O IMPACTO DA PANDEMIA NO CRESCIMENTO DOS CRIMES CIBERNÉTICOS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202504081037


Marcello Mousinho Junior


RESUMO

O presente estudo tem como objetivo fazer análises referentes ao aumento expressivo dos crimes cibernéticos durante e após a pandemia da COVID-19. A adoção em larga escala do home office expôs usuários a vulnerabilidades, especialmente devido ao uso de ferramentas de acesso remoto. Relatórios mostram que os ataques cibernéticos cresceram exponencialmente, com destaque para os ataques de força bruta contra o Remote Desktop Protocol (RDP). No Brasil, a falta de preparo para segurança digital e a ausência de uma fiscalização eficaz tornaram o país um dos mais afetados da América do Sul. Para mitigar esses riscos, o artigo sugere boas práticas de segurança, como a autenticação em duas etapas e a conscientização digital.

Palavras-chaves: Pandemia da COVID-19. Crimes cibernéticos. Home office. Acesso remoto. Ataques de força bruta (Brute Force Attacks). Remote Desktop Protocol (RDP). Roubo de credenciais. Segurança digital. Falta de fiscalização. Autenticação em duas etapas.

ABSTRACT

The present study aims to analyze the significant increase in cybercrime during and after the COVID-19 pandemic. The large-scale adoption of remote work exposed users to vulnerabilities, especially due to the use of remote access tools. Reports show that cyberattacks have grown exponentially, particularly highlighting brute force attacks against the Remote Desktop Protocol (RDP). In Brazil, the lack of preparedness for digital security and the absence of effective oversight have made the country one of the most affected in South America. To mitigate these risks, the article suggests best security practices, such as two-factor authentication and digital awareness.

Keywords: COVID-19 Pandemic. Cybercrime. Remote work. Remote access. Brute Force Attacks. Remote Desktop Protocol (RDP). Credential theft. Digital security. Lack of oversight. Two-factor authentication.

1. APRESENTAÇÃO:

No contexto atual, a pandemia da COVID-19 forçou uma rápida transição das atividades cotidianas para o ambiente digital. O que antes era realizado presencialmente passou a ser conduzido virtualmente, trazendo à tona a necessidade de adaptação da sociedade ao home office.

Assim como empresas e indivíduos se ajustaram a essa nova realidade, os criminosos também exploraram o ciberespaço para a prática de delitos. Durante o período pandêmico, os crimes cibernéticos aumentaram de forma alarmante. Dados de Gastal (2021) revelam que os registros de crimes cibernéticos contra mulheres cresceram de 7.112 em 2019 para 12.698 em 2020, representando um aumento de quase 80%.

Além disso, informações da Central de Denúncias de Crimes Cibernéticos, em parceria com a ONG Safernet e o Ministério Público Federal, mostram um crescimento significativo nas denúncias. Em 2020, foram registradas cerca de 156.692 denúncias, quase o dobro do total de 75.671 casos em 2019.

A ampla adoção do home office em 2020 contribuiu diretamente para o aumento dos crimes virtuais, especialmente aqueles relacionados ao acesso remoto. De acordo com um estudo da Kaspersky (2020), os ataques de força bruta direcionados ao Remote Desktop Protocol (RDP) cresceram de maneira exponencial, passando de uma média diária de 402 mil em fevereiro para mais de 1,7 milhão em abril, um crescimento de 333% em apenas dois meses.

Esses crimes frequentemente envolvem tentativas de obtenção indevida de credenciais de acesso, logins e senhas, além da coleta de dados pessoais. Com essas informações, os criminosos podem cometer uma série de infrações, incluindo falsidade ideológica, para obter vantagens ilícitas.

O impacto da pandemia se tornou ainda mais evidente em março de 2020, quando o Brasil implementou o lockdown. No mês seguinte, abril, milhares de brasileiros começaram a trabalhar remotamente, frequentemente sem o devido preparo ou conhecimento sobre segurança digital. Isso resultou no Brasil se tornando o país mais atingido por ataques cibernéticos na América do Sul, respondendo por 60% das ocorrências, segundo a Kaspersky (2020).

Esse aumento expressivo foi impulsionado pela ausência de fiscalização eficaz no ambiente digital, além da falta de medidas de segurança adequadas para impedir a entrada de indivíduos mal-intencionados. O tempo insuficiente para capacitar a população em boas práticas de segurança cibernética também contribuiu para esse cenário. Dispositivos domésticos, que geralmente possuem menos camadas de proteção em comparação com redes corporativas, se tornaram alvos vulneráveis para criminosos digitais.

Para se protegerem, os usuários domésticos devem adotar boas práticas de segurança cibernética, como fortalecer senhas e usar autenticação em duas etapas, manter dispositivos e softwares atualizados, ter cautela com e-mails e mensagens desconhecidas, controlar o compartilhamento de dados pessoais nas redes sociais, realizar backups regularmente e educar familiares sobre segurança digital. A implementação dessas práticas pode reduzir significativamente o risco de se tornar vítima de crimes digitais.

2. O Impacto da Pandemia no Crescimento dos Crimes Cibernéticos

A pandemia da COVID-19 forçou uma rápida transição das atividades cotidianas para o ambiente digital. O que antes era realizado presencialmente passou a ser conduzido virtualmente, exigindo uma adaptação repentina da sociedade ao chamado home office.

Da mesma forma que empresas e indivíduos se ajustaram a essa nova realidade, criminosos também exploraram o ciberespaço para a prática de delitos. Durante o período pandêmico, os crimes cibernéticos cresceram exponencialmente. Segundo Gastal (2021), em artigo publicado na ORG – Women in Law Mentoring Brazil, os registros de crimes cibernéticos contra mulheres aumentaram de 7.112 em 2019 para 12.698 em 2020, um crescimento de quase 80%.

Dados da Central de Denúncias de Crimes Cibernéticos, que opera em parceria com a ONG Safernet e o Ministério Público Federal, revelam um aumento significativo no número de denúncias. Em 2020, foram registradas aproximadamente 156.692 denúncias, quase o dobro do total de 2019, que contabilizou 75.671 casos.

A adoção em larga escala do home office em 2020 contribuiu para o aumento expressivo dos crimes virtuais, especialmente aqueles relacionados ao acesso remoto. De acordo com a Kaspersky (2020), houve um crescimento exponencial nos ataques de força bruta (Brute Force Attacks) direcionados ao Remote Desktop Protocol (RDP), uma das ferramentas mais utilizadas para acesso remoto a estações de trabalho e servidores:

“Os ataques passaram de uma média diária de 402 mil em fevereiro para mais de 1,7 milhão em abril, um crescimento de 333% em dois meses.” (KASPERSKY, 2020).

Grande parte desses crimes envolve a tentativa de obtenção indevida de credenciais de acesso (logins e senhas), além da coleta de dados pessoais. Com essas informações, criminosos podem praticar uma série de infrações, incluindo falsidade ideológica, a fim de obter vantagens ilícitas ou favorecer terceiros.

O impacto da pandemia foi ainda mais evidente em março de 2020, quando o Brasil adotou o lockdown. No mês seguinte, abril, milhares de brasileiros passaram a desempenhar suas atividades remotamente, muitas vezes sem o devido preparo ou conhecimento sobre segurança digital. Como consequência, o Brasil tornou-se o país mais atingido por ataques cibernéticos na América do Sul, respondendo por 60% das ocorrências, segundo relatório da Kaspersky (2020):

“Os ataques dispararam a partir do início de março em toda a América Latina. No Brasil, o crescimento mais acentuado ocorreu entre os dias 9 e 10, quando o número de ataques triplicou de um dia para o outro. A partir de então, a média diária se manteve sempre acima de 1 milhão até o fim de abril. Em fevereiro, a Kaspersky identificou 11,6 milhões de ataques de força bruta contra RDP no país; já em abril, esse número saltou para mais de 50,5 milhões – um aumento de 333% em dois meses.” (KASPERSKY, 2020).

Esse crescimento expressivo foi impulsionado, em grande parte, pela ausência de fiscalização eficaz no ambiente digital, bem como pela falta de medidas de segurança adequadas para conter o ingresso de indivíduos mal-intencionados. Além disso, não houve tempo hábil para capacitar a população quanto às boas práticas de segurança cibernética. Os dispositivos domésticos, que geralmente possuem menos camadas de proteção em comparação com redes corporativas, tornaram-se alvos vulneráveis e altamente explorados pelos criminosos digitais, devendo seus usuários redobrarem os cuidados e a segurança a fim de evitar esses ataques.

Usuários domésticos podem se proteger de crimes digitais adotando boas práticas de segurança cibernética como fortalecimento de senhas e Autenticação em duas etapas, mantendo dispositivos e softwares atualizados, tomando cuidado e-mails e mensagens desconhecidas e suspeitas, controlando seus dados pessoais evitando compartilhar informações sensíveis nas redes sociais, fazendo backup regularmente e educando sua família sobre segurança digital. Adotar essas práticas reduz significativamente o risco de ser vítima de crimes digitais.

3. Considerações Finais:

O aumento dos crimes cibernéticos durante a pandemia foi impulsionado pela rápida migração para o ambiente digital sem a devida segurança. O Brasil se destacou como um dos países mais atingidos por esses ataques devido à vulnerabilidade das redes domésticas e à falta de preparo dos usuários. Para minimizar os riscos, é essencial investir em medidas de proteção como senhas fortes, autenticação em duas etapas e educação digital. O estudo reforça a importância de políticas mais rigorosas de segurança cibernética e da conscientização da população para prevenir futuras ameaças.

4. REFERÊNCIAS

GASTAL, Mariana. Crimes Cibernéticos E A Pandemia De Covid-19. 2021. Disponível em: https://wlm.org.br/crimes-ciberneticos-e-a-pandemia-de-covid-19. 2021. Acesso em: 27 nov 2021.

LABS, Kaspersky. Home office motiva aumento de mais de 330% em ataques usando sistemas de acesso remoto no Brasil. 2020. Disponível em: https://www.kaspersky.com.br/about/press-releases/2020_home-office-motiva aumento-de-mais-de-330-em-ataques-usando-sistemas-de-acesso-remoto-no-brasil. 2021. Acesso em: 20 nov 2021