REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202505130408
Rafael Cezar Simino
Resumo
A Operação Registro, realizada em 1970 no Vale do Ribeira, destaca-se como um dos principais episódios do enfrentamento à guerrilha armada durante o regime militar no Brasil. Este artigo analisa a participação do Corpo de Operações Especiais da Polícia Militar do Paraná (COE/PMPR), ressaltando seu preparo técnico-operacional, ações desenvolvidas e contribuições à doutrina de operações especiais no país. Baseado em documentos oficiais, relatos de militares, literatura especializada e registros da imprensa, o estudo valoriza a memória institucional e o legado da unidade. O trabalho também evidencia como a atuação do COE influenciou a formação de estruturas semelhantes em outras corporações policiais.
Palavras-chave: Operação Registro. Guerrilha. COE. Polícia Militar do Paraná. Segurança Pública.
Abstract
The Registro Operation, conducted in 1970 in the Vale do Ribeira region, stands out as one of the most significant episodes of counterinsurgency during Brazil’s military regime. This article examines the involvement of the Special Operations Corps of the Paraná Military Police (COE/PMPR), highlighting its technical-operational preparation, field actions, and contributions to the development of special operations doctrine in Brazil. Based on official documents, military accounts, scholarly literature, and press records, the study emphasizes the institutional memory and legacy of the unit. It also shows how the COE’s performance influenced the creation of similar structures in other police forces.
Keywords: Registro Operation. Guerrilla. COE. Paraná Military Police. Public Security.
1. INTRODUÇÃO
A década de 1970, no Brasil, foi marcada por intensos embates entre o regime militar e grupos de oposição armada que defendiam a instauração de um governo socialista. Dentre esses conflitos, destaca-se a Operação Registro, deflagrada em abril de 1970, no Vale do Ribeira, como resposta à instalação de um núcleo de treinamento guerrilheiro da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), sob a liderança do ex-capitão do Exército Carlos Lamarca.
Este artigo tem por objetivo analisar a participação do Corpo de Operações Especiais (COE) da Polícia Militar do Paraná (PMPR) nessa operação, destacando seu protagonismo no combate à guerrilha rural e sua atuação coordenada com outras forças de segurança. A análise fundamenta-se em documentos oficiais, relatos de militares envolvidos, registros da imprensa e literatura historiográfica, buscando resgatar a memória institucional e valorizar a importância do preparo técnico-operacional das forças policiais estaduais naquele contexto.
Ao documentar a presença e atuação do antigo COE/PMPR na Operação Registro, pretende-se reconhecer a contribuição singular dessa unidade paranaense nas ações de contra-guerrilha e seu papel precursor nas operações especiais no Brasil
2. O MILITAR DESERTOR E GUERRILHEIRO CARLOS LAMARCA
Carlos Lamarca era capitão do Exército Brasileiro quando desertou em 1969. Tornou-se um dos líderes da luta armada contra a ditadura militar instaurada no país em 1964. Atuando como um dos comandantes da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), organização da guerrilha armada de extrema esquerda que combatia o regime vigente.
Nascido em 1937, no Morro de São Carlos, no Rio de Janeiro. Filho de um sapateiro e de uma dona de casa, Lamarca viveu com os sete irmãos até os 17 anos. Em 1955 ingressou na Escola Preparatória de Cadetes, em Porto Alegre, e dois anos depois foi transferido para a Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende, onde se formou aspirante a oficial. Seu primeiro posto foi o Regimento de Infantaria de Quitauna, em Osasco, na Grande São Paulo.
Exímio atirador e instrutor da matéria, representava o então II Exército em torneios de tiro. Participou da Força de Paz da ONU integrando o Batalhão de Suez, oportunidade em que teve contato com a realidade árabe. Lamarca intensificou suas leituras sobre escritores voltados para a resolução de problemas sociais. Já em solo brasileiro, retomou leituras de jornais como “A Voz Operária” e deu mais espaço aos clássicos da literatura marxistas. Sobre sua experiência na Faixa de Gaza e Palestina, Bregalda, (2018, p.34) destaca o seguinte:
Ali se deparou com uma realidade diferente da que pensava, porém, não inédita. Identificou que os árabes viviam e conviviam com e na pobreza, assim como alguns brasileiros. Percebeu que a realidade daquele povo era muito mais cruel, adotou firmemente uma posição a favor dos oprimidos e “se fosse para combater, para ser justo, teria de passar para o lado deles. E passaria se houvesse combate”. Neste cenário tomou maior consciência do significado real da pobreza.
Após passagem pela 6º Companhia de Polícia do Exército, em Porto Alegre, Lamarca retorna para Quitaúna, onde foi promovido a capitão em 1967. Mesmo dentro do quartel conseguiu reunir um pequeno grupo que comungava das suas opiniões contra o governo militar. Enquanto atuava como instrutor de tiro para agências bancárias, por indicação do Exército, treinando funcionárias para enfrentar os assaltos que vinham sendo praticados pelos grupos de extrema esquerda, estreitava contato e planos com esses mesmos grupos.
Para ele, o socialismo seria o caminho para enfrentar o capitalismo, com o objetivo de tornar a sociedade um lugar mais justo. com o objetivo de derrubar a ditadura, Lamarca preconizava sobre as ações via armas; ele enxergava que a formação de um partido operário seria muito burocrática e lenta, logo, precisaria arrumar uma alternativa mais eficiente, rápida e enérgica. (BREGALDA, 2018, p.38)
Lamarca “tinha em mente que o folclórico Ernesto Guevara, o “Chê”, era modelo a ser seguido em toda a América Latina” (BREGALDA, 2018, p.39). O objetivo era que a guerrilha rural se multiplicasse em todo país. Agindo de maneira coordenada e simultânea para tomar o poder, sobrepujando as forças armadas e o governo vigente. Aos moldes do que ocorreu com sucesso em Cuba, no ano de 1959.
Em 24 de janeiro de 1969, Carlos Lamarca, em um único movimento, partiu para o fim de sua carreira como capitão do Exército e para o início de sua trajetória como líder insurgente. Seu plano inicial, de furtar mais de 500 fuzis e implementar uma série de grandes atentados, foi frustrado devido a apreensão do caminhão, pintado das cores do Exercito, que carregaria as armas. Então, ele e mais 3 militares simpatizantes usaram uma Kombi para furtar do 4º Regimento de Infantaria, 63 fuzis, cinco metralhadoras e muita munição, desertando e passando para a clandestinidade.
A sociedade brasileira foi envolvida por uma violência política que percorreu todo o período do Regime Militar, mas que teve sua fase mais nefrálgica entre os anos de 1968 e 1974. Numa perspectiva da dialética violência e contra violência, os órgãos de segurança sempre argumentavam que suas ações eram respostas à violência dos grupos de esquerda que representavam uma ameaça real ao Estado, dado o poderio bélico e a ousadia dos integrantes dessas organizações postas na ilegalidade. Se por um lado os órgãos de segurança do Estado utilizavam de todo os meios para manter o status quo vigente, onde a ordem pública e a “segurança” nacional era prioridade daquele Regime; por outro lado os grupos guerrilheiros armados desencadearam ações violentas visando desestabilizar o governo militar e tomar o poder. (NOGUEIRA, 2009, Carlos Lamarca: O Militar Guerrilheiro 1969/1971, p. 34)
Muitas ações violentas dos grupos armados da extrema esquerda brasileira já haviam acontecido até 1969, tais como as “”expropriações” (termo usado para designar assaltos a bancos)” de bancos, a tomada de emissora e colocação de mensagens de protesto no ar, o sequestro de diplomatas para trocá-los por presos políticos, e o “justiçamento” de inimigos. Neste cenário, Lamarca passa a comandante da VPR, Vanguarda Popular Revolucionária . “Foi da caserna à luta armada” (BREGALDA, 2018, p. 56).
“expropriações” (termo usado para designar assaltos a bancos), era o termo evasivo utilizado pelos grupos armados, verdadeiras guerrilhas urbanas, para a prática de roubos a bancos e veículos de transporte de valores. Já o justiçamento, era o assassinato de qualquer pessoa que poderia agir contra as intenções destes grupos,m, ou simplesmente simpatizantes do governo militar. Ustra (1987, p. 36), pontua as ações destes grupos durante o ano de 1969 da seguinte forma:
O terrorismo aumentava.
Sentinelas dos quartéis continuavam sendo assassinadas.
Viaturas militares eram assaltadas e as armas “expropriadas” pelos terroristas.
Em São Paulo, mais de uma vez, militares fardados foram atacados em plena via pública e, sob a ameaça de morte, obrigados a se ajoelharem e a dar vivas ao comunismo. Recebemos ordens para, se possível, não transitar fardados na rua.
Os assaltos a bancos e aos carros transportadores de valores agora eram rotina e a cada dia a sua técnica se tornava mais sofisticada. Era fruto da experiência adquirida por militantes brasileiros que, no exterior, se aperfeiçoaram em cursos de Guerrilha Urbana.
Quatro aviões já tinham sido seqüestrados e desviados para Cuba.
O Embaixador dos Estados Unidos fora seqüestrado.
Quartéis haviam sido assaltados e suas armas roubadas.
Assassinatos de policiais tomavam conta das manchetes dos jornais.
A Polícia Civil e as Polícias Militares – despreparadas para estas novas ações, agora muito bem planejadas e melhor executadas – todas recheadas de cunho ideológico – sofriam grandes revezes.
Bombas eram lançadas contra quartéis, delegacias de polícia, repartições públicas e órgãos de imprensa.
3. OPERAÇÃO REGISTRO, O CONTRA-GUERRILHA NO VALE DA RIBEIRA
Formado em 1966 a partir da união de dissidentes da organização Política Operária (POLOP) com remanescentes do Movimento Nacionalista Revolucionário (MNR), a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) foi um grupo da extrema esquerda armada, que lutou contra o regime militar brasileiro. Visando à instauração de um governo de cunho socialista no país.
Para atingir seus objetivos frente ao governo, Lamarca, agora líder da VPR, sabia que seu grupo precisava, além de aumentar seu efetivo, profissionalizar seus integrantes. Com este objetivo, criou uma “escola de guerrilheiros”, localizada no Vale do Ribeira, para a formação de um “Exército revolucionário”. Pois a preparação de guerrilheiros no exterior, além de demorada, era muito custosa.
A região escolhida, montanhosa e de densa floresta, era uma área muito carente, aliada a um vazio populacional, ideal para o estabelecimento de uma base de treinamento rural, formatada como um núcleo guerrilheiro revolucionário. Situava-se no sul do Estado de São Paulo, divisa com o Paraná, na altura do quilômetro 250 da BR-116, que liga São Paulo a Curitiba.
Os 17 integrantes da VPR que estiveram na região no início de 1970, passaram a conhecer bem a local, tanto para realizarem seus treinamentos, incluindo tiro e táticas de combate, sem chamarem a atenção dos moradores locais, tanto para terem controle em um possível confronto e fuga, caso forças do governo descobrissem seus objetivos e localização.
(…) fizeram treinamento de guerrilha em meio à Mata Atlântica, partindo do sítio Capelinha, onde hoje está localizado o Parque Estadual Rio Turvo (em Cajati, Vale do Ribeira). Os guerrilheiros passavam dentre as trilhas nos municípios de Jacupiranga, Registro, Eldorado, Cajati e Sete Barras, no rompimento com o cerco estratégico do Exército. (TUTUI e OLIVEIRA, 2018, p.13)
Figura 01: Mapa da região do Alto do Ribeira com destaque para o Parque Estadual Rio Turvo

Os militantes formados com a fundamentação teórica e prática revolucionária, rebelariam as populações rurais, ali e em outros locais, mão de obra para o desenvolvimento de uma revolução socialista. Aos moldes do que ocorreu com sucesso em Cuba, no ano de 1959.
Porém, o núcleo-escola revolucionário do Vale da Ribeira foi descoberto. Surgindo em abril de 1970, como reação das forças de segurança, a Operação Registro. Formada por tropas do Exército e Força Aérea, além de efetivo da Polícia Militar do Estado de São Paulo e do COE, Corpo de Operações Especiais, da Polícia Militar do Estado do Paraná. O objetivo prioritário da Operação foi a neutralização daquele foco guerrilheiro, cujo líder era Carlos Lamarca.
Logo a seguir, através de interrogatórios, em abril de 1970, tomamos conhecimento de que a VPR, sob o comando de Carlos Lamarca, havia instalado uma área de treinamento de guerrilheiros no Vale da Ribeira, no Sul do Estado de São Paulo. Nossos esforços foram então direcionados para neutralizar esta área que poderia transformar-se em foco de guerrilha. (USTRA, 1987, p. 41).
No dia 20 de abril, após agentes da inteligência do Exército já circularem na região, as aeronaves quebram o silêncio e os primeiros efetivos ostensivos chegam no Vale da Ribeira. Mesmo com o início do cerco e dos bloqueios na BR116, 10 integrantes da VPR, desarmados e integrados à rotina dos nativos, conseguiram sair da região. Os 7 restantes, inclusive Lamarca, permanecem num 2º local, mais bem escondido, para fazer a guarda do armamento, munição e equipamento do grupo.
Até o dia 7 de maio o efetivo e estrutura das forças de segurança eram grandes, mantinham bloqueios, patrulhamento em estradas secundárias e patrulhas nas matas. Mas não tiveram êxito. Então a ordem do comando do II Exército, que coordenava a operação, foi desmobilizar parte do efetivo.
Porém, as patrulhas haviam chegado muito perto de encontrá-los. O que motivou a movimentação do grupo, buscando a fuga, mesmo que fosse preciso o confronto. Foi o que ocorreu no dia 08 de maio. Os sete guerrilheiros, bem armados com os fuzis automáticos FAL, tentavam sair do município de Eldorado com um caminhão. Surpreenderam 6 policiais que faziam um bloqueio, ferindo 3 deles e continuaram a fuga no caminhão, um F-350 com toldo de lona, com destino a Sete Barras, distante 40 km de Eldorado.
Na sequência dos fatos, na noite do dia 08, o jovem 2º Tenente da PMESP Alberto Mendes Júnior, de apenas 23 anos, reuniu sua patrulha, composta por 17 integrantes (01 Tenente, 02 Sargentos e 14 Cabos/Soldados), embarcando-os em um caminhão e um veraneio C-14 em perseguição aos guerrilheiros, com velhos e obsoletos fuzis de repetição Mauser 1908.
Figura 02: Trecho do Relatório da Operação Registro, relatando o encontro entre a patrulha da PMESP com Lamarca e demais integrantes da VPR.

Com a vantagem da surpresa, domínio do terreno, camuflagem da noite e poder de fogo superior, Lamarca parou o caminhão em uma curva, impedindo a passagem dos veículos, e aguardou a patrulha policial para a emboscada. A 10 metros do caminhão cilada, os guerrilheiros abriram fogo. Na medida em que saíam do caminhão e da C-14, os policiais militares foram atingidos pelos disparos das FALs (Fuzis Automáticos Leves). 14 foram feridos, inclusive o Ten. MENDES Jr., ferido no pé.
Ao observar o grande número de soldados feridos, Lamarca intimou a tropa para que cessasse o tiroteio e se entregassem. Muitos dos feridos, inertes, estavam na mira dos revolucionários. “O Tenente Mendes verificou que diversos de seus comandados estavam necessitando de urgentes socorros médicos. Julgando-se cercado, Mendes aceitou render se desde que seus homens pudessem receber o socorro necessário” (AZEVEDO, 2010).
Lamarca e seu grupo prosseguem na fuga, levando o Tenente para franquear a passagem numa barreira policial que pudesse surgir à frente. Porém, o caminhão fica preso em um atoleiro, com tropa à frente e a retaguarda, dois dos guerrilheiros separam se do grupo, sendo presos dias depois. O grupo restante embrenha-se na mata, ainda mantendo o Tenente refém, marcando os momentos finais da breve trajetória do jovem Oficial. “O covarde e cruel assassinato de Mendes Junior vem comprovar o ânimo de Lamarca, de espalhar o terror no país.” (XAVIER, 2014, p. 99).
Depois de caminharem um dia e meio na mata, os terroristas e o tenente pararam para descansar. Carlos Lamarca, Yoshitame Fujimore e Diógenes Sobrosa de Souza afastaram-se e formaram um “tribunal revolucionário”, que resolveu assassinar o Tenente Mendes. Os outros dois, Ariston Oliveira Lucena e Gilberto Faria Lima, ficaram vigiando o prisioneiro. Poucos minutos depois, os três terroristas retornaram. Yoshitame Fujimore desfechou-lhe violentos golpes na cabeça, com a coronha de um fuzil. Caído e com a base do crânio partida, o Tenente Mendes gemia e se contorcia em dores. Diógenes Sobrosa de Souza desferiu-lhe outros golpes na cabeça, esfacelando-a. Ali mesmo, numa pequena vala e com seus coturnos ao lado da cabeça ensangüentada, o Tenente Mendes foi enterrado. Em 08/09/70, Ariston Lucena foi preso pelo DOI-CODI e apontou o local onde o tenente estava enterrado. (AZEVEDO, 2010)
Durante o transcorrer da Operação Ribeira, o menos controverso foi a execução do Ten. Mendes Junior, uma vez que, localizado e preso um dos algozes, este contou detalhadamente como se deu o crime. Além disso, acompanhou as forças de segurança, indicando o local onde estava o corpo e a forma de execução. “Comprovado por perícia – golpes de coronha e facadas na cabeça. Há fotos de seu cadáver, inclusive do crânio que comprovam o desfecho trágico em detalhes que atestam o crime cometido”. (XAVIER, 2014, p. 100)
41 dias depois do início da Operação, na tarde de 31 de maio, os guerrilheiros resolveram parar qualquer veículo que viesse pela estrada e tomá-lo. O primeiro a aparecer foi justamente um caminhão do Exército. Os ocupantes, cinco soldados, foram rendidos e deixados de cuecas dentro do veículo. Usando os uniformes da patrulha, o grupo consegue passar pela última barreira, perto de , e chegar até São Paulo. Lamarca e alguns de seus homens tinham escapado da maior mobilização da história do II Exército.
Localizado no interior da Bahia, Lamarca é morto em 17 de setembro de 1971.
O Tenente Mendes Jr. é enterrado com honras. Herói da PMESP, patrono de batalhões e homenageado, até hoje, em várias instituições do Estado de São Paulo e do Brasil, foi promovido post-mortem ao posto de Capitão.
O registro dos aspectos em que se deu a rendição, o socorro dos feridos e a condução do prisioneiro Mendes Junior e sua execução não deixam dúvida de que ele foi vitimado, como resultado de deliberada atitude de defender seus comandados. E defendeu, ao se colocar como refém pelo socorro dos feridos e libertação dos demais. (XAVIER, 2014, p. 103)
4. AÇÕES DO COE/PMPR NA OPERAÇÃO REGISTRO
Correa, (2021, p.75) afirma que “Logo que surgiram os informes sobre a presença de guerrilheiros no Vale da Ribeira, o COE foi chamado.” Em 1970, este efetivo já tinha experiência e notoriedade na sociedade paranaense e nos demais órgãos de segurança pública, inclusive nas unidades do Exército Brasileiro da capital paranaense. Isso devido a ocorrências que exigiram conhecimentos e treinamentos não rotineiros, e foram bem solucionadas pela intervenção desta unidade. devido a essa confiança, o apoio foi de imediato requisitado pelas forças federais e pelo comando da corporação estadual, assim que se iniciaram as ações no Vale da Ribeira. Moraes, (2015, p. 51) menciona o relato do Coronel da reserva Eugênio Semmer, que serviu como tenente no COE durante o período em que ocorreu a Operação Registro:
O COE foi com grande efetivo, que ficou dividido basicamente em dois grupos: uma parte ficou no Estado do Paraná, acampado próximo a rodovia, e fechou a divisa com o estado de São Paulo, realizando bloqueios, revistando veículos e conferindo os passageiros e cargas; outro grupo se deslocou à região da Barra do Turvo, já no Estado paulista, onde ocupou diversos pontos, incursionando patrulhas nas matas e vilas da região e auxiliando na prisão de alguns guerrilheiros.
Figura 03: Efetivo do COE no marco de divisa entre os Estados de São Paulo e Paraná. BR 116, maio de 1970.

Em 1970 o COE/PMPR já dispunha de um bom número de efetivo, especializado através de treinamento constante e diferenciado das demais tropas da PMPR e outra Polícias Militares do Brasil. Detinham equipamentos, armamentos e viaturas consideradas modernas à época. E o mais importante, tinham experiência de combate em ambientes hostis, rurais e em matas. Requisito para o combate anti-guerrilha rural, que inexistia nas demais Polícias Militares brasileiras, e que apenas os Forças Especiais, Paraquedistas e Guerras na Selva do Exército brasileiro tinham.
Muitas dificuldades se apresentavam para os efetivos que participaram da Operação Registro. As duas principais, sem dúvida, eram as seguintes: o preparo técnico dos guerrilheiros, armados com modernos fuzis automáticos FAL e a Mata Atlântica do Vale do Ribeira. Região montanhosa, coberta por vegetação densa, de alto porte e difícil permeabilidade, que limitava os deslocamentos. Realizados somente através de picadas e trilhas.

Figura 06: Maj. Raul, Cap. Lúcio e Ten. Hercílio e outros policiais do COE. Montanhas do Vale da Ribeira ao fundo. Operação Registro, maio de 1970.

A mata densa facilitava o homizio dos militantes da VPR que já conheciam o local. A observação tanto terrestre como aérea era extremamente dificultada. Vastos bananais, palmitais e a culturas de chás, possibilitam a sobrevivência nela por algum tempo. “Como se não bastasse, o inimigo havia instalado algumas armadilhas, troncos de árvores e farpas de madeira transformadas em setas mortais ao mínimo deslocar de um cipó colocado como gatilho.” (CORREA, 2021, p. 75)
Figura 07: Efetivo do COE observa uma das aeronaves das Forças Armadas que deram apoio durante a Operação. Maio de 1970.

Os policiais Militares do COE participaram efetivamente das atividades da Operação Registro, executando bloqueios na BR 116 e outras estradas na divisa entre Paraná e São Paulo, assim como patrulhas exploratórias e de combate, inclusive com efetivo misto, entre policiais paranaenses e paulistas.
Colocamos uma barreira em Rio Pardinho sob o comando do Cap. Sony Martins, uma patrulha em Barra do Turvo sob o comando do Cap. Lucio de Matos Júnior e uma patrulha na Serra Negra sob o comando do Major Raul Lopes, integrada também por elementos da PM de S.Paulo. O Ten. Gilberto Oiti era nosso Oficial de ligação com o Exército. (CORREA, 2021, p.75).
Figura 08: Patrulha com efetivo de Policiais Militares do Paraná e de São Paulo deslocam-se em busca de Lamarca e demais militantes do VPR. Vale da Ribeira. Maio de 1970.

Seja na missão de bloqueios, onde ficavam 24 horas por dia mantendo fiscalização cerrada em todos veículos que deslocavam para o Paraná, seja nas incansáveis patrulhas nas matas da região, a missão foi conduzida com êxito pelos militares estaduais. A exemplo do descrito pelo Soldado Correia, que serviu no COE de 1969 a 1974:
Descemos barrancos e despenhadeiros, com os frangalhos ao vento, em sangue o pé estropiado, esfarrapando as mãos a tatear nos espinhos, rompendo o mato e rolando a montanha, por moitas e barrocais, até que finalmente, ao amanhecer fazemos contato com a patrulha do Sgt. Irineu e seguimos na pista dos fugitivos, capturando-os já próximos da BR.ll6.
Saímos na estrada, pegamos uma viatura, eu, o Cabo Lopes e mais dois companheiros, e levamos os presos à Jacupiranga, onde somos recebidos pelo Gal. Paulo, com quem conversamos, ocasião em que ele nos diz de sua satisfação em poder contar com o Coe sob seu comando, uma garantia de que pela fronteira do Paraná o inimigo jamais passaria, como de fato não passou. (CORREA, 2021, p.77)
Figura 09: Bloqueio realizado pelo COE/PMPR na BR 116 sentido Curitiba, próximo a divisa entre os Estados do Paraná e São Paulo. Maio de 1970.

O jornal O Estado do Paraná de domingo, 3 de maio de 1970, trouxe ao leitor paranaense uma reportagem especial sobre a participação do efetivo da PMPR na “Caçada” aos guerrilheiros. Em reportagem de duas páginas, Costa e Schmidt relatam a rotina dos militares estaduais paranaenses durante a Operação Registro. Também com rico material fotográfico, demonstram as fiscalizações nos bloqueios da BR116, visto que as áreas de mata não estavam liberadas para acesso dos jornalistas. E mostram o desvio que o motorista tinha como opção para chegar a São Paulo, partindo de Curitiba, sem passar pelo bloqueio.
Estamos espremendo o limão para o caldo sair. Esta frase de um Oficial do Exército explica toda a situação que ocorre, há 12 dias, na região fronteiriça entre o Paraná e São Paulo, e mais precisamente entre os municípios paulistas de Registro e Jacupiranga. Na explicação do Oficial está contida a informação de que o II Exército, a Polícia Militar de São Paulo e a do Paraná – que atuam em ação conjunta – apertam cada vez mais o cerco aos redutos de guerrilheiros que se concentram naquela área. (COSTA e SCHMIDT, 1970, p. 7).
Figura 10 e 11: Respectivamente páginas 7 e 8 do jornal O Estado do Paraná, domingo, de 03 de maio de 1970. Reportagem especial sobre a Operação Registro.

O Corpo de Operações Especiais está com um posto montado a quatro quilômetros da divisa, onde fiscaliza o tráfego e se organizam patrulhas volantes. Uma destas patrulhas, que deixou Cedro ao anoitecer de quinta-feira, atingiu, ontem pela manhã, Guaraqueçaba, passando pela Serra Negra. Uma turma do posto avançado de Barra do Turvo está retornando a Cedro, passando pela selva (em linha reta a distância é de 40 quilômetros). O número de efetivo do COE não foi dado a conhecer, bem como não foram reveladas as identidades dos Oficiais de serviço, por questão de segurança. (COSTA e SCHMIDT, 1970, p. 7).
5. COE, EFETIVO RECONHECIDAMENTE PREPARADO PARA O COMBATE CONTRA-GUERRILHA EM 1970
Criado em 1964, como uma Companhia do Batalhão de Guardas, o COE já tinha entre suas missões o combate contra guerrilha. Em 1968, a estrutura de Companhia passa a ser um Corpo, a comando de um Oficial Superior, Major. Com efetivo maior, mais oficiais capacitados para dar treinamento e responsável pela execução de diversas missões em todo o Paraná, o COE passou a ser demandado para várias missões reais. Relato do Cel. RR Goro Yassumoto, primeiro comandante do COE:
(…) o Comandante Geral da Polícia Militar em 1964, o chamou em seu gabinete, e o convidou, ainda como Capitão, para criar e comandar uma Companhia de Operações Especiais, que seria responsável por atuar em controle de tumultos, realizando ações de controle de distúrbios civis, e outras ocorrências para as quais a tropa regular não estivesse preparada, como busca e resgate em ambientes hostis, combate contra guerrilha, entre outras. (MORAES, 2015, p. 43).
Figura 12: Efetivo do COE em instrução de busca e salvamento na Serra do Mar paranaense, 1969.

No período do Governo Militar, o combate anti guerrilha em ambiente hostil, área rural e de mata, era uma novidade para a grande maioria das tropas policiais e militares brasileiras. Correa (2021, p.75), afirma que “éramos a única Unidade realmente profissional nesta área, pois o pessoal da PM de S. Paulo estava habituado às lutas na cidade e o pessoal do Exército era formado por recrutas incorporados há apenas dois meses.”
Figura 13: Trecho do Relatório da Operação Registro, relatando a deficiência do efetivo da PMESP para a execução no tipo de missão durante a Operação Registro.

Bregalda ainda destaca a análise de uma reportagem sobre o relatório da Operação Registro divulgada pelo II Exército em fevereiro de 1980, em que os seguintes erros são apontados pelos próprios militares:
a) o emprego de jovens soldados sem experiência em confronto com guerrilheiros, os quais tinham uma média baixa de idade;
b) a utilização de material humano despreparado para combater a guerrilha, uma vez que poucos ali tinham treinamento antiguerrilha;
c) o emprego de grande contingente para caçar poucos guerrilheiros: o que era para ser uma vantagem numérica acabou sendo desvantajoso, pois permitiu que os inimigos escapassem mais rápido devido a lentidão das grandes patrulhas nas matas;
d) fardamento e armamento obsoletos, o que impactou negativamente o moral dos soldados;
e) o baixo nível de combatividade dos soldados. (BREGALDA, 2018, p. 145)
A estrutura logística, o efetivo e a experiência combativa do COE se apresentava diferente do exposto acima no início da década de 70. Acumulando instrutores especializados em diversas áreas, tais como guerra na selva, paraquedismo, sobrevivência, busca e salvamento na selva, montanhismo, armamento e tiro, entre outras, o COE figurava como grupo percussor de Operações Especiais na atividade policial brasileira. Além dos treinamentos, extremamente evoluídos à época, para uma tropa policial, o COE já acumulava uma grande experiência em ações reais.
Figura 14: Instrução de combate e sobrevivência na selva aos policiais que passariam a integrar o COE. Início de 1970.

O COE, subordinado diretamente ao Comandante Geral da PMPR, passou a contar com um histórico de eficientes atendimentos de diversas ocorrências, sempre em apoio aos próprios policiais militares ou a outros órgãos de segurança. Ocorrências com milícias armadas, captura de criminosos homiziados, quadrilhas violentas, além de busca e salvamentos em áreas de mata. Uma destas situações, recorrentes, era a questão da terra, conforme relata o Cel. RR Semmer:
Neste período, do final da década de 1960 e início de 1970, ainda ocorreram muitos conflitos de posse no Estado do Paraná, em especial na região oeste. Nestes locais atuavam grileiros e jagunços, pessoas que se apossaram de terras do Estado ou de particulares à força, e bandos armados que eram contratados para retomar as terras – COE muito empregado nesses conflitos até meados da década de 70. Muitos mortos e presos (MORAES, 2015, p. 48).
Figura 15: Efetivo do COE de preparação para patrulha na busca de posseiros e jagunços armados. Sudoeste do Estado, final da década de 1960.

A seriedade com que o COE foi tratado pelo comando da PMPR, somado a dedicação de sua tropa e seus Oficiais, visionários, naquele período de estruturas simples e modestas oferecidas às organizações de Segurança Pública, aliado, ainda, a grande experiência em ações reais durante a década de 1960, contribuíram para o destaque do Corpo de Operações Especiais nas ações do contra guerrilha no Vale da Ribeira, Operação Registro. Tal fato foi reconhecido pela sociedade e pelo Exército Brasileiro, através do Comando da 5º Região Militar, conforme reportagem sobre o elogio do General Aragão ao COE, apresentado na figura 16.
Figura 16: Reportagem sobre o elogio do comando da 5 Região Militar ao COE, jornal O Estado do Paraná, de 06 de junho de 1970.

Outra forma com que o COE/PMPR foi reconhecido pelas ações no Vale da Ribeira, foi o convite e a presença de seu comandante, Major Raul Vitor Lopes e de alguns de seus oficiais, no sepultamento do Tenente Alberto Mendes Junior. O sempre lembrado Herói da PMESP, marcou os homens paranaenses que, honrados, ombrearam as missões na Operação Registro. O Soldado Correa, em 1979, esteve no antigo 1º Batalhão da PMESP, durante a inauguração da estátua do Herói Capitão Mendes Jr., compartilhando um pouco deste reconhecimento:
Complementando as recordações seguimos até o pátio do quartel para conhecer a estátua em tamanho natural, ocasião em que um oficial que guiava um grupo de jovens estudantes em visita à ROTA, inesperadamente me apresenta e faz um improvisado e emocionante discurso exaltando nossa atuação junto com o lendário Batalhão Tobias de Aguiar.
Foi comovente ver o nosso COE ser aplaudido por aqueles jovens paulistas ao lado do monumento de nosso companheiro Tenente Alberto Mendes Júnior. (CORREA, 2021, p.83).
Após a Operação Registro, ainda no ano de 1970, a Polícia Militar do Estado de São Paulo, tendo observado a deficiência de seu efetivo frente às novas formas de violência, incluindo as ações dos grupos armados de extrema esquerda, formam suas subunidades especiais. A demanda urgente e o contato com o COE/PMPR durante as ações no Vale da Ribeira, fez surgir duas importantes unidades de policiamento especializado em operações policiais especiais. Atualmente referências nacionais, já há algumas décadas.
O POE, Pelotão de Operações Especiais, foi formado buscando dentro do efetivo já existente, policiais com formações específicas no Exército Brasileiro. Em 1971, este efetivo passou a formar o COE, Comandos e Operações Especiais da PMESP, sendo então o efetivo especializado para o combate à contra guerrilha rural. Nesta mesma esteira, em 15 de outubro de 1970 o 1º Batalhão da PMESP, Batalhão Tobias Aguiar, passa a ser denominado ROTA, Rondas Ostensivas Tobias Aguiar, responsável pelo contra guerrilha e repressão ao crime violento urbano.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Operação Registro, como tantas ações ocorridas durante o regime militar brasileiro, permanece como um capítulo complexo e controverso da história nacional, permeado por disputas narrativas e interpretações políticas diversas. Contudo, independentemente do viés ideológico que se adote, é inegável a gravidade do contexto enfrentado à época, bem como o impacto das ações desenvolvidas por grupos armados e pelas forças de segurança nacionais.
Este trabalho demonstrou que, diante da ameaça representada pela instalação de um núcleo guerrilheiro no Vale do Ribeira, as forças de segurança atuaram com o propósito de restaurar a ordem e neutralizar focos insurgentes. Nesse cenário, o Corpo de Operações Especiais da Polícia Militar do Paraná destacou-se não apenas pelo apoio operacional, mas por seu elevado grau de preparo técnico e adaptabilidade em ambiente hostil, características que o colocaram em posição de referência para outras corporações.
A atuação do COE/PMPR na Operação Registro evidenciou o pioneirismo da unidade no campo das operações especiais em território nacional, demonstrando a importância da formação continuada, da doutrina específica e da integração entre as forças policiais e militares. A experiência adquirida nessa missão contribuiu diretamente para o desenvolvimento de estruturas semelhantes em outras unidades da federação.
Ao resgatar e documentar esse episódio, este estudo contribui para a valorização da memória institucional e para o reconhecimento do papel desempenhado por policiais militares paranaenses em um dos momentos mais emblemáticos do enfrentamento à guerrilha no Brasil. A história do COE/PMPR, construída com profissionalismo e dedicação, merece ser preservada e transmitida como legado às futuras gerações de combatentes.
REFERÊNCIAS
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