ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO ABSOLUTO DOS JUVENIS DO CARANGUEJO VIOLINISTA MINUCA RAPAX (SMITH, 1870) (DECAPODA: OCYPODIDAE), CULTIVADO EM CONDIÇÕES LABORATORIAIS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/dt10202505311602


Marcus Alexandre Borges Pires1,2*


ABSTRACT 

This study observed the growth of juvenile Minuca rapax crabs reared in the laboratory up to the  10th juvenile instar. Juveniles were obtained after larval rearing and a total of 50 specimens were  used for growth analysis, by measuring the width (L.C.) and length of the cephalothorax (C.C.).  The crabs were kept individually in plastic containers containing sandy substrate and filtered  seawater, without aeration and under constant conditions of salinity 30, temperature 26°C, pH 8.0  and photoperiod (12:12 h/light:dark). Newly hatched Artemia nauplii were used exclusively as  food. The crabs reached the 10th juvenile instar after 184 days of cultivation, showing a  reduction in survival rate over successive molts. The growth of M. rapax was continuous, with a  strong positive correlation between C.C. and L.C., indicating a linear increase in these variables.  A variation was also observed in the duration of the inter-moulting period of the respective  instars. The average duration was shorter for the initial instars (4.9 ± 2.8) and extended  throughout development, with the highest values in the most advanced instars (16.2 ± 7) days.  The ratio between C.C. and L.C. showed a reduction as the juveniles grew, indicating that there  was a change in the morphology of the cephalothorax during growth. The availability and type of  food, as well as rearing conditions, can be determining factors in the growth of estuarine crab  species in the laboratory. 

Keywords: Fiddler crab, development, juvenile, neotropical species.

RESUMO 

Neste estudo foi observado o crescimento de caranguejos juvenis Minuca rapax cultivado em  laboratório até o 10º instar juvenil. Juvenis foram obtidos após o cultivo larval, sendo utilizado  um total de 50 espécimes para as análises do crescimento, por meio da mensuração da largura  (L.C.) e comprimento do cefalotórax (C.C.). Os caranguejos foram mantidos individualmente em  recipientes plásticos contendo substrato arenoso e água do mar filtrada, sem aeração e em  condições constantes de salinidade 30, temperatura 26°C, pH 8,0 e em regime de fotoperíodo  (12:12 h/claro: escuro). Náuplios de Artemia recém eclodidos foram utilizados exclusivamente  como alimento. Os caranguejos atingiram o 10º instar juvenil após 184 dias de cultivo,  apresentando uma redução na taxa de sobrevivência ao longo das mudas sucessivas. O  crescimento de M. rapax mostrou-se contínuo, apresentando uma forte correlação positiva entre  o C.C. e L.C., o que indicou um aumento linear dessas variáveis. Observou-se ainda uma  variação na duração do período entre-mudas dos respectivos instares. A duração média foi menor  para os ínstares iniciais (4,9 ± 2,8) e prolongou-se ao longo do desenvolvimento, apresentando os  maiores valores nos ínstares mais avançados (16,2 ± 7) dias. O quociente entre o C.C. e L.C.  apresentou uma redução no decorrer do crescimento dos juvenis, indicando a existência de uma  mudança na morfologia do cefalotórax durante o crescimento. A disponibilidade e o tipo de  alimento, bem como as condições de cultivo podem ser fatores determinantes no crescimento de  espécies de caranguejos estuarinos em laboratório. 

Palavras-chave: Caranguejo violinista, desenvolvimento, juvenil, espécie neotropical. 

1. INTRODUÇÃO 

Os crustáceos possuem um padrão de crescimento bastante característico e bem diferente  dos outros animais. O aumento no tamanho, volume e peso corporal destes organismos somente  ocorre após um ciclo de mudas frequentes separadas por diferentes períodos de  desenvolvimento e antes da calcificação do exoesqueleto (BERTALANFFY, 1938; HANCOCK  & EDWARDS, 1967; NIKOLSKII, 1969; SANTOS, 1978; MACHILINE, 1977; HARTNOLL,  1982; LUPPI et al., 2000). A muda (ou ecdise) pode ser descrita como um processo biológico  natural de eliminação e substituição do exoesqueleto antigo por um novo tegumento, fazendo  parte do crescimento e estando ligado ao processo de reprodução em algumas espécies  (HARTNOLL, 1982).

Estudos sobre o crescimento em crustáceos mostram-se de grande importância para  conhecimento da biologia destes organismos. Tal importância pode ser comprovada pelo grande  número de trabalhos realizados nos últimos 20 anos (HARTNOLL, 2001). Os crustáceos  possuem características peculiares, as quais facilitam o estudo de seu crescimento, como por  exemplo, presença de um exoesqueleto rígido que facilita as mensurações do organismo,  evidências do processo de muda (carapaça antiga também chamada de exúvia) e diferenças na  medida do incremento no tamanho entre juvenis e adultos ou entre espécimes de diferentes sexos  (HARTNOLL, 1978). Além disso, algumas características morfológicas obtidas durante o  desenvolvimento permitem a identificação do tamanho em que uma determinada espécie atinge a  maturidade ou o dimorfismo sexual (HARTNOLL, 1982). 

Segundo Hartnoll (1982), o incremento no tamanho e o período de desenvolvimento entre  mudas consecutivas proporcionam relações que determinam a taxa de tempo do crescimento.  Tais variáveis ainda poderiam indicar a idade de um indivíduo, porém, a determinação da idade  em crustáceos é dificultada pela ausência de estruturas rígidas persistentes, as quais possuiriam os  registros de uma determinada idade e, portanto, sendo possível sua mensuração, assim como os  otólitos nos peixes, anéis ou linhas de crescimento nas conchas de moluscos (HARTNOLL,  2001; RODRIGUES & D’INCAO, 2006). 

O padrão de crescimento nos caranguejos pode ser afetado por vários fatores ambientais  externos, sendo que a temperatura, a disponibilidade, o tipo e a qualidade do alimento são os  fatores mais importantes (HARTNOLL, 1982, 2001; VON HAGEN, 1987). Os efeitos da  temperatura e tipos de alimento sobre o crescimento em crustáceos em condições de laboratório  foram evidenciados em vários trabalhos por diversos autores (revisado por HARTNOLL, 2001).  Ambos podem apresentar uma significativa variação espacial e temporal no ambiente e poderiam  ser decisivos para o melhoramento das técnicas de cultivos das espécies em laboratório. 

Muitos trabalhos objetivaram verificar o tamanho específico em que os indivíduos  atingem a maturidade ou o dimorfismo sexual (MANTELATTO & FRANSOZO, 1996;  PINHEIRO & FRANSOZO, 1998; BENETTI & NEGREIROS-FRANSOZO, 2004;  CASTIGLIONI & NEGREIROS-FRANSOZO, 2004; CASTIGLIONI et al., 2004; MASUNARI  & DISSENHA, 2005). 

Os trabalhos mencionados acima tiveram um enfoque sobre o crescimento relativo, o qual  proporciona apenas estimativas sobre os padrões de mudanças corporais que ocorrem ao longo do  crescimento, já que não se conhece a idade real dos indivíduos coletados em campo para as  análises. Em contraste, estudos sobre o crescimento absoluto de caranguejos obtidos e mantidos  sob condições de laboratório fornecem dados mais confiáveis e precisos sobre cada parâmetro  utilizado nas análises, uma vez que a idade de cada indivíduo é registrada e, portanto, torna-se possível a correlação do tamanho e a idade durante o desenvolvimento. No entanto, estudos sobre  o crescimento absoluto em caranguejos ainda são bastante raros. 

Adicionalmente, estudos realizados com a fase juvenil de caranguejos decápodes são  relativamente escassos quando comparados com o grande número de trabalhos realizados com  espécimes adultos. Somente poucas espécies de caranguejos foram consideradas para o estudo do  crescimento juvenil. Dentre estas podemos citar: Panopeus austrobesus, P. herbstii (HEBLING et al., 1982), Sesarma rectum, Eurypanopeus abbreviatus, Eriphia gonagra (NEGREIROS FRANSOZO & FRANSOZO, 1991), Menippe nodifrons (FRANSOZO et al., 1998), M.  mercenaria (TWEEDALE et al., 1993), Hyas coarctatus, Inachus dorsettensis (HARTNOLL &  BRYANT, 2001), C. granulata (RIEGER & NAKAGAWA, 1995); Eurytium limosum  (GUIMARÃES et al., 2005). Para as espécies de caranguejos violinistas destacam-se: L. panacea  (NOVAK & SALMON, 1974), A. lactea (MURAOKA, 1976), M. pugilator, M. pugnax  (O’CONNOR, 1993) e U. maracoani (HIROSE & NEGREIROS-FRANSOZO, 2008). O caranguejo violinista M. rapax é uma espécie semi-terrestre que habita as florestas  situadas nas porções mais altas da zona entre-marés dos manguezais e estuários (KOCH &  WOLFF, 2002; KOCH et al., 2005). Esta espécie pode ser encontrada ao longo da linha costeira da  Flórida, Golfo do México, Antilhas, da Venezuela e do Brasil (Pará até Santa Catarina) (MELO,  1996). A estação reprodutiva da espécie ocorre principalmente durante o período de estiagem de chuva nos manguezais do Norte do Brasil (KOCH et al., 2005). Aspectos como crescimento,  maturidade fisiológica, estrutura populacional e biologia reprodutiva desta espécie foram  estudados por alguns autores no litoral Sudeste do Brasil (CASTIGLIONI & NEGREIROS FRANSOZO, 2004). 

2. OBJETIVOS 

2.1. Objetivo Geral 

Analisar o crescimento e o desenvolvimento juvenil do caranguejo chama-maré M. rapax, do primeiro ao décimo instar juvenil, cultivado sob condições de laboratório. 

2.2. Objetivo Específicos 

Analisar, 

(i) A taxa de sobrevivência dos juvenis ao longo do cultivo; 

(ii) O período de desenvolvimento entre mudas consecutivas; 

(iii) O percentual de incremento e o incremento absoluto no tamanho após cada muda sucessiva. 

(iv) Verificar a relação morfométrica entre o comprimento (C.C.) e a largura do  cefalotórax (L.C) e a relação entre (L.C) e a idade dos juvenis. 

3. MATERIAL E MÉTODOS 

3.1. Água para o cultivo 

A água do mar (salinidade 35), utilizada para o cultivo das larvas e dos caranguejos  juvenis de M. rapax, foi coletada através de barco a 35 km da região costeira da península  bragantina, (Norte do Brasil). Após a coleta, a água foi filtrada (Filtro Eheim), esterilizada  utilizando-se um sistema ultravioleta (Gehaka) e posteriormente foi armazenada em tanques  (500 L) com aeração constante no laboratório. A água deionizada foi utilizada para diluição da  água do mar. A salinidade foi mensurada com a utilização de um refratômetro de salinidade  (Atago). 

3.2. Condições de cultivo das larvas e juvenis 

As larvas de M. rapax foram obtidas de uma fêmea ovígera com 2cm de largura de  cefalotórax coletada em janeiro/2023 sendo capturada, durante a maré baixa nos bancos lamosos  de um canal de maré no manguezal do estuário do Rio Caeté, Nordeste do Estado do Pará (Furo  Grande) – (53° 09’ S e 46° 39’ W). Após a captura, a fêmea foi imediatamente transportada ao  Laboratório de Carcinologia do Campus da Universidade Federal do Pará, onde foi  cuidadosamente lavada com água salgada. Posteriormente a fêmea foi acondicionada em um  aquário com 5 litros de água do mar filtrada com salinidade 30 até o momento da liberação  larval. 

Após a eclosão, as larvas foram cultivadas (densidade 20 larvas/recipiente) em recipientes  de plástico (com 250 mL de água do mar), sem aeração e em condições constantes de salinidade  30, temperatura (26°C), pH (média 8,0) e em regime de fotoperíodo (12:12 h / luz:escuro) até o primeiro instar de caranguejo juvenil. Os valores de pH e temperatura foram obtidos utilizando-se  um pHmetro (TOA, HM 119-HOA, precisão 0,01) e um termômetro (precisão 0,1 °C),  respectivamente. A água do cultivo foi renovada a cada 3 – 4 dias. As larvas foram alimentadas  diariamente com rotíferos Brachionus plicalis e náuplios recém-eclodidos de Artemia (a partir do  3° estágio). Microalgas Dunaliella sp e Thalassiosira sp.

Após o desenvolvimento larval, 50 caranguejos foram escolhidos e cultivados  individualmente em recipientes plásticos (150 mL de água do mar), até o décimo ínstar juvenil.  As condições de salinidade, temperatura, pH e fotoperíodo foram semelhantes ao cultivo das  larvas. 

Os juvenis foram alimentados exclusivamente com náuplios de Artemia (10 náuplios /mL). Areia fina, coletada na praia, foi utilizada como substrato para os juvenis. A água do cultivo  e o substrato arenoso foram renovados a cada 3 dias para alcançar melhor qualidade no cultivo.  Diariamente os juvenis foram monitorados quanto à mortalidade e muda dos respectivos instares.  A exúvia de cada instar foi coletada, logo após a muda, e acondicionada em frascos com glicerol  (álcool + glicerina, 1:1) para conservação. 

Posteriormente, as exúvias foram mensuradas sob uma lupa estereoscópica (Leica MZ 75)  com uma ocular acoplada e graduada, para obtenção das variáveis morfométricas (comprimento e  largura do cefalotórax) de cada instar juvenil (Fig. 1).

Figura 1: Mensuração das variáveis morfométricas (comprimento e largura do cefalotórax) dos instares juvenis do caranguejo chama-maré Minuca rapax.

3.3. Análise dos dados 

Ao longo do cultivo, foram obtidos dados referentes à sobrevivência e o período entre – mudas dos caranguejos em cada instar. A largura do cefalotórax (L.C.) foi considerada como variável independente ou de referência (x) por ser a medida de maior amplitude, além de ser  também a dimensão mais representativa do tamanho geral do organismo (HARTNOLL, 1982).  Esta variável foi utilizada para calcular o percentual de incremento e o incremento absoluto no  tamanho após cada muda consecutiva.

O percentual de incremento no tamanho por muda (% I.M.) foi estimado por meio da  seguinte fórmula (i), segundo López e Rodriguez (1998): 

O incremento absoluto do tamanho (I.A.) após a muda de cada instar juvenil, foi obtido  utilizando-se a seguinte equação (ii), segundo Luppi et al. (2004): 

A relação morfométrica entre o comprimento (C.C.) e a largura do cefalotórax (L.C.) ao  longo do desenvolvimento juvenil foi obtida por meio de regressão simples, assim como também  a relação entre essas variáveis e os sucessivos ínstares. O quociente entre as dimensões corporais  (C.C./L.C.) foi calculado como índice relativo de crescimento em cada instar juvenil, para  verificar a existência de mudanças morfológicas no cefalotórax ao longo do crescimento dos  juvenis. 

4. RESULTADOS 

4.1. Redução na sobrevivência ao longo dos sucessivos instares. 

A taxa de sobrevivência dos caranguejos juvenis de M. rapax apresentou uma redução ao  longo dos sucessivos ínstares cultivados em laboratório (Fig. 2). Essa redução na sobrevivência  tornou-se mais evidente a partir do instar VI (Fig. 2). Após 184 dias de cultivo, a taxa de  sobrevivência dos juvenis até o instar X foi relativamente baixa (32%), considerando o número de  espécimes inicialmente cultivados (Fig. 2). 

4.2. Período de desenvolvimento entre mudas: 

O período entre-mudas não apresentou um padrão muito claro ao longo dos sucessivos  ínstares (Fig. 3). No entanto, ainda foi possível observar uma diferença no aumento da duração do  desenvolvimento entre os instares iniciais (CI e CII) e os mais avançados (CIII – CX), sendo mais  evidente entre os instares CII e CIII, com 4,9 ± 2,8 e 16,2 ± 7 dias, respectivamente (Fig. 3).  Como exemplo desse padrão inconsistente, podemos citar o desenvolvimento dos instares CIII,  CV e CVIII, o qual foi bem mais prolongado comparado aos instares CIV, CVI e CVII, os quais tiveram uma duração ao redor de 14 dias (Fig. 3). Os instares CIX e CX tiveram os maiores  períodos de desenvolvimento comparados aos instares juvenis anteriores, com 25,5 ± 10,2 e 22,8  ± 7,8 dias, respectivamente (Fig. 3).

Figura 2: Taxa de sobrevivência dos respectivos instares juvenis do caranguejo chama-maré Minuca rapax cultivado em laboratório. n inicial = 50 juvenis cultivados individualmente.
Figura 3: Período de desenvolvimento entre – mudas (em dias, média ± desvio padrão) dos  respectivos instares juvenis do caranguejo chama-maré Minuca rapax cultivado em laboratório.

4.3. A porcentagem e a relação de incremento: 

A porcentagem de incremento no tamanho também não apresentou um padrão muito  consistente ao longo das sucessivas mudas (Fig. 4). Após a muda do primeiro para o segundo  instar juvenil, observou-se um aumento de quase a metade do tamanho do animal (43,2 ± 19,3%)  (Fig. 4), sendo que o aumento no tamanho foi bem menor após os demais eventos de muda,  apresentando porcentagens entre 20 e 28% de incremento (Fig. 4). 

Em relação ao incremento absoluto, observou-se um aumento gradual no tamanho (L C.)  ao longo dos sucessivos eventos de muda entre os instares juvenis (Fig. 4). Entretanto,  observaram-se duas exceções com relação a esse padrão: (1) não houve um aumento no tamanho  após o evento de muda VI – VII, com média de 0,7 ± 0,7 mm, o qual foi similar ao incremento  após a muda V – VI; e (2) não se registrou acréscimo no tamanho após a muda IX – X,  apresentando média similar ao evento de muda anterior (VIII – IX), com 1,2 ± 0,7 mm (Fig. 4).

Figura 4: Porcentagem de incremento (média ± desvio padrão) e incremento absoluto (em mm,  média ± desvio padrão) no tamanho (largura do cefalotórax) após os sucessivos eventos de muda  entre os instares juvenis do caranguejo chama-maré Minuca rapax cultivado em laboratório.

4.4. A relação morfométrica entre o comprimento (CC) e (LC) do cefalotórax. 

A relação morfométrica entre o comprimento (C.C.) e a largura do cefalotórax (L.C.)  apresentou uma forte correlação positiva, indicando um crescimento linear dessas variáveis ao  longo do desenvolvimento juvenil (Fig. 5). A equação da função linear e o coeficiente de  determinação estão expressos no gráfico da Fig. 5.

Figura 5: Gráfico de dispersão e análise da regressão da relação morfométrica entre o  comprimento (C.C.) e a largura do cefalotórax (L.C.) ao longo do desenvolvimento juvenil do  caranguejo chama-maré Minuca rapax sob condições de laboratório.

A relação entre a largura do cefalotórax (L.C.) e a idade dos caranguejos juvenis, também  apresentou uma correlação positiva, demonstrando um aumento da variável morfométrica com o  decorrer do desenvolvimento juvenil ao longo dos dias de cultivo, podendo ser expressa pela  equação linear localizada no gráfico da Fig. 6. A análise dos pontos de dispersão mostrou que as  medidas dos juvenis (L.C.) nos ínstares iniciais estão aglomeradas no gráfico e dispersas nos  ínstares mais avançados (Fig. 6). Esse padrão ocorreu devido a um grande número de espécimes  com tamanhos semelhantes ou aproximados nos ínstares iniciais, ao contrário dos mais  desenvolvidos, os quais apresentaram tamanhos variados, mesmo para aqueles indivíduos  pertencentes ao mesmo ínstar juvenil e, portanto, com mesma idade.

Figura 6: Gráfico de dispersão e análise da regressão da relação entre a largura do cefalotórax  (L.C.) e a idade (em dias) dos caranguejos juvenis de Minuca rapax ao longo dos sucessivos dias  de cultivo em laboratório. 

Ao se plotar os pontos de dispersão referentes aos dados do comprimento (C.C.) e largura  do cefalotórax (L.C.), verificou-se que estas variáveis morfométricas apresentaram um aumento  exponencial de acordo com o desenvolvimento e muda dos juvenis (Fig. 7). Logo, a função  exponencial, cujas respectivas equações e coeficientes de determinação estão expressos nos  gráficos A e B da Fig. 7, foi a que melhor descreveu a relação entre o tamanho do cefalotórax  (comprimento e largura) e os instares juvenis CI a CX. Assim, o tamanho médio (C.C. e L.C.) de  cada instar juvenil pode ser observado nos gráficos A e B (Fig. 7). O comprimento médio do  cefalotórax variou de 1,2 ± 0,1mm, observado para o instar CI, a 5,4 ± 0,7 mm, registrado para o  instar CX (Fig. 6A), enquanto que a largura média apresentou uma variação de 1,1 ± 0,1 a 7,4 ±  1,1 mm, observado para os instares CI e CX, respectivamente (Fig. 7B).

Figura 7: Crescimento exponencial do comprimento (C.C., gráfico A) e da largura do  cefalotórax (L.C., gráfico B) em relação aos respectivos instares juvenis do caranguejo chama maré Minuca rapax cultivado em laboratório. 

4.5. A análise da relação entre o comprimento e largura da carapaça. 

A análise do quociente entre o comprimento e a largura do cefalotórax (C.C./L.C.) dos  caranguejos nos respectivos instares, mostrou que houve mudanças morfométricas ao longo do  desenvolvimento até o décimo ínstar juvenil. 

A maioria dos caranguejos no primeiro e no segundo instar juvenil apresentou um  cefalotórax mais longo do que largo (C.C. > L.C.), sendo que essa relação foi mais acentuada no instar CI (C.C./L.C.= 1,12 ± 0,15 mm) do que no instar CII (C.C./L.C.= 1,02 ± 0,06 mm) (Fig. 8).  Para o instar CIII, tanto o comprimento quanto a largura foram aproximados (C.C./L.C.= 0,97 ± 0,07 mm) (Fig. 8). No entanto, esse padrão morfométrico observado nos ínstares iniciais foi  revertido nos ínstares subsequentes do desenvolvimento, os quais apresentaram um cefalotórax muito mais largo do que longo (C.C. < L.C.) o que levou a uma diminuição do C.C./ L.C. ao  longo do crescimento juvenil (Fig. 8). 

Quando os pontos de dispersão foram plotados no gráfico, observou-se um padrão  exponencial de mudança morfométrica no decorrer do desenvolvimento dos caranguejos, cuja  equação e o coeficiente de determinação estão expressos na Fig. 8.

Figura 8: Quociente entre o comprimento e a largura da carapaça (C.C./L.C., em mm, média ±  desvio padrão) dos sucessivos instares juvenis do caranguejo chama-maré Minuca rapax cultivado em laboratório. 

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 

No presente estudo os juvenis de M. rapax apresentaram uma maior sobrevivência  durante os cinco primeiros instares, porém a partir do sexto instar houve uma redução acentuada  e ao término do décimo e último instar a sobrevivência foi de apenas 32%, uma porcentagem  muito baixa comparado ao número de indivíduos que iniciaram o cultivo. 

Este fato provavelmente ocorreu devido a dieta ofertada durante o período de cultivo, na  qual possivelmente surgiram dificuldades para obtenção de cálcio e suplementos orgânicos  necessários para o endurecimento do novo tegumento (ADIYODI & ADIYODI, 1970), podendo  está relacionado à quantidade insuficiente de alimento ou de nutriente na dieta dos juvenis  durante o experimento (HARTNOLL, 1982) tanto que logo após a ecdise os juvenis mesmo  alimentados comiam as mudas, estas observações reforçam a importância do papel da  alimentação no crescimento e evidencia o déficit de suplementos organo-mineral na dieta  alimentar. 

Ressaltando que o sentido biológico do crescimento está relacionado com a  disponibilidade de alimento e poderá ter influência direta sobre as taxas de sobrevivência e  crescimento, além do potencial reprodutivo das espécies de caranguejos chama-maré (CHRISTI,  1978). Negreiros-Fransozo et al, (2003), afirmam que a reprodução é um dos fatores que  determinam a variação do crescimento. Por exemplo, na pesquisa realizada, foi observado o  dimorfismo sexual entre os juvenis no qual era visível o tamanho mais acentuado dos machos em  relação à fêmea. 

O ritmo de crescimento nos crustáceos nos ínstares iniciais é muito intenso, porém, este  diminui à medida que avança a idade do animal (ANGELESCU & BOSCHI, 1959; TRAVIS,  1954; JEFFERIS, 1964). Este padrão de crescimento não foi diferente para os juvenis de M.  rapax, onde diferentemente dos instares iniciais, os subsequentes tiveram períodos mais longos  de intermuda. Isto também foi observado para outro crustáceo, Macrobrachium borellii, o qual  apresentou um aumento na duração do período de intermuda na medida em que o comprimento  da carapaça se tornava maior (BOND & BUCKUP, 1988). A relação entre o período de  intermuda e o tamanho do organismo ainda foi observada para Goniopsis cruentata e Parastacus  brasiliensis, onde se constatou que o tamanho do animal interfere na duração do período de  intermuda, notando-se um período menor entre as ecdises dos juvenis (FRIES, 1984; SILVA &  OSHIRO, 2002). 

Segundo Chittleborough (1975), outro aspecto que pode influenciar na duração do período  de intermuda é a redução na quantidade de alimento ministrado e ingerido pelos juvenis. De  acordo com Valenti (1987) os indivíduos de uma população crescem com taxas que dependem do  crescimento somático ocasionando as ecdises sucessivas durante ontogenia em estudos nas  populações de M. rapax e Macrobrachium acanthurus. De acordo com, Colpo & Negreiros Fransozo (2003) e Von Hangen (1987), que pesquisaram populações distintas, o crescimento e a  maturidade sexual estão associados com a disponibilidade de alimentos, em habitats distintos.

No presente trabalho, talvez o crescimento possa estar relacionado com as condições do  cultivo como, apenas uma dieta alimentar ministrada, o substrato arenoso, o estresse devido o  confinamento e espaço reduzido, e fatores abióticos como, temperatura, salinidade, pH,  entretanto, o mais provável é o fator genético do animal. 

O incremento por muda apresentou oscilações ao longo do desenvolvimento dos juvenis,  onde o primeiro instar possuiu o maior crescimento de incremento e o último instar teve o menor  crescimento. De acordo com Lima & Oshiro (2005), a diminuição no incremento de muda é  comum entre os crustáceos Brachyuras sendo observado em outras espécies como G. cruentata Silva & Oshiro (2002), Ucides cordatus, Lima & Oshiro (2006). 

Os resultados obtidos em laboratório para os juvenis de M. rapax mostraram que o cultivo  não inibiu o crescimento somático dos juvenis sendo que houve um decréscimo no crescimento ao  longo de sucessivas mudas, comportamento semelhante foi observado em U. cordatus (LIMA &  OSHIRO, 2002), G. cruentata (SILVA & OSHIRO, 2002), Menippe nodifrons (BERTINI et al.,  2007). 

Os estudos referentes ao crescimento de caranguejos violinistas vêm sendo conduzidos  por diversos autores como Miller (1973); Von Hagen (1987). Estudos comparativos entre  espécies foram realizados por Benetti & Negreiros–Fransozo (2004), os quais encontraram  diferenças nos padrões do comprimento e da largura do cefalotórax e o da quela. 

Segundo Oliveira et. al. (2007), Hartnoll (1982) e Negreiros-Fransozo (2003) o  crescimento relativo observado em M. rapax segue um padrão já descrito para outros crustáceos, embora haja grande variação nas taxas de crescimento de espécies para espécie, ele segue o  mesmo padrão, com crescimento alométrico positivo na fase juvenil. Durante o experimento, os  juvenis apresentaram um crescimento absoluto contínuo ao longo do desenvolvimento,  proporcionando uma forte correlação positiva entre o comprimento e a largura da carapaça. 

Lima & Oshiro (2006) citaram resultados semelhantes aos deste estudo na análise de  crescimento em laboratório com indivíduos adultos de Ucides cordatus, a duração deste  experimento foi de oito meses a sobrevivência estimada foi de 51%, os autores afirmaram que o  confinamento não parece inibir o crescimento, embora tenha ocorrido um reduzido aumento  somático ao longo de duas ou mais mudas sucessivas. A espécie apresentou um desenvolvimento  lento nos últimos ínstares, tal fato foi observado neste mesmo experimento. 

Analisando o quociente e a largura da carapaça durante o cultivo, observou- se que a  diferença foi se reduzindo gradativamente ao desenvolvimento dos instares subsequentes,  chegando ao ponto em que a largura ultrapassa o comprimento da carapaça deixando os juvenis  morfologicamente mais largos do que compridos, seria uma referência de que o crescimento em  laboratório tem certo grau de realidade com o que ocorre na natureza.

O crescimento absoluto por muda implicou que os juvenis sofriam oscilações no padrão  de crescimento, no entanto haviam instares que o crescimento era maior enquanto outros  demonstravam haver taxas menores de crescimento. Como observados em outras espécies, de  acordo com Travis (1954), ao estudar o crescimento de Panulirus argus, constatou que a muda  não precisa estar necessariamente associada a um aumento de tamanho, ou seja, os juvenis  sofriam processo de ecdise, porém sem sofrer crescimento, fato que também foi observado neste  experimento. 

Os juvenis apresentaram diferenças significativas na relação LC/ Vs ínstares e CC / Vs  instares, durante o cultivo os juvenis em um mesmo instar apresentavam diferenças no padrão de  tamanho e na duração do período de mudas, indicando que indivíduos em um mesmo instar  demonstravam proporções de medidas diferentes sob as mesmas condições de cultivo. A relação de LC / Vs ínstar apresentou um crescimento positivo, alterando a estrutura morfológica dos  juvenis de acordo com os padrões morfométricos dos caranguejos violinistas. A analogia entre a largura da carapaça (LC) e a idade dos juvenis proporcionou forte  correlação positiva, o mesmo ocorrendo com o comprimento da carapaça (CC), nos ínstares  iniciais os juvenis possuíam a forma mais comprida do que larga e no transcorrer do cultivo a sua  morfologia foi se tornando gradualmente mais larga. Resultados obtidos em estudos alométricos  em Ucides cordatus por Leite et al. (2006), em relação ao comprimento da carapaça indicaram  um crescimento com alometria negativa de acordo com a largura de ambos os sexos, o que  constitui uma maior ampliação lateral da carapaça em comparação ao seu comprimento onde  provavelmente ocorre devido às características determinadas pela genética do animal. Hartnoll  (1982) e Leme (2005), afirmam que essas alterações morfológicas acontecem durante o  incremento da muda do animal. De acordo com Flores & Negreiros-Fransozo (1999) essas  alterações morfológicas acontecem em indivíduos com as estruturas corporais inteiramente  desenvolvidas. 

O estudo do crescimento em crustáceos tem sido realizado extensivamente em várias espécies de caranguejos decápodos, como por exemplo, em Goniopsis cruentata (COBO &  FRANSOZO, 1998); Pachygrapsus transversus (FLORES & NEGREIROS-FRANSOZO, 1999); Armases angustipes (KOWALCZUK & MASUNARI, 2000); U. cordatus (PINHEIRO et al.; 2005); Callinectes danae, C. ornatus (KEUNECKE et al., 2008), dentre outros. Provavelmente,  se os caranguejos tivessem sido cultivados na presença de substrato natural do ambiente, e o  mesmo tivesse sido renovado a cada troca de água, o crescimento poderia ter sido diferente ou até  mesmo mais acentuado, apresentando uma duração mais curta entre os instares. Os juvenis do  chama-maré M. rapax no presente estudo demonstraram ser uma espécie bastante resistente, este  fato já havia sido confirmado por Zanders e Rojas (1996), onde este braquiuro suporta fatores ambientais adversos, mesmo que o cultivo não tenha as condições adequadas para o seu  desenvolvimento, o qual obteve uma duração de aproximadamente 184 dias. O crescimento absoluto dos juvenis de M. rapax em laboratório mostrou-se complexo,  indicando um crescimento morfométrico positivo sugerindo diferenças morfológicas ríspidas de  um instar para o outro, com alterações bruscas, onde refletem o estado crucial durante o processo  de ecdise, (HARTNOLL, 1982). Futuros estudos poderiam ser desenvolvidos para confrontar o  crescimento das espécies de caranguejos violinistas sobre várias dietas alimentares, além de  comparar o crescimento em laboratório com o crescimento no ambiente natural. O conhecimento biológico de M. rapax acerca de seu crescimento é ainda restrito devido  a poucos estudos realizados. No entanto, o número de pesquisas relacionadas ao crescimento de  crustáceos vem aumentando, não se restringindo apenas a espécies de interesse econômico,  estudos realizados com a fase juvenil de caranguejos decápodes são relativamente escassos  quando comparados com o grande número de trabalhos realizados com espécimes adultos.  Somente poucas espécies de caranguejos foram consideradas para o estudo do crescimento  juvenil. 

A compreensão do ciclo de muda torna-se importante para avaliar os efeitos das  condições do ambiente de cultivo, na duração do período de muda dos diferentes instares. O  método de estudo de crescimento através do uso das carapaças torna-se uma alternativa para  pesquisas do crescimento de crustáceos cultivados em laboratório. A análise de crescimento  absoluto dos juvenis de M. rapax em laboratório poderá contribuir para ampliar o  conhecimento sobre a biologia da espécie e auxiliar em futuras pesquisas sobre análise de  crescimento de outros braquiuros. 

6. CONCLUSÃO 

1. O crescimento de juvenis de M. rapax segue o padrão já descrito em outras espécies de  caranguejos violinistas

2. O cultivo de juvenis de M. rapax em laboratório obteve um crescimento morfométrico,  positivo com alterações bruscas de um estágio para o outro em relação a (LC) e (CC).

3. Possivelmente a alimentação ministrada durante o cultivo apresentou um déficit de  suplementos orgânicos, causa provável da mortalidade dos juvenis. 

4. O estudo demonstrou que apesar da alta taxa de mortalidade apresentada, o cultivo dos juvenis  de M. rapax em laboratório é viável havendo condições de serem realizados outros estudos  biológicos sobre o desenvolvimento da espécie.

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1Laboratório de Carcinologia / Instituto de Estudos Costeiros (IECOS), Universidade Federal do Pará (UFPA), Campus Universitário de Bragança. Alameda Leandro Ribeiro s/n, Bairro: Aldeia, 68600-000, Bragança, PA, Brasil;

2Secretária de Educação do Estado do Pará (SEDUC-PA).
*Autor correspondente E-mail: marcusalexandre159@gmail.com
Orcid: https://orcid.org/0000-0002-6227-4272