REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102502072139
Fábio Wanderley de Freitas[1]
RESUMO
A educação digital tem se consolidado como uma ferramenta essencial para a preparação de candidatos a concursos públicos, especialmente em um cenário marcado pela pandemia de COVID-19. A integração de tecnologias como videoaulas e ferramentas de Inteligência Artificial tem proporcionado flexibilidade, acessibilidade e personalização no aprendizado, democratizando o acesso à educação de qualidade. Este artigo analisa a evolução da educação digital, destacando o impacto das videoaulas e das IAs, além de comparar essas modalidades ao ensino presencial. A interação humana, aliada ao avanço tecnológico, revela-se indispensável para uma experiência educacional completa, promovendo um ensino mais inclusivo e eficaz. Conclui-se que a sinergia entre métodos tradicionais e digitais é fundamental para moldar o futuro da educação.
Palavras-chave: Educação digital. Inteligência Artificial. Videoaulas. Ensino híbrido. Tecnologia educacional. Democratização do ensino.
ABSTRACT
Digital education has established itself as an essential tool for preparing candidates for public competitions, especially in a scenario marked by the COVID-19 pandemic. The integration of technologies such as video classes and Artificial Intelligence tools has provided flexibility, accessibility and personalization in learning, democratizing access to quality education. This article analyzes the evolution of digital education, highlighting the impact of video classes and AIs, in addition to comparing these modalities to faceto-face teaching. Human interaction, combined with technological advancement, proves to be indispensable for a complete educational experience, promoting more inclusive and effective teaching. It is concluded that the synergy between traditional and digital methods is fundamental to shaping the future of education.
Keywords: Digital education. Artificial Intelligence. Video lessons. Hybrid learning. Educational technology. Democratization of education.
1 INTRODUÇÃO
A pandemia de COVID-19, declarada em março de 2020, provocou uma crise sem precedentes no setor educacional brasileiro. Para conter a disseminação do vírus, escolas e instituições de ensino em todo o país suspenderam as atividades presenciais, afetando milhões de estudantes. De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), 82,6% das escolas de educação básica adotaram atividades presenciais e/ou híbridas em algum momento de 2021, enquanto 17,4% permaneceram exclusivamente no ensino remoto durante todo o ano letivo (gov.br).
A transição abrupta para o ensino remoto expôs desafios significativos. Muitas instituições não estavam preparadas para atender à demanda crescente por plataformas on-line, e a falta de infraestrutura adequada tornou-se evidente. Uma pesquisa realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) revelou que 86% das escolas enfrentaram dificuldades no ensino remoto devido à falta de computadores, celulares e acesso à internet nas residências dos alunos (g1.globo.com). Além disso, quase 40% dos estudantes de escolas públicas não possuíam computador ou tablet em casa, o que dificultou ainda mais o processo de aprendizagem (g1.globo.com).
Paralelamente, o serviço público não podia ser interrompido durante a pandemia; pelo contrário, a crise sanitária evidenciou a necessidade de ampliar e fortalecer o setor público para enfrentar os desafios impostos pela COVID-19 (municipais.org.br). Diversos concursos públicos foram abertos nesse período para suprir a demanda por profissionais capacitados. Por exemplo, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) e a Defensoria Pública do Distrito Federal (DPDF) publicaram editais em meio à pandemia (direcaoconcursos.com.br). Candidatos que antes dependiam de cursos presenciais tiveram que adaptar suas rotinas de estudo ao ambiente virtual, muitas vezes enfrentando desafios relacionados à infraestrutura tecnológica e acesso à internet.
O perfil dos concurseiros no Brasil é diversificado. De acordo com o Censo dos Concursos Públicos 2024, realizado pelo Qconcursos, 50,9% dos candidatos são mulheres e 48,9% homens, com uma pequena parcela (0,2%) identificando-se como não-binário. A faixa etária predominante está entre 25 e 39 anos, representando 54% dos entrevistados. Além disso, a maioria dos candidatos possui nível superior, refletindo a busca por estabilidade e melhores oportunidades no serviço público.
Este artigo busca explorar como a pandemia acelerou a adoção da educação digital na preparação para concursos públicos no Brasil, analisando os benefícios e desafios dessa transição. Serão discutidas as estratégias adotadas pelas instituições de ensino para superar as barreiras impostas pela crise sanitária, bem como as lições aprendidas que podem moldar o futuro da educação no país.
2 EDUCAÇÃO DIGITAL E SUA RELEVÂNCIA PARA CONCURSOS PÚBLICOS
2.1. O pioneirismo do LFG e a evolução dos cursos preparatórios on-line
O saudoso LFG, fundado por Luiz Flávio Gomes, é amplamente reconhecido como um dos primeiros cursos on-line do Brasil e um marco na história da educação digital. Criado em meados dos anos 2000, o LFG revolucionou o ensino ao introduzir aulas telepresenciais e ao vivo, transmitidas para todo o país por meio de redes de transmissão via satélite e, posteriormente, pela internet. Esse modelo inovador permitiu que candidatos de regiões afastadas, antes limitados pela falta de acesso a cursos presenciais de qualidade, pudessem estudar com professores renomados sem precisar sair de suas cidades. O LFG não apenas ampliou o alcance da preparação para concursos públicos e exames como o da OAB, mas também estabeleceu um padrão de qualidade e eficiência no ensino on-line, que seria seguido por outras plataformas nos anos seguintes.
Entre essas plataformas, destaca-se o CERS (Complexo de Ensino Renato Saraiva), fundado pelo Professor Renato Saraiva, que aprimorou o modelo criado pelo LFG ao incorporar maior interatividade e conteúdos atualizados. O CERS tornou-se referência na preparação para concursos jurídicos e outras áreas, consolidando-se como uma das maiores plataformas do país.
O Estratégia Concursos, fundado em 2011, também trouxe inovações ao oferecer materiais em PDF e videoaulas altamente focados, além de planos de estudo personalizados, o que rapidamente o tornou uma das plataformas mais buscadas por concurseiros.
Outro destaque é o Gran Cursos On-line, que combina videoaulas e conteúdos digitais com uma interface intuitiva e mentorias personalizadas, atraindo milhares de candidatos em busca de estabilidade no serviço público.
Já o AlfaCon, que se destacou pela preparação para carreiras policiais, chegou a ser um dos maiores do Brasil. No entanto, sua trajetória foi marcada por polêmicas envolvendo seu fundador, Evandro Guedes, que prejudicaram a imagem da instituição, culminando em seu declínio.
Além desses, o FOCUS Concursos, sediado em Cascavel, Paraná, e outras plataformas regionais, têm contribuído para democratizar o acesso ao ensino de qualidade, permitindo que candidatos de diferentes regiões se preparem para concursos públicos com eficiência e flexibilidade.
2.1.2 O avanço da internet e a popularização das aulas ao vivo
O avanço da internet, especialmente com o surgimento da banda larga e das conexões de fibra ótica, desempenhou um papel crucial na transformação do ensino digital. Nos primeiros anos, a educação on-line era baseada principalmente em materiais gravados, como videoaulas e apostilas digitais. Com o aumento da velocidade de conexão e a popularização das plataformas de streaming, tornou-se possível realizar transmissões ao vivo de alta qualidade, conectando professores e alunos em tempo real.
As aulas ao vivo trouxeram uma nova dinâmica para o ensino on-line, permitindo interações diretas, como perguntas e respostas em tempo real, e criando um ambiente mais participativo e engajado. Essa possibilidade reduziu a distância entre alunos e professores, aproximando o ensino digital da experiência tradicional de sala de aula, mas com a vantagem da flexibilidade de localização.
A popularização de plataformas como Google Meet, Zoom, YouTube Live e Microsoft Teams possibilitou que professores e instituições transmitissem aulas para grandes públicos, criando um ambiente interativo e acessível. Essas ferramentas não apenas facilitaram o ensino remoto, mas também impulsionaram o crescimento de comunidades de aprendizado, onde alunos podiam compartilhar dúvidas, participar de discussões e colaborar em atividades.
2.2 Plataformas de transmissão ao vivo: características e impacto
2.2.1 Google Meet
O Google Meet é uma plataforma de videoconferência amplamente utilizada no ensino remoto. Reconhecido por sua simplicidade e integração com outros serviços do Google, como Google Classroom, a ferramenta permite aulas em grupo, compartilhamento de tela e gravações, tornando-se ideal para professores que precisam de uma solução prática e acessível.
2.2.2 Zoom
O Zoom destaca-se por sua capacidade de atender grandes audiências e pela qualidade de suas transmissões. A plataforma oferece recursos avançados, como salas de trabalho em grupo (breakout rooms), enquetes ao vivo e ferramentas de interação, que enriquecem a experiência educacional.
2.2.3 YouTube Live
O YouTube Live transformou-se em uma das principais ferramentas para transmissões educacionais. A possibilidade de atingir públicos ilimitados e de salvar as aulas para acesso posterior faz da plataforma uma escolha popular entre professores e instituições.
2.2.4 Microsoft Teams
O Microsoft Teams integra funcionalidades de videoconferência, compartilhamento de documentos e organização de tarefas, sendo amplamente adotado por instituições de ensino superior e escolas. Sua versatilidade permite um ambiente de aprendizagem colaborativo e eficiente.
Essas plataformas representam a base tecnológica que sustentou a transição para o ensino remoto, mostrando-se indispensáveis no cenário educacional contemporâneo.
3 INTELIGÊNCIAS ARTIFICIAIS COMO FERRAMENTA DE ESTUDOS
3.1 O papel das IAs na Educação
As IAs têm desempenhado um papel transformador na educação, oferecendo soluções inovadoras para personalizar o aprendizado, automatizar tarefas repetitivas e fornecer feedback instantâneo aos estudantes. Ferramentas baseadas em IA podem identificar pontos fracos no conhecimento do aluno, sugerir materiais de estudo e até criar planos de estudo personalizados, ajustando-se às necessidades individuais de cada usuário.
3.2 Exemplos práticos de IAs no ensino
- ChatGPT: Uma ferramenta poderosa para resolver dúvidas, criar simulados e apoiar o planejamento de estudos.
- Khanmigo (Khan Academy): Um tutor virtual que auxilia na explicação de conceitos complexos e acompanha o progresso do aluno.
- Grammarly: Amplamente utilizado para correção de textos e sugestões de escrita, ajudando estudantes a aprimorar suas habilidades de redação.
- Duolingo: Plataforma de aprendizado de idiomas que utiliza IA para personalizar exercícios e reforçar conteúdos com base no desempenho do usuário.
3.3 Vantagens do uso de IAs no preparo para concursos As principais vantagens do uso de IAs incluem:
- Personalização: Adaptação do conteúdo ao ritmo e estilo de aprendizado do aluno.
- Feedback em tempo real: Correção instantânea de exercícios e redações.
- Eficiência: Economia de tempo com materiais otimizados para áreas específicas de melhoria.
- Acessibilidade: Disponibilidade de recursos avançados para estudantes de diferentes regiões.
3.4 Desafios e limitações do uso de IAs
Apesar das vantagens, o uso de IAs enfrenta desafios como:
- Acessibilidade limitada: Nem todos os estudantes têm acesso a dispositivos ou internet de qualidade.
- Riscos de dependência: Uso excessivo pode limitar a capacidade de aprendizado independente.
- Preocupações éticas: Questões relacionadas à privacidade de dados e uso responsável das informações dos usuários.
3.5 O futuro das IAs na educação
O futuro da inteligência artificial (IA) na educação é marcado por uma integração cada vez mais profunda e estratégica, prometendo transformar a maneira como os alunos aprendem, os professores ensinam e as instituições gerenciam processos educacionais. Combinando tecnologias emergentes como realidade virtual (RV), realidade aumentada (RA) e big data, as IAs têm o potencial de revolucionar o ensino em várias frentes, tornando-o mais imersivo, acessível e eficiente.
Uma das grandes promessas das IAs no futuro é o uso de realidade virtual e aumentada para criar experiências de aprendizado imersivas. Essas tecnologias permitirão que os alunos vivenciem simulações realistas, como explorar ambientes históricos em aulas de história, realizar experimentos laboratoriais em biologia ou até mesmo treinar para provas e exames em cenários virtuais que reproduzem as condições reais de uma avaliação. Essa abordagem não apenas facilita a compreensão de conceitos complexos, mas também aumenta o engajamento dos estudantes ao combinar interatividade com tecnologia.
Outro avanço significativo é a personalização do aprendizado. As IAs continuarão a evoluir no desenvolvimento de sistemas capazes de analisar o desempenho individual de cada aluno, identificando suas necessidades, dificuldades e estilos de aprendizado. Plataformas educacionais poderão recomendar conteúdos específicos, criar cronogramas personalizados e até mesmo adaptar a abordagem pedagógica para atender às particularidades de cada estudante. Essa personalização será especialmente útil na preparação para concursos públicos, em que os alunos precisam de estratégias direcionadas para maximizar o desempenho em curto prazo.
Além disso, o uso de chatbots e assistentes virtuais educacionais será cada vez mais comum. Esses agentes de IA poderão tirar dúvidas em tempo real, corrigir exercícios, sugerir revisões baseadas em erros frequentes e até mesmo simular entrevistas ou discursivas, oferecendo feedback detalhado. Esse tipo de ferramenta permitirá um acompanhamento mais próximo do aluno, mesmo sem a presença constante de um professor.
Outro ponto relevante para o futuro das IAs na educação é o uso de análise preditiva para monitorar o progresso dos alunos. As IAs poderão prever, com base nos dados de desempenho, quais estudantes estão em risco de reprovação ou precisam de intervenção imediata. Isso permitirá que as instituições de ensino tomem decisões rápidas e eficazes para melhorar o suporte ao aprendizado.
Por fim, a inclusão educacional será um marco importante no avanço da IA. Tecnologias desenvolvidas para atender a necessidades especiais, como ferramentas de tradução automática em tempo real, softwares de reconhecimento de fala e dispositivos táteis, possibilitarão que pessoas com deficiências físicas, visuais ou auditivas tenham acesso igualitário à educação. Assim, a IA terá um papel fundamental na promoção de uma educação mais justa e inclusiva.
Embora as IAs tragam grandes promessas, também é necessário enfrentar os desafios éticos e sociais que surgem com sua implementação. Questões como privacidade de dados, dependência tecnológica e desigualdade no acesso à tecnologia precisam ser discutidas para garantir que o futuro da IA na educação seja benéfico e acessível para todos.
Com o avanço contínuo dessas tecnologias, o papel da IA na educação será expandido para além do suporte ao aprendizado. A IA estará presente na gestão administrativa das escolas, na criação de conteúdos didáticos inovadores e na formação de professores, transformando a educação em um processo dinâmico, inclusivo, personalizado e alinhado às demandas do século XXI.
4 PROFESSOR EM SALA DE AULA PRESENCIAL VS. VIDEOAULAS E INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
4.1 Ensino Presencial: A Importância da Interação Humana
O ensino presencial é uma modalidade que valoriza a interação humana direta entre professores e alunos, algo que vai além da simples transmissão de conhecimento. Essa dinâmica única proporciona um espaço onde a comunicação interpessoal, a troca de ideias e a construção de relações significativas têm papel central no processo de aprendizado. A interação presencial permite o feedback imediato, fundamental para ajustar abordagens pedagógicas, esclarecer dúvidas em tempo real e atender às necessidades individuais dos estudantes.
Um dos maiores benefícios do ensino presencial é o desenvolvimento das habilidades socioemocionais, como empatia, trabalho em equipe e resolução de conflitos. Em sala de aula, os alunos aprendem a interagir com colegas de diferentes origens e opiniões, desenvolvendo competências que são essenciais não apenas no ambiente educacional, mas também em suas vidas pessoais e profissionais. Além disso, a presença física do professor como mediador cria um ambiente de acolhimento, motivação e suporte, especialmente para estudantes que enfrentam dificuldades de aprendizado ou problemas emocionais.
Outro aspecto importante é a adaptação às necessidades individuais dos estudantes. No ensino presencial, os professores têm a oportunidade de observar diretamente o comportamento e as reações dos alunos, identificando desafios específicos e ajustando as metodologias de ensino de forma imediata. Essa proximidade possibilita uma relação de confiança e favorece o aprendizado personalizado, algo que, embora possível em formatos digitais, é mais espontâneo e natural no contexto presencial.
O ambiente colaborativo da sala de aula também desempenha um papel crucial. A interação entre os estudantes em atividades em grupo, debates e projetos colaborativos promove o compartilhamento de conhecimentos e experiências, enriquecendo o aprendizado de todos. Essa troca constante de ideias contribui para a construção de um senso de comunidade e fortalece habilidades interpessoais, que são cada vez mais valorizadas no mercado de trabalho.
Além disso, o ensino presencial permite uma experiência sensorial e prática mais completa, essencial para áreas que dependem de atividades laboratoriais, artísticas ou técnicas. Por exemplo, em cursos de ciências biológicas ou exatas, a manipulação de equipamentos em laboratórios é uma parte fundamental do aprendizado, algo que dificilmente pode ser plenamente replicado no ambiente virtual. Da mesma forma, em disciplinas como teatro, música ou esportes, a presença física é indispensável para o desenvolvimento das habilidades práticas.
Outro ponto que reforça a importância do ensino presencial é a redução das distrações tecnológicas. Em um ambiente de sala de aula tradicional, os alunos estão menos propensos a se distrair com redes sociais ou outras distrações digitais, o que favorece a concentração e o foco. Além disso, a presença de colegas e professores estabelece uma rotina de aprendizado mais disciplinada e estruturada, contribuindo para um maior engajamento com o conteúdo.
Por fim, o ensino presencial desempenha um papel importante na formação de vínculos emocionais e sociais. A convivência diária em um ambiente educacional físico permite o desenvolvimento de amizades e a construção de redes de apoio que podem durar por toda a vida. Esses vínculos ajudam a criar uma sensação de pertencimento, essencial para o bem-estar emocional e para a motivação dos alunos.
Apesar do avanço das tecnologias educacionais e do crescimento da educação a distância, o ensino presencial continua a ser insubstituível em muitos aspectos. A interação humana, o desenvolvimento socioemocional e a riqueza das experiências colaborativas são pilares que tornam essa modalidade essencial para uma formação integral, que vai além do domínio de conteúdos acadêmicos. O futuro da educação, portanto, deve buscar integrar as vantagens das tecnologias digitais ao ensino presencial, criando um modelo híbrido que combine o melhor dos dois mundos.
4.2 Videoaulas: Flexibilidade e Acessibilidade
As videoaulas oferecem flexibilidade temporal e geográfica, permitindo que os estudantes adaptem seus horários de estudo à sua rotina. Além disso, elas possibilitam revisões ilimitadas, já que o conteúdo pode ser acessado várias vezes. Isso é particularmente útil para candidatos a concursos, que precisam reforçar tópicos específicos.
Por outro lado, a falta de interação em tempo real pode levar a uma experiência menos engajante, especialmente para alunos que têm dificuldade em manter a concentração sem supervisão direta. Pesquisas sugerem que, para maximizar os benefícios das videoaulas, é essencial combinar essa metodologia com fóruns de discussão, quizzes e interações mediadas por tecnologias.
4.3 Inteligência Artificial: Um Aliado no Ensino
A inteligência artificial tem se consolidado como uma aliada poderosa no campo educacional, complementando os métodos tradicionais e oferecendo novas ferramentas capazes de otimizar o aprendizado e personalizar os estudos. Por meio de algoritmos avançados, as IAs analisam dados de desempenho, comportamento e preferências de aprendizado dos alunos, permitindo a identificação de lacunas no conhecimento de forma mais rápida e precisa. Esse diagnóstico automatizado possibilita que os conteúdos sejam ajustados de maneira personalizada, promovendo um ensino mais eficaz e adaptado às necessidades individuais de cada estudante.
Além disso, a inteligência artificial permite a criação de simulados direcionados, que avaliam não apenas o conhecimento acumulado, mas também as áreas que precisam ser reforçadas. Essas ferramentas podem priorizar questões relacionadas às dificuldades do aluno, auxiliando no fortalecimento de competências específicas. Em plataformas educacionais, os sistemas de IA são capazes de monitorar o progresso em tempo real, sugerindo atividades e materiais complementares com base no desempenho registrado. Isso não apenas otimiza o tempo de estudo, mas também torna o aprendizado mais dinâmico e interativo.
As soluções baseadas em inteligência artificial também vêm para agregar ao papel dos professores, oferecendo suporte no planejamento e execução das aulas. As IAs conseguem fornecer dados detalhados sobre o desempenho de uma turma ou de um indivíduo, permitindo que os educadores ajustem suas estratégias pedagógicas para atender às particularidades de cada grupo. Por exemplo, os professores podem identificar quais tópicos demandam mais atenção, quais alunos apresentam maior dificuldade ou quais estão mais avançados, criando um ambiente de aprendizado mais inclusivo e eficiente.
Outra aplicação promissora da inteligência artificial é o uso de assistentes virtuais e chatbots educacionais. Essas ferramentas permitem que os alunos tirem dúvidas de forma instantânea, revisem conceitos e pratiquem exercícios a qualquer momento, mesmo fora do horário das aulas. Isso amplia o acesso à educação e reduz a dependência exclusiva da interação presencial com os professores, especialmente em contextos onde o suporte contínuo nem sempre é viável. Além disso, esses assistentes podem se adaptar ao ritmo do aluno, oferecendo explicações mais simples ou mais avançadas, conforme necessário.
A inteligência artificial também desempenha um papel significativo na inclusão educacional. Tecnologias como reconhecimento de fala, tradução automática e softwares adaptados para alunos com deficiências tornam o aprendizado mais acessível para todos. Por exemplo, alunos com deficiência visual podem usar leitores de tela inteligentes para acessar conteúdos, enquanto alunos com dificuldades auditivas podem contar com legendas automáticas geradas por IA. Esse avanço democratiza o acesso à educação, garantindo que mais pessoas possam usufruir de um aprendizado de qualidade.
Apesar das vantagens evidentes, é importante ressaltar que a inteligência artificial não substitui o papel humano no ensino, mas o complementa. A presença de um professor é fundamental para o desenvolvimento das habilidades socioemocionais dos alunos, para a mediação de conflitos e para o incentivo à criatividade e ao pensamento crítico. As IAs, portanto, devem ser vistas como ferramentas que auxiliam na potencialização do ensino, ampliando as possibilidades de aprendizado e oferecendo dados valiosos para que os educadores desempenhem suas funções com mais eficácia.
O futuro da educação, com a integração da inteligência artificial, aponta para um modelo híbrido, onde a tecnologia e a interação humana caminham lado a lado. Essa parceria permite não apenas a personalização do ensino em larga escala, mas também a formação de alunos mais preparados para os desafios do mundo moderno. Ao aproveitar o potencial da inteligência artificial de maneira ética e inclusiva, é possível transformar o processo educacional, promovendo uma aprendizagem mais acessível, eficiente e conectada às demandas contemporâneas.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A evolução da educação digital, impulsionada por videoaulas e ferramentas de inteligência artificial, tem demonstrado seu enorme potencial para transformar o aprendizado, tornando-o mais acessível, personalizado e eficiente. No entanto, a interação humana proporcionada pelo ensino presencial continua sendo um elemento insubstituível, especialmente para o desenvolvimento de habilidades interpessoais, socioemocionais e criativas. A complementaridade entre as modalidades digitais e tradicionais oferece uma oportunidade única de democratizar o acesso à educação de qualidade, atendendo a diferentes perfis de alunos e suas necessidades específicas.
Esse cenário projeta um futuro onde a tecnologia e os professores atuem de forma integrada e harmoniosa, combinando a eficiência das soluções digitais com a riqueza das interações humanas. Essa sinergia possibilita a criação de experiências de aprendizado mais completas, inclusivas e adaptadas aos desafios do mundo contemporâneo. Além de contribuir significativamente para a preparação em concursos públicos, a integração entre tecnologia e ensino presencial promove o desenvolvimento de competências que vão além das salas de aula, formando cidadãos mais preparados para enfrentar as complexidades de uma sociedade em constante transformação.
A educação digital, assim, reafirma-se como uma aliada essencial no processo educativo, potencializando o trabalho dos professores e ampliando as oportunidades de aprendizado. Quando utilizada de maneira ética e consciente, a tecnologia não apenas complementa, mas enriquece a jornada educacional, tornando o ensino mais democrático, eficiente e impactante para alunos de todos os contextos.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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[1] Formado pela Faculdade de Direito pela Universidade do Estado do Rio Grande Norte-UERN. Especialista em Direitos Humanos pela UERN. Email: professorfhabyohunter@gmail.com. Insta: @prof.fhabyohunter. Professor de cursos preparatório para concursos e servidor público.