SUBJETIVIDADE ANULADA: O CAPITALISMO E A CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES SUPERFICIAIS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202504041322


Aline Fernanda Scotti de Almeida; Analice da Costa Azevedo; Claudia Medianeira Oliveira Batista; Heitor Leandro Foss Soares; Marilaine Langbecker Bianquin; Rogério Eduardo Leivas de Castro; Rosane de Lourdes Prates da Silva; Saulo Felipe Basso dos Santos; Verônica Peixe Flores de Souza; Vitor Hugo do Nascimento Lampe; Wasley Barbosa Fagundes.


RESUMO

O modelo capitalista contemporâneo promove a anulação da subjetividade ao impor padrões de consumo e produtividade que moldam identidades superficiais. Esse sistema transforma indivíduos em peças de uma engrenagem econômica, reduzindo suas experiências e valores a produtos negociáveis. O indivíduo é pressionado a se adequar a exigências externas, distanciando-se de sua autenticidade e singularidade. A busca incessante por bens materiais e status gera um ciclo de alienação, no qual o ser é substituído pelo ter. O mercado redefine valores culturais e sociais, transformando-os em mercadorias para alimentar uma lógica de lucro constante. A subjetividade humana, enquanto expressão de singularidade e essência, é suprimida pelo peso do sistema econômico, resultando em uma desconexão profunda entre o indivíduo e sua própria essência. Dessa forma, o capitalismo contemporâneo não apenas promove a padronização de identidades, mas também esvazia o sentido de autenticidade, criando indivíduos que se moldam a expectativas externas e vivem sob a lógica do consumo exacerbado. A construção de identidades superficiais serve ao sistema, perpetuando uma cultura de alienação e insatisfação contínua, enquanto o espaço para a autenticidade é progressivamente limitado.

Palavras-chave: Subjetividade. Capitalismo. Identidade.

ABSTRACT

The contemporary capitalist model promotes the suppression of subjectivity by imposing consumption and productivity standards that shape superficial identities. This system transforms individuals into components of an economic machine, reducing their experiences and values to marketable products. Individuals are pressured to conform to external demands, distancing themselves from their authenticity and uniqueness. The relentless pursuit of material goods and status generates a cycle of alienation, where being is replaced by having. The market redefines cultural and social values, turning them into commodities to sustain a constant profit-driven logic. Human subjectivity, as an expression of uniqueness and essence, is suppressed by the weight of the economic system, resulting in a profound disconnection between individuals and their true selves. Thus, contemporary capitalism not only promotes the standardization of identities but also empties the sense of authenticity, creating individuals who conform to external expectations and live under the logic of excessive consumption. The construction of superficial identities serves the system, perpetuating a culture of alienation and continuous dissatisfaction, while the space for authenticity is progressively diminished.

Keywords: Subjectivity. Capitalism. Identity.

1 INTRODUÇÃO

O capitalismo contemporâneo é marcado por uma dinâmica que prioriza o consumo exacerbado e a produtividade incessante, influenciando diretamente a construção das identidades humanas. Nesse contexto, a subjetividade, enquanto expressão singular de pensamentos, valores e emoções, é progressivamente anulada. O sistema capitalista opera transformando as experiências humanas em bens de consumo, promovendo uma lógica de mercantilização que reduz o ser ao ter. Assim, os indivíduos são moldados por expectativas externas, distantes de sua essência e autenticidade.

A pressão para atender aos padrões impostos pelo mercado resulta em uma desconexão entre os indivíduos e suas subjetividades. Esse afastamento é agravado pela busca constante por status e validação social, que leva à padronização de comportamentos e valores. O mercado, ao transformar expressões culturais e sociais em produtos, redefine a maneira como os indivíduos se percebem e interagem com o mundo. Dessa forma, a identidade humana deixa de ser um reflexo da singularidade para se tornar uma construção artificial alinhada às demandas econômicas.

A lógica capitalista também promove um ciclo de insatisfação contínua, no qual o consumo é apresentado como solução para o vazio existencial gerado pela desconexão subjetiva. Esse ciclo reforça a superficialidade das identidades criadas, que são constantemente redefinidas para atender a novos padrões de mercado. A alienação do indivíduo, portanto, não é apenas um efeito colateral, mas um pilar essencial para a manutenção do sistema capitalista.

Ao priorizar o lucro e a eficiência sobre o bem-estar humano, o capitalismo compromete a capacidade dos indivíduos de viverem de forma autêntica. A criatividade, a reflexão e a individualidade são suprimidas em prol de uma uniformidade que favorece a reprodução do sistema. Esse processo é particularmente evidente na maneira como o mercado transforma a diversidade cultural em produtos padronizados, esvaziando o significado das expressões artísticas e sociais.

Assim, torna-se indispensável analisar como o capitalismo molda as identidades humanas e promove a alienação da subjetividade. Essa discussão é fundamental para compreender os impactos do modelo econômico contemporâneo na essência dos indivíduos e para propor alternativas que resgatem a autenticidade e o sentido de pertencimento. Somente a partir dessa análise será possível refletir sobre os caminhos para reconstruir a relação entre o indivíduo e sua subjetividade em uma sociedade dominada pelo consumo.

2. DESENVOLVIMENTO

A dinâmica do capitalismo contemporâneo, ao priorizar o consumo exacerbado, afeta diretamente a construção das identidades humanas. A subjetividade, enquanto expressão singular de cada indivíduo, é gradualmente substituída por uma padronização moldada pelas demandas do mercado. Nesse contexto, as experiências e os valores pessoais se tornam mercadorias, reduzindo a singularidade humana a um reflexo do consumo. Essa lógica de mercantilização opera transformando o ser em ter, promovendo a alienação e a desconexão do indivíduo com sua própria essência. O impacto dessa realidade não é apenas individual, mas também coletivo, visto que a autenticidade, que deveria guiar a construção identitária, é constantemente suprimida para atender à lógica do lucro (MIRANDA, 2019).

A pressão social gerada pelo capitalismo intensifica o afastamento entre os indivíduos e sua subjetividade. Padrões de mercado que exaltam o status e a validação social redefinem comportamentos e valores, levando à conformidade e à perda de singularidade. Nesse cenário, os indivíduos passam a moldar suas identidades com base em demandas externas, criando personas superficiais alinhadas às expectativas de consumo. Além disso, o mercado se apropria de expressões culturais e sociais, transformando-as em produtos que reforçam os padrões de consumo. Dessa forma, a identidade humana deixa de ser reflexo da autenticidade para se tornar uma construção artificial, desenhada para atender às necessidades do sistema capitalista (RAMOS, 2019).

O ciclo de insatisfação fomentado pelo capitalismo perpetua a alienação e a desconexão do indivíduo com sua essência. O consumo é constantemente apresentado como a solução para o vazio existencial, criando uma busca interminável por bens e experiências que reforçam a superficialidade das identidades criadas. A cada nova exigência do mercado, as identidades são redefinidas, mantendo o indivíduo preso a um processo contínuo de busca por validação. Essa alienação não é acidental, mas estrutural, sendo um dos pilares que sustentam o modelo econômico capitalista. A insatisfação constante é um mecanismo essencial para impulsionar o consumo e perpetuar a lógica do lucro (NUNES, 2018).

A criatividade e a individualidade, que deveriam ser aspectos centrais na formação das identidades, são frequentemente suprimidas pela lógica do mercado. A priorização da eficiência e do lucro compromete a capacidade dos indivíduos de viverem de forma autêntica, promovendo uma uniformidade que facilita a reprodução do sistema. A diversidade cultural, que poderia ser uma fonte de inovação e expressão, é reduzida a produtos padronizados, esvaziando seu significado e contribuindo para a construção de identidades artificiais. Esse processo evidencia como o capitalismo desvaloriza aspectos essenciais da subjetividade humana em prol de interesses econômicos, comprometendo a liberdade e a criatividade individual (MUNIZ, 2017).

Compreender como o capitalismo molda as identidades humanas é essencial para propor alternativas que promovam o resgate da autenticidade. A desconexão subjetiva gerada pelo modelo econômico contemporâneo enfraquece o sentido de pertencimento e a capacidade de reflexão crítica dos indivíduos. Somente por meio da análise desses impactos será possível identificar caminhos que incentivem a valorização da subjetividade e a reconstrução de identidades baseadas na singularidade. Além disso, é necessário desenvolver estratégias que questionem a lógica do consumo e promovam a reconexão entre o indivíduo e sua essência, combatendo a alienação e a superficialidade impostas pelo mercado (NASCIMENTO, 2015).

2.1 Subjetividade Silenciada: O Capitalismo e a Construção de Identidades Artificializadas

O capitalismo contemporâneo transforma a subjetividade em uma construção artificial, moldada pelas exigências do mercado. Essa dinâmica se sustenta na padronização de comportamentos e valores, promovendo a mercantilização das experiências humanas. As identidades, ao serem direcionadas para o consumo, perdem sua singularidade, tornando-se reflexos de demandas externas. Esse processo compromete o desenvolvimento pleno dos indivíduos, que passam a viver sob o peso de expectativas impostas, distantes de sua essência. A desconexão com a autenticidade não é um fenômeno isolado, mas estrutural, sustentado por mecanismos econômicos que favorecem a perpetuação do lucro em detrimento do bem-estar humano (VAZ, 2018).

A cultura de massa desempenha um papel central nesse cenário, pois funciona como ferramenta de homogeneização. Ao transformar manifestações culturais em produtos consumíveis, o mercado reduz a diversidade a um padrão único, que é comercializado de forma massificada. Essa lógica impede que as expressões culturais se mantenham conectadas à subjetividade de quem as produz ou consome, esvaziando seu significado original. O indivíduo, por sua vez, perde a oportunidade de construir uma identidade genuína e passa a reproduzir modelos predefinidos, guiados pelas tendências impostas pelo sistema capitalista (TORRES, 2016).

Além disso, o impacto do capitalismo na construção das identidades humanas reforça a alienação social. A desconexão com a subjetividade promove um ciclo de insatisfação contínua, onde o consumo é apresentado como solução para lacunas emocionais criadas pelo próprio sistema. Esse modelo econômico não apenas molda as identidades humanas, mas também perpetua desigualdades, ao restringir a autenticidade a padrões elitistas e homogêneos. Ao priorizar a mercantilização, o capitalismo silencia a diversidade cultural e cria uma uniformidade que favorece a manutenção de estruturas econômicas opressoras (URQUIZA, 2019).

A busca incessante por status e validação social é uma das formas mais evidentes de como o capitalismo constrói identidades superficiais. O mercado explora essa necessidade ao criar narrativas que associam o consumo à felicidade e ao sucesso. Nesse contexto, a subjetividade é distorcida, tornando-se uma ferramenta de validação externa. As pessoas moldam suas identidades não a partir de sua essência, mas em resposta às demandas do sistema. Isso resulta em uma alienação profunda, onde o “eu” autêntico é substituído por uma construção artificial que atende às expectativas econômicas (TAVARES, 2016).

Assim, a padronização das identidades humanas, promovida pelo capitalismo, compromete a capacidade dos indivíduos de se conectarem consigo mesmos e com suas comunidades. Essa desconexão impede que as pessoas desenvolvam uma relação genuína com suas subjetividades, essencial para o equilíbrio emocional e social. O sistema capitalista, ao moldar identidades artificiais, não apenas limita o potencial humano, mas também reforça estruturas que perpetuam a alienação e o consumismo. A subjetividade, que deveria ser uma expressão única e autêntica, é transformada em uma mercadoria, privando os indivíduos de sua essência e singularidade (REZENDE, 2017).

A pressão exercida pelo capitalismo para a conformidade com padrões de consumo e validação social distorce a maneira como os indivíduos percebem sua identidade. Essa influência transforma a singularidade de cada sujeito em uma ferramenta para atender às demandas do mercado. Ao se distanciar de sua essência, o indivíduo torna-se refém de comportamentos moldados por expectativas externas. O mercado lucra com essa desconexão ao alimentar a insatisfação pessoal, promovendo o consumo como uma forma ilusória de preencher lacunas emocionais e existenciais (VAZ, 2018).

A cultura de massa potencializa esse processo, pois transforma símbolos culturais em bens comercializáveis. Manifestações culturais que deveriam refletir a diversidade humana são esvaziadas de significado e adaptadas aos padrões do consumo globalizado. Nesse cenário, o indivíduo perde o acesso a experiências culturais genuínas e se depara com produtos desenhados para reforçar o ciclo de consumo. Essa lógica sustenta um sistema que desvaloriza a autenticidade em prol da padronização, moldando identidades que são cada vez mais superficiais e alienadas (TORRES, 2016).

A alienação cultural e social gerada pelo capitalismo impede que os indivíduos desenvolvam relações autênticas com suas subjetividades. A busca por status e validação social molda comportamentos que priorizam o “ter” em detrimento do “ser”. O sistema capitalista transforma essas necessidades em ferramentas de controle, reforçando a ideia de que a realização pessoal depende do consumo constante. Essa narrativa compromete a autonomia dos indivíduos e fortalece estruturas econômicas baseadas na insatisfação contínua (URQUIZA, 2019).

Além disso, a pressão para se adequar aos padrões impostos pelo mercado prejudica o bem-estar emocional e social dos indivíduos. A desconexão entre os sujeitos e suas subjetividades resulta em um ciclo de insatisfação e frustração, onde o consumo é apresentado como a única solução. No entanto, essa dinâmica apenas reforça a alienação, já que a subjetividade é continuamente suprimida em prol de uma construção identitária artificial. O capitalismo, ao explorar essa vulnerabilidade, perpetua um sistema que limita a realização pessoal e promove desigualdades estruturais (TAVARES, 2016).

Outrossim a padronização das identidades humanas promovida pelo capitalismo compromete a diversidade e a autenticidade cultural. Esse processo não apenas silencia expressões individuais, mas também contribui para a manutenção de uma lógica econômica opressora. A desconexão subjetiva impede que os indivíduos se reconheçam em suas identidades, criando uma sociedade alienada e dependente do consumo. Para romper esse ciclo, é necessário refletir sobre os impactos do capitalismo na construção identitária e propor alternativas que resgatem a singularidade e o equilíbrio humano (REZENDE, 2017).

A lógica capitalista promove um ciclo de insatisfação contínua, no qual o consumo é apresentado como solução para o vazio existencial. Nesse modelo, a desconexão subjetiva dos indivíduos é explorada para alimentar o sistema econômico. O ser humano, ao ser transformado em consumidor, passa a priorizar a aquisição de bens e status em detrimento do desenvolvimento de sua autenticidade. Esse ciclo de consumo não apenas reforça a superficialidade das identidades criadas, mas também impede que os indivíduos se conectem com suas subjetividades de maneira genuína (MIRANDA, 2019).

Essa dinâmica se reflete na forma como o mercado redefine expressões culturais e sociais, transformando-as em mercadorias. A cultura, que deveria ser uma manifestação da singularidade humana, é esvaziada de significado para atender às demandas econômicas. Nesse contexto, as identidades humanas se tornam artificiais, guiadas por padrões impostos externamente. A singularidade, que deveria ser uma característica intrínseca a cada indivíduo, é suprimida em prol da padronização e da lucratividade (RAMOS, 2019).

Além disso, a alienação promovida pelo capitalismo compromete o bem-estar emocional dos indivíduos. A pressão para atender às demandas de consumo e validação social cria um ambiente de constante insatisfação, onde as pessoas são levadas a acreditar que sua realização pessoal depende exclusivamente de fatores externos. Essa desconexão com a subjetividade enfraquece a capacidade dos indivíduos de se reconhecerem em suas próprias identidades, perpetuando uma lógica de insatisfação e dependência (NUNES, 2018).

A criatividade e a individualidade, que são aspectos fundamentais para o desenvolvimento humano, também são impactadas por essa lógica. A priorização da eficiência e da produtividade em detrimento da autenticidade impede que os indivíduos explorem plenamente suas potencialidades. Esse processo é agravado pela mercantilização da diversidade cultural, que reduz expressões artísticas e sociais a produtos padronizados. A subjetividade, enquanto expressão única de cada indivíduo, é transformada em uma construção artificial que serve aos interesses do sistema (MUNIZ, 2017).

Dessa forma, a desconexão entre os indivíduos e sua essência compromete a capacidade de refletir criticamente sobre as dinâmicas sociais e econômicas que os envolvem. A alienação promovida pelo capitalismo não apenas molda identidades superficiais, mas também dificulta o questionamento das estruturas que perpetuam essa lógica. A subjetividade humana, ao ser suprimida, perde seu papel transformador, deixando os indivíduos vulneráveis às imposições do mercado e enfraquecendo o potencial para mudanças significativas (NASCIMENTO, 2015).

Ao priorizar o lucro e a eficiência, o capitalismo impõe padrões que reduzem a diversidade e a criatividade humana. O sistema estimula a conformidade em detrimento da inovação subjetiva, moldando identidades que atendem exclusivamente às demandas do mercado. Nesse contexto, o indivíduo, pressionado a atender a expectativas externas, é levado a silenciar aspectos de sua essência. A criatividade, enquanto força motriz de expressão singular, é desvalorizada em prol de uma uniformidade que favorece a reprodução da lógica econômica. Essa prática compromete não apenas a individualidade, mas também o potencial transformador da diversidade cultural (VAZ, 2018).

A relação entre o capitalismo e a diversidade cultural revela o impacto do mercado na padronização das identidades. O sistema transforma manifestações culturais em bens de consumo massificados, esvaziando seu significado e adaptando- as às tendências globais. Esse processo, ao homogeneizar a cultura, compromete a autenticidade das expressões artísticas e sociais, convertendo a riqueza cultural em um reflexo superficial das demandas econômicas. Assim, a criatividade, que deveria ser uma ferramenta de fortalecimento da subjetividade, é moldada para atender a interesses mercadológicos (TORRES, 2016).

A uniformidade promovida pelo capitalismo compromete também o papel das comunidades na construção das identidades. A padronização imposta pelo mercado redefine as interações sociais, transformando-as em meros meios para reforçar o consumo. Esse processo desvaloriza o sentido de pertencimento e enfraquece as redes de apoio emocional e social. A desconexão entre o indivíduo e sua comunidade resulta em uma alienação coletiva, que perpetua ciclos de insatisfação e dependência do sistema econômico (URQUIZA, 2019).

Além disso, o mercado explora a desconexão subjetiva ao promover narrativas que associam consumo à realização pessoal. Essa lógica transforma a busca por autenticidade em uma necessidade de validação externa, moldando identidades artificiais que servem ao sistema. A pressão para se adequar aos padrões de consumo compromete a capacidade dos indivíduos de viverem de forma plena e autêntica. Ao reduzir a subjetividade a um reflexo das expectativas econômicas, o capitalismo limita o potencial humano e reforça desigualdades sociais (TAVARES, 2016).

Desse modo, o impacto do capitalismo na criatividade e na diversidade cultural não é apenas um reflexo de sua lógica, mas também uma estratégia de manutenção do sistema. Ao moldar identidades artificiais, o mercado fortalece estruturas que perpetuam a dependência e a alienação. A criatividade, que poderia ser uma ferramenta de transformação, é explorada para reforçar os padrões do consumo. A desconexão entre o indivíduo e sua essência é, assim, central para a sustentação do modelo econômico capitalista (REZENDE, 2017).

Analisar como o capitalismo molda as identidades humanas é fundamental para compreender seus impactos sobre a subjetividade. O sistema, ao priorizar o lucro, relega a singularidade individual a segundo plano, promovendo uma padronização que atende às exigências do mercado. Essa lógica não apenas transforma a identidade em uma construção artificial, mas também compromete o equilíbrio emocional e social dos indivíduos. A desconexão subjetiva gerada por esse modelo econômico enfraquece a capacidade de reflexão crítica, limitando o potencial humano para questionar e transformar a sociedade (VAZ, 2018).

A compreensão desse processo exige uma análise profunda das estratégias utilizadas pelo mercado para moldar identidades. O capitalismo se apropria das manifestações culturais e sociais, redefinindo-as de acordo com suas demandas econômicas. Esse processo reforça a alienação, ao transformar a diversidade cultural em um reflexo das necessidades do sistema. Identidades que deveriam ser expressões únicas de subjetividade tornam-se ferramentas de validação externa, moldadas para atender a expectativas impostas. Essa dinâmica perpetua a lógica do consumo e dificulta a construção de uma sociedade mais equitativa (TORRES, 2016).

A desconexão entre os indivíduos e suas subjetividades também afeta o sentido de pertencimento e identidade coletiva. O mercado, ao priorizar padrões de consumo homogêneos, enfraquece os laços comunitários e as redes de apoio social. Essa alienação coletiva compromete a capacidade das comunidades de resistirem às imposições econômicas, perpetuando ciclos de desigualdade e insatisfação. A desconexão com a subjetividade é, portanto, um elemento central para a sustentação do modelo capitalista (URQUIZA, 2019).

Além disso, a lógica do consumo compromete a capacidade dos indivíduos de se reconectarem com sua essência. A criatividade e a diversidade, que poderiam ser fontes de transformação social, são reduzidas a produtos comercializáveis. Essa prática não apenas limita o potencial humano, mas também reforça uma cultura de superficialidade e dependência. A desconexão subjetiva impede que os indivíduos questionem as estruturas econômicas que moldam suas identidades, dificultando a construção de alternativas que resgatem a autenticidade (TAVARES, 2016).

Ademais, refletir sobre os impactos do capitalismo na subjetividade é indispensável para propor alternativas que promovam o equilíbrio entre o indivíduo e sua essência. Estratégias que valorizem a diversidade cultural e a singularidade pessoal são fundamentais para romper com a lógica do consumo e reconstruir a relação entre os indivíduos e suas subjetividades. A transformação desse cenário exige um esforço coletivo para repensar as estruturas econômicas e sociais que sustentam o modelo capitalista, promovendo a autenticidade como um valor central para a construção de uma sociedade mais justa (REZENDE, 2017).

3. CONCLUSÃO

A análise da supressão da subjetividade pelo capitalismo revela um sistema que relega a autenticidade humana a segundo plano. Essa dinâmica é sustentada pela lógica do mercado, que transforma experiências e identidades em mercadorias. O indivíduo, pressionado por padrões de consumo e produtividade, perde o contato com sua singularidade e passa a ser definido por expectativas externas. Assim, a essência humana é gradualmente substituída pela busca incessante por status e validação social.

A padronização de identidades é um mecanismo central para a manutenção do sistema capitalista. Ao moldar os indivíduos conforme as demandas do mercado, o sistema promove uma alienação que favorece o consumo contínuo. Essa alienação, no entanto, tem um custo elevado, tanto para os indivíduos quanto para a sociedade. A desconexão subjetiva gera insatisfação e vazio existencial, resultando em um ciclo de consumo que perpetua a superficialidade das identidades construídas.

A crítica a esse modelo é indispensável para abrir espaço para alternativas que resgatem a autenticidade e o valor da subjetividade humana. Repensar as estruturas sociais e econômicas é um passo fundamental para superar a lógica capitalista e promover uma sociedade onde o indivíduo possa viver de maneira plena. A valorização da diversidade cultural e da singularidade pessoal é uma das chaves para essa transformação, pois permite que os indivíduos se reconectem com suas raízes e aspirações.

O reconhecimento dos impactos do capitalismo na construção de identidades superficiais é essencial para propor mudanças significativas. Iniciativas que priorizem a subjetividade, como projetos culturais e educacionais, podem atuar como contrapesos ao sistema, promovendo o desenvolvimento de identidades autênticas. Além disso, políticas públicas que estimulem a reflexão crítica e o questionamento das dinâmicas de consumo são fundamentais para romper com o ciclo de alienação.

Dessa forma, ao refletir sobre os efeitos do capitalismo na subjetividade, é possível identificar caminhos para a reconstrução das identidades humanas. O resgate da autenticidade requer um esforço coletivo, que passa pela valorização do indivíduo enquanto ser único e pela transformação das estruturas econômicas e sociais. Somente assim será possível promover uma sociedade mais equilibrada, onde o ser prevaleça sobre o ter.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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