APRENDIZAGEM COLABORATIVA ENTRE PROFESSORES E PROFISSIONAIS DE CLÍNICA MULTIDISCIPLINAR: DESAFIOS E SOLUÇÕES

COLLABORATIVE LEARNING BETWEEN TEACHERS AND MULTIDISCIPLINARY CLINICAL PROFESSIONALS: CHALLENGES AND SOLUTIONS

APRENDIZAJE COLABORATIVO ENTRE DOCENTES Y PROFESIONALES CLÍNICOS MULTIDISCIPLINARIOS: DESAFÍOS Y SOLUCIONES

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202503211802


Leidiane Fernandes Moreira1
Michele Teixeira Crestani Xavier2
Professor Orientador: Alessandro Jatobá3


Resumo

O artigo aborda a temática da aprendizagem colaborativa como uma ferramenta relevante na atuação entre professores e profissionais de equipes multidisciplinares que atuam junto ao estudante com Transtorno do Espectro Autista.  Nosso objetivo é analisar criticamente o processo colaborativo e seus efeitos na execução das tarefas propostas, além de discutir as vantagens e desvantagens da colaboração entre os profissionais. O intuito é a promoção de uma troca de aprendizagem eficaz entre saberes, que agregados podem ser facilitadores no processo de ensino aprendizagem tanto no contexto acadêmico quanto no contexto psicossocial do discente.

Palavras-chave: aprendizagem colaborativa; professores; clínica multidisciplinar; Transtorno do Espectro Autista.

Abstract

The article addresses the topic of collaborative learning as a relevant tool in the work between teachers and professionals from multidisciplinary teams who work with students with Autism Spectrum Disorder.  Our objective is to critically analyze the collaborative process and its effects on the execution of the proposed tasks, in addition to discussing the advantages and disadvantages of collaboration between professionals. The aim is to promote an effective exchange of learning between knowledge, which together can be facilitators in the teaching-learning process both in the academic context and in the psychosocial context of the student.

Keywords: collaborative learning; teachers; multidisciplinary clinic; Autism Spectrum Disorder.

Resumen

El artículo aborda el tema del aprendizaje colaborativo como una herramienta relevante en el trabajo entre docentes y profesionales de equipos multidisciplinarios que trabajan con estudiantes con Trastorno del Espectro Autista.  Nuestro objetivo es analizar críticamente el proceso colaborativo y sus efectos en la ejecución de las tareas propuestas, además de discutir las ventajas y desventajas de la colaboración entre profesionales. El objetivo es promover un intercambio efectivo de aprendizajes entre conocimientos, que en conjunto puedan ser facilitadores en el proceso de enseñanza-aprendizaje tanto en el contexto académico como en el contexto psicosocial del estudiante.

Palabras-clave: aprendizaje colaborativo; profesores; clínica multidisciplinaria; Trastorno del espectro autista.

1. INTRODUÇÃO

O artigo aborda o tema da aprendizagem colaborativa como uma ferramenta crucial na relação entre professores e profissionais que atuam junto ao aluno em clínicas multidisciplinares, fazendo análise crítica do processo colaborativo e de seus efeitos no tempo para a execução das tarefas propostas, capacidade de resolução de problemas complexos, criatividade na geração de alternativas e, dessa forma, possibilitando discutir as vantagens e desvantagens de cada alternativa para selecionar as mais viáveis de acordo com a situação-problema. Serão apresentados contextos desafiadores na prática, assim como estratégias eficazes para melhor lidar com esses desafios, promovendo assim uma troca de aprendizagem eficaz entre saberes que agregados podem ser facilitadores no processo de ensino aprendizagem tanto no contexto acadêmico quanto no contexto psicossocial do aluno.

A aprendizagem colaborativa cujo objetivo principal está na promoção da construção coletiva do conhecimento, fazendo uso de estratégias pedagógicas que incentivam a interação entre os estudantes, possibilita a união de saberes, troca de conhecimentos e ganho de experiências, quando estamos em ambientes coletivos/colaborativos há diversas oportunidades de novos aprendizados, o trabalho em equipe potencializa os nossos objetivos no campo do desenvolvimento cognitivo e socioemocional dos estudantes para com o discente, pois valoriza a livre expressão, a troca de ideias, experiências e enfatiza a colaboração por meio do exercício de valores como: respeito, empatia e responsabilidade, assim como favorece a resolução de problemas e desafios diários que cada um apresenta.

Serão apresentados alguns conceitos e práticas que ilustram a eficácia da aprendizagem colaborativa. Espera-se que o artigo venha trazer reflexões sobre a prática colaborativa entre profissionais de equipe multidisciplinares e professores e a importância da viabilização e organização de novas ideias que priorizem essa prática na formação e fazer profissional, visando aprimorar a qualidade de ambos os serviços.

A temática envolve a integração da aprendizagem colaborativa de diferentes locais frequentados pelos alunos, no caso escola e a clínica multidisciplinar, onde cada uma utiliza estratégias culturais de ensino próprias e a integração desses saberes quase nunca é compartilhada. Para benefício do aluno destaca-se a importância da integração desses saberes, entre profissionais da educação e profissionais de equipes multidisciplinares, ou seja, escola versus clínica.

A aprendizagem colaborativa, um tema intuitivo onde o trabalho colaborativo entre diversas pessoas é o tema central dessa abordagem e refletindo sobre a prática multidisciplinar de atendimentos a crianças neurodivergentes, percebe-se o desafio em dialogar com ambos os ambientes estruturados.  Com isso destaca-se a necessidade imprescindível do trabalho em equipe considerando impactos positivos na prática que aumentarão o protagonismo dos estudantes, pois os mesmos terão maior abertura para participar ativamente em ambos os locais cumprindo assim, a premissa básica das metodologias ativas, onde o aluno é o maior beneficiado devido à seu protagonismo. 

Efetivamente para alcançar o potencial da colaboração precisamos atentar para alguns critérios fundamentais, como: o alinhamento de objetivos clínicos e escolares, resultados esperados bem definidos para que realmente haja um caminhar coletivo/colaborativo pois se o contexto entre ambos não for  favorável, certamente enfrentaremos desafios, como lentidão na execução das propostas, resistências que podem prejudicar o alcance dos objetivos desejados, fatos estes que poderiam ser evitados com um planejamento mais abrangente, que incentiva e conscientiza os profissionais participantes sobre a importância do trabalho colaborativo.

O artigo busca apresentar ainda benefícios da prática colaborativa apresentando os resultados positivos, os desafios e as suas contribuições na integração de diferentes saberes contribuindo para um local que fornece serviços com maior qualidade e eficiência para o aluno, ainda com um atendimento individualizado e que promova inclusão verdadeira e eficiente.

O tema se fundamenta na importância de conseguirmos alinhar as diferentes práticas em um único objetivo, onde ambos conversem entre si de modo colaborativo e consigam visualizar que a integração de saberes é efetiva e benéfica no contexto sociocultural atual, ambos conhecimentos se complementam e quando repelidos nos afastam de um objetivo em comum que é a integração e inclusão do aluno em ambientes sociais.

Neste contexto é fundamental analisar de modo amplo o cenário da educação e da prática clínica na contemporaneidade, identificando assim lacunas existentes, bem como a possibilidade de explorar resultados positivos da prática e avanços em relação a temática que são fundamentais na formação de indivíduos e para a oferta de um serviço de qualidade para aqueles que frequentam esses ambientes (escola e clínica multidisciplinar).

Uma efetiva prática clínica requer que inúmeros fatores estejam em coesão para que sejam observados resultados positivos na vida do aluno, assim como as práticas educacionais podem ser medidas como efetivas no avanço individual observado em estratégias de medidas educacionais. Ao unir essas esferas do conhecimento e se considerarmos ambas em total consonância realizando o trabalho colaborativo podemos gerar resultados transformadores e inovadores para prática clínica e educacional.

A justificativa para esse estudo embasa-se na fundamental necessidade em contextualizarmos e analisarmos de modo crítico e reflexivo esse cenário específico em relação aos desafios da aprendizagem colaborativa, visando maximizar as ideias e as práticas efetivas entre profissionais da educação e da prática clínica atual.

Faz-se necessário analisar os desafios e soluções da aprendizagem colaborativa entre professores e profissionais de clínica multidisciplinar e com isso, identificar as estratégias e práticas efetivas que possibilitam essa aprendizagem em ambos os grupos e ainda compreender as barreiras na implementação de novas práticas profissionais, com a finalidade de destacar os impactos sociais relevantes na implementação da aprendizagem colaborativa.

2. Metodologia

A metodologia desta pesquisa consistiu em uma pesquisa bibliográfica, onde foram analisados artigos e livros sobre aprendizagem colaborativa e assuntos que abordavam a interação de professores e profissionais de clínica multidisciplinar.

De acordo com Rosa et al (2023) a pesquisa bibliográfica tem por característica a análise de diversificadas fontes de informação livros, artigos, revistas e publicações on-line. É um processo onde o pesquisador pode compilar o conhecimento sobre determinado tema e possibilita ao pesquisador pesquisar assuntos que já foram produzidos por outros autores.

A pesquisa qualitativa segundo Lakatos e Marconi (2003) se atenta a explorar aspectos subjetivos de interpretação de cada indivíduo, considerando a complexidade de suas características e contextos que envolvem essas percepções.  

3. Aprendizagem Colaborativa

3.1 Definição e Princípios

A definição de aprendizagem colaborativa segundo Pereira (2020) apud Johnson (1997, p. 14) trata-se de um: “conjunto de métodos para a aplicação em grupos com o objetivo de desenvolver habilidades de aprendizagem, conhecimento pessoal e relações sociais, onde cada membro do grupo é responsável tanto pela sua aprendizagem como pela do restante do grupo”.

Os princípios fundamentais abarcam a participação ativa de todos os envolvidos, o reconhecimento positivo sobre a troca de experiências e conhecimentos, o enfrentamento dos desafios em conjunto, ambiente de cooperação e diálogo entre diferentes pessoas (MARIOTO et al 2024).

Considerando a definição e os princípios fundamentais de sua definição é possível visualizar o escopo da aprendizagem colaborativa, onde a mesma é construída por um conjunto de pessoas que buscam ter um objetivo em comum, onde todos do grupo possam ter o sentimento de pertencimento e de colaboração efetiva.

Explorando ainda a definição de aprendizagem colaborativa Silva e Sena (2023) contextualizam a temática relatando os benefícios que a troca de conhecimento entre professores e profissionais de clínicas multidisciplinares possibilitam, às infinitas possibilidades de construção de saberes efetivos e a grande relevância psicossocial na vida dos indivíduos. No entanto, para que isso ocorra na prática, existe a necessidade de viabilizarmos uma comunicação eficaz, desenvolvermos habilidades de escuta ativa e respeitosa, de gerenciamento emocional de compromisso e responsabilidade, criar ambientes de ideias e compartilhamento de informações entre os envolvidos.

3.2 Professores e Profissionais de Equipes Multidisciplinares

3.2.1 Papéis e responsabilidades

Os papéis e responsabilidades na aprendizagem colaborativa precisam estar claramente definidos, na prática o escopo de trabalho do professor está ligado a unidade escolar em que presta o serviço, o profissional da clínica multidisciplinar (psicólogo, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional e nutricionista) tem seu papel direcionado a unidade clínica de saúde em que faz o acompanhamento terapêutico à criança. Neste sentido busca-se definir os papéis e responsabilidades de cada profissional em seu campo de atuação, sempre em prol da formação integral do sujeito.

Garavit (2021) esclarece que os professores precisam orientar e facilitar a colaboração, fornecendo constantes feedbacks e direção além de promover respeito mútuo entre profissionais e um ambiente acolhedor, já os profissionais de clínicas multidisciplinares precisam compartilhar conhecimentos específicos e experiências, participando ativamente das discussões e aplicando estratégias práticas, conversando com o professor em visando estabelecer uma troca de saberes..

Ambas instituições são ambientes de aprendizagem e possuem papéis fundamentais no suporte e desenvolvimento de indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (TEA), a clínica se atenta à intervenção terapêutica e a escola visa propiciar para o aluno um ambiente inclusivo de aprendizagem. Uma observa individualmente como a criança se desenvolve e utiliza-se de estratégias científicas para modificação do comportamento e a outra observa no coletivo, tendo aporte de teorias pedagógicas que promovem a aquisição do aprendizado.

Nesta perspectiva Marques (2024) complementa que os profissionais da educação estão engajados e preocupados com a elaboração de metas e objetivos que o aluno pode desenvolver de acordo com suas potencialidades e os profissionais multidisciplinares com a estratégias adotadas para que esses objetivos possam ser alcançados.

Nolasco- Silva (2019) discutindo sobre sala de aula defende a interação de saberes e a colaboração de diferentes áreas do conhecimento, na sua visão a educação se torna um espaço de diálogo, transformação e reflexão onde o educador é um mediador da aprendizagem e o aluno se torna um agente ativo no desenvolvimento de sua aprendizagem. Dantas (2023, p 4) corrobora com Nolasco quando diz que:

“O ensino colaborativo é uma abordagem educacional que enfatiza a colaboração entre professores, alunos e outros profissionais para criar um ambiente de aprendizagem inclusivo. A educação inclusiva é um esforço coletivo que requer a participação de toda a comunidade escolar.”

Com a busca do sucesso no processo educativo, as funções e obrigatoriedades de professores e profissionais de clínicas multidisciplinares na aprendizagem colaborativa desempenham um papel importantíssimo e indispensável. Considerando suas experiências, estudos na área, esses profissionais mais assertivamente conseguem se direcionar de modo mais eficiente, auxiliando seus alunos no desenvolvimento acadêmico e pessoal. Essa parceria é enriquecedora e constrói uma base sólida onde o aluno consegue desenvolver suas potencialidades, resultando em uma formação individualizada onde o indivíduo é considerado em sua singularidade (NEGREIROS, 2023). 

Candau (2008) nos faz refletir sobre o cenário da inclusão de crianças neuro divergentes citando as barreiras sociais, culturais e institucionais que impedem sua inclusão.  Assim como no multiculturalismo exige que na prática estejamos certos do serviço que estamos ofertando reconhecendo suas especificidades, garantindo o direito de aprender e participar plenamente do ambiente escolar.

Em suma cada ambiente é regido por sua cultura organizacional, cada ambiente estabelece o seu modo de execução de suas responsabilidades e práticas pensadas para dentro do local onde o serviço é prestado, pouco se pensa na prática colaborativa, no diálogo com outros ambientes em que os alunos frequentam e na importância de práticas colaborativas no desenvolvimento de alunos neuro divergentes que possuem suporte terapêutico. Esse cenário é percebido tanto na relação escola versus clínica, como vice-versa.

3.3 Desafios na Aprendizagem Colaborativa: desafios e Obstáculos 

Considerando primeiramente os desafios de uma criança autista, vamos trazer a dificuldade de adaptação, dificuldade em relação as mudanças e na dificuldade  na compreensão de pistas visuais que nos trazem certa previsibilidade e torna o ambiente mais adaptativo, menos hostil é preciso considerar como cada criança corresponde quando exposta a essas situações do dia-dia. A compreensão dessas e outras necessidades específicas entre escola e clínica é essencial para promover a aprendizagem colaborativa garantindo organização e compreensão específica no contexto educacional.

O trabalho conjunto entre professores e profissionais de saúde de diversas áreas enfrentam grandes obstáculos e requer soluções criativas e específicas para facilitar a integração e a melhoria na troca de conhecimento entre esses grupos fundamentais.

O compartilhar de saberes entre docentes e especialistas da área da saúde apresenta diversos desafios e resoluções que influenciam significativamente a maneira como instruímos e cuidamos dos pacientes. A colaboração entre educadores e profissionais de saúde de diferentes áreas traz consigo vários obstáculos e exige a procura por ideias novas e eficientes para lidar com essas questões complexas. De acordo com Dantas (2023 p.5),

“… o professor regente como uma das partes fundamentais no ato de incluir pode enfrentar desafios ao lidar com as necessidades diversificadas dos alunos em sala de aula. Para evitar sobrecarga e frustração, é essencial que o professor receba apoio de outros profissionais, como educadores especiais, psicólogos, terapeutas e outros especialistas, pois estes também fazem parte de um ensino colaborativo”. 

Essa colaboração entre os envolvidos no processo educacional traz amplos benefícios para todos, pois como menciona Dantas (2023 p 6)

Ao contar com o suporte de outros profissionais, o professor regente se sente respaldado, fortalecido e capacitado para enfrentar os desafios da sala de aula. Isso contribui para a construção de um ambiente de ensino mais efetivo e promove a autoconfiança do professor, evitando a sensação de incapacidade. Essa rede de apoio fortalece a segurança dos profissionais na aplicação de práticas sistematizadas e pensadas realmente para atender as necessidades que emergem de especificidades de cada indivíduo saindo do ‘fazer de qualquer forma’”.

No estudo de Nozi e Vitaliano (2017) é ressaltada a relevância da formação inicial e no curso dos professores abrangendo teoria prática e atitudes que facilitam a criação de ambientes pedagógicos inclusivos.

Souza et al (2024) discorre sobre os obstáculos e desafios da Aprendizagem Colaborativa entre professores e profissionais de clínica multidisciplinares, citam a falta de comunicação efetiva, resistência a mudança, excessiva carga de trabalho, falta de tempo, cultura de trabalho que não favorece a comunicação colaborativa e a falta de recursos financeiros destinados a esse trabalho em conjunto. Ainda, a falta de sensibilização e proatividade das partes envolvidas sobre os benefícios da aprendizagem colaborativa, além da falta de suporte institucional na prática podem ser considerados grandes obstáculos para uma troca eficiente com esse tipo de aprendizagem.

Arrielas (2022) reforça a falta de apoio institucional na prática colaborativa, além da falta de formação específica em trabalho colaborativo e competição entre os profissionais da educação por uma falta de definição de papéis que acaba gerando um conflito desnecessário que impede a aprendizagem colaborativa.

Com isso, a educação e fazer terapêutico requer mais que uma mera integração de estudantes do ambiente escolar, requer mudanças de comportamentos significativos de professores e profissionais envolvidos no compromisso de cuidado, educação e desenvolvimento para a real eficácia no desenvolvimento pleno do sujeito.

Como citado pelos autores os desafios e obstáculos são diversos e abrangentes desde desafios  estruturais ligados à organização física e operacional do ambiente de trabalho que podem impossibilitar a efetiva implementação da aprendizagem colaborativa, como desafios ligados a comunicação que podem incluir falta de recursos de comunicação eficientes, diferenças na metodologia aplicada e talvez até linguagem técnica demasiada, além de desafios e obstáculos ligados ao conhecimento sobre as especificidades do aluno como, por exemplo, o pouco conhecimento sobre seu diagnóstico. 

3.4 Soluções para promover Aprendizagem Colaborativa: estratégias e práticas eficazes

Souza et al (2024) discorre sobre os obstáculos e também cita que é importante salientar que apesar dos desafios apresentados existem medidas estratégicas que podem ser adotadas, modificando o cenário não colaborativo, medidas como, por exemplo, a promoção de ambientes que geram sentimento de confiança e respeito mútuo, onde professores e profissionais multidisciplinares sintam-se a vontade em compartilhar e colaborar com suas ideias com honestidade e de modo aberto, sem sensações de insegurança ou medo de julgamentos.

É importante também considerar as estratégias e práticas eficazes, como a implementação de grupos de estudos interdisciplinares, onde cada um compartilha suas ideias e conhecimentos, além disso é preciso considerar as ferramentas que serão necessárias para o alcance dos objetivos como o uso de tecnologias digitais que são ferramentas facilitadoras na aprendizagem colaborativa. Outra prática eficaz é o planejamento de reuniões regulares entre as equipes, a fim de planejar a intervenção e alinhamento do caso em questão, a realização de palestras, workshops e cursos de capacitação específicas podem contribuir para o desenvolvimento em ambos os ambientes (CIPRIANI & SCHUHMACHER, 2023).

De acordo com Chinaglia & Paula (2022) é preciso considerar a integração de conhecimento e de experiências de ambas as partes, auxiliar no desenvolvimento de competências mútuas e essenciais, estimulando a criatividade e inovação na prática dos profissionais, esse trabalho gera como fruto uma sociedade mais justa e equitativa, então desenvolver tais estratégias é investir em espaços que possibilitem esse diálogo de modo contínuo, visando um futuro mais promissor em relação a aprendizagem colaborativa.

Existem diversos modelos de colaboração que podem ser adotados, como a realização de reuniões mensais entre os profissionais, além da participação dos professores como integrantes da equipe multidisciplinar.

Souza et al (2024) concorda com a integração de conhecimento como sendo necessária, e nos traz também que além dessa estratégia, é importante incluir as instituições administrativas como participantes essenciais para que a aprendizagem ocorra nesses diferentes ambientes. A participação envolve a disponibilização de recursos financeiros para capacitação de professores e profissionais de clínicas multidisciplinares, a organização de eventos que envolvam essa interação e integração, a criação e diretrizes que envolvam a prática da colaboração e a criação de políticas públicas que salientem esse diálogo.

No entanto, identificamos maneiras viáveis de superar esses obstáculos, como cultivar o diálogo e a reflexão conjuntamente entre as partes envolvidas, valorizar a expertise individual de cada profissional e implementar estratégias eficazes de trabalho em equipe. Podemos observar o quanto é crucial o sucesso das experiências para estimular a colaboração e enfatizamos os benefícios positivos trazidos pelo aprendizado conjunto no desenvolvimento e prática profissional, destacando a urgência de investimentos contínuos nesse modelo educacional. É crucial que sejam desenvolvidas oportunidades e estímulos para promover e fortalecer essa nova maneira de trabalhar no campo da educação.

3.5 Benefícios da aprendizagem Colaborativa e Impactos positivos que impactam na formação e prática profissional

As vantagens de uma metodologia ativa, como o ensino colaborativo, são extensas, beneficiando não apenas os profissionais participantes, mas também os alunos, resultando em resultados positivos para toda sociedade (SOUZA & LIRA, 2024).

Dantas (2024, p.6) afirma que: “Ao adotar o ensino colaborativo, a escola fortalece sua capacidade de proporcionar uma educação de qualidade para todos os alunos, independentemente de suas diferenças e necessidades.”

Dias e Sasaki (2023) esclarecem os benefícios da aprendizagem colaborativa destacando a troca de conhecimentos e experiências que é realizado, além da troca ser feita de diferentes olhares clínicos cada um com sua expertise que permite ter uma visão mais ampla e integrada do indivíduo, favorecendo um trabalho onde ele é o centro do objetivo. Além dos benefícios em relação ao desenvolvimento de habilidades interpessoais de comunicação e trabalho em equipe, essenciais para o sucesso da aprendizagem colaborativa. 

Uma escola hospitaleira é caracterizada segundo Barbosa e Mantoan (2021) como aquela que acolhe as diferenças, que promove diálogos enriquecedores entre diversos saberes. É um espaço que valoriza a diversidade e a pluralidade, assim como as diversas formas de pensar, que visa o crescimento intelectual, emocional e social dos seus membros.

Esse diálogo entre escola e ambientes clínicos trazem força ao que se espera de um ambiente inclusivo. É importante destacar os benefícios percebidos na formação e no exercício profissional resultantes da implementação bem sucedida da aprendizagem em equipe entre educadores e profissionais de saúde de diversas áreas disciplinares; ressaltando o impacto positivo que esse método pode proporcionar sem avanço pessoal e comunitário desses envolvidos.

Nozi e Vitaliano (2017) afirmam que a formação inicial dos professores deve permitir a construção de contextos mais inclusivos, pensado de modo que consiga abranger conhecimentos teóricos e práticos. Incluindo escola, família, espaços privados e públicos na qual exista flexibilização de ideias e consideração voltada a individualidade do outro.

Pensando em um contexto de aprendizagem colaborativa entre escolas e clínicas multidisciplinares que atendem, por exemplo, crianças com TEA, a aprendizagem colaborativa é essencial para aprimorar os atendimentos e fornecer um atendimento eficaz e mais completo, levando em consideração a especificidade de cada criança, considerando que os benefícios vão além de como o desenvolvimento de habilidades de comunicação socioemocional mais complexas como empatia, resolução de conflitos, negociação, escuta e habilidades sociais,

A parceria estabelecida demonstra uma construção de um relacionamento duradouro onde a troca é uma via de mão dupla, onde ambas colhem bons frutos, essa relação impulsiona o desenvolvimento individual e coletivo na área da saúde e educação. Exibe uma troca de saberes no campo do conhecimento e possibilita aprimoramento coletivo (NASCIMENTO, 2023).  

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A implementação de estratégias de aprendizagem colaborativa se tornará viável para obter resultados significativos e fomentar um ensino de qualidade, que contribua para a formação de especialistas competentes e dedicados à excelência no campo educacional e da saúde.

São notórios os desafios na implementação da abordagem colaborativa principalmente a pontos relacionados a problemas de hierarquia e a integração efetiva de diferentes áreas de atuação, no entanto, é possível pensarmos em estratégias e soluções viáveis para quebrar esses obstáculos que existem quando lidamos com o novo. É preciso repensar a formação de professores e profissionais de clínica multidisciplinares sobre os pilares essenciais na sua prática e desconstruir ideias mitigadas sobre quem sabe mais ou quem sabe menos e dar lugar a uma prática tão necessária como a aprendizagem colaborativa.

Os desafios encontrados na aplicação dessa metodologia podem ter impactos negativos no desenvolvimento de indivíduos com TEA, a comunicação não eficaz, o diálogo que não acontece dificulta o seu progresso, ou seja, a falta de colaboração pode levar há um suporte inconsistente dificultando sua capacidade de alcançar marcos que farão diferença na sua vida. Para os profissionais envolvidos esses desafios só trazem benefícios, visto que uma falta de colaboração eficaz pode acarretar em uma sobrecarga de trabalho e aumento do estresse, por conta de não saber lidar com uma situação vivenciada.

Compartilhar conhecimentos e experiências é enriquecedor pois contribui para a criatividade e aperfeiçoamento das abordagens. Além disso, a colaboração entre áreas específicas possibilita uma visão abrangente e integrada do indivíduo, oportunizando intervenções mais eficazes e centradas no sujeito, contribuindo para o desenvolvimento de habilidades interpessoais, comunicação eficiente e trabalho em equipe, que são essenciais para o sucesso na prática clínica multidisciplinar. 

Uma escola verdadeiramente acolhedora é aquela que recebe todas as diversidades culturais e individuais e que fomenta a forma ativa o diálogo entre diferentes conhecimentos para criar um ambiente de aprendizagem enriquecedora. Dentro desse ambiente escolar ideal, cada pessoa possui o direito essencial de ser tratada com respeito em sua singularidade e de aprender em harmonia com os outros, desenvolvendo laços baseados em igualdade, empatia e solidariedade.

REFERÊNCIAS

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1Mestranda Unicarioca-Rio Comprido – ORCID nº 0009-0001-4310-3611 / E-mail: leidianemoreira255@gmail.com – Link Lattes: https://lattes.cnpq.br/4225873901763221
2Mestranda Unicarioca-Rio Comprido – ORCID nº 0009-0005-4902-3507 E-mail: mrmazzim@gmail.com – Link Lattes: https://lattes.cnpq.br/6033677031054892
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