The botany teaching in villages of rural area of the Pará state: Theoretical-Practice classes in Vila Jacamim (Capitão Poço / PA) and Vila Boa Vista (Aurora do Para / PA)
Docencia botánica en pueblos en el área rural del estado de Pará: Clases teórico-prácticas en Vila Jacamim (Capitão Poço / PA) y Vila Boa Vista (Aurora do Pará / PA)
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102502071346
Fabio Peixoto Duarte1
Resumo
A biologia de modo geral é uma grande área do conhecimento representada por diversos temas, entre eles à botânica. As aulas Teórico-Práticas neste tema sempre proporcionam uma forma de aprendizado mais intuitivo. Sendo assim, o que torna o conteúdo “fácil” ou “difícil” para os discentes não limita apenas ao currículo acadêmico do professor e, sim da sua competência/habilidade de intermediar o processo de ensino-aprendizagem com metodologias ativas. Fazer o aluno do ensino médio, especialmente da zona rural compreender a anatomia vegetal como parte de seu cotidiano se torna um desafio árduo, pois a insegurança dos alunos em muitos casos decorre da falta de desenvoltura que certos docentes possuem ao ministrar aulas de botânica. Desse modo, este trabalho procurou demonstrar a viabilidade de aplicar aulas teórico-práticas com turmas do segundo e terceiro ano do ensino médio em escolas situadas nas agrovilas Jacamim e Boa Vista pertencentes aos municípios de Capitão Poço e Aurora do Pará, respectivamente. Além de fazer com que o aluno compreenda os aspectos das estruturas vegetais presentes no ambiente que estão inseridos, sejam elementos fundamentais para se construir um aprendizado nos temas de botânica mais significativos e condizentes com a realidade sociocultural das comunidades da zona rural.
Palavras-chave | Teórico-Prática. Botânica. Anatomia Vegetal. Ensino Médio. Zona Rural.
Abstract: Biology in general is a large area of knowledge, represented by several themes, including botany. Theoretical-Practical classes on this theme always provide a more intuitive way of learning. Therefore, what makes the content “easy” or “difficult” for students is not limited only to the teacher’s academic curriculum, but to their competence / ability to mediate the teaching-learning processes with active methodologies. Getting high school students, especially from countryside to understand plant anatomy as part of their daily lives, becomes an arduous challenge, as student’s insecurity in many cases stems from the lack of resourcefulness that certain teachers have when teaching botany classes. Thus, this work sought to demonstrate the feasibility of applying theoretical-practical classes with classes of the second and third year of high school in schools located in the Jacamim and Boa Vista countryside belonging to the municipalities of Capitão Poço and Aurora do Pará, respectively. In addition to making the student understand the aspects of plant structures present in the environment that are inserted, they are fundamental elements to build learning in the most significant botanical themes and consistent with the sociocultural reality of rural communities.
Keywords | Theoretical-Practical. Botany. Plant Anatomy. High school. Countryside.
Resumen: La biología en general es una gran área de conocimiento, representada por varios temas, incluida la botánica. Las clases teórico-praticas sobre este tema siempre proporcionan una forma más intuitiva de aprendizaje. Por lo tanto, lo que hace que el contenido sea “fácil” o “dificil” para los astudiantes no se limita solo al plan de estúdios académico del maestro, sino a su competencia / capacidad para mediar el procesode enseñanza-aprendizaje com metodologías activas. Hacer que los estudiantes de secundaria, especialmente de las zonas rurales,comprendan la anatomía de las plantas como parte de su vida cotidiana, se convierte en un arduo desafío, ya que la inseguridad de los estudianties en muchos casos se debe a la falta de recursos que ciertos maestros tienen cuando imparten clases de botánica. Por lo tanto, este trabajo buscó demonstrar la viabilidad de aplicar clases teóricas y prácticas con clases de segundo y tercer año de secundaria em escuelas ubicadas em las agroaldeas Jacamim y Boa Vista pertenecientes a los municípios del Capitão Poço y Aurora do Pará, respectivamente. Además de hacer que el alumno compreenda los aspectos de las estructuras de las plantas em el entorno que se insertan, son elementos fundamentales para construir el aprendizaje em los temas botânicos más importantes y consistentes com la realidad sociocultural de las comunidades rurales.
Palabras-clave | Teórico-práctico. Botánica Anatomía Vegetal. Escuela secundaria. Zona rural.
INTRODUÇÃO
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), é objeto de estudo da Biologia o fenômeno vida em toda sua diversidade de manifestações. Esse fenômeno se caracteriza por um conjunto de processos organizados e integrados, no nível de uma célula, de um indivíduo, ou ainda de organismos no seu meio. Os PCNs também ressaltam que um sistema vivo é sempre fruto das interações entre seus elementos constituintes e dos demais componentes de seu meio. Além disso, as diferentes formas de vida estão sujeitas a transformações que ocorrem no tempo e espaço de modo que propiciam mudanças no ambiente (BRASIL, 2006).
Neste contexto, o ensino de botânica deve ser compreendido no seu papel mediador entre os educandos e seus conhecimentos prévios, associados às práticas que valorizem os saberes locais estimulando a participação de todos na conservação da biodiversidade amazônica (BONFIM et al., 2017). O ensino de botânica é, em geral, tradicional e centralizado em conteúdos extensos e complexos, onde há a necessidade expressiva da memorização de conceitos e nomes. E segundo Neta et al., 2010, essa situação torna o conteúdo maçante, monótono e desmotivam os alunos a compreender o assunto. Portanto, é importante que os professores busquem alternativas que tornem as aulas mais instigantes e interessantes.
Se tratando de botânica (estudo da fisiologia e morfologia das plantas), educação ambiental (busca através do ensino a conscientização do indivíduo) e meio ambiente (conjunto de unidades ecológicas no meio natural), os conteúdos explorados desde o ensino fundamental ao médio apresentam diversos problemas e tem sido objeto de estudo de vários pesquisadores. Conforme Neta et al., 2010, visando melhorar esta questão, os professores de Ciências buscam novas metodologias que tornem as aulas mais atraentes para os alunos, isto porque, geralmente o professor não consegue atingir os objetivos do ensino, enquanto os alunos não conseguem aprender o que é ensinado.
Bonfim et al., 2017, ressalta que as formas tradicionais de ensinar e aprender apresentam-se como obsoletas, já que tanto os métodos educacionais quanto o comportamento estudantil mudaram. Multiplicaram-se os locais de aprendizagem, os sistemas para acessar as informações, as possibilidades de intercâmbio e a quantidade de pessoas escolarizadas. Por conseguinte, Neta et al., 2010, reforça que esta compreensão é válida quando refletimos sobre os processos de ensino e aprendizagem de botânica especialmente no ensino médio, colocando em prática conceitos, procedimentos e atitudes desenvolvidas na escola aceitando os conhecimentos prévios do aluno sobre determinados conceitos adquiridos com suas experiências cotidianas. Nesse sentido, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) explicita no Art. 35 que o Ensino Médio é a “etapa final da educação básica”, com os seguintes desígnios:
O ensino médio, etapa final da educação básica, com duração mínima de três anos, terá como finalidades: I – a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos; II – a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores; III – o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico; IV – a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina (BRASIL, 1996).
Partindo dessas premissas, os educadores em suas práticas pedagógicas devem valorizar além do conhecimento científico os saberes que os educandos já possuem, especificamente sobre as plantas, pois o uso destas faz parte do dia a dia das comunidades em que estão inseridos, geralmente há várias gerações (BONFIM et al., 2017). Se entendermos que o processo educacional deve ocorrer no local em que as pessoas residem devemos falar de uma educação no campo, deste modo não haveria a necessidade de se pensar em uma educação específica para o campo, dado que os conhecimentos produzidos pela humanidade devem ser disponibilizados para toda a sociedade (BEZERRA, 2010). No sentido de reverter esse quadro de desigualdade social, principalmente no que diz respeito ao fator educacional e para satisfazer as reivindicações dos movimentos sociais do campo, governantes vêm ampliando políticas de inclusão social, em particular na área da educação das populações do campo as quais visam oportunizar que os jovens e adultos do campo tenham acesso à escolarização básica e obrigatória (PEREIRA, 2017).
A educação do campo, tratada como educação rural na legislação brasileira, tem um significado que incorpora os espaços da floresta, da pecuária, das minas e da agricultura, mas os ultrapassa ao acolher em si os espaços pesqueiros, caiçaras, ribeirinhos e extrativistas. O campo, nesse sentido, mais do que um perímetro não urbano, é um campo de possibilidades que dinamizam a ligação dos seres humanos com a própria produção das condições da existência social e com as realizações da sociedade humana (BRASIL, 2011).
Com isso Pereira, 2017, ressalta que em 1980 no Estado do Pará foi criado o Sistema de Organização Modular de Ensino (SOME), com o intuito de levar a educação básica às comunidades rurais ribeirinhas que se encontram mais distantes dos centros urbanos. De acordo com a Secretaria Executiva de Educação (SEDUC), o Sistema de Ensino Modular “configura-se com uma estratégia para levar o ensino médio para as localidades de acesso difícil ou com dificuldades estruturais por conta da localização, mas só passou a fazer parte da SEDUC em 1982”. Os objetivos do ensino médio em cada área do conhecimento devem envolver, de forma combinada, o desenvolvimento de conhecimentos práticos, contextualizados, que respondam às necessidades da vida contemporânea, e o desenvolvimento de conhecimentos mais amplos e abstratos, que correspondam a uma cultura geral e a uma visão de mundo (BRASIL, 2006)
PERFIL SOCIOCULTURAL DA COMUNIDADE E O ENSINO MODULAR NA ZONA RURAL
O professor em seus inúmeros desafios deve lidar com alunos de variados comportamentos: desinteressados, desmotivados, despreocupados, impacientes entre outros. O bom profissional sempre saberá instigar a curiosidade de cada um ao longo de toda sua trajetória escolar. Cada aluno é único e apresentam competências e dificuldades específicas que devem ser observadas pelo educador, em especial os alunos da zona rural, no qual as dificuldades são multiplicadas pela distância dos centros urbanos. A biologia de modo geral é uma grande área do conhecimento, representada por diversos temas, entre eles à botânica. Fazer com que o aluno do ensino médio em especifico da zona rural, compreenda a anatomia vegetal como parte de seu cotidiano se torna um desafio árduo, pois o mesmo deve compreender os aspectos das estruturas vegetais que estão presentes à sua volta e que sua vida e das plantas estão em uma perfeita harmonia.
Deste modo, o presente trabalho foi aplicado em duas escolas da zona rural no ano de 2019, sendo a Escola Municipal de Ensino Fundamental Nossa Senhora da Conceição (Abril de 2019), pertencente a Vila Jacamim localizada na zona rural a 98 km da sede do município de Capitão Poço nordeste do estado do Pará, estando a 216 km da capital Belém e a Escola Municipal de Ensino Infantil e Fundamental Mario Crescêncio Furtado (Setembro de 2019), pertencente a Vila Boa Vista localizada na zona rural a 18 km da sede do município de Aurora do Pará, estando a 205 km da capital Belém. Ambas as escolas municipais funcionam nos turnos manhã e tarde com alunos matriculados pelo município e no turno da noite a escola é cedida em comum acordo (estado/município) para os alunos matriculados pelo estado no SOME. Neste sistema de ensino, o professor trabalha 50 dias letivos em cada vila com blocos divididos geralmente em 3 disciplinas afim (Biologia, Química e Física), sendo um total de 4 vilas durante o ano, perfazendo 200 dias letivos.
Os sujeitos desta pesquisa foram alunos pertencentes às turmas de 2 ª e 3ª série do ensino médio modular, tanto da Escola Municipal Senhora da Conceição (47 alunos), quanto na Escola Mario Crescêncio Furtado (37 alunos). A faixa etária dos discentes participantes deste trabalho compreendeu dos 16 (dezesseis) aos 20 (vinte) anos totalizando 84 alunos sob orientação do professor de Biologia. É importante ressaltar que este trabalho segue as metodologias ativas bem aceitas por diversos autores como Segura et al., 2015; Lima, 2016; Diesel et al., 2017, que trata de métodos no qual os processos interativos de conhecimento, análise, estudos, pesquisas e decisões individuais e coletivas, com a finalidade de encontrar a solução para um problema, um caso, ou construir e executar um projeto.
PROPOSTA DE ENSINO DA BOTÂNICA NAS COMUNIDADES DA ZONA RURAL
Primeiramente foi ministrado o conteúdo de botânica de forma teórica e posteriormente montada aulas teórico-prática abordando os quatro grandes grupos de plantas (figura 1): Briófitas, Pteridófitas, Gimnospermas e Angiospermas. Desses grupos apresentados destacou-se a fisiologia das Gimnosperma e Angiosperma (Raiz, Caule, Folha, Flor, Semente e Fruto). Após aulas teórico-prático, os alunos foram divididos em duplas ou trios e tiveram uma semana (7 dias) para montar suas apresentações escolhendo de forma livre um dos temas a seguir: Fisiologia e Morfologia da Flor; Fisiologia e Morfologia da Raiz; Fisiologia e Morfologia da Semente; Fisiologia e Morfologia do Fruto; Fisiologia e Morfologia do Caule e Fisiologia e Morfologia da Folha. Todas as apresentações foram abordadas de modo teórico-prático.
Figura 1 – Apresentação aula Teórico-Práticas em Botânica. A: aula ministrada sobre Botânica. B: Criação de relatórios sobre amostras vegetais. C: Aula sobre flores e suas divisões. D: Exposição sobre frutos.
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Fonte: o autor, 2019.
RESULTADOS E DISCUSSÃO.
Após uma semana (7 dias) das temáticas serem distribuídas entre os alunos, cada dupla ou trio fez sua referida apresentação para os membros da escola (Diretor, Professor, Alunos, etc.) e os demais membros da comunidade, assim perfazendo os caminhos da fisiologia e morfologia vegetal. Posteriormente a escolha dos temas propostos pelo professor, notaram-se algumas preferencias entre os alunos para realizar a apresentação de acordo com as propostas oferecidas pelo docente (tabela 1).
Tabela 1. Distribuição de alunos por temas de botânica. Escola Municipal de Ensino Fundamental Nossa Senhora da Conceição- Vila Jacamim (A) e Escola Municipal de Ensino Infantil e Fundamental Mario Crescêncio Furtado- Vila Boa Vista (B)
Temas | A | B |
Fisiologia e Morfologia da Raiz | 5 | 4 |
Fisiologia e Morfologia do Caule | 10 | 10 |
Fisiologia e Morfologia da Folha | 7 | 5 |
Fisiologia e Morfologia da Semente | 7 | 3 |
Fisiologia e Morfologia da Flor | 13 | 12 |
Fisiologia e Morfologia do Fruto | 5 | 3 |
Fonte: Autor, 2020.
Conforme observado na Tabela 1, dois temas tiveram certa preferência entre os estudantes tanto da Escola Nossa Senhora da Conceição quanto da Escola Mario Crescêncio Furtado, sendo os temas de “Fisiologia e Morfologia do Caule e da Flor” os mais trabalhados pelos discentes. Em contra posição, os temas “Fisiologia e Morfologia da Raiz e do Fruto” tiveram menor procura em ambas as escolas. Enquanto aos demais temas propostos tiveram no geral 11,9 à 14,3% de preferência dos discentes (tabela 2).
Tabela 2. Porcentagem geral (A e B) de distribuição dos temas de botânica.
Temas | % | |
Fisiologia e Morfologia da Raiz | 9 | 10,7% |
Fisiologia e Morfologia do Caule | 20 | 23,8% |
Fisiologia e Morfologia da Folha | 12 | 14,3% |
Fisiologia e Morfologia da Semente | 10 | 11,9% |
Fisiologia e Morfologia da Flor | 25 | 29,8% |
Fisiologia e Morfologia do Fruto | 8 | 9,5% |
Fonte: Autor, 2020
É importante observar que a baixa procura por alguns temas de botânica, dar-se pela insegurança que o aluno tem ao pensar que certos temas da disciplina possam ser considerados “difíceis” de se apresentar, e neste caso os alunos procuram por temas mais confortáveis a suas apresentações, isso justifica a baixa procura com os temas relacionados a raiz e fruto e a alta procura com os temas flor e caule. A insegurança do aluno em muitos casos decorre da falta de segurança que certos docentes possuem em ministrar aulas de botânica. Pois o que torna o conteúdo “fácil” ou “difícil” para os alunos não está relacionado ao currículo acadêmico do professor, e sim da sua competência/habilidade em ministrar a aula para a turma.
Apresentação de Fisiologia e Morfologia da Raiz.
Conforme observado na tabela 2, este tema obteve 10,7% dos alunos que realizaram apresentações sobre a raiz. Em termos de conteúdos expostos pelos discentes, descreveram que a raiz faz parte do eixo da planta sendo a base de suspenção do vegetal (figura 2). Além disso, demostraram em geral através de cartazes e de modo teórico-prático que a raiz é subterrânea, mas possuindo também tipos aquáticos e aéreos e exerce funções de absorção de água e sais minerais, enaltecendo que recebe o nome de seiva bruta. Realizaram a pesquisa e fizeram uma apresentação com a demonstração de alguns tipos de raízes.
Figura 2 – Apresentação aula Teórico-Práticas em Botânica. A: alunas realizando a pesquisa sobre raiz, na identificação de uma espécie de planta. B: Raiz jovem de Capim-mombaça (Megathyrsus maximus) que é um tipo de raiz Fasciculada. C: Raiz jovem de Abacateiro (Persea americana) que é um tipo de raiz Axial.
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Fonte: o autor, 2019
Os alunos da Escola Mario Crescêncio Furtado – Vila Boa Vista, realizaram apresentações sobre tipos de raízes presentes em igarapés (curso d’água tipicamente amazônico que desagua nos rios), fizeram a exposição das seguinte espécies típicas da região tais como o Açaizeiro (Euterpe oleracea), Aguapé (Eichhornia crassipes), Taioba (Xanthosoma sagittifolium), Alface d’água (Pistia Stratiotes) e o Buriti (Mauritia flexuosa). Demostrou-se no geral que as referidas plantas eram de raízes fasciculada (raízes com vários eixos onde não se apresenta um ramo principal) tantos as exclusivamente aquáticas (Aguapé e Alface d’água) quanto as de solo unido (Açaizeiro, Buriti e Taioba).
Os mesmos destacaram a importância de tais planas para a conservação dos igarapés e de suas nascentes. Explicaram que as raízes dessas espécies vegetais evitariam a erosão/assoreamento do rio, pois as raízes do açaizeiro, buriti e a taioba atuam mantendo o solo preso na margem. Os discentes continuaram a explicação com as espécies exclusivamente aquáticas como aguapé e o alface d’água relatando que atuam no processo de alimentação de alguns peixes, proteção de alguns alevinos e oxigenação da água.
Os alunos da Escola Nossa Senhora da Conceição – Vila Jacamim, fizeram apresentações sobre raízes fasciculadas de solo úmido como o Açaizeiro (Euterpe oleracea) e a Bacabeira (Oenocarpus bacaba) e de raízes axial (uma raiz principal com outras secundarias que dá suporte ao crescimento expressivo em altura e diâmetro da planta) de solo seco como o Cupuaçuzeiro (Theobroma grandiflorum), a Jacaqueira (Artocarpus heterophyllus), do Jambeiro (Syzygium jambos), da Mangueira (Mangifera indica) e do Cajueiro (Anacardium occidentale). Destacaram a importância das referidas espécies vegetais para o local onde residem, pois são vegetais frutíferos de períodos sazonais (por época), na qual, fazem parte da alimentação diária das famílias, sendo uma importante fonte de vitaminas.
Apresentação de Fisiologia e Morfologia do Caule
Neste tema 23,8% (tabela 2) dos alunos realizaram apresentações sobre o caule. Foi descrito que o caule pode assumir aspectos diferentes dependendo do tipo de vegetal e que no entanto apresenta duas principais funções que são suporte e condução de nutrientes (seiva bruta e seiva elaborada). Os alunos realizaram a uma breve explicação de modo teórico-prático sobre os anéis dizendo que são formados graças a uma alteração na atividade do câmbio vascular (figura 3). Buscaram demostrar de modo simples que o câmbio vascular, por ser um meristema lateral está relacionado com o crescimento em diâmetro da planta. Um ponto interessante dos alunos foi a apresentação através de caules realizando a contagem de anéis e demonstrando que em regiões de clima temperado é possível observar as estações do ano bem definidas através dos anéis e como o câmbio apresenta funcionamento na primavera e verão. Sendo que os anéis mas claros e largos são referentes a estação de crescimento correspondente a primavera devido a disponibilidade de luz e água e anéis mais curtos e escuros são referentes a estação de crescimento correspondente ao verão onde a disponibilidade de água e menor.
Figura 3 – Apresentação aula Teórico-Práticas em Botânica. A: caule exposto na aula teórico-prática. B: fotografia de caule em espaço aberto. C: construção do relatório sobre fisiologia e morfologia do caule.
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Fonte: o autor, 2019
Os alunos usaram uma técnica chamada de dendrocronologia que é um método científico que usa os padrões dos anéis em seu tronco para datar da idade de uma árvore, e deste modo pode-se estabelecer a variação de mudanças ambientais, na dinâmica da floresta, na dinâmica das espécies, aspectos relacionados na atmosfera e na proveniência da chuva, estas informações podem estar registradas nas arvores através de seus anéis de crescimento. As quatro equipes formadas na vila Jacamim e as duas equipes formadas na vila Boa Vista trabalharam na contagem de anéis de suas respectivas espécies e descreveram sobre a idade da arvore e situações climáticas de cada espécie no decorrer dos anos. Lembrando que a idade de uma arvore não corresponde a idade de um ser humano.
Vale ressaltar que nenhuma arvore foi derrubada pelos alunos para contagem de anéis. Os alunos utilizaram quando possível restos vegetais deixados por muitos madeiros da região e alguns caules de jovens arvores que eram utilizados pela própria comunidade para demais utilidades. Outro detalhe importante é que nenhum aluno realizou o corte de qualquer caule, isto foi feito pelos pais dos mesmos que participaram fervorosamente. Tanto as equipes da vila Jacamim quanto da vila Boa Vista usaram espécies conhecidas e espécies onde a identificação era impossível de ser definida pela falta de recursos. As espécies onde a identificação era impossível de se conhecer foram chamadas de “Material” seguido de uma numeração.
Na vila Jacamim encontraram: Copaíba (Copaifera langsdorffii) com 68 anéis de crescimento, Embaúba (Cecropia hololeuca) com 107 anéis, Ipê (Handroanthus albus) com 48 anéis, Jatobá (Hymenaea courbaril) com 63 anéis, “Material 01” com 14 anéis, “Material 02” com 8 anéis, “Material 03” com 16 anéis, “Material 04” com 10 anéis, “Material 05” com 11 anéis, “Material 06” com 9 anéis (figura 4-A). Após a contagem os alunos visualizaram os detalhes de cada anel e suas particularidades e puderam determinar em quais anéis as referidas espécies obtiveram mais ou menos períodos chuvosos na região.
Figura 4 – Apresentação aula Teórico-Práticas em Botânica. A: Amostra de diversos tipos de caule. Alunos da vila Jacamim. B: Construção de relatório de aulas teórico-práticas, alunos da vila Boa Vista.
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Fonte: o autor, 2019.
Na vila Boa Vista encontraram: Piquiá (Caryocar villosum) com 95 aneis, Cajá-mirim (Spondias lútea) com 59 aneis, Garapa (Apuleia leiocarpa) com 62 aneis, Jenipapo (Genipa americana) com 56 anéis, “Material 01” com 12 anéis, “Material 02” com 18 anéis, “Material 03” com 7 anéis, “Material 04” com 11 anéis. Após a contagem os alunos visualizaram os detalhes de cada anel e suas particularidades, puderam então determinar em quais anéis as referidas espécies obtiveram mais ou menos períodos chuvosos na região.
Um fato muito interessante exposto pelos alunos da vila Boa Vista foi a apresentação de fotos da derrubada de uma área de floresta para a produção de carvão vegetal, visto que, algumas famílias retiram dessa atividade seu sustento. A convite dos alunos o professor se dirigiu a referida área onde se relatava o fato descrito e obteve imagens do ocorrido (figura 5). As carvoarias são comuns no estado do Pará, pois, as áreas de florestas são imensas, fazendo com que exista uma baixa quantidade de fiscalização, desse modo, famílias mais humildes onde não recebem o devido auxilio de órgão competentes não veem outra forma de se manter a não ser com a derrubada de floresta para produção de carvão.
Figura 5 – Apresentação aula Teórico-Práticas em Botânica. Área de floresta retirada para produção de carvão nas proximidades da vila Boa Vista. X: em destaque a “caieira” (Fábrica ou forno de cal; Forno armado com os próprios tijolos a serem cozidos.), local de preparação do carvão vegetal. Pratica muito utilizada em vilas da zona rural.
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Fonte: o autor, 2019.
Apresentação de Fisiologia e Morfologia da Folha
Neste tema 14,3% (tabela 2) dos alunos realizaram apresentações sobre a folha (figura 6). Eles procuram explicar de modo teórico-prático que as folhas são órgãos vegetais que se desenvolveram a partir da gema apical do caule. Além disso, apresentaram uma variedade de folhas com suas respectivas espécies, classificação (angiosperma e gimnosperma) e demostraram como se faz o processo de herborização, que é um conjunto de procedimentos com prensagem, secagem e preparação de folhas para a conservação e apresentação do material.
Figura 6 – Apresentação aula Teórico-Práticas em Botânica. Amostra de folhas apresentados pelos alunos. A: folha de cajueiro (Anacardium occidentale), B: folha de cupuaçuzeiro (Theobroma grandiflorum), C: folha de mangueira (Mangifera indica), D: folha de Taioba (Xanthosoma sagittifolium), E: folha de Limoeiro (Citrus limon).
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Fonte: o autor, 2019.
Os discentes de ambas as escolas utilizaram a técnica de herborização para realizarem as apresentações de seus experimentos com folhas de várias espécies frutíferas tais como a folha do Jambeiro (Syzygium jambos), Cajueiro (Anacardium occidentale), Cupuaçuzeiro (Theobroma grandiflorum), Mangueira (Mangifera indica), Laranjeira (Citrus sinensis), Maracujazeiro (Passiflora edulis), Carambola (Averrhoa carambola), Limoeiro (Citrus limon), Goiabeira (Psidium guajava) e folhas de outras espécies vegetais tais como Copaíba (Copaifera langsdorffii), Embaúba (Cecropia hololeuca), Ipê (Handroanthus albus), Jatobá (Hymenaea courbaril), Piquiá (Caryocar villosum), Cajá-mirim (Spondias lútea), Garapa (Apuleia leiocarpa), Jenipapo (Genipa americana), Castanha do Pará (Bertholletia excelsa) e a Seringueira (Hevea brasiliensis).
As apresentações contaram com as folhas desidratadas (herborização) e com folhas verdes (in natura) para fins comparativos. Todos esses processos foram demonstrados por meio teórico-prático e deram a importância das folhas no processo de fotossíntese e de como as folhas influenciam no processo de chuva de todas as florestas.
Apresentação de Fisiologia e Morfologia da Semente
Neste tema 11,9% (tabela 2) dos alunos realizaram apresentações sobre a semente. A semente de modo geral é constituída de casca, tecido de reserva e tecido meristemático. Os alunos procuram demostrar por meio teórico-prático e com confecção de cartazes informativos como a planta tem origem através da semente e sua fisiologia e morfologia dependendo da espécie apresentada quando a mesma é angiosperma ou gimnosperma. Portanto, Foram realizados preparos de amostras de sementes e abertura das mesmas procurando demostrar a importância de manter a preservação das espécies nativas nas comunidades onde residem.
Além disso, foi explicado para as turmas que as sementes garantem a proteção do embrião e fornecer os nutrientes necessários para o seu desenvolvimento inicial quando acontece a germinação (figura 7). Para isso os alunos de ambas as escolas utilizaram sementes de diversas espécies tais como Piquiá (Caryocar villosum), Cajá-mirim (Spondias lútea), Garapa (Apuleia leiocarpa), Jenipapo (Genipa americana), Castanha do Pará (Bertholletia excelsa), Seringueira (Hevea brasiliensis), Cupuaçu (Theobroma grandiflorum), Manga (Mangifera indica), Laranja (Citrus sinensis), Maracujá (Passiflora edulis), Limão (Citrus limon), Goiaba (Psidium guajava), Açaí (Euterpe oleracea), Abacate (Persea americana) e Acerola (Malpighia emarginata).
Figura 7 – Apresentação aula Teórico-Práticas em Botânica. A: semente de Abacate (Persea americana). B: semente de Cupuaçu (Theobroma grandiflorum)
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Fonte: O autor, 2019.
A maioria dos familiares dos alunos de ambas as escolas estão ligadas as atividades da agricultura e, possuem terrenos cedidos pelo INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – que é uma autarquia federal da Administração Pública brasileira e fornece o reconhecimento de terras para agricultores locais, como é o caso de muitas famílias que residem em zonas rurais do estado do Pará e as demais regiões do Brasil.
As sementes coletadas pelos alunos vêm de produções locais de seus familiares e de áreas nativas da floresta entorno das comunidades, fazendo com que o experimento se torna mais dinâmico, trazendo as famílias para mais próximo das atividades desenvolvidas pelos seus filhos o que resgata a importância da família no processo de ensino-aprendizagem possibilitando a troca de conhecimentos tradicionais entre as gerações locais. Ademais, algumas sementes tornaram possíveis a observação de sua divisão, como a do abacate (figura 7-A), com a visualização de 2 cotilédones, o que tornou a aula mais didática para os participantes.
Quanto à exposição, os discentes utilizaram cartazes de outras plantas dicotiledôneas como Maça (Malus domestica), Pera (Pyrus), Feijão (Phaseolus vulgaris), Algodoeiro (Gossypium), Café (Coffea canéfora), Jenipapo (Genipa americana), Pau-Brasil (Paubrasilia echinata) e Ipê Amarelo (Handroanthus albus), e exemplos de monocotiledônea como o Bambu (Bambusoideae); Cana-de-Açúcar (Saccharum officinarum), Milho (Zea mays), Arroz (Oryza sativa), Cebola (Allium cepa), Gengibre (Zingiber officinale) e Coco (Cocos nucifera),
Apresentação de Fisiologia e Morfologia da Flor
Neste tema 29,8% (tabela 2) dos alunos realizaram apresentações sobre a flor. A grande maioria dos vegetais possui seu modo reprodutivo por meio de flores, nelas que se encontram o aparelho reprodutor e onde ocorre a fecundação atrás de agentes polinizadores (insetos, vento, etc.). Os alunos apresentaram de modo teórico-prático a fisiologia e morfologia da flor, em uma demonstração onde fizeram a divisão da mesma e procuraram visualizar uma flor completa na qual as seguintes estruturas estavam presente: estame (filete e a antera), carpelo (estigma, estilete e ovário), pétalas, sépalas, receptáculo floral e pedúnculo.
As equipes tanto da Escola Nossa Senhora da Conceição – Vila Jacamim quanto da Escola Mario Crescêncio Furtado- Vila Boa Vista, primeiramente fizeram uma amostragem de flores (figura 8) com o intuito de explicar a importância da variedade para o ecossistema. Posteriormente, realizaram um experimento pratico em uma espécie de flor chamada Hibisco (Hibiscus moscheutos), pois a mesma possui uma facilidade na obtenção de informações sobre a divisão e função sobre o estudo da flor de modo geral.
Usando a flor de Hibisco (Hibiscus moscheutos) os alunos puderam aprender toda a divisão da flor e suas particularidades, aprenderam que cada flor possui em muitos casos um tipo especifico de inseto polinizador e que o mesmo é atraído pelo perfume e por sua cor, pois quanto mais intenso for o perfume e a cor, maior será a atração dos polinizadores. Este conjunto de fatores (Insetos e Flores) faz com que haja a manutenção constante da floresta, promovendo de modo natural os recursos que as vilas rurais sempre irão precisar para sua sustentabilidade.
Figura 8 – Apresentação aula Teórico-Práticas em Botânica. Amostra de flores locais encontrados pelos alunos. A: Vinca (Catharanthus roseus), B: Tracoá (Heliconia psittacorum), C: Açucena do Brejo (Crinum erubescens), D/E: experimento com a Flor de Hibisco (Hibiscus moscheutos).
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Fonte: o autor, 2019.
Os estudantes da vila Jacamim utilizaram outras flores além da flor do hibisco (Hibiscus moscheutos) em suas apresentações tais como a Flor de Azaleia (Rhododendron simsii), Flor Copo-de-leite (Zantedeschia aethiopica), Flor de Vinca (Catharanthus roseus), Flor de Maracujá (Passiflora edulis), Flor de Abóbora-cheirosa (Cucurbita moschata), Flor do cajueiro (Anacardium occidentale), Flor de Aguapé (Eichhornia crassipes), Flor de Banana-d’água (Typhonodorum lindleyanum) e a Flor de Vitória-régia (Victoria amazônica).
Os estudantes da vila Boa Vista também utilizaram outras flores do hibisco (Hibiscus moscheutos) em suas apresentações usaram Flores de Tracoá (Heliconia psittacorum), Flores de Açucena do Brejo (Crinum erubescens), Flores de Flamboianzinho (Caesalpinia pulcherrima), Flores de Munguba (Pachira aquática), Flores de Bananeira (Musa sp), Flores de Araçá (Psidium cattleyanum), Flores de Lofantera (Lophantera lactescens) e Flores de Girassol (Helianthus annuus).
Apresentação de Fisiologia e Morfologia do Fruto
Neste tema 9,5% (tabela 2) dos alunos realizaram apresentações sobre o fruto. Foram realizadas apresentações teórico-prático onde houve a exposição de alguns frutos que os mesmos puderam demonstrar a sua separação, explicando sobre o pericarpo e suas divisões: epicarpo, mesocarpo e endocarpo. Os mesmo demostraram que o epicarpo é a camada mais externa do fruto, que o mesocarpo é a camada intermediária e endocarpo é a parte mais interna.
No decorrer das apresentações os alunos apresentarão frutos (figura 9) como demonstração de suas atividades, relatando a importância das frutas para o desenvolvimento do ser humano e a ação das vitaminas que as mesmas apresentam na prevenção de algumas doenças. Além disso, foi abordada a importância econômica de algumas frutas tais como o Cacau (Theobroma cacao) (figura 9-C) na produção do chocolate, o Açaí (Euterpe oleracea) para a economia local entre outras frutas produzidas na região tanto na vila Jacamim e vila Boa Vista.
Figura 9 – Apresentação aula Teórico-Práticas em Botânica. Amostras de frutas locais. A: Pupunha (Bactris gasipaes), B: Mamão (Carica papaya) e C: Cacau (Theobroma cacao)
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Fonte: o autor, 2019
Vale destacar que segundo os alunos da vila Jacamim existe uma forte produção de Limão (Citrus limon) e Maracujá (Passiflora edulis), produtos estes que fazem parte da economia local, pois os mesmo são exportados em sua maioria para CEASA – Central de Abastecimento do Pará, na capital Belém e para outros municípios. Já na vila Boa Vista segundo os alunos existe uma forte produção de Melancia (Citrullus lanatus) e Maracujá (Passiflora edulis), produtos estes que fazem parte da economia local, pois os mesmo são exportados em sua maioria para CEASA e outros municípios. Vale destacar que existem alunos trabalhadores na produção local, fazendo com que em muitas vezes os mesmo cheguem exaustos para acompanhar as aulas após um longo dia de trabalho. Entretanto, esse fato é uma característica muito comum nestas comunidades, logo, isso exige mais da didática proposta pelo professor, sendo necessário tornar mais chamativo o conteúdo abordado de modo que esses alunos em especial possam compreender e trocar seus saberes adquiridos na prática.
Pontos positivos e negativos
Após os trabalhos concluídos foi realizada a culminância (figura 10) com o propósito de se fazer uma avaliação das atividades apresentadas por todas as equipes, neste ponto cada aluno expôs suas experiências com as atividades e relataram o que mais gostaram ou o que mais tiveram dificuldades. Neste sentido destacamos as seguintes situações:
Pontos positivos.
- Relataram que o uso sustentável dos recursos da floresta é a melhor solução para a conservação da Amazônia;
- A dinâmica de aulas práticas se torna viável para o aprendizado, pois o contato com a planta e todas as suas divisões é muito satisfatório para o aprendizado;
- Houve uma interação nas atividades entre alunos e seus pais nas atividades práticas, dessa maneira não apenas os alunos aprenderam como também os familiares;
- De maneira unanime os alunos argumentaram que este tipo de aula deveria ocorrer com mais frequência, não apenas em biologia e sim nas demais disciplinas do currículo escolar (o que não ocorre segundo os alunos), principalmente para os alunos da zona rural que possuem muitas limitações pelo local onde residem;
- A facilidade de assimilação do conteúdo, pois muitos dos alunos querem frequentar a universidade e este tipo de aula favorece o aprendizado e a fixação da disciplina.
Pontos negativos.
- A falta de recursos nas escolas rurais fazendo com que os alunos tenham uma gama de dificuldades favorecendo o desinteresse nas disciplinas;
- Os professores que demonstram uma falta de interesse/desmotivados em aplicar atividades práticas para as turmas.
- Em alguns casos a constate falta de professores na comunidade, fazendo com que o conteúdo fique falho
Figura 10 – Culminância das aulas Teórico-Práticas em Botânica com os alunos da Escola Municipal de Ensino Infantil e Fundamental Mario Crescêncio Furtado- Vila Boa Vista (A) e alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Nossa Senhora da Conceição- Vila Jacamim (B)
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Fonte: o autor, 2019.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho procurou demostrar a importância das atividades teórico-práticas aplicadas nas aulas de botânica através dos temas de Fisiologia e Morfologia da Flor; Fisiologia e Morfologia da Raiz; Fisiologia e Morfologia da Semente; Fisiologia e Morfologia do Fruto; Fisiologia e Morfologia do Caule e Fisiologia e Morfologia da Folha. Os alunos perceberam que tais conteúdos podem ser usados em conjunto com a vivencia da comunidade rural que residem. Além disso, foi observado que o modelo de aula proposto para o conteúdo de botânica nas Escolas ligadas ao SOME, se tornaram uma alternativa viável para as escolas da zona rural, e isto fica evidente com os pontos positivos elencados pelos discentes após o termino das atividades. Somado a isso, a fácil aquisição dos materiais a serem explorados no desenvolvimento desta proposta metodológica, possibilitou melhor compreensão do ambiente que os discentes estão inseridos, de modo a preservar os seus conhecimentos tradicionais que atravessam gerações e podem ser alvo de discussões produtivas em sala, bem como fortalece a importância de manter a identidade sociocultural de cada comunidade.
Dessa forma, o modelo de aula proposto aos discentes tiveram uma interação maior com o mundo a sua volta e assim questionaram, investigaram e construíram suas convicções a partir de fontes de pesquisas cuidadosamente escolhidas pelo professor. Ademais, trabalhar experiências práticas em um laboratório de ciências seria o ideal para toda e qualquer escola tanto da zona urbana quanto da zona rural, mas essa não é a realidade das escolas brasileiras, principalmente da zona rural.
AGRADECIMENTOS
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Nossa Senhora da Conceição na vila Jacamim – Capitão Poço/PA e a Escola Municipal de Ensino Infantil e Fundamental Mario Crescêncio Furtado na vila Boa Vista – Aurora do Pará/PA.
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1Lic. Pleno em Ciências Naturais: Biologia (UEPA – Universidade do estado do Pará), Esp. Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável na Amazônia (Faculdades Integradas Ipiranga), Esp. Microbiologia (ESAMAZ – Centro Universitário da Amazonia), Mestrando em Ensino de Biologia (UFPA – Universidade Federal do Pará), Professor de Biologia AD4-SEDUC/PA | Belém, PA, Brasil | Lattes http://lattes.cnpq.br/8290605355186965 | e-mail: fabiosmg@yahoo.com.br