos ou países desenvolvidos,  é notável a escassez de pesquisas que investiguem tais temáticas em contextos regionais  específicos, como municípios de menor porte ou áreas menos desenvolvidas. 

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 

2.1 Raça 

A terminologia “raça” é empregada neste estudo e em diversas pesquisas relativas a  questões étnicas, não com uma conotação estritamente biológica. Embora a teoria eugênica  tenha historicamente prevalecido tanto no Brasil quanto internacionalmente, é amplamente  reconhecido que tal conceito é cientificamente insustentável no âmbito da biologia. Contudo,  a distinção entre indivíduos e grupos com base em sua origem ou características fenotípicas  persiste, desafiando as conclusões científicas estabelecidas. A noção de “raça” continua a  servir como uma ferramenta para a perpetuação de desigualdades e privilégios, contribuindo  para a estabelecer uma hierarquia dentro e entre as sociedades (OSÓRIO, 2013). 

O conceito de “raça” denota uma distinção que, embora desprovida de fundamentação  biológica, é impregnada de significados históricos, ideológicos e dominantes, frequentemente empregada para legitimar disparidades sociais. Durante o período colonial, pesquisas  promoviam a concepção de raça como intrinsecamente relacionada à biologia, sustentando a  noção de superioridade ou inferioridade racial com base em supostas disparidades biológicas  (ROSA, 2012). 

Comparado a outras áreas de estudo, a pesquisa sobre raça está nos estágios iniciais  dentro do campo da Administração, especialmente nos Estudos Organizacionais  (CONCEIÇÃO, 2009). Ao reconhecer esta carência, surge a necessidade de abordar questões  críticas relacionadas à diversidade racial no ambiente de trabalho, examinando não apenas as  disparidades percebidas, mas também as implicações mais amplas das dinâmicas raciais na  estrutura e cultura organizacional. 

Portanto, compreender a construção social e histórica da raça é essencial para a análise  das dinâmicas de poder e desigualdade que permeiam a sociedade. A percepção de raça,  mesmo desprovida de fundamentação biológica, continua a influenciar profundamente as  relações sociais, econômicas e políticas. 

2.2 Gênero 

O termo “gênero” representa uma relação social e biológica, caracterizado por uma  dicotomia entre os pólos masculino e feminino, além de possuir uma dimensão simbólica  intrínseca (SCOTT, 1990). Em síntese, o conceito de gênero transcende a mera distinção entre  os binômios masculino e feminino, permeando as interações sociais e as estruturas de poder.  A dimensão simbólica do gênero reforça sua natureza fluida e culturalmente construída,  refletindo as normas, expectativas e representações associadas aos papeis de gênero em uma  determinada sociedade. 

A disparidade de gênero entre mulheres e homens é um fenômeno arraigado na  estrutura social contemporânea, enraizado em longas tradições. Desde tempos imemoriais, a  diversidade cultural de diferentes povos têm conduzido a uma hegemonia masculina, na qual  os homens detêm o controle e a autoridade sobre as dinâmicas familiares. Esta dinâmica,  historicamente estabelecida no âmbito privado, se estendeu para esferas públicas,  influenciando a configuração dos sistemas políticos, primordialmente geridos por lideranças  masculinas. Como resultado desse processo histórico, ao longo de eras, as mulheres têm sido  sistematicamente excluídas da participação efetiva nos espaços públicos, restringidas ao  âmbito doméstico e privadas de oportunidades de educação e desenvolvimento intelectual e  científico. Embora a sociedade tenha passado por mudanças significativas ao longo do tempo,  as questões de gênero, sexualidade e regulação dos corpos femininos têm permeado a história da humanidade, geralmente marcada por relações de subordinação. Normas sociais que  delineiam comportamentos específicos e sistemas legais concebidos predominantemente por  homens perpetuam essa dicotomia, confinando as mulheres ao espaço privado enquanto os  homens ocupam o espaço público como norma estabelecida (TIBURI, 2017). 

Diante disso, promover a equidade de gênero é não apenas um imperativo ético e  moral, mas também uma missão que recai sobre as organizações que se propõem a serem  socialmente responsáveis, encarregando-se ativamente desse compromisso (VELASCO;  ALDAMIZ; FERNANDEZ; INTXAURBURU; L’ARRIETA, 2013). 

Portanto, o reconhecimento do gênero como uma construção social e dinâmica é vital  para a promoção da equidade de gênero e a desconstrução de normas discriminatórias. A  análise crítica das disparidades de gênero permite desvelar as raízes históricas e culturais das  desigualdades, proporcionando uma base sólida para a implementação de estratégias que  promovam a inclusão e a igualdade. 

2.3 Interseccionalidade: Raça e Gênero 

A interseccionalidade representa uma abordagem conceitual voltada para a  compreensão das ramificações estruturais e dinâmicas resultantes da interação de múltiplos  eixos de identidade. Este enfoque direciona sua análise para as complexas interseções entre o  racismo, o patriarcado, a opressão de classe e outros sistemas discriminatórios, os quais  engendram disparidades fundamentais que moldam o posicionamento relativo de mulheres,  grupos étnicos, classes sociais, entre outros. Adicionalmente, a interseccionalidade lança luz  sobre a maneira pela qual a implementação de políticas e ações específicas podem perpetuar a  opressão ao longo desses eixos identitários, constituindo, assim, um componente dinâmico e  intrínseco à privação sistêmica (CRENSHAW, 2002). 

Ao examinarmos as interseções entre as categorias de gênero e raça, emergem  obstáculos suplementares, destacando-se de modo inequívoco a presença do fenômeno do  racismo. Este último não apenas incide sobre a esfera financeira desse estrato demográfico,  mas também repercute de maneira direta sobre os índices de ocupação e desemprego  (FONTOURA et al., 2017). 

A abstração de fatores como gênero, raça e classe pode conduzir a análises superficiais  e distorcidas, incapazes de capturar a complexidade das relações de poder. Uma abordagem  interseccional revela como as relações de gênero e raciais se entrelaçam para configurar a  dominação no capitalismo, criando hierarquias específicas para mulheres e populações não brancas que não são apenas paralelas às hierarquias de classe, mas estão profundamente ligadas a elas. Essa abordagem é crucial para entender as formas contemporâneas de  desigualdade e desenvolver estratégias políticas que abordem essas questões de forma  integrada (BIROLI; MIGUEL, 2015). 

Portanto, a compreensão da interseccionalidade é essencial para o desenvolvimento de  intervenções eficazes que visem a justiça social e a equidade. Neste contexto, explorar e  aplicar os princípios da interseccionalidade para analisar e abordar questões sociais  complexas, contribui para o avanço do conhecimento e para a promoção da igualdade em  diversas esferas da sociedade. 

3. METODOLOGIA  

Este estudo caracteriza-se como uma investigação científica descritiva de abordagem  quantitativa, utilizando o método de pesquisa survey para coletar dados estruturados sobre as  percepções e opiniões dos participantes. 

A abordagem quantitativa na pesquisa é empregada para quantificar dados e identificar  padrões estatísticos a partir da coleta e análise das informações. De acordo com Mattar  (2001), a pesquisa quantitativa visa confirmar hipóteses através da utilização de dados  estruturados e análises estatísticas abrangentes. Essa abordagem analisa um grande número de  casos representativos e sugere um curso de ação final. 

A coleta de dados foi desenvolvida por meio do método de pesquisa survey composto  por 8 perguntas, abordando aspectos como perfil demográfico, compreensão dos conceitos de  igualdade de gênero e raça, percepções sobre políticas e iniciativas de promoção da igualdade,  entre outros temas relevantes, que foram realizadas com uma amostra de 62 (sessenta e dois)  trabalhadores(as) de qualquer ramo de atuação. A seleção dos participantes foi feita de forma  não-probabilística, utilizando a técnica de amostragem por conveniência. Essa técnica pode  incluir trabalhadores de gêneros, faixa etárias, setores e níveis hierárquicos distintos,  oferecendo uma visão diversificada sobre as questões de gênero e raça no ambiente de  trabalho. 

O questionário foi aplicado em formato online, visando alcançar uma maior variedade  de participantes. Segundo Fonseca (2002, p. 33), esse tipo de pesquisa pode ser conceituado  como a obtenção de dados ou informações acerca das características ou opiniões de  determinado conjunto de pessoas, tido como representativo de uma população-alvo,  utilizando-se um questionário como instrumento de investigação. Nessa abordagem, a  observação é não-participante: o observador interage com o grupo, comunidade ou situação analisada, mas sem se envolver ou se integrar. Ele observa o evento sem participar  (MARCONI & LAKATOS, 1996). 

A análise dos dados coletados foi realizada utilizando técnicas de estatística descritiva,  devido à sua eficácia em identificar características em grandes amostras, por meio da  distribuição de frequência das respostas dos participantes e suas respectivas porcentagens  (McDANIEL Jr.; GATES, 2005). Portanto, serão utilizadas as técnicas de estatística  descritiva, conforme descrito por McDaniel Jr. e Gates, como tabelas ou quadros de  frequência e gráficos para ilustrar os resultados. Ademais, investigou-se as interações entre  certas variáveis. Conforme Malhotra (2012), a comparação entre variáveis de estudo requer a  utilização de tabulação cruzada. Esse método possibilita a identificação de conexões entre  questões em uma única tabela ou quadro de distribuição de frequência, permitindo a análise  de relações mais complexas observadas na pesquisa de forma mais simples. 

Por fim, apesar dos esforços para obter uma amostra diversificada, a utilização da  técnica de amostragem por conveniência pode limitar a representatividade dos dados.  Portanto, os resultados foram interpretados com cautela e não generalizados para a população  em geral sem consideração das limitações intrínsecas a esta técnica de amostragem. 

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 

4.1 Apresentação dos Resultados

Os resultados obtidos através do questionário sobre igualdade de gênero e raça no  ambiente de trabalho são apresentados no Quadro 1. 

Quadro 1 – Resultados do Questionário sobre Igualdade de Gênero e Raça no Ambiente de Trabalho

Fonte: Dados da pesquisa (2024). 

4.2 Tabulação Cruzada 

Em seguida, esta seção apresenta a tabulação cruzada como uma maneira simples e  eficaz de explorar dados e encontrar relações entre diferentes categorias de informações  coletadas.

Figura 1 – Compreensão de Igualdade de Gênero e Raça por Faixa Etária

Fonte: Dados da pesquisa (2024).

A Figura 1 revela variações significativas na compreensão da igualdade de gênero e  raça entre diferentes faixas etárias. Observamos que a maioria dos respondentes na faixa  etária de 20-30 anos (13 de 23) entende completamente o conceito, com 9 reconhecendo uma  compreensão parcial. Esta faixa etária é a que apresenta maior entendimento sobre igualdade,  alinhando-se com a hipótese de que trabalhadores mais jovens são mais receptivos a  programas de educação e conscientização sobre gênero e raça. Os dados indicam que apenas 1  indivíduo nesta faixa etária não compreende muito bem a igualdade de gênero e raça,  reforçando a necessidade de focar em programas educacionais robustos para consolidar este  conhecimento. 

Entre os trabalhadores de 31-40 anos, 9 afirmam entender completamente e 6  parcialmente, sugerindo uma receptividade similar aos mais jovens, embora com uma ligeira  diminuição. Observa-se também um leve aumento na falta de compreensão, com 3 indivíduos  nessa faixa não entendendo bem ou de forma alguma. 

Nas faixas etárias mais avançadas, a compreensão completa e parcial diminui. Para os  trabalhadores de 41-50 anos, 3 entendem completamente e 4 parcialmente, enquanto aqueles  com mais de 50 anos mostram uma diminuição ainda maior, com apenas 3 entendendo  completamente e 2 parcialmente, destacando a necessidade de estratégias diferenciadas para  públicos mais velhos. 

Esses resultados confirmam a importância de focar em iniciativas educativas que  possam abordar diferentes faixas etárias de maneira específica. Conforme Osório (2013) e  Tiburi (2017), a construção social e histórica das desigualdades de raça e gênero exige uma  abordagem educacional que reconheça e desafie essas estruturas. 

Figura 2 – Participação em Treinamentos por Gênero

Fonte: Dados da pesquisa (2024).

A Figura 2 examina a participação em treinamentos de conscientização sobre gênero. As  mulheres demonstram maior interesse em participar desses treinamentos, com 33 indicando  interesse e 7 já tendo participado mais de uma vez. Apenas 1 mulher afirmou não ter  interesse. Em contraste, entre os homens, 10 expressaram interesse em participar, mas 3  afirmaram não ter interesse, com uma menor participação efetiva em treinamentos (2 mais de  uma vez e 6 uma vez). 

Esses dados sugerem uma maior disposição entre as mulheres para participar de  programas de conscientização, provavelmente refletindo uma maior percepção das  desigualdades de gênero e raça. Este achado é consistente com a literatura que sugere que as  mulheres, devido à sua posição social historicamente subalterna, tendem a se engajar mais em  iniciativas que visam promover a igualdade de gênero (SCOTT, 1990; VELASCO et al.,  2013). A promoção de programas específicos que engajem mais trabalhadores do sexo  masculino pode ser necessária para equilibrar a participação. 

Figura 3 – Percepção sobre Promoção de Igualdade por Etnia

Fonte: Dados da pesquisa (2024).

A Figura 3 analisa a percepção sobre a promoção da igualdade de gênero e raça entre  diferentes grupos étnicos. Observamos que, entre os respondentes brancos, 3 não acreditam na  importância da promoção da igualdade, 3 estão incertos e apenas 1 concorda com a promoção.  Entre os pardos, há uma divisão mais equilibrada, com 22 concordando e 22 discordando.  Para os negros, a maioria não vê a promoção como necessária (4), com apenas 2 concordando.  O único respondente indígena concorda com a promoção da igualdade. 

Esses resultados indicam divergências significativas na percepção da igualdade de  gênero e raça entre diferentes grupos étnicos, possivelmente refletindo experiências e  sensibilidades distintas em relação à discriminação e às iniciativas de igualdade. A maioria  dos pardos e a totalidade dos indígenas que responderam concordam com a promoção de  igualdade, sugerindo que esses grupos têm maior benefício nas iniciativas de igualdade. 

A literatura aponta que as percepções sobre iniciativas de igualdade variam  significativamente entre grupos étnicos, conforme discutido por Crenshaw (2002) e Biroli e  Miguel (2015). Portanto, é crucial abordar essas percepções negativas por meio de campanhas  educativas que esclareçam os benefícios da igualdade para todos os grupos. 

Figura 4 – Ocorrência de Discriminação no Trabalho por Gênero

Fonte: Dados da pesquisa (2024).

A Figura 4 revela a ocorrência de discriminação de gênero no ambiente de trabalho.  Entre as mulheres, 24 afirmam nunca terem experimentado discriminação, 8 raramente e 9  algumas vezes. Em contraste, a maioria dos homens (17) nunca experimentou discriminação,  com apenas 2 afirmando tê-la experimentado raramente e 2 algumas vezes. 

Esses resultados refletem a persistência de desigualdades de gênero no ambiente de  trabalho e corroboram as afirmações de Scott (1990) e Tiburi (2017) sobre a dinâmica  histórica e social da disparidade de gênero. A sub-representação de mulheres em posições de  liderança e as experiências de discriminação indicam a necessidade de implementar políticas  mais eficazes para combater essas desigualdades. 

Figura 5 – Importância da Igualdade de Gênero e Raça por Faixa Etária

Fonte: Dados da pesquisa (2024).

Por fim, a Figura 5 analisa a percepção da importância da igualdade de gênero e raça  por faixa etária. A faixa etária de 20-30 anos destaca-se, com 16 indivíduos considerando a  igualdade muito importante e apenas 1 indiferente. A faixa de 31-40 anos também mostra alta  valorização da igualdade, com 15 considerando-a muito importante e 2 indiferentes. Entre os  trabalhadores de 41-50 anos, todos consideram a igualdade muito importante. Os  trabalhadores com mais de 50 anos mostram menor valorização, com 4 considerando-a muito  importante e 1 não importante. 

Esses resultados reforçam a percepção de que trabalhadores mais jovens valorizam  mais a igualdade de gênero e raça, o que pode estar ligado a uma maior exposição a discursos  contemporâneos sobre diversidade e inclusão. A menor valorização entre trabalhadores mais  velhos pode indicar a necessidade de programas educativos para aumentar a conscientização e  a valorização dessas questões nas faixas etárias mais avançadas, alinhando-se com os  princípios de Velasco et al. (2013) sobre responsabilidade social das organizações. 

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Este estudo investigou o nível de educação e conscientização sobre questões de gênero  e raça no ambiente de trabalho em Laranjal do Jari, revelando que a maioria dos participantes  possui um entendimento parcial ou completo sobre essas questões. Trabalhadores mais jovens  demonstraram maior compreensão e interesse em programas de conscientização (hipótese 2),  enquanto as mulheres revelaram maior disposição para participar desses treinamentos.  Contudo, quase metade dos participantes não acredita na garantia de mérito e igualdade no  ambiente de trabalho, principalmente entre os trabalhadores mais velhos (hipótese 1),  refletindo uma percepção dividida que precisa ser abordada. 

As descobertas indicam que, apesar de um entendimento razoável sobre as questões de  gênero e raça, existem barreiras perceptuais e uma participação desigual nos programas de  conscientização, especialmente entre homens e trabalhadores mais velhos. A maior  receptividade entre os jovens sugere que as novas gerações estão mais abertas a iniciativas de  igualdade, destacando a necessidade de adaptar estratégias para diferentes grupos etários e de  gênero. Além disso, é crucial esclarecer como políticas de igualdade podem coexistir com  critérios meritocráticos para mitigar medos e mal-entendidos. 

Entre as limitações do estudo está a amostra restrita a um único município, o que pode  não representar a diversidade de experiências em outras regiões, além da dependência de  questionários auto-relatados que podem introduzir vieses de resposta. Pesquisas futuras  devem expandir a amostra para incluir várias regiões e setores, realizar estudos longitudinais para acompanhar mudanças ao longo do tempo e usar métodos qualitativos para aprofundar o  entendimento das barreiras e facilitadores para a participação em iniciativas de igualdade. Este estudo contribui para a compreensão das percepções e do nível de  conscientização sobre igualdade de gênero e raça no ambiente de trabalho, orientando a  formulação de políticas e estratégias mais eficazes. Apesar do progresso, a promoção de uma  cultura de igualdade e inclusão requer esforços contínuos e adaptativos, abordando as  necessidades de todos os trabalhadores. Assim, este estudo fornece uma base para o  desenvolvimento de políticas inclusivas, contribuindo para a construção de um ambiente de  trabalho mais justo e equitativo. 

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1Discente do Curso Superior de Bacharelado em Administração do Instituto Federal do Amapá, Campus Laranjal do Jari, e-mail: nunesfernando178@gmail.com.
2Discente do Curso Superior de Bacharelado em Administração do Instituto Federal do Amapá, Campus Laranjal do Jari, e-mail: rafaelmarques482@gmail.com.
3Docente do Curso Superior de Bacharelado em Administração do Instituto Federal do Amapá Campus Laranjal  do Jari. Especialista em Desenvolvimento Humano e Gestão Inovadora e MBA em Gestão de Pessoas (CEAP). e-mail: eliete.ferreira@ifap.edu.br.