O PAPEL DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO PARANÁ E A CORRELAÇÃO JUVENTUDE, EDUCAÇÃO E VIOLÊNCIA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202502221504


Daniel Cordeiro1


Resumo

Este artigo busca analisar a ligação entre a juventude, ensino e violência no Paraná, ressaltando principalmente o papel da Polícia Militar, além de trabalhar na manutenção da segurança pública, tem um papel importante no crescimento de programas como o PROERD, para consciência e reintegração dos jovens. A escola é determinante para o progresso humano social e econômico, ela afeta diretamente como as crianças agem e ͏sua ligação com a violência. No Paraná a violência entre jovens é uma temática gradativa onde além de serem vítimas ͏são ao mesmo tempo replicadores dessa violência, fatores como não ir à escola e a falta de aprendizado pioram essa situação deixando os ͏jovens mais vulneráveis a violência. Números do Fórum͏ Brasileiro de ͏Segurança Pública (2023) e pesquisas de Waisel͏fisz (2006 e 2011) mostram que o͏ estado possui indicadores assustadores de violência juvenil, com taxas de homicídios maiores que a média nacional. Nesse caso, a educação quando é acessível a esses jovens pode gerar uma grande mudança social, cessando a violência e criando chances de crescimento para os jovens. Além de ressaltar o papel da Polícia Militar, a pesquisa também discorre sobre os desafios do ensino, como o abandono escolar e a desigualdade no ensino aprendizagem. Ressaltando a reflexão sobre políticas públicas que atendam às necessidades dos jovens em situações vulneráveis. O objetivo é produzir ideias e estratégias que busquem melhorar a educação como uma ferramenta de mudança social, ajudando em uma sociedade mais segura, justa e inclusiva. ͏

Palavras-chave: Educação. Juventude. Violência. Polícia Militar do Paraná.

1 INTRODUÇÃO

A educação͏ tem um papel fundamental na formação do ser humano, sendo uma ferrament͏a essencial e de extrema importância para o crescimento humano, social e econômico. Todavia, a educação vai além desses͏ pontos, e acaba afetando diretamente o comportamento dos jovens e a sua relação com͏ a ͏violência͏. Esta é uma fase de mudanças ͏e descobertas que apresentam muitas fragilidades, estas que podem levar ao envolvimento com atos violentos. No estado do Paraná as estatísticas apontam um número expressivo de jovens envolvidos em casos de violência tanto como vítimas quanto como autores.

Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (2023), o Paraná tem taxas assustadoras de violência com jovens, mostrando a importância de um olhar para os motivos dessas ocorrências. Conforme Waiselfisz (2016), em suas pesquisas sobre o Mapa da Violência, o ranking aponta que os jovens brasileiros são mais atingidos por assassinatos. Isso também ocorre no estado do Paraná onde essas taxas por violência são preocupantes se mantendo fora do normal. A evasão escolar e as dificuldades dos jovens no ensino são fatores de vulnerabilidade. Tal como Abramovay (2005), evidencia que o sistema escolar quando não funciona bem ou quando há a dificuldade, os riscos podem aumentar ainda mais.

Este artigo busca analisar a ligação entre juventude, ensino e violência no estado do Paraná, ressaltando principalmente o papel da Polícia Militar. E também na averiguação de como esses fatores se aproximam, demonstrando que a escola é uma peça fundamental na mudança social prevenindo a violência e dando aos jovens maiores chances de crescimento. A relevância dessa temática vem da necessidade de entender e lidar com os problemas ocasionados pela violência entre os jovens paranaenses, ajudando a discutir melhor o papel da educação para reduzir os índices de violência. Na perspectiva social desenvolver ideias para a criação de políticas públicas eficazes para mudar esta realidade. Assim como, destaca Freire (1996), em que a educação não é só um fazer de ensinar, mas um fazer de mudança em que pode empoderar pessoas e abrir novos caminhos na vida. ͏

Na elaboração de uma comunidade mais segura e acolhedora também é de extrema importância a atuação da Polícia Militar do Paraná, como agente para prevenir e evitar crimes violentos contra os jovens. Além das suas demandas diárias comuns na área da segurança pública, a corporação desenvolve projetos de conscientização junto à comunidade. O PROERD (Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência) é uma ação que visa instruir as crianças com relação ao combate e prevenção das drogas e ações violentas.

“1) O Programa Educacional de Resistência à Violência e às Drogas (PROERD), constitui uma forma de atuação da POLICIA MILITAR DO PARANÁ voltada para a prevenção ao uso indevido de drogas, às ações de violências entre os jovens. 2) A presença de policiais militares nas escolas para a aplicação do PROERD, aumenta também a possibilidade de redução de outros problemas locais afetos à segurança pública, aproximando a POLICIA MILITAR e a própria instituição de ensino e a comunidade”. (PROERD BRASIL, s/p., s/a).

Outro meio de contribuição do estado são os CPM’s (Colégios da Polícia Militar do Paraná), presente na capital e em algumas cidades do estado, que tem como objetivo oferecer a comunidade paranaense uma opção de ensino que busca contribuir na formação dos jovens. O diferencial no ensino do CPM é a disciplina de ICM (Instrução Cívico Militar), a qual pode ser considerada um dos pilares de suma importância para o sustento de sua filosofia, que é baseada na hierarquia e disciplina essenciais à convivência militar, possibilitando uma melhoria no ambiente escolar e social de seus alunos.

“Os Colégios da Polícia Militar da PMPR não trabalham a fim de formar massas acríticas, mas sim cidadãos com valores, fazendo com que os jovens pensem e desenvolvam sempre da melhor maneira possível o seu senso crítico. Todos os colégios da Polícia Militar do Paraná apresentam inclusive elevados resultados no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB)”. (ZEM, FANTIN, p. 13, 2023). 

Dentre outros projetos que conglomeram com a comunidade atividades voltadas a educação, esporte e cultura. Ações estas que mostram a importância de um trabalho conjunto entre vários órgãos voltados a causa de segurança, dando novas oportunidades de mudança aos jovens em situações difíceis.

A importância de olhar para a junção entre juventude, ensino e violência fica evidente quando pensamos nos desafios diários encontrados em nosso país. É necessário entender que a partir de regras e condutas podemos mudar a vulnerabilidade dos jovens do nosso estado. Apoiar ideias e planos ajudam a reforçar o papel da educação nessa mudança dos jovens promovendo o desenvolvimento e formando uma sociedade mais justa. ͏

2 JUVENTUDE NO CONTEXTO PARANAENSE

A juventude é uma fase crucial no desenvolvimento do ser humano, com muitas descobertas e várias mudanças que͏ determinam nossas condutas sociais. No Estado do Paraná͏ grande parte da população é formada por jovens, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística͏ (IBGE, 2022) o Paraná apresenta cerca de 25% da população, estes de distintas classes sociais, que precisam lidar com situações sociais e econômicas que podem afetar no seu crescimento. O retrato econômico social da juventude paranaense ͏mostra as diferenças de um Estado marcado por injustiças regionais e sociais, no que tange o aumento de envolvimento com a violência.

Mesmo com avanços que tornam de fácil acesso ao ensino básico e médio, há uma preocupação com a evasão escolar, especialmente entre os jovens de ͏15 a 17 anos. Números do ano de 2023 do IPARDES (͏Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social), demonstram que essa taxa ainda é considerável para os estudantes do ensino médio, sendo que os jovens de baixa renda indicam a maior fração dos que não concluem esse período da educação.

A classe social de baixa renda apresenta expressividade na falta de oportunidades não somente na educação, mas nos demais serviços públicos oferecidos, conforme dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPE͏A, 2022), cerca͏ de aproximadamente 15% dos jovens paranaenses vivem em situação de pobreza, tendo sua maior concentração nas regiões periféricas e rurais.

O desemprego é considerado alarmante, com base no Relatório Anual sobre Emprego͏ do͏ Paraná (2023) evidencia que jovens na faixa etária entre 18 e 24 anos formam um grupo com as maiores taxas de desemprego, apresentando dificuldades para entrar no mercado de trabalho tendo como principal justificativa a falta de experiência e escolaridade.

Outro problema de grande relevância é a falta ao acesso à serviços públicos, como saúde, cultura, esporte e lazer, principalmente em comunidades periféricas. Esses fatores aumentam a chance de vulnerabilidade social e fazem com que os jovens sejam mais propensos a se envolverem em crimes e uso de drogas. Segundo Abramovay (2005) a falha nas políticas públicas para a juventude piora a exclusão social e aumenta o ciclo da violência. ͏ ͏

No Estado do Paraná a relação juventude – violência aponta números assustadores. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (2͏023), jovens paranaenses com idades entre 15 e 29 anos caracterizam uma proporção expressiva das vítimas de homicídios, e outra preocupação é o envolvimento destes como autores de crimes, as quais podemos destacar roubos e tráfico de drogas dentre os principais. A Secretaria de Segurança Pública do Paraná (2022) em um de seus estudos evidencia que os jovens se envolvem por questões principalmente de não terem oportunidades sociais e econômicas, tal como o envolvimento com grupos criminosos em territórios com forte atuação de atos violentos.

Aliás, o Mapa da Violência (Waiselfisz, 2016) mostra que o Estado do Paraná, mesmo não estando entre os estados com as maiores taxas de assassinatos de jovens no país, demonstra números que precisamos ficar em alerta. A falta de uma estrutura escolar e de políticas públicas boas para inclusão social são dadas como motivos que atrapalham a mudança desse cenário. Sendo assim, fica evidente que a vulnerabilidade em que os jovens se encontram estão ligados aos níveis altos de violência. E essa ligação demonstra com urgência a importância de políticas públicas para ajudar na inclusão desses jovens através da escola, do trabalho e dos bons serviços públicos. Saber a situação em que se encontram é͏ um passo crucial para criar planos que podem diminuir os casos de violência e ajudar no crescimento de uma juventude mais segura no Estado do Paraná. ͏

3 A EDUCAÇÃO COMO FATOR DE PREVENÇÃO À VIOLÊNCIA

A escola tem um papel de suma importância na formação de cidadãos, a adquirir competências sejam elas de cunho social, cognitivo e emocional que ajudam os jovens a viver em sociedade de uma maneira ética e responsável. Segundo Freire (1996), a escola não se͏ ͏limita somente em ensinar específicos conteúdos, mas também em como ajudar na mudança social e na promoção de autonomia. Nesse contexto, a escola é privilegiada no combate de atos violentos, pois oferece aos jovens valores para resolver as questões de maneira harmoniosa.

O Paraná apresenta uma melhoria no acesso à educação, mas muitos alunos ainda têm abandonado os estudos, principalmente no ensino médio. Dados do ano de 2023 do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), demostram que quase 10% dos estudantes que começaram no ensino médio abandonam a escola antes de acabar esse nível, e o maior índice são nas áreas periféricas e rurais.

Já o IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) mostra͏ ͏um resultado acima da média nacional, mas ainda abaixo das metas feitas. Segundo a pesquisa realizada pelo INEP no ano de 2021, o ͏estado͏ chegou à nota 4,7 no ensino médio, mostrando a necessidade de avanços para a qualidade do ensino-aprendizado e na diminuição das diferenças͏ educacionais. ͏

O Estado está se sobressaindo pela escolha em ensino técnico e profissional, com ações dos cursos que são oferecidos pelos Institutos Federais e o Programa Geração Paraná. ͏ Mais uma vez, o acesso a essas chances de formas desiguais, ͏ principalmente entre os jovens de baixa renda, ainda é͏ um empecilho para a͏ inclusão no ensino.

A evasão escolar está totalmente ligada ao crescimento da fragilidade social dos jovens, já que longe da escola estão mais expostos a perigos, como o envolvimento com o crime e o uso de drogas. Segundo Abramovay et al. (2005), a escola dá uma proteção ao oferecer não só aprendizado, mas também laços sociais e perspectivas de futuro. No Paraná, regiões com muitos casos de abandono escolar correspondem com áreas de maior violência juvenil, mostrando a importância de políticas públicas que ajudam na permanência na escola. ͏

3.1. Iniciativas Educacionais bem-sucedidas no Paraná

O programa Escola da Família, que está funcionando em muitas escolas do Estado, oferece atividades ͏sociais, ͏ de esporte e͏ educativas aos sábados e͏ domingos. Promovendo laços entre escola e comunidade. ͏ Pesquisas mostram que essa ação ajudou a diminuir agressões em lugares ͏vulneráveis ao dar opções de diversão e aprendizado para os ͏jovens͏.

O Ensino Técnico Unido também demonstrou grande aumento na procura pela oferta de cursos técnicos mesclados com o ensino médio, como os que são promovidos pelo Sistema S (SENAI e SENAC), teve um efeito bom na inclusão social e no ͏trabalho de jovens do Paraná, diminuindo a exposição a locais perigosos.

O plano Projeto Pacto pela Educação, realizado junto com ONG’s e órgãos do governo, visa aumentar os níveis de aprendizagem e fazer com que as crianças permaneçam na escola com ajudas, como tutoria, reforço e apoios. Os primeiros resultados mostram que a ação tem ajudado a diminuir a evasão e envolvimento de jovens com a violência. ͏͏

Em consideração aos problemas em que os jovens do Paraná possuem, é claro͏ que a maneira mais útil para evitar as brigas é a educação. Os números apresentam que mesmo com melhorias ainda há um longo caminho a ͏trilhar para garantir acesso a todos, permanência e ensino de qualidade. ͏

3.2. Parcerias entre a Polícia Militar e as escolas no Paraná

A ͏união entre a Polícia Militar e as escolas no Paraná tem se mostrado muito importante na luta contra a violência dos jovens e preventiva nos usos de substâncias ilícitas. Um exemplo é o PROE͏RD (Programa Educativo de Resistência às Drogas͏ e à͏ Violência), ação esta que policiais militares lecionam em escolas com a ͏meta de evitar que as crianças enfrentem as drogas, a violência e/ou ações violentas. ͏

Este programa surgiu nos Estados Unidos, mas desde sua chegada ao Brasil tem sido muito utilizado em nosso país, inclusive no Estado͏ do Paraná. O programa tem um currículo que ͏tenta mostrar aos estudantes os danos do uso de drogas, os perigos da violência e a importância de fazer escolhas boas para o futuro. A͏ forma como o ͏PROER͏D͏ age é preventiva, e seu objetivo está em passar valores como respeito͏, cidadania, autocontrole e͏ convivência pacífica usando uma maneira ͏interativa e ativa na junção de aulas, palestras e ͏atividades práticas. ͏

A Polícia Militar faz ligações diretas com escolas estaduais e municipais paranaenses para garantir a execução do PROERD, chegando a muitos jovens de idades diferentes, especialmente entre 6 e 14 anos. A polícia traz as escolas um lugar onde as crianças se sentem mais seguras para falar sobre assuntos diversos, como o uso de drogas, brigas ou os efeitos destes. Também ͏ao fazer essas ͏conscientizações nas próprias escolas, o͏ programa ͏consegue alcançar os jovens que mais precisam de ajuda, como os que estão em situação difícil. ͏

A repercussão do PROERD no Paraná é boa, com números mostrando uma queda no contato de alunos com drogas e atos agressivos nas áreas de atuação. O programa não só funciona como um jeito de evitar, mas também como uma ferramenta para criar uma ligação natural entre a Polícia Militar e a comunidade escolar, trazendo as forças de segurança para perto dos jovens e desconstruindo estereótipos sobre͏ o policial. A confiança em comum ͏criada por ͏esse tipo de troca é um ponto muito importante para ocasionar paz e segurança. ͏

Porém, a eficácia do PROERD e de outras ações da Polícia Militar nas escolas ainda depende de obstáculos logísticos e financeiros, como a necessidade de mais recursos para a formação dos policiais e a expansão do programa a mais escolas, principalmente nas áreas mais distantes ou com maior vulnerabilidade. Além disso, a junção das atividades do PROERD com outras políticas educacionais e sociais é a chave para assegurar que os alunos recebam suporte constante e variado, que não se pare somente na educação sobre drogas e violência, mas também traga o apoio psicossocial e a entrada em atividades culturais, esportivas ou de trabalho. ͏ ͏

Em resumo, as uniões entre a Polícia Militar e as escolas no Paraná, são formas boas para impedir a violência entre os jovens e o uso de drogas. Também ajudam a fazer um ambiente escolar mais seguro e que coopera. Para o sucesso contínuo dessas ações é importante ter recursos certos e aumentar a ligação com outras políticas públicas para maximizar seus efeitos na vida dos jovens e ajudar para uma sociedade mais segura e justa.

4 A LIGAÇÃO ENTRE VIOLÊNCIA E EXCLUSÃO SOCIAL

A Organização Mundial da Saúde tem a seguinte definição para violência:

 “Uso intencional da força ou poder em uma forma de ameaça ou efetivamente, contra si mesmo, outra pessoa ou grupo ou comunidade, que ocasiona ou tem grandes probabilidades de ocasionar lesão, morte, dano psíquico, alterações do desenvolvimento ou privações”. (OMS 2002, p.4).

A violência juvenil no Paraná é resultado de um conjunto de fatores estruturais que interagem de maneira complexa. A desigualdade social é uma das principais causas, ao limitar o acesso de jovens a serviços básicos, como saúde, educação e segurança. Segundo Sen (2000), a privação de capacidades essenciais agrava a exclusão social, criando contextos propícios para o surgimento de comportamentos violentos.

A falta de oportunidades especialmente no mercado de trabalho é outro fator crítico. Jovens em situação de pobreza enfrentam dificuldades para ingressar no mercado formal devido à ausência de qualificação, perpetuando ciclos de vulnerabilidade. Além disso, a exclusão educacional, evidenciada pelas altas taxas de abandono escolar, priva esses jovens de perspectivas de futuro, aumentando a probabilidade de envolvimento com atividades ilícitas.

De acordo com Zaluar (1994), a violência não deve ser analisada apenas como um fenômeno individual, mas como uma resposta social às condições de exclusão e marginalização. No Paraná, essas condições são agravadas pela concentração de renda em centros urbanos e pela falta de políticas públicas eficazes em regiões periféricas e rurais.

Ambientes violentos têm um papel central na perpetuação do ciclo de criminalidade. Segundo estudos de Bronfenbrenner (1979), o contexto socioambiental influencia diretamente o comportamento dos indivíduos, especialmente durante a juventude. Bairros marcados pela violência e pela ausência de serviços públicos de qualidade criam condições propícias para a formação de redes criminosas.

No Paraná, jovens expostos a ambientes violentos não apenas se tornam mais suscetíveis ao aliciamento por organizações criminosas, mas também enfrentam dificuldades de desenvolver projetos de vida que rompam com a realidade de exclusão. Além disso, a presença constante de violência reforça traumas psicológicos, reduzindo a capacidade de jovens de se integrarem à sociedade de forma plena.

A conexão entre violência e exclusão social no Paraná evidencia a urgência de políticas públicas que enfrentem as desigualdades estruturais, promovendo a inclusão educacional, o acesso ao mercado de trabalho e a melhoria das condições de vida em regiões vulneráveis. Compreender as especificidades regionais e os fatores ambientais é essencial para formular estratégias que rompam o ciclo da violência e ofereçam alternativas concretas para o desenvolvimento da juventude paranaense.

5 POLÍTICAS PÚBLICAS E PROJETOS SOCIAIS NO PARANÁ

O Estado do Paraná nos últimos anos vem implantando políticas públicas voltadas para o avanço e melhorias da juventude, com foco na educação, inclusão social e redução da violência. Um exemplo disso é Programa Geração Paraná que tenta inserir jovens ao mercado de trabalho por meio de cursos técnicos e programas de estágio, oferecendo além do emprego a qualificação profissional necessária. ͏ ͏

Outra política importante é o Programa Escola Segura, que visa melhorar e promover a segurança nas escolas. Ao mesmo tempo, o Estado tem aumentado o acesso à educação técnica e profissional por meio de ͏parcerias com o Sistema S (SENAI; SENAC).͏ Também podemos citar o Programa Nacional de Apoio para o Ensino Médio (ProEMI), que disponibiliza recursos para a realização de projetos de aprendizado com foco na liderança dos jovens, visando o aumento na qualidade do ensino.͏

O estado apoia ações como ͏o͏ Projeto Jovem em ͏Ação, utilizando de atividades culturais e esportivas para afastar os jovens de lugares mais propícios a violência. Aulas de teatro, música e esportes são realizados em parceria com as escolas e comunidade, promovendo ligações sociais. O Programa Primeiro Emprego no Paraná dá oportunidades aos jovens de classe baixa a encontrar trabalho por meio do ensino técnico e oferece as empresas incentivo fiscal.

O Paraná também conta com o Programa de Medidas Socioeducativas que fornece além de educação aos jovens, ajuda na sua saúde mental e promove tarefas ͏para aprender novas habilidades. Os Centros de Socioeducação ͏(CENS͏E͏s) são muito importantes para dar uma segunda chance para esses jovens que apresentam problemas com a lei.

Mesmo com os avanços apresentados, ainda existe grandes desafios, como o dinheiro que muitas ações precisam, mas obtém pouco recurso, fazendo com que esses projetos se limitem ou ainda a continuação, do mesmo modo o alcance destes programas que ainda estão sendo focados em áreas urbanas, deixando as regiões rurais e comunidades periféricas com menos acesso. E ainda a eficiência, onde a falta de avaliação constante e integração dos resultados dificulta encontrar ajustes necessários e aumentar os programas bem-sucedidos.

A avaliação das políticas públicas e planos sociais no Paraná mostra que ações direcionadas à juventude podem mudar realidades e diminuir as taxas de violência. Porém, é muito importante superar obstáculos relacionados com dinheiro, alcance e funcionamento dessas ações. A mudança dessas práticas pode trazer um futuro mais seguro e próspero para os jovens do Paraná. ͏

6 A POLÍCIA MILITAR COMO AGENTE DE PREVENÇÃO E RESSOCIALIZAÇÃO

A Polícia Militar (PM) tem um papel importante na melhoria da segurança pública, mesmo que sua ação não se limita em apenas lutar contra crimes. No estado do Paraná, a PM tem feito várias ações que tentam impedir a violência e ajudar jovens em situações difíceis ou que apresentem problemas com a lei. Esses projetos culturais, esportivos e educacionais são formas que ajudam a minimizar os crimes cometidos por jovens que já foram presos e uma nova oportunidade para a melhora pessoal e da comunidade é oferecida. ͏ ͏͏

Uma das ações mais importantes é o PROERD (Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência), que é um programa de prevenção feito em escolas, com foco em crianças e jovens. Ministrado por policiais militares treinados, o PROERD ajuda a entender os perigos do uso de drogas e da violência, reforçando valores como respeito, cidadania e autocontrole. A atuação preventiva em ambiente escolar tem mostrado impacto positivo na queda do envolvimento juvenil com comportamentos de risco.

Outra feita importante é o apoio a atividades culturais e esportivas como formas de inclusão social. A polícia do Paraná realiza projetos com a comunidade que usam o esporte para tirar jovens da criminalidade e reforçar os laços com a comunidade. Essas ações não só oferecem uma alternativa boa para a saúde e o ensino, mas também aproximam a polícia das comunidades ajudando a criar uma relação confiável.

No setor de ressocialização, a Polícia Militar trabalha com o sistema de justiça juvenil, o qual ajuda na recolocação desses jovens infratores por meio de programas que além do ensino e trabalho fornece atividades fora da escola. Esses projetos pretendem contribuir para a diminuição dos atos violentos e criminosos, dando uma perspectiva de um futuro para esses jovens.

Mas, o trabalho da Polícia Militar tem grandes obstáculos. A falta de dinheiro e materiais limitam a continuidade do funcionamento de programas, não conseguindo abranger uma área maior. A parceria entre a PM e outras políticas públicas, como ensino e ajuda social é frequentemente pouca prejudicando o sucesso das ações. ͏

Para vencer esses obstáculos, é muito importante a ajuda financeira e também fortalecer as parcerias entre diferentes setores, incluindo governo, empresas e grupos da sociedade. A criação de lugares para haver diálogo entre a polícia e a comunidade também é relevante para ajustar as ações de segurança pública com as necessidades locais e tornar a abordagem mais cuidadosa e humana. ͏

Em outras palavras, a Polícia Militar quando atua como um agente de prevenção e reintegração social, tem um papel importante no combate à violência de jovens. Suas iniciativas mostram que a segurança pública pode ir além da repressão, as quais incluem ações educativas ͏e ͏comunitárias que favorecem na criação de um lugar͏ seguro ͏e ͏inclusivo.

7 DISCUSSÃO E PROPOSTAS DE SOLUÇÃO

Os números que foram mostrados neste artigo apontam uma ligação natural entre jovens, educação e violência no estado do Paraná. A falta de suporte social, a evasão escolar e a falta de oportunidade de trabalho propiciam a riscos que ajudam no aumento da criminalidade gerada pelos jovens. Ao mesmo tempo, as políticas públicas que já existem e que são importantes, ainda apresentam dificuldade para chegar a todos os jovens em situações de perigo, principalmente nas partes mais pobres. ͏

A educação aparece como um dos mais eficientes meios de transformação, não somente por proporcionar conhecimentos e aptidões, mas também por criar cidadãos íntegros, que conseguem resistir às más influências do ambiente social. No entanto, a utilidade dessa ferramenta depende da junção família, escola e a comunidade. ͏͏

O ensino técnico e profissionalizante deve ser estendido e atualizado para atender as necessidades do mercado de trabalho e as ͏perspectivas dos jovens. Programas como o Geração ͏Paraná podem ser͏ reforçados com parcerias ͏públicas-privadas e mais investimentos em estrutura de tecnologia, aumentando o alcance para os lugares ainda não alcançados.

͏A escola em tempo integral mostra resultados bons na ͏redução da evasão escolar e na prevenção de comportamentos perigosos. Além de dar proteção aos lugares e torna-los durante todo o ͏dia, as atividades extracurriculares, como reforço escolar, esportes, jogos e artes, ajudando no crescimento dos jovens.

Acordos com empresas e organizações não governamentais podem expandir e impactar esses projetos. Empresas podem oferecer programas de estágio e treinamento, enquanto as ONG’s podem atuar em bairros de vulnerabilidade, produzindo oficinas de música, teatros, jogos e outras atividades.

Para enfrentar a violência na juventude é essencial a ajuda de toda a sociedade, sendo o mais importante a família dando apoio tanto emocional quanto moral. É de grande relevância os pais participarem ativamente da vida de seus filhos na escola e na sociedade, pois os laços são fortalecidos. A escola além de ser o lugar onde os conhecimentos são transmitidos, deve ser um lugar de acolhimento e ajuda, sendo capaz de ver sinais de dificuldade e ͏agir preventivamente. Os professores devem ter treinamentos específicos para lidar com os problemas sociais, é uma ação muito importante. A comunidade deve͏ agir͏ como uma rede de apoio, ajudando e criando espaços onde os jovens possam viver em segurança.

O combate a violência necessita ser vista em que a educação seja a chave para sanar esses problemas, contudo, a família e comunidade desempenham papel fundamental. Ao colocar em prática o que foi proposto e também procurar ideias em estados nacionais e países internacionais, o Estado pode dar um grande passo na criação de um futuro mais justo e seguro para sua juventude.

A união entre a Polícia Militar e a comunidade é muito importante para a concretização da segurança pública. Essa união aumenta somente a confiança em ambos os lados, mas também ajuda a formar um lugar mais seguro e próspero para o crescimento social, principalmente para os jovens que estão em situações de vulnerabilidade. No Paraná, ações feitas em parceria com a comunidade e pela PM têm mostrado grande potencial para diminuir a violência, mas essas ações ainda podem ser fortalecidas.

Uma das maneiras mais úteis para fortalecer esse vínculo é criar programas que envolvam escolas, familiares e organizações. Atividades como palestras podem ser esclarecedoras, oficinas criativas, jogos em equipe e trabalhos práticos são formas de trazer jovens e suas famílias para ações que promovam valores de respeito ao próximo, união e trabalho em equipe. Essas atividades são de um diferencial com uma proporção significativa para atos de violência. ͏

Outra condição importante é a comunidade criar laços com a Polícia Militar. Organizações não governamentais (ONG’s), templos religiosos, associações de moradores de bairros e comércio local podem oferecer ajuda financeira, sediar lugares e saber estratégias de como aumentar o alcance e a eficácia desses projetos. As empresas podem ajudar com treinamentos para a admissão no mundo do trabalho, enquanto as ONG’s podem trazer atividades artísticas e esportivas.

Embora esses planos tenham um bom potencial, a parceria entre a polícia militar e a sociedade enfrenta problemas, além de dificuldades em manter um diálogo constante com algumas comunidades que desconfiam ou têm brigas com as forças de segurança. Para ͏vencer esses impedimentos é preciso uma preparação mais eficaz para os policiais militares, ensinado-͏os a agir de forma sensível às situações locais e às necessidades sociais.

Em ͏síntese, a união entre a Polícia Militar e a comunidade é um passo importante para criar uma sociedade mais protegida e inclusiva, especialmente para os jovens do Estado paranaense. A ampliação de programas preventivos educacionais, o reforço de parcerias com outras áreas e manter um ͏diálogo contínuo são ações de suma importância na mudança da segurança pública em uma ferramenta que ajuda no crescimento social e no ͏luta contra a violência pelos jovens. ͏

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O artigo apresenta uma proposta na ligação entre juventude, educação e violência no estado do Paraná, mostrando as conexões entre essas partes e o valor da Polícia Militar impondo leis e realizando ações sociais no combate a vulnerabilidade dos jovens paranaenses. O Estado mostra uma juventude assinalada por diferenças de classes sociais, que se refletem em altas taxas de evasão escolar, desemprego e expostos com a violência. Esses fatores constatam a necessidade da união para pôr fim nesse ciclo de criminalidade.

A educação surge como o principal meio de evitar a violência. Foi abordado em como o ensino técnico e profissionalizante, programas em tempo integral e os projetos sociais, culturais e esportivos podem mudar a situação desses jovens. Também fica obvio que a parceria entre͏ escola, ͏família e comunidade é muito͏ importante para criar um lugar seguro e aconchegante onde os jovens ͏possam ͏mostrar e desenvolver todo o seu talento.

Ao passo que chega ao fim, mostra͏ a necessidade em investimentos com o ensino de qualidade afim de lutar͏ contra a violência juvenil. Mas, esse investimento não deve somente a ofertas mais vagas nas escolas, mas incluir uma qualidade no aprendizado, apoio emocional e oportunidades de emprego.

Para pesquisas futuros, explorar mais os efeitos das políticas públicas em comunidades de risco e ver como exemplos bons de outras comunidades podem ser usadas no Paraná. Em termos práticos o ideal é importante fortalecer as uniões entre ͏governos, empresas e a sociedade para aumentar o alcance e a eficiência das ações para jovens. ͏

A Polícia Militar do Paraná usa métodos eficazes de ensino, mas também tem um papel chave na prevenção da violência dos jovens, com ações que͏ juntam a segurança pública com melhorias para o bem-estar social. ͏ Programas como o ͏PROER͏D͏, que trabalha em escolas ensinando sobre a prevenção ao uso de drogas e violência, e atividades esportivas ou ͏culturais feitas pela PM têm mostrado͏ efeitos bons na ͏inclusão dos jovens͏ em vulnerabilidade. A cooperação entre a Polícia Militar, as instituições de ensino, as famílias e͏ a comunidade é muito importante para fazer um lugar seguro e de confiança. Sendo assim, reforçar esse vínculo fortalece essas medidas importantes na prevenção e combate a violência

Enfim, o combate à violência de jovens no Paraná é um ͏desafio que exige um árduo trabalho e a ação conjunta de diversos grupos. Contar com o apoio da educação e acreditar na transformação através dela, e investir em projetos ͏que favoreçam na inclusão social são passos importantes para a construção de uma ͏sociedade mais justa, segura e ͏igualitária para as próximas gerações.

9 REFERÊNCIAS

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1Licenciado do Curso Superior de Letras Português/Espanhol e suas respectivas Literaturas pela Universidade Estadual de Ponta Grossa/Paraná, e-mail: danielcordeiro76@hotmail.com