EDUCAÇÃO AMBIENTAL E TURISMO SUSTENTÁVEL: ESTRATÉGIAS PARA REDUZIR OS IMPACTOS NA PRAIA DE CANASVIEIRAS, FLORIANÓPOLIS – SC

ENVIRONMENTAL EDUCATION AND SUSTAINABLE TOURISM: STRATEGIES TO REDUCE IMPACTS ON CANASVIEIRAS BEACH, FLORIANÓPOLIS – SC

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202502101520


Pedro Henrique Farias Vianna1; Marcelino Gomes de Araújo2; Anna Kleine Neves3; Marcio Harrison dos Santos Ferreira4; Gabriel Mateus Silva Leite5; Fabiana Santos de Lima6; Sunami Graças de Farias Correia7; José Willian de Almeida Silva8; Sara Yasmin Lima Pereira9; Andressa Kellen de Lima Assunção10; José Uilson da Silva11; Huarlison de Souza Silva12; Maíra Santiago Pires Parente13; Marcos Paulo Parente Araújo14; Fabiana Maria Souza Fortes da Costa15


Resumo

O turismo sustentável é um desafio crescente para regiões litorâneas, especialmente em destinos amplamente visitados como a Praia de Canasvieiras, em Florianópolis – SC. O presente estudo investigou a relação entre educação ambiental e turismo sustentável, analisando os impactos ambientais gerados pela atividade turística e as estratégias para minimizá-los. A pesquisa partiu do problema da degradação ambiental causada pela má gestão de resíduos, saneamento inadequado e comportamento dos visitantes, o que compromete a qualidade ambiental da praia e a experiência dos turistas. O estudo teve como objetivo principal avaliar como a educação ambiental pode contribuir para a redução dos impactos negativos do turismo na região. A metodologia empregada envolveu uma revisão de literatura baseada em 11 artigos científicos e um livro, além de observação in loco para a identificação dos principais problemas ambientais. Os dados foram analisados qualitativamente, destacando padrões e desafios na gestão ambiental da praia. Os resultados indicaram que problemas como esgoto a céu aberto, descarte inadequado de lixo e sinalização incoerente sobre a qualidade da água evidenciam falhas na infraestrutura e na conscientização dos frequentadores. Conclui-se que ações educativas, aliadas a melhorias na gestão pública e ao engajamento da sociedade, são fundamentais para promover um turismo mais sustentável. O estudo contribui para a discussão sobre políticas públicas e práticas de conscientização ambiental em áreas costeiras.

Palavras-chave: Turismo sustentável, educação ambiental, impactos ambientais.

1. INTRODUÇÃO

A Praia de Canasvieiras, localizada no norte da ilha de Florianópolis, Santa Catarina, é um dos destinos turísticos mais visitados do Brasil, especialmente durante a alta temporada. Sua beleza natural e infraestrutura atrativa fazem dela um pólo de lazer e desenvolvimento econômico para a região. No entanto, o fluxo intenso de turistas gera impactos ambientais significativos, comprometendo a qualidade do ecossistema local. Neste contexto, a educação ambiental e o turismo sustentável emergem como estratégias fundamentais para mitigar esses efeitos negativos e promover um equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental.

A relevância deste tema se manifesta tanto na esfera acadêmica quanto na prática da gestão ambiental e do turismo. O crescimento exponencial do turismo em áreas costeiras tem impulsionado discussões sobre a necessidade de implementar políticas públicas eficazes que alinhem o uso sustentável dos recursos naturais à conscientização ambiental dos visitantes. Assim, compreender como a educação ambiental pode contribuir para a sustentabilidade da Praia de Canasvieiras é essencial para o desenvolvimento de abordagens que minimizem impactos negativos e incentivem práticas ecologicamente responsáveis.

O problema central a ser investigado neste estudo reside na deficiência de medidas efetivas que garantam a harmonia entre o turismo e a preservação ambiental em Canasvieiras. Apesar de iniciativas isoladas, como campanhas de conscientização e regulamentações ambientais, ainda há um desafio na implementação de estratégias sustentáveis de longo prazo. Questões como a gestão inadequada de resíduos, a degradação de ecossistemas marinhos e o consumo excessivo de recursos naturais requerem uma abordagem integrativa e multidisciplinar, envolvendo tanto o setor público quanto à iniciativa privada e a sociedade civil.

A escolha deste tema se justifica pela necessidade urgente de desenvolver soluções sustentáveis para a preservação dos ambientes costeiros. A Praia de Canasvieiras, devido à sua popularidade e vulnerabilidade ambiental, representa um estudo de caso relevante para entender como a educação ambiental pode ser utilizada como ferramenta de transformação social e ecológica. Além disso, a pesquisa busca contribuir para a formulação de estratégias replicáveis em outras regiões turísticas que enfrentam desafios semelhantes.

O objetivo geral deste estudo é analisar as estratégias de educação ambiental que podem ser aplicadas na Praia de Canasvieiras para reduzir os impactos negativos do turismo sobre o meio ambiente. Especificamente, pretende-se identificar boas práticas adotadas em outras localidades, avaliar a eficácia das iniciativas já existentes e propor recomendações baseadas em princípios de sustentabilidade e gestão ambiental.

Como contribuições acadêmicas e práticas, esta pesquisa visa ampliar o conhecimento sobre a interação entre educação ambiental e turismo sustentável, fornecendo subsídios para a implementação de políticas públicas eficazes. Além disso, espera-se que os resultados possam ser utilizados por gestores municipais, empresários do setor turístico e organizações da sociedade civil interessadas em promover um turismo mais consciente e alinhado com a conservação ambiental, garantindo a sustentabilidade da Praia de Canasvieiras para as futuras gerações.

2. METODOLOGIA 

Este estudo caracteriza-se como uma pesquisa qualitativa, de natureza exploratória e descritiva, fundamentada em revisão da literatura e observação in loco. A revisão da literatura foi realizada com o objetivo de compreender as principais discussões sobre educação ambiental e turismo sustentável, utilizando como base 11 artigos científicos e 1 livro, todos publicados em língua portuguesa. A busca pelos materiais ocorreu por meio do Google Acadêmico, utilizando palavras-chave relacionadas ao tema. Além disso, a observação direta na Praia de Canasvieiras permitiu uma análise empírica da realidade local, possibilitando a identificação de problemas ambientais específicos e a contextualização das informações teóricas obtidas na revisão da literatura.

A coleta de dados combinou a análise bibliográfica com a observação sistemática, sem intervenção no ambiente. A revisão da literatura permitiu embasar teoricamente o estudo, enquanto a observação in loco forneceu evidências concretas sobre as condições ambientais e turísticas da região. Durante a observação, foram registradas situações problemáticas, como descarte irregular de lixo, infraestrutura inadequada e impactos ambientais resultantes da atividade turística. Os dados coletados foram analisados de forma descritiva, relacionando as evidências empíricas com os conceitos teóricos identificados nos estudos analisados, permitindo uma interpretação crítica dos desafios e das possíveis estratégias para minimizar os impactos negativos.

Do ponto de vista ético, o estudo respeitou os princípios de integridade acadêmica, garantindo que todas as informações extraídas da literatura fossem devidamente referenciadas. Além disso, a observação foi realizada sem interferência no ambiente ou interação direta com os turistas e moradores, garantindo a não invasão de privacidade. No entanto, algumas limitações devem ser destacadas, como a ausência de dados quantitativos e a restrição da análise a uma única localidade, o que pode limitar a generalização dos resultados. Ainda assim, as informações levantadas fornecem uma base relevante para discussões sobre a sustentabilidade do turismo em áreas costeiras e podem servir de subsídio para futuras pesquisas e ações na região.

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 Educação Ambiental e sua relevância para o turismo sustentável

De acordo com Fim et al. (2024), a educação ambiental desempenha um papel essencial na conscientização da sociedade sobre a necessidade de práticas sustentáveis, especialmente em regiões turísticas sensíveis. Essa abordagem visa não apenas informar, mas também transformar comportamentos, promovendo uma relação mais equilibrada entre o turismo e o meio ambiente. No contexto da Praia de Canasvieiras, a implementação de estratégias educativas pode minimizar os impactos negativos do fluxo turístico, incentivando práticas mais responsáveis por parte dos visitantes e dos empresários locais.

Segundo Ruschmann (2016), a educação ambiental deve ser compreendida como um processo contínuo, que envolve tanto a comunidade local quanto os turistas, promovendo um aprendizado que transcende o espaço formal das escolas. A sustentabilidade no turismo exige uma mudança de paradigma, onde o conhecimento e a sensibilização ambiental são incorporados na rotina dos viajantes e dos moradores. Em Canasvieiras, campanhas educativas e ações participativas podem fortalecer essa mudança cultural, criando um ambiente propício para o desenvolvimento sustentável.

Para Silva et al. (2016), a educação ambiental no turismo não deve ser vista apenas como uma ferramenta de mitigação de impactos, mas como um meio de agregar valor à experiência turística. Destinos que promovem práticas sustentáveis tendem a atrair um público mais consciente e engajado, o que pode contribuir para a valorização do patrimônio natural e cultural. Nesse sentido, estratégias educacionais bem estruturadas podem tornar Canasvieiras um exemplo de turismo sustentável, beneficiando tanto a economia local quanto a preservação ambiental.

Conforme ressalta Bueno (2016), um dos desafios da educação ambiental aplicada ao turismo é garantir a efetividade das ações educativas a longo prazo. Muitas iniciativas são pontuais e não geram mudanças permanentes no comportamento dos turistas e da comunidade. Por isso, a implementação de programas contínuos, aliados a políticas públicas eficazes, é fundamental para consolidar uma cultura de sustentabilidade na região.

3.2 Impactos ambientais do turismo em áreas costeiras

De acordo com Calado, Moreira e Mendes (2022), o turismo em áreas costeiras pode gerar uma série de impactos ambientais, como a degradação dos ecossistemas, a poluição das águas e a erosão das praias. Em Canasvieiras, a intensa movimentação turística contribui para o aumento da produção de resíduos e para o consumo excessivo de recursos naturais. A falta de um planejamento adequado pode comprometer a qualidade ambiental da região, tornando-a menos atrativa a longo prazo.

Segundo Do Nascimento et al. (2018), a pressão exercida pelo turismo sobre os ecossistemas costeiros exige a adoção de estratégias de manejo que conciliem a preservação ambiental com o desenvolvimento econômico. Uma das alternativas é a implementação de limites de carga turística, que visam reduzir os impactos causados pelo excesso de visitantes. Em Canasvieiras, essa medida poderia contribuir para um uso mais sustentável da praia, garantindo sua conservação para as futuras gerações.

Para Spaolonse e Martins (2016), o turismo sustentável deve priorizar a proteção dos ecossistemas locais, adotando práticas que minimizem os danos ambientais. Isso inclui a implementação de políticas de gestão de resíduos, o incentivo ao uso consciente dos recursos naturais e a promoção de infraestrutura sustentável. No caso de Canasvieiras, medidas como a coleta seletiva e a reutilização da água podem ser fundamentais para reduzir os impactos ambientais negativos.

De acordo com Grim, Alcântara e Sampaio (2018), além dos impactos diretos ao meio ambiente, o turismo também pode contribuir para mudanças climáticas, devido ao aumento das emissões de carbono associadas ao transporte e às atividades turísticas. A adoção de práticas de turismo de baixo impacto, como o incentivo ao transporte coletivo e o uso de energias renováveis, pode ajudar a mitigar esses efeitos. Em Canasvieiras, a criação de ciclovias e a promoção de meios de transporte alternativos seriam medidas eficazes para reduzir a pegada ecológica dos turistas.

3.3 Estratégias de gestão para um turismo sustentável em Canasvieiras

Segundo Oliveira e Da Silva (2016), a gestão do turismo sustentável requer uma abordagem integrada, envolvendo governos, setor privado e comunidades locais. Em Canasvieiras, essa integração pode ser alcançada por meio da criação de conselhos de gestão participativa, onde diferentes atores possam colaborar na formulação de estratégias de preservação ambiental. Essa governança compartilhada é fundamental para garantir que as políticas implementadas atendam às necessidades do meio ambiente e da população.

Para Nunes e Martins (2019), a certificação ambiental é uma ferramenta eficaz para promover a sustentabilidade no turismo. Selos e certificações, como o ISO 14001 e o Programa Bandeira Azul, incentivam práticas mais responsáveis por parte dos empreendimentos turísticos. Em Canasvieiras, a adoção desses mecanismos pode estimular a adoção de boas práticas ambientais pelos hoteis, restaurantes e operadores turísticos, tornando a região um destino sustentável reconhecido.

De acordo com Rodrigues (2024), a sensibilização e o engajamento dos turistas são essenciais para garantir o sucesso das estratégias de turismo sustentável. Campanhas educativas, sinalização informativas e programas de ecoturismo são algumas das formas de incentivar práticas mais conscientes. Em Canasvieiras, a implementação de trilhas ecológicas e visitas guiadas pode proporcionar uma experiência enriquecedora aos turistas, ao mesmo tempo em que promove a conservação ambiental.

Segundo Damas (2020), a tecnologia pode ser uma aliada na gestão do turismo sustentável, facilitando o monitoramento ambiental e a conscientização dos visitantes. Aplicativos que informam sobre a capacidade de carga da praia, a qualidade da água e as regras de preservação podem auxiliar na regulação do fluxo turístico. A adoção de ferramentas digitais em Canasvieiras pode tornar a gestão mais eficiente e acessível, garantindo a sustentabilidade da região.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

A presença de esgoto a céu aberto em frente à praia (Figura 1) é um problema grave que compromete não apenas a qualidade da água, mas também a saúde pública e a experiência dos turistas. Esse tipo de situação indica falhas na infraestrutura e na gestão pública, já que a falta de um sistema adequado de tratamento de esgoto pode levar à contaminação da água e à proliferação de doenças. Além disso, a imagem negativa gerada por esse descaso pode afastar visitantes e prejudicar a economia local, que depende fortemente do turismo.

Figura 1. Esgoto a céu aberto em frente a praia de Canasvieiras – SC.

Fonte: Elaborada pelos próprios autores

O banheiro químico instalado em local inapropriado (Figura 2) é outro exemplo da falta de planejamento na gestão dos serviços turísticos. A má localização desses banheiros pode gerar odores desagradáveis e tornar o ambiente pouco convidativo para os frequentadores da praia. Além disso, se esses banheiros não forem devidamente higienizados e mantidos, podem se tornar focos de contaminação. A organização do espaço público deve ser feita com base em estudos de impacto e na necessidade real dos visitantes, garantindo conforto e higiene.

Figura 2. Banheiro químico instalado em local inapropriado na praia de Canasvieiras – SC.

Fonte: Elaborada pelos próprios autores

A inconsistência na sinalização sobre a qualidade da água (Figuras 3 e 4), com placas indicando que a água é imprópria para banho em um ponto e própria a menos de 100 metros, gera confusão entre os banhistas e pode colocar a saúde das pessoas em risco. Esse problema reflete uma falha tanto na comunicação quanto no monitoramento da qualidade da água. Para evitar esse tipo de situação, é fundamental que haja uma padronização na divulgação das informações e um acompanhamento constante da condição da água para que os avisos sejam precisos e confiáveis.

Figura 3. Sinalização de água imprópria para banho na praia de Canasvieiras – SC.

Fonte: Elaborada pelos próprios autores

Figura 4. Sinalização de água imprópria para banho n praia de Canasvieiras – SC.

Fonte: Elaborada pelos próprios autores

Os córregos com águas sujas que deságuam diretamente na praia (Figura 5) são uma preocupação ambiental séria, pois podem carregar resíduos e agentes poluentes para o mar, afetando diretamente a biodiversidade marinha e a balneabilidade da região. Esses córregos podem ser resultado de escoamento pluvial contaminado ou até mesmo de despejos irregulares. Para minimizar esse impacto, seria necessário um controle mais rigoroso da origem desses despejos e a implementação de barreiras naturais ou sistemas de filtragem que evitam que esses poluentes cheguem à praia.

Figura 5. Córregos com águas sujas que conectam com o mar na praia de Canasvieiras – SC

Fonte: Elaborada pelos próprios autores

A poluição visível, como plásticos e bitucas de cigarro espalhados pela areia (Figura 6), demonstra a falta de conscientização por parte de alguns turistas e frequentadores da praia. Esse tipo de resíduo, além de prejudicar a estética do local, representa um risco para a fauna marinha, que pode ingerir esses materiais e sofrer sérios danos. Apesar dos esforços para a instalação de lixeiras, o problema persiste, evidenciando que apenas a presença de infraestrutura não é suficiente. São necessárias campanhas educativas e fiscalização mais eficiente para incentivar o descarte correto dos resíduos.

Figura 6. Plásticos e bitucas de cigarros jogados no chão na praia de Canasvieiras – SC

Fonte: Elaborada pelos próprios autores

Embora existam muitos lixeiros disponíveis na praia (Figura 7), a quantidade de lixo no chão sugere que o problema não está apenas na falta de estrutura, mas também no comportamento dos visitantes. A responsabilidade pelo turismo sustentável não é apenas da gestão pública, mas também da sociedade e dos próprios turistas, que devem adotar hábitos mais responsáveis. Campanhas de conscientização, parcerias com comerciantes para incentivo ao descarte correto e até mesmo punições para infrações ambientais podem ser estratégias para reduzir esse tipo de impacto e garantir que Canasvieiras continue sendo um destino turístico atraente e sustentável.

Figura 7. Lixeiros espalhados pela praia de Canasvieiras – SC

Fonte: Elaborada pelos próprios autores

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa analisou a relação entre educação ambiental e turismo sustentável na Praia de Canasvieiras, Florianópolis – SC, destacando os impactos ambientais identificados por meio da revisão de literatura e da observação in loco. Os resultados evidenciaram que a falta de infraestrutura adequada, aliada ao comportamento inadequado de alguns turistas, contribui para a degradação do ambiente costeiro. Problemas como esgoto a céu aberto, disposição inadequada de banheiros químicos, sinalização contraditória sobre a qualidade da água e presença de lixo na faixa de areia demonstram desafios significativos para a sustentabilidade do turismo na região.

O objetivo principal do estudo era compreender como a educação ambiental pode ser utilizada como estratégia para minimizar os impactos negativos do turismo na Praia de Canasvieiras. A análise demonstrou que, embora existam iniciativas isoladas, ainda há uma carência de políticas públicas efetivas e de ações educativas voltadas tanto para os turistas quanto para os moradores e comerciantes locais. A sensibilização ambiental e a adoção de práticas sustentáveis são essenciais para garantir que a atividade turística ocorra de maneira equilibrada, sem comprometer a qualidade ambiental da região.

A resposta ao problema da pesquisa está na necessidade de um esforço conjunto entre poder público, setor privado e sociedade civil para fortalecer as práticas de turismo sustentável. A gestão pública deve investir na melhoria da infraestrutura sanitária e no monitoramento da qualidade da água, garantindo informações claras e confiáveis aos visitantes. Paralelamente, os comerciantes locais podem atuar como agentes de transformação, incentivando práticas responsáveis e fornecendo estrutura para o descarte correto de resíduos. Já os turistas, por sua vez, precisam ser conscientizados sobre sua responsabilidade na preservação do ambiente que frequentam.

Uma das principais limitações deste estudo foi a abordagem qualitativa, que, embora permita uma análise aprofundada do contexto, não fornece dados quantitativos sobre o impacto ambiental e o nível de conscientização dos diferentes agentes envolvidos. Além disso, a análise foi restrita a uma única localidade, o que pode limitar a generalização dos resultados para outras praias turísticas com características distintas. Futuras pesquisas poderiam incluir levantamentos estatísticos e comparações entre diferentes destinos para ampliar a compreensão do fenômeno.

Outra limitação relevante foi a impossibilidade de avaliar, em longo prazo, os efeitos de políticas públicas e campanhas educativas já existentes na região. Algumas iniciativas podem estar em andamento, mas seus impactos ainda não foram percebidos de maneira significativa. Estudos futuros podem se concentrar em acompanhar a evolução dessas ações e identificar quais estratégias são mais eficazes para a conscientização ambiental de turistas e moradores.

Diante dos desafios identificados, recomenda-se que as políticas públicas sejam revisadas e ampliadas, priorizando investimentos em saneamento básico, fiscalização ambiental e infraestrutura turística sustentável. A implementação de programas de educação ambiental contínuos, que envolvam escolas, empresas e associações comunitárias, pode contribuir para mudanças comportamentais mais duradouras e para a preservação da praia a longo prazo.

Além disso, campanhas de conscientização voltadas para turistas podem ser desenvolvidas utilizando mídias digitais e informativos distribuídos em pontos estratégicos da cidade. Incentivos para práticas sustentáveis, como descontos para quem utilizar copos reutilizáveis ou recolher lixo da praia, também podem ser uma alternativa viável para estimular um comportamento mais responsável entre os visitantes.

A pesquisa reforça a importância da integração entre turismo e preservação ambiental como estratégia para garantir a continuidade das atividades econômicas na região sem comprometer os ecossistemas naturais. A educação ambiental, aliada a uma gestão pública eficiente e ao engajamento da sociedade, é um caminho promissor para transformar a Praia de Canasvieiras em um exemplo de destino sustentável, onde o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental caminhem juntos.

REFERÊNCIAS

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CALADO, Janaina Freitas; MOREIRA, Ana Luísa Piresc; MENDES, Liana de Figueiredo. O que sabemos sobre os impactos ambientais do turismo nos recifes tropicais do Brasil?. Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo, v. 16, p. e-2420, 2022.

DAMAS, Marcos Tonet. Turismo sustentável: reflexões, avanços e perspectivas. Revista Brasileira de Ecoturismo (RBEcotur), v. 13, n. 2, 2020.

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GRIMM, Isabel Jurema; ALCÂNTARA, Liliane; SAMPAIO, Carlos Alberto Cioce. O turismo no cenário das mudanças climáticas: impactos, possibilidades e desafios. Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo, v. 12, p. 01-22, 2018.

NUNES, Emanuelly Rodrigues; MARTINS, Maria de Fátima. Indicadores de sustentabilidade para o turismo sustentável: um estudo no município de Bananeiras (PB). Revista Brasileira de Ecoturismo (RBEcotur), v. 12, n. 2, 2019.

OLIVEIRA, Wellington Romão; DA SILVA, Edson Vicente. Geografia e educação ambiental na prática do turismo sustentável: A APA do delta do Parnaíba. Revista Equador, v. 5, n. 2, p. 61-74, 2016.

RODRIGUES, Ricardo Furtado. Paradigmas emergentes em turismo sustentável: uma análise do potencial do turismo regenerativo. Sustentabilidade: desafios e impactos. São Paulo: Editora Científica Digital, p. 21-31, 2024.

RUSCHMANN, Doris. Turismo e planejamento sustentável: a proteção do meio ambiente. Papirus editora, 2016.

SILVA, Francimilo Gomes Santos da et al. A Educação Ambiental como instrumento de gestão turística sustentável na Praia da Pedra do Sal, Parnaíba (Piauí). Revista Brasileira de Gestão Ambiental e Sustentabilidade, v. 3, n. 5, p. 123-136, 2016.

SPAOLONSE, Eduardo; MARTINS, Suzana da Silva de Oliveira. Ecoturismo: uma ponte para o turismo sustentável. Revista Brasileira de Ecoturismo (RBEcotur), v. 9, n. 6, 2016.


1Mestre em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos, Universidade Federal de Roraima, pedrofanna@gmail.com
2Mestre em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental, Universidade do Estado da Bahia, marcelino.araujo@adm.educacao.pe.gov.br
3Doutoranda em Ciências Jurídicas, Universidade do Vale do Itajaí, annakneves@yahoo.com.br
4Doutorando em Agroecologia e Desenvolvimento Territorial, Instituto Federal do Piauí, marcio.harrison@gmail.com
5Mestrando em Sustentabilidade Socioeconômica Ambiental, Universidade Federal de Ouro Preto, gabrielmsleite8@gmail.com
6Mestranda em Ciências Jurídicas e Ética Cristão, Ivy Enber Christian University, pedagogafabilima@gmail.com
7Mestranda em Ciências da Educação, Ivy Enber Christian University, mestranda.subr@gmail.com
8Mestrando em Agricultura e Ambiente, Universidade Federal de Alagoas, jose.willian@professor.educ.al.gov.br
9Mestranda em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos, Universidade Federal de Roraima, sarinhah_yasmin@hotmail.com
10Mestranda em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos, Universidade Federal de Roraima, eng.andressakellen@gmail.com
11Especialista em Gestão Pública, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, joseuilsondasilva115@gmail.com
12Especialista em Educação Profissional e Tecnológica, Universidade Católica de Brasília, huarlisondesouza@gmail.com
13Especialista em Gestão de Cooperativa de Crédito, Centro de Ensino São Lucas, mairamust1104@gmail.com
14Especialista em Gestão de Cooperativa de Crédito, Centro de Ensino São Lucas, marcospaulomust@gmail.com
15Graduanda em Zootecnia, Instituto Federal do Sul de Minas Gerais, fabianamsfortes@gmail.com