REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202504111124
Antonio Zuza Sobrinho Neto
RESUMO: O ensino de História no Brasil foi idealizado na esteira do nacionalismo, na perspectiva positivista das grandes figuras. Todavia, com a Lei nº 10.639/2003, tornou obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira para todos os níveis da educação, houve uma insurreição do negro na busca de contar sua própria história. Desta forma, o uso dos quadrinhos como documento histórico se tornou uma ferramenta importante para preservação da memória coletiva afrodescendente.
Palavras-chave: Quadrinhos, Ensino de História, Descolonização, Afro-brasileiro.
ABSTRACT: The teaching of History in Brazil was idealized in the wake of nationalism, in the positivist perspective of the great figures. However, with law nº 10.639/2003, which made the teaching of afro-brazilian history and culture mandatory for all levels of basic education, there was an insurrection of black people in the quest to tell their own story. In this way, the use of comics as a historical document has become an important tool for the preservation and of the afro-descendant collective memory.
Keywords: Comics, History Teaching, Decolonization, Afro-brazilian.
Ensino de História: uma disciplina colonizada
O ensino de história no Brasil foi implantado em 1938 na cidade do Rio de Janeiro1. O intuito do ensino e da produção historiográfica era a criação de uma ideia de pertencimento e/ou de um sentimento de nacionalismo. Portanto, o propósito era de uma história universal, pautada em grandes figuras representativas, uma versão única e restrita, a versão do vencedor. Uma história alicerçada no paradigma positivista2, como defendia o filósofo Immanuel Kant:
(…) filósofo iluminista que se ocupará de elaborar sua própria filosofia da história, já sustentava o pressuposto de que a história deveria ser examinada sob o duplo prisma de racionalidade e universalidade. Em ideia de uma História Universal sob o ponto de vista cosmopolita (1784), o filósofo alemão já argumentava que, por um lado, a História deveria abarcar toda a humanidade, constituindo-se em “história universal e geral”. (BARROS, 2014, p. 78).
Conquanto, no Brasil, a ideia de uma história universal ficou restrita à adoção da versão do colonizador europeu, sobre a história dita nacional através do que se desenvolveu uma exagerada exaltação aos chamados “heróis” e/ou “desbravadores do Novo Mundo”, uma história estritamente branca, eurocêntrica e colonialista que, por décadas, silenciou e oprimiu a versão do negro escravizado ou de qualquer outra classe marginalizada.
A escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie em seu livro O perigo de uma história única, atenta para o fato de como e de que forma as histórias são contadas estão atreladas às relações de poder, a capacidade que uma fração da população tem de subordinar a versão do outro a sua visão; neste caso, “o poder é a habilidade não apenas de contar a história de outra pessoa, mas de fazer que ela seja sua história definitiva” (ADICHIE, 2019, p. 23). Construir esse tipo de narrativa é uma demonstração do domínio que o processo colonizador exerceu sobre a produção historiográfica, e de como usava desse artífice para subordinar a visão do negro sobre o seu próprio passado, de forma a legitimar o lugar do negro na organização econômica e política da sociedade no presente. A elaboração e a sistematização do ensino da disciplina de História foram idealizadas para hierarquizar as relações sociais e afastar o negro de sua própria história e do contato com a cultura africana – silenciar a memória coletiva da população negra através da educação, retirando do negro o direito legítimo de contar sua própria história. É o que Carter Godwin Woodson chamou no seu livro de a “des-educação do negro”3 – um sistema firmado no pressuposto racista de que os negros são limitados e incapazes de uma contribuição significativa para ordem social, portanto, desta forma, devem aceitar de bom grado a versão que o homem branco lhe impõe. O que resulta no que Frantz Fanon, em seu livro Pele negra, máscaras brancas chamou de processo de branquitude4.
Destarte, que é comum, ainda atualmente, que os livros didáticos da disciplina de História5 perpetuem o mito do europeu como “bom colonizador” que inseriu o país na modernidade, da mesma forma que, em contrapartida, segue reduzindo a imagem do negro apenas a escravatura. “Negros e escravos foram compreendidos como sinônimos. Isso resultou na construção de concepções que reduziram ambos a condição de objetos” (FONSECA & BARROS, 2016, p. 23), essa negação da condição de sujeito do negro, que posteriormente foi responsável pela subalternização do lugar social do próprio negro na sociedade, faz parte de uma produção historiográfica que tem um referencial teórico racista e eurocêntrico, que ignorava o negro como um agente político-social importante, portanto, capaz de transformar sua realidade histórico-social. Em As Injustiças de Clio, Clóvis de Moura afirma:
O negro, no particular, é o grande desconhecido. Durante todo o percurso da nossa história, a sua contribuição tem sido negada direta ou veladamente e apenas destacadas as suas qualidades como escravo, produtor de uma riqueza de que não participava. Os historiadores que se debruçaram sobre a nossa realidade jamais, ou muito raramente, viram o negro como força dinâmica na nossa formação política, social, cultural ou psicológica. Todos os antigos preconceitos bíblicos, cientificistas ou racistas foram unidos, compactados e aplicados na análise do comportamento da população negra. (MOURA, 1990, p. 12).
Dessa forma, a disciplina de História foi, por muito tempo, um ensino colonizado, concentrado em propagar a visão da elite branca e que não levava em consideração a história da população negra, suas características e opulências, nem muito menos a visão que o negro tinha sobre acontecimentos importantes acerca de seu passado, como a diáspora africana, o processo de escravidão e a Abolição da escravatura. Ao contrário, o negro era submetido a uma educação branca, eurocêntrica e racista, a partir da qual o jovem negro não teve oportunidade de desenvolver uma identidade negra objetiva, com características culturais, linguísticas e até psicológicas que resultasse em autovalorização e na elaboração de uma consciência de pertencimento e negritude.6
A população negra que foi escravizada teve um papel preponderante em momentos históricos, sobretudo nos processos de resistências e insurreições. Vê-se, assim, que a contribuição do negro é muito significativa para a formação social, cultural, econômica e política do país, ainda que tenha seus principais feitos silenciados pela historiografia hegemônica.
A descolonização do ensino de História
Os ares de mudança visando uma emancipação histórica do povo negro, teve início quando no ano de 2003, o Governo Federal promulgou a Lei nº 10.639/2003 que caducou a Lei nº 9.394/1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN). A Lei nº 10.639/2003, através do artigo 26ª tornou obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira para todos os níveis da educação básica em todo o território nacional. É importante ressaltar que, no ano de 2008, essa lei foi substituída pela Lei nº 11.645/2008, que alterou o artigo 26ª para incluir também a obrigatoriedade do ensino de história e cultura indígena.
Essa mudança na legislação educacional é considerada uma das principais ações com potencial para alterar o quadro da desigualdade racial no Brasil. E, a partir dela, ainda que com tímidos avanços em nível nacional, mudanças podem ser vistas em algumas escolas, o que marca a importância de narrar a história do negro de uma perspectiva não eurocêntrica. (WOODSON, 2021, p.16).
Todavia, esta alteração na lei, não surgiu do mero acaso, nem tampouco da benevolência política do sistema burguês. É necessário levar em consideração, toda a luta do movimento negro e indígena brasileiro na construção de um debate público em torno de um sistema educacional que, notoriamente ficou caracterizado como um espaço aforado de reprodução do racismo. Melina Lima Pinotti (2016) traça um paralelo importante entre as reivindicações educacionais e as relações políticas do movimento negro com a elaboração e aprovação da lei 10.639/03. Conforme a autora, o movimento negro deposita no ensino da História afro-brasileira, a esperança de releitura do lugar social da população preta, tanto no passado, quanto no presente:
Portanto, o movimento negro percebe o ambiente escolar como um espaço para o reconhecimento e a valorização da história e da cultura africana e afro-brasileira, para por meio da educação desconstruir a representação marginalizada da população negra. Este esforço junto à política educacional visa o enfraquecimento do racismo e a valorização da diversidade. E, o fortalecimento da identidade e a valorização étnica são resultados esperados através do ensino da História e da cultura africana e afro-brasileira (PINOTTI, 2016. p. 12).
Neste sentido, a lei 10.639/03 devolveu ao negro não apenas a possibilidade de disputar as narrativas acerca do seu passado, como também possibilitou a inserção das práticas cotidianas e das experiências culturais afro-brasileiras na prática pedagógica do ensino de História. Com isso, a história do negro deixa de se limitar apenas ao processo de escravidão, aos estereótipos racistas, passando a dar ênfase para o conjunto de hábitos, costumes e crenças que os africanos deixaram de herança para a sociedade brasileira. Kabengele Munanga atenta para isso no livro Superando o racismo na escola:
A presença do negro nos livros, frequentemente como escravo, sem referência ao seu passado de homem livre antes da escravidão e às lutas de libertação que desenvolveu no período da escravidão e desenvolve hoje por direitos de cidadania, pode ser corrigida se o professor contar a história de Zumbi dos Palmares, dos quilombos, das revoltas e insurreições ocorridas durante a escravidão; contar algo do que foi a organização sócio-político-econômica e cultural na África pré-colonial; e também sobre a luta das organizações hoje, no Brasil e nas Américas. (MUNANGA, 2005, p. 25).
Ainda que a historiografia hegemônica insista em diminuir a trajetória do afro-brasileiro em nosso país, o negro nunca foi um agente passivo na história do Brasil, a arte, a música, a dança são provas cabais de que ele não apenas sobreviveu, mas também conseguiu fazer resistir seus valores culturais. Isto posto, a descolonização do ensino de História passa por uma releitura desses processos históricos sob o olhar do negro.
O uso dos quadrinhos no ensino de História: cultura africana e afro-brasileira
A presença de personagens negros nos quadrinhos brasileiros se deu, por muito tempo, através de uma retratação ínfima, irrelevante, subalterna e sem nenhum tipo de proeminência. Contudo, na sociedade contemporânea surgem movimentos sociais importantes, como o Black Lives Matter7 que pregam e lutam pelo fim da desigualdade racial e do preconceito, e têm sim, causado um impacto positivo na indústria cultural. Essa briga por equidade racial se reflete em um aumento do protagonismo do negro na produção literária das HQs.
Portanto, diante do cenário atual, há uma disputa de narrativas, e uma clara insurreição da população negra na busca do direito genuíno, legítimo de contar sua própria história, de romper com esse ensino eurocêntrico, branco e colonialista que vem dominando a disciplina de História, a ressignificação do papel histórico dos negros nos quadrinhos torna-se uma ferramenta importante para o processo de descolonização do ensino de história e valorização da cultura negra8.
“Uma das formas de valorizar os personagens negros é ressaltar ou resgatar a sua participação em eventos históricos importantes do Brasil” (CHINEN, 2019, p. 234). Nesse contexto de disputa de narrativas, no qual o afro-brasileiro tenta dar voz a seu passado, surgiram quadrinhos produzidos por quadrinistas negros que dialogam com temas importantes da história da negritude com a linguagem e a versão do negro sobre sua própria história.
Nesse sentido, existe no Brasil, uma levada de HQs recentes que têm a preocupação de dialogar com o passado histórico da população afro-brasileira. São histórias em quadrinhos idealizadas e produzidas por quadrinistas negros e voltada para a versão da população negra com temas significativos para a negritude, como a escravidão, seus respectivos processos de resistências e os demais temas que compõe a história da população negra no país. Com isso, espera-se romper com um problema crônico da grade curricular, que é a colonização do ensino de História.
“Também no escopo da Lei 10.639, foi lançado em 2010 o álbum AfroHQ. (…) o livro faz uma viagem pela história da contribuição negra para a cultura brasileira” (CHINEN, 2019, p. 256). Outra história em quadrinhos que trabalha sobre a perspectiva da cultura africana é, Conto do Orixás (2019), do quadrinista baiano Hugo Canuto.
AfroHQ é um quadrinho com roteiro de Amaro Braga, e desenhos de Danielle Jaimes e Roberta Cirne, faz um levantamento minucioso de heranças significativas que a cultura negra deixou para o cotidiano social brasileiro, “desde as crendices africanas, alimentos, instrumentos e ritmos musicais até a participação em revoltas pela independência” (CHINEN, 2019, p. 256), tudo isso, na visão peculiar de cada um dos Orixás.
Conto dos Orixás apresenta com maestria a mitologia cósmica da criação de Olorum, a divisão entre o Orum (céu) e a Aiyê (terra) e, o surgimento dos orixás. A HQ ainda é caracterizada por trazer trechos do idioma yorubá, o que aproxima o leitor do dialeto original dos personagens.
O uso dos quadrinhos no ensino de História: literatura afro-brasileira
Franco Moretti é um renomado acadêmico italiano conhecido por suas contribuições para o campo dos estudos literários e culturais. Moretti é um defensor dos estudos da literatura mundial, que envolve a análise de textos literários de diversas culturas, crenças e idiomas, com finalidade de entender a diversidade de estilos literários e suas contribuições para uma literatura global, indo além da tradicional literatura ocidental, eurocêntrica e branca.
Para além disso, reconhecendo a natureza híbrida dos quadrinhos, capaz de transmitir significados e emoções através da combinação de elementos visuais e textuais, isto é, uma linguagem narrativa completa, que faz das histórias em quadrinhos uma expressão literária original. Portanto, entendendo os quadrinhos como uma singularidade, dona de linguagem própria e alicerçada no conceito literário de Moretti, que sobrepõe a ideia de uma literatura hegemônica, a junção de quadrinhos e literatura afro-brasileira mostra sua importância.
Segundo Souza e Lima (2006) quando nos referimos à “literatura negra” ou “literatura afro-brasileira” muitas questões são levantadas. Todavia, em entrevista a Luiza Lobo, Ironides Rodrigues resume o significado do conceito:
A literatura negra é aquela desenvolvida por autor negro ou mulato que escreva sobre sua raça dentro do significado do que é ser negro, da cor negra, de forma assumida, discutindo os problemas que a concernem: religião, sociedade, racismo. Ele tem que se assumir como negro. (Apud LOBO, 2007, p.266).
A citação acima, torna evidente que a “literatura negra” se constrói de forma singular, independente e totalmente à parte da literatura tradicional, se organiza como atividade cultural através do conceito de lugar de fala, é o negro refletindo sobre seu cotidiano a partir de suas idiossincrasias e peculiaridades. Como é uma atividade pensada e desenvolvida pelo negro com a finalidade de narrar aspectos corriqueiros para a negritude, não é algo que estimule a produção comercial de larga escala, ao contrário, a “literatura afro-brasileira” que por muito tempo foi silenciada e apagada pela elite dominante, encontra na marginalizada população negra um terreno fértil para sua disseminação e valorização.
Na literatura brasileira, o negro aparecia muito mais como personagem do que como criador. Dessa forma, as produções literárias brasileiras retratavam personagens negros a partir de estereótipos da preconceituosa visão eurocêntrica. Quanto aos escritores negros, esses, eram subordinados ao padrão da estética branca dominante, já que não era aceitável para elite social (branca e racista) da época que grandes obras literárias fossem frutos da mente de um intelectual negro, o que resultou em um processo de embranquecimento dessas personalidades negras. Um dos casos mais famosos de embranquecimento de escritores negros, é o do célebre autor do clássico Dom Casmurro (1899), Machado de Assis.
Comumente apontado pelos especialistas como um dos principais romancistas da literatura brasileira, Machado de Assis teve sua negritude omitida na historiografia tradicional. Entretanto, a Universidade Zumbi dos Palmares lançou a campanha “Machado de Assis Real”9, que visa resgatar a identidade negra do escritor. A imagem de Machado de Assis como um homem negro viralizou nas redes sociais e logo recebeu o apoio de artistas e intelectuais negros. O movimento causou polêmica e mal-estar no seio da sociedade burguesa, que com desapreço teve que reconhecer que um dos maiores e mais bem-sucedidos escritores da Literatura Brasileira era de fato um homem negro.
Contudo, ainda que silenciadas, apagadas e/ou embranquecidas as contribuições do negro para literatura brasileira são incomensuráveis e irretocáveis. Por isso a migração desse universo para as histórias em quadrinhos é uma ação que tem como intuito aproveitar-se da popularidade dos quadrinhos para impulsionar o acesso da população comum a literatura afrodescendente. Dessarte, conhecer a cultura negra através das adaptações de romances afro-brasileiros para os quadrinhos é uma didática pedagógica importante, capaz de abordar tanto os aspectos linguísticos quanto os aspectos estéticos e até psicológicos da população afrodescendente. Ademais, devolve-se a criança negra a possibilidade de desenvolver a noção de negritude através de uma representatividade racial condizente com a realidade social do negro.
As adaptações de obras literárias com temas correntes da cultura afro-brasileira para os quadrinhos, é algo já consolidado na produção industrial da nona arte. “A primeira tentativa de adaptação de romances no Brasil foi feita em 1948, pela Editora Brasil América (EBAL), com a publicação da Edição Maravilhosa” (CHINEN, 2019, p. 133).
Ao longo da década de 1950, com a consolidação da EBAL, a série Edição Maravilhosa adaptou vários romances com personagens negros e que debatiam a condição social da população afro-brasileira. A Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães; A Marcha, de Afonso Schimidt; O Tigre da Abolição, de José do Patrocínio, Terras do Sem-fim e São Jorge de Ilhéus, de Jorge Amado e Moleque Ricardo de José Lins do Rego, são alguns exemplos de romances literários afro-brasileiros adaptados para os quadrinhos.
Outros romances com temática afro-brasileira adaptados para quadrinhos são: o livro Clara dos Anjos, de autoria do escritor negro Lima Barreto, que trabalha o tema da condição feminina, o lugar da mulher negra na sociedade racista, misógina e patriarcal, adaptado para quadrinho por Lélis e Wander Antunes; e Jubiabá (obra que tem como protagonistas personagens negros) de Jorge Amado, adaptado para quadrinho pelo quadrinista Spacca, são outros exemplos de literatura negra adaptada para histórias em quadrinhos.
A adaptação de romances literários que abordam a negritude para os quadrinhos é uma estratégia fundamental para ampliar o acesso a essas narrativas e fortalecer a representatividade negra na cultura pop. Os quadrinhos, por sua linguagem visual e dinâmica, tornam essas histórias mais acessíveis a diferentes públicos, especialmente jovens leitores, promovendo uma conexão mais imediata com os temas abordados. Além disso, a transposição dessas obras para o meio gráfico contribui para a difusão do pensamento de autores negros e para a valorização das identidades afrodescendentes, reforçando a importância da literatura negra na construção da memória e da consciência histórica. Essas adaptações, portanto, não apenas democratizam o conhecimento, mas também atuam como ferramentas de resistência e educação antirracista.
O uso dos quadrinhos no ensino de História: religiões afrodescendentes
Um dos aspectos mais preponderantes na construção cultural e identitária de um povo, é a sua religiosidade. A crença religiosa é o retrato cultural de qualquer grupo social. Por isso, desde o período da colonização, a elite (branca) promove um verdadeiro holocausto com a religião africana. Desde a catequização dos jesuítas até a marginalização religiosa, as religiões de matriz africanas são as que mais sofrem com intolerância religiosa no Brasil. Os adeptos da Umbanda, do Candomblé e das demais variações, sofrem diariamente com discriminação, preconceito e todo tipo de perseguição. Evidentemente, isso é resultado de um processo de desvalorização e desumanização de tudo que o negro produz, a demonização das religiões afro-brasileiras é parte dessa narrativa histórica implementada pela historiografia burguesa.
Portanto, é dever e papel importante da disciplina de História promover um ensino descolonizado que desmistifique esses estereótipos racistas acerca das religiões de matriz africana. “Nos últimos anos, vários trabalhos em quadrinhos contendo elementos da religiosidade e da mitologia afro-brasileira vêm sendo publicados.” (CHINEN, 2019, p. 257).
A saga de HQs Orixás foi idealizada e roteirizada pelo quadrinista negro Alex Mir. O primeiro quadrinho lançado foi Orixás – Do Orum ao Ayê:
Após empreender estudos mais aprofundados sobre o candomblé e suas principais divindades, junto com seus parceiros Majado e Viñole, concebeu a história. A separação do céu e da terra, baseada no mito africano iorubá da criação do mundo. (CHINEN, 2019, p. 259).
A série Orixás teve uma ótima aceitação na comunidade afrodescendente. Trata-se de uma história em quadrinho com poder de cativar a leitura do público infantil, mostrando sem estereótipos nem preconceitos a face verdadeira das religiões afro-brasileiras. Foi um verdadeiro sucesso de vendas e de críticas. O impacto na indústria foi tão positivo, que a série teve continuidade com outras três sagas: Orixás – O dia do silêncio (2015), Orixás – Em guerra (2017) e Orixás – Renascimento (2018).
A HQ Conto dos Orixás, de Hugo Canuto, é outra obra que se destaca ao trazer para os quadrinhos a rica mitologia dos orixás, figuras centrais das religiões de matriz africana, como o Candomblé e a Umbanda. Inspirado no universo épico das narrativas gráficas, Canuto recria os mitos yorubás em um estilo visual dinâmico e envolvente, influenciado tanto pelos quadrinhos clássicos de super-heróis quanto pela estética afro-brasileira.
A história apresenta os orixás como personagens heroicos, protagonizando jornadas míticas que resgatam a força e a espiritualidade dessas entidades. A obra se diferencia por sua abordagem respeitosa e aprofundada, baseada em extensa pesquisa sobre os mitos e tradições do povo iorubá. Dessa forma, Conto dos Orixás não apenas diverte, mas também educa, funcionando como uma ponte entre a cultura pop e o conhecimento ancestral africano.
Além da importância narrativa, a HQ também assume um papel fundamental na luta contra o apagamento cultural e na promoção da representatividade negra. Em um cenário onde as religiões afro-brasileiras ainda sofrem preconceito e perseguição, histórias como essa contribuem para a valorização dessas tradições, oferecendo uma perspectiva positiva e poderosa sobre os orixás e seus ensinamentos.
Assim, Conto dos Orixás se consolida como um marco nos quadrinhos brasileiros, mostrando que é possível contar histórias visualmente impactantes sem abrir mão do compromisso com a ancestralidade e a identidade afro-brasileira.
Os quadrinhos têm se mostrado uma poderosa ferramenta para a representação das religiões afro-brasileiras, contribuindo para a valorização e difusão de suas histórias, mitologias e simbolismos. Em um cenário onde essas tradições foram historicamente marginalizadas e estigmatizadas, a presença das religiões de matriz africana nos quadrinhos ajuda a desconstruir estereótipos e promover um olhar mais respeitoso e informativo. Obras que retratam orixás, entidades e rituais do Candomblé e da Umbanda não apenas enriquecem a diversidade narrativa do meio, mas também funcionam como instrumentos pedagógicos e culturais, fortalecendo a identidade afrodescendente e ampliando o conhecimento sobre essas tradições no Brasil.
O uso dos quadrinhos no ensino de História: resistência a escravidão
O sistema escravocrata perdurou no Brasil por mais de três séculos. Nesse período, estima-se que quase 5 milhões de africanos cativos deram entrada no território brasileiro. O Brasil foi o último país a acabar com o tráfico negreiro, foi também o último país a abolir a escravidão.
O Brasil tem uma dívida histórica gigante com a população negra. Foram quase quatrocentos anos de escravidão que refletem até hoje na estrutura econômica e social do país. Os processos de silenciamento e segregação no qual foi submetido a população preta, não foi omissão, acaso ou mero descaso, foi política de Estado, idealizada por uma elite burguesa escravocrata que implementou nas escolas uma grade curricular extremamente branca e elitizada interessada em assegurar seus privilégios perpetuando a desigualdade racial.
Por isso, há por parte da historiografia dita “oficial” a construção de uma narrativa de que o negro foi um agente passivo em relação a todo o processo de escravidão. Conquanto, tudo que conhecemos sobre a história da escravidão no Brasil, é uma história branca e eurocêntrica, a história do colonizador, a versão do proprietário de escravos. É silenciada a versão do negro sobre um tema em que ele é o personagem principal, as insurreições, as fugas, formação de quilombos e rebeliões, todas as formas de resistências foram por muito tempo ignoradas pela historiografia hegemônica.
O ensino sobre a escravidão no Brasil foi idealizado para conter a revolução preta, é um ensino burguês, colonialista, racista e opressor. No entanto, nos últimos anos, com a ascensão dos movimentos negros, a emancipação do pensamento e da cultura afro-brasileira, a temática se tornou um campo de disputa em aberto, uma verdadeira guerra de narrativas, em que a população negra tenta resgatar e valorizar sua participação como um agente social transformador, essencial e determinante para o fim da escravidão no Brasil.
A utilização de histórias em quadrinhos como recurso didático tem sido sistematicamente utilizada como forma pedagógica de implementar uma discussão antirracista acerca do debate sobre a escravidão. Recentemente, a produção literária de quadrinhos, produzida por quadrinistas negros, dialoga com o processo de escravidão com a linguagem e a versão silenciada do próprio negro. Sobre as novas abordagens do personagem negro nos quadrinhos, Nobu Chinen salienta que:
Se nas produções do século passado, a maioria dos autores retratava os africanos como meros figurantes que poucas vezes eram personagens com importância na trama e nem sequer eram tratados pelo nome, nas HQs mais recentes eles se tornaram protagonistas da trama, notadamente em situações em que combatiam a escravidão. (CHINEN, p. 262).
Neste sentido, a utilização em sala de aula dessa nova leva de HQs, em que foi redefinido o papel do personagem negro, deixando o estereótipo do personagem subalterno para uma representação de um personagem resistente, aventureiro que combatia as injustiças e explorações da qual era submetido, se tornou uma ferramenta importante na disputa de memória acerca da escravidão e para a descolonização do ensino de história.
Quando se trata de história em quadrinhos que aborda a temática da escravidão e seus respectivos processos de resistências, revoltas e insurreições, o quadrinista negro Marcelo D’Salete é um expoente na área. O quadrinista foca nos processos históricos da cultura afro-brasileira, utilizando-se de uma pesquisa de campo sobre a realidade histórica dos negros.
D’Salete mostra o lado do negro na escravidão, dá voz a relatos silenciados por décadas, através da linguagem, da simbologia e da cultura afro-brasileira traz à tona uma versão propositalmente esquecida pela historiografia brasileira. Entre suas obras, duas delas estabelecem relações dialógicas com o tema da escravidão. São elas, Cumbe10 e Angola Janga: Uma história de Palmares.
Cumbe (Veneta, 2014) é uma história de quadrinho premiadíssima11 que aborda a resistência negra no período escravagista no Brasil, a HQ narra histórias de fugas de negros escravizados para os quilombos, contudo, tanto a narrativa como a construção desses personagens estão alicerçada na cultura, nos símbolos e no dialeto banto, o que permite um mergulho profundo sobre a ótica do negro sobre o processo de escravidão.
Para compreendermos melhor o valor cultural que Angola Janga proporciona para identidade do afrodescendente, temos que entender a importância simbólica que o Quilombo dos Palmares tem na memória coletiva da população afro-brasileira, ou seja, “é preciso situar a relevância simbólica da história narrada” (SALOM, 2019, p. 62).
Para a população negra brasileira, Palmares é mais que um simples lugar onde os negros fugidos se escondiam, Palmares está no imaginário coletivo no afrodescendente brasileiro como símbolo maior de resistência, um refúgio sagrado onde o negro podia exercer seu direito genuíno de liberdade, longe da tirania do colonizador europeu. Para Laurentino Gomes, essa simbologia tornou Palmares diferente:
O que tornou Palmares diferente de todos os demais quilombos da história da escravidão no Brasil foi a sua dimensão territorial e a extraordinária capacidade de resistência de seus habitantes – o que também os mantém ainda hoje como símbolos da luta dos afro-brasileiros pela liberdade e pelos seus direitos. (GOMES, 2019, p. 411).
Essa ideia figurativa do heroísmo do negro como guerreiro resistente ao processo de escravidão sobreviveu através da história oral, já que a historiografia hegemônica sempre ignorou e/ou marginalizou qualquer relato dos sobreviventes dos quilombos:
A documentação histórica sobre Palmares é relativamente escassa. Inclui diários de campanha militares, como o do capitão Blaer, trocas de cartas entre autoridades coloniais e a Coroa portuguesa, memórias e depoimentos oficiais, soldados e moradores da região – e tudo sempre do ponto de vista dos brancos. Nada se sabe a partir de depoimentos ou relatos dos próprios quilombolas, o que pensavam, como agiam ou como se comportavam. (GOMES, 2019, p. 407).
Portanto, Angola Janga: uma história de Palmares, se constitui como um documento histórico importante para a produção historiográfica brasileira, produzida justamente em aversão a essa demonização que a história hegemônica fez e faz do quilombo do Palmares, D’Salete mergulha na memória afro-brasileira e rompe com o silencio ensurdecedor que censurava a versão do negro sobre Palmares. Desta forma, Angola Janga ilumina as raízes históricas da população afrodescendente, dá brio ao seu passado, valoriza a luta do presente, traz resistência, representatividade político-social e historicidade para jornada do povo negro.
Em Angola Janga, Marcelo D’Salete conta a história de Palmares sobre outra perspectiva, ele traz a versão silenciada do negro, do sobrevivente, é o grito de emancipação de um povo oprimido frente a uma historiografia excludente. Como o próprio subtítulo sugere, Angola Janga é “uma história de Palmares” e não “a história de Palmares”, não é a imposição de uma verdade absoluta, nem tampouco a redefinição de uma nova história, é uma janela que se abre para dá luz a uma outra narrativa comumente apagada na historiografia oficial. É a interpretação que D’Salete fez da memória coletiva dos quilombolas, é um misto relatos históricos com uma pitada de ficção12, uma espécie de “liberdade poética” necessária para preencher um vazio propositalmente elaborado pela historiografia hegemônica.
Considerações finais
A resistência certamente é a característica mais singular da população afro-brasileira. Nisso reside todo o processo de construção da identidade negra, o conceito de negritude e o sentimento de pertencimento à ancestral cultura africana.
“A identidade consiste em assumir plenamente, com orgulho, a condição de negro, em dizer, cabeça erguida: sou negro” (Munanga, 2020, p. 50). Essa necessidade de afirmação da negritude é imprescindível e urgente frente a escalada do conservadorismo político e social que tenta desmerecer e inviabilizar os espaços conquistados pela população afro-brasileira. Configurada a ideia de valorização da negritude, é essencial que o negro se insira cada vez mais no debate público. Com resistência e imposição, é sabido que nunca houve território cedido, os espaços conquistados pela população afrodescendente sempre foram pela capacidade que o negro teve e tem de resistir.
Na sociedade contemporânea, há uma disputa ferrenha de narrativas históricas, utilizar-se da arte como um meio de fomentar sua cultura é cada vez mais uma alternativa segura, pintura, literatura, cinema, histórias em quadrinhos estabelecem uma relação dialógica de aceitação com seu público.
Os quadrinhos contemporâneos oferecem uma contribuição singular para a produção historiográfica da população afrodescendente. Além disso, uma representação fidedigna, que resgata a versão historicamente silenciada da população negra sobre seu próprio passado por meio da linguagem dos quadrinhos, pode, de fato, construir um caminho alternativo para o ensino de História. Dessa forma, as histórias em quadrinhos se consolidam como um recurso pedagógico valioso para a abordagem da história e da cultura afro-brasileira.
1A história entendida como atividades e estudos específicos constantes de uma grade curricular, portanto, entendida como disciplina obrigatória na formação escolar em todos os níveis de ensino, por isso grafada com maiúscula, é de data recente no Brasil, remontando à criação do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, em 1938. Antes dessa data, não se encontram informações sobre a existência dessa disciplina nas antigas Aulas Régias, em que se resumia todo o sistema educacional vigente no Brasil entre a expulsão dos Jesuítas, em 1759, e as reformas efetuadas a partir de 1927. Tanto assim, que Maria L. Mariotto Haidar, ao elencar as Aulas em funcionamento no Brasil, durante o período regencial, não aponta a existência de cadeiras de História em nenhuma província brasileira, seja no ensino de Primeiras Letras, seja no Ensino Secundário. (HAIDAR, 1972, p. 21).
2O Positivismo do século XIX, conforme já havíamos ressaltado, herda seus traços centrais do Iluminismo do século XVIII, e neste sentido será importante fazermos um pequeno recuo para compreender as raízes deste novo paradigma que será o Positivismo. O principal traço herdado do Iluminismo é certamente a ambição de encontrar “leis gerais”, ou os “padrões” que a multiplicidade e diversidade da experiência histórica poderiam encobrir. (BARROS, 2014, p. 73).
3Woodson passa em revista todas as bases pelas quais a educação tradicional se torna ruim para o negro, mostrando os efeitos e as consequências de não levar em consideração a história do negro em sua amplitude e grandeza. Ao seguir esse modelo, os negros seriam instruídos segundo o critério de educação branca e racista, e, portanto, não conseguiriam pensar na autonomia do seu próprio povo. (WOODSON, 2021, p. 13).
4O princípio no qual quem existe deixa de existir. E é com este princípio da ausência que espaços brancos são mantidos brancos, que por sua vez tornam a branquitude a norma nacional. A norma e a normalidade, que perigosamente indicam quem pode representar a verdadeira existência humana. Só uma política de cotas é que pode tornar o ausente existente. (FANON, 2008, p. 14-15).
5No livro didático a humanidade e a cidadania, na maioria das vezes, são representadas pelo homem branco e de classe média. A mulher, o negro, os povos indígenas, entre outros, são descritos pela cor da pele ou pelo gênero, para registrar sua existência. (MUNANGA, 2005, p. 23).
6Em primeiro lugar é importante frisar que a negritude, embora tenha sua origem na cor da pele negra, não é essencialmente de ordem biológica. De outro modo, a identidade negra não nasce do simples fato de tomar consciência da diferença de pigmentação entre brancos e negros ou negros e amarelos. A negritude e/ou identidade negra se referem à história comum que liga de uma maneira ou de outra todos os grupos humanos que o olhar do mundo ocidental “branco” reuniu sob o nome dos negros. (MUNANGA, 2020, p. 19).
7Black Lives Matter (Vidas Negras Importam) é um movimento ativista internacional, com origem na comunidade afro-americana, que faz campanha contra a violência direcionada às pessoas negras.
8Apenas no ano de 2006, a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), concederam reconhecimento as Histórias em Quadrinhos como um recurso didático e uma ferramenta pedagógica importante para o processo de ensino e aprendizagem, principalmente por conta do uso da linguagem híbrida, com a combinação de textos e imagens que desperta nas crianças o desejo pela leitura.
9“Machado de Assis Real” é um movimento idealizado pela Faculdade Zumbi dos Palmares e a Grey Brasil, que através de dados históricos e fotografias antigas recriou a imagem de Machado de Assis como um homem negro. O objetivo é reparar a injustiça racial e inspirar jovens escritores negros.
10‘Cumbe’, um termo de origem quimbundo, significa luz, sol, força. Em 1730, denominava um antigo mocambo na Paraíba, provavelmente constituído por remanescentes de Palmares. Atualmente, há um município em Sergipe com esse nome. Hoje, entretanto, é uma palavra pouco conhecida no Brasil. (D’Salete, 2018, p. 173).
11Cumbe foi indicado ao HQMIX 2015, selecionado para leituras em escolas, em Portugal, indicado ao prêmio Rudolph Dirks Award 2017, na Alemanha, e ganhou o Eisner Awards 2018 (melhor publicação estrangeira nos EUA).
12Esse recurso narrativo, de usar da ficção para preencher as lacunas na história, utilizado em Angola Janga, por Marcelo D’Salete é inspirado na HQ Do Inferno, onde Alan Moore repetidas vezes faz uso desse recurso para preencher as lacunas, ambientar personagens e dá seguimento a narrativa.
Referências
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BARROS, José D’Assunção. Teoria da História, os primeiros paradigmas: positivismo e historicismo. – 4 ª ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.
CHINEN, Nobuyoshi. O negro nos quadrinhos do Brasil – São Paulo: Petrópolis, 2019.
D’SALETE, Marcelo. Angola Janga: uma história de Palmares / Marcelo D’Salete – São Paulo: Veneta, 2017. 432 p.; II.
D’SALETE, Marcelo. Cumbe. 2 ª. Edição; Glossário de Allan da Rosa, Marcelo d’Salete e Rogério de Campos – São Paulo: Veneta, 2018, 192 p.; II.
FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. tradução de Renato Silveira, – Salvador: EDUFBA, 2008.
FONSECA, Marcus Vinícius; BARROS, Surya Aaronovich Pombo de. A história da educação dos negros no Brasil. Marcus Vinícius Fonseca; Surya Aaronovich Pombo de Barros (Orgs.). – Niterói: EdUFF, 2016.
GOMES, Laurentino. Escravidão: Do primeiro leilão de cativos em Portugal até a morte de Zumbi dos Palmares. Volume 1 / Laurentino Gomes. – 1ª ed. – Rio de Janeiro: Globo Livros, 2019.
HAIDAR, M. L. M. O ensino secundário no Império brasileiro. São Paulo: Grijalbo/Edusp, 1972.
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MORETTI, Franco. Atlas do romance europeu (1800-1900). São Paulo: Boi Tempo Editorial, 2003.
MUNANGA, Kabengele. Superando o racismo na escola. 2ª edição revisada / Kabengele Munanga, organizador. – [Brasília]: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2005. 204p.: il.
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