O IMPACTO DA LIDERANÇA EMOCIONAL SOBRE A PERFORMANCE DA GERAÇÃO Z NO SETOR PÚBLICO

THE IMPACT OF EMOTIONAL LEADERSHIP ON THE PERFORMANCE OF GENERATION Z IN THE PUBLIC SECTOR

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102502051163


Adriano Queiroz Silva1


RESUMO

Este estudo analisa o impacto da liderança emocional sobre a performance da Geração Z no setor público, destacando a crescente relevância da inteligência emocional no ambiente organizacional. A pesquisa demonstrou que líderes com elevado nível de inteligência emocional são capazes de criar locais de trabalho colaborativos e empáticos, fundamentais para engajar uma geração marcada por demandas como autenticidade, propósito e flexibilidade. Identificou-se que a liderança emocional contribui para a motivação, criatividade e produtividade, ao mesmo tempo que ajuda na gestão de estresse e conflitos em cenários de alta burocracia. Contudo, o setor público enfrenta desafios específicos, como estruturas hierárquicas rígidas e escassez de recursos, que dificultam a execução de estratégias de liderança emocional eficazes. Diante disso, recomenda-se maior investimento em capacitação de líderes para desenvolver competências emocionais, promovendo um ambiente organizacional alinhado às expectativas da Geração Z e favorecendo a eficiência e a inovação no setor público.

Palavras-chave: Liderança Emocional. Inteligência Emocional. Geração Z. Setor Público.

ABSTRACT

This study analyzes the impact of emotional leadership on the performance of Generation Z in the public sector, highlighting the growing relevance of emotional intelligence in the organizational environment. The research demonstrated that leaders with high levels of emotional intelligence are able to create collaborative and empathetic workplaces, which are essential for engaging a generation marked by demands such as authenticity, purpose and flexibility. It was identified that emotional leadership contributes to motivation, creativity and productivity, while also helping to manage stress and conflict in highly bureaucratic settings. However, the public sector faces specific challenges, such as rigid hierarchical structures and scarcity of resources, which make it difficult to implement effective emotional leadership strategies. In view of this, greater investment in training leaders to develop emotional skills is recommended, promoting an organizational environment aligned with the expectations of Generation Z and favoring efficiency and innovation in the public sector.

Keywords: Emotional Leadership. Emotional Intelligence. Generation Z. Public Sector.

1  INTRODUÇÃO

Este estudo aborda o impacto da liderança emocional sobre a performance da Geração Z (GZ) no setor público. A evolução das gerações no mercado de trabalho tem gerado discussões sobre as necessidades, preferências e comportamentos dos trabalhadores em diferentes circunstâncias organizacionais. A GZ, que inclui indivíduos nascidos aproximadamente entre 1995 e 2010, apresenta características marcantes que a distinguem das gerações anteriores, como um profundo domínio das tecnologias digitais, uma forte busca por equilíbrio entre a vida pessoal e profissional e uma maior necessidade de feedback constante. Segundo Dorsey e Villa (2021), a GZ está experimentando um crescimento rodeado por inovações em áreas como medicina personalizada, transporte autônomo, automação do locais de trabalho e assistentes virtuais de inteligência artificial. Essas particularidades desafiam as organizações a repensarem seus costumes de gestão de pessoas, especialmente no setor público, que frequentemente opera sob estruturas rígidas e burocráticas.

Nesse contexto, a inteligência emocional (IE) dos líderes, entendida como a habilidade de perceber, entender e gerenciar as próprias emoções e as dos outros (Goleman, 2011a), tem se mostrado importante para a eficácia da liderança. Todavia, conquanto existam diversos estudos sobre a GZ e sua inserção no mercado de trabalho, poucas pesquisas exploram de forma aprofundada como a IE dos líderes impacta a performance e os comportamentos dessa geração no setor público. A atuação de líderes emocionalmente inteligentes nesse tipo de ambiente organizacional pode ser fundamental para que os membros da GZ se sintam motivados, engajados e capazes de encarar os desafios característicos do serviço público.

Neste cenário, o problema central da pesquisa reside na falta de compreensão sobre como a IE dos líderes impacta a performance e os comportamentos da GZ no setor público. Embora exista um número crescente de estudos sobre as competências emocionais de líderes e sobre as características da GZ, poucos estudos se aprofundam especificamente na influência da liderança emocional sobre a performance e o envolvimento dos jovens servidores públicos. Esse fenômeno é particularmente relevante em um cenário onde a administração pública enfrenta desafios como a baixa motivação, o alto índice de rotatividade e a dificuldade de engajamento de suas equipes.

O objetivo deste estudo é analisar o impacto da IE dos líderes sobre o desempenho e o comportamento da GZ no setor público, com foco nas competências emocionais que influenciam a motivação, o comprometimento e a interação dos servidores dessa geração nas organizações públicas.

Justifica-se a relevância dessa temática, pois a liderança emocional, que envolve habilidades como empatia, autoconhecimento e autogestão, tem se mostrado um dos fundamentais fatores para estimular um local de labor saudável, em que os membros de uma equipe se sintam valorizados e compreendidos. No setor público, onde os desafios de gestão incluem a burocracia, a estabilidade organizacional e a diversidade de perfis profissionais, a aplicação da IE pelos líderes pode ser decisiva para melhorar o contentamento no trabalho, a produtividade e o bem-estar dos servidores, especialmente aqueles pertencentes à GZ.

Assim, a pesquisa adotou uma metodologia exploratória, com foco na revisão de literatura, para analisar o impacto da IE dos líderes sobre a performance da GZ no setor público. As pesquisas exploratórias têm como principal objetivo a formulação de questões ou problemas, desempenhando três funções principais: desenvolver hipóteses, ampliar o conhecimento do pesquisador sobre um ambiente, fato ou fenômeno para possibilitar a realização de estudos futuros mais precisos, e ajustar ou esclarecer conceitos (Lakatos & Marconi, 2021). De acordo com Gil (2021), a revisão da literatura permite reunir informações sobre o que já se sabe sobre o tema pesquisado, contribuindo para a identificação de lacunas no conhecimento existente e orientando a pesquisa com o objetivo de preenchê-las. Esse processo envolve a consulta a fontes diversas, como livros, periódicos científicos, anais de eventos acadêmicos, teses e dissertações.

2     INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E LIDERANÇA NO CONTEXTO ORGANIZACIONAL

A IE realiza uma função essencial no êxito da liderança, especialmente em ambientes organizacionais complexos e desafiadores. No setor público, onde as demandas emocionais e a necessidade de decisões estratégicas são constantes, a capacidade dos líderes de administrar suas respectivas emoções e lidar de forma empática com as dos outros é crucial. Assim, compreender a relação entre a IE e a liderança torna-se fundamental para analisar seu impacto no clima organizacional, na motivação dos grupos de trabalho e na construção de vínculos de confiança e comprometimento.

Segundo Goleman (2011b), líderes com IE são aqueles que utilizam suas capacidades emocionais de forma estratégica para tomar decisões, resolver conflitos, inspirar e estimular suas equipes. A IE é extensamente reconhecida como uma competência indispensável para gestores em diferentes conjunturas, especialmente no setor público, onde o trabalho colaborativo, a administração de crises e a tomada de decisões sob pressão são frequentes.

Pesquisas sobre liderança emocional demonstram que gestores com alta IE são capazes de criar ambientes organizacionais mais saudáveis, promovendo maior motivação entre os componentes da equipe e fortalecendo a colaboração no trabalho (Goleman, 2011b). A liderança emocional está intimamente ligada à habilidade de reconhecer as necessidades emocionais dos colaboradores e agir de maneira empática, estabelecendo vínculos baseados na confiança e no comprometimento mútuo (Goleman, Boyatzis, & McKee, 2018).

No setor público, a IE destaca-se por sua relevância em lideranças que vão além da gestão de processos administrativos, assumindo um papel importante no enfrentamento das demandas emocionais tanto dos funcionários quanto do público atendido. Segundo Mayer e Salovey (1997), a IE auxilia os líderes na construção de locais de trabalho equilibrados e eficientes, favorecendo tanto o bem-estar coletivo quanto a produtividade.

Portanto, a IE configura-se como um pilar fundamental para a efetividade da liderança no setor público. Sua aplicação ajuda os gestores a lidar com o estresse, solucionar conflitos de maneira construtiva e impulsionar um ambiente participativo e motivador. Essa abordagem não apenas ajuda para o sucesso das equipes, mas também fortalece a confiança entre líderes e colaboradores, resultando em organizações mais preparadas para enfrentar os problemas do serviço público.

3  COMPORTAMENTO E CARACTERÍSTICAS DA GERAÇÃO Z

Compreender o comportamento e as características da GZ é essencial para analisar como essa geração se posiciona e interage no ambiente organizacional contemporâneo. Moldada por avanços tecnológicos acelerados e valores que refletem preocupações sociais e ambientais, a GZ apresenta traços e comportamentos que influenciam suas escolhas, aspirações e formas de trabalho. A seguir, serão explorados os aspectos que definem essa geração, com ênfase em sua formação tecnológica, perfil multitarefa e demandas específicas, consoante apontado por diferentes estudos.

Para Toledo, Albuquerque e Magalhães (2012), os integrantes da GZ são reconhecidos por estarem constantemente conectados por dispositivos móveis e por manifestarem significativa preocupação com questões ambientais. Embora não haja consenso sobre a delimitação temporal dessa geração, muitos autores situam seu nascimento entre 1990 e 2010, frequentemente associando-a à Geração Y devido a algumas características compartilhadas.

Essa geração cresceu em meio à expansão da internet e à rápida evolução tecnológica, integrando essas inovações ao cotidiano de forma natural. Eles se habituaram a utilizar consoles de videogame avançados, computadores de alta performance e inovações tecnológicas que, décadas atrás, eram consideradas impossíveis. Essa imersão tecnológica conferiu à GZ a habilidade de realizar múltiplas tarefas simultaneamente, um traço que reforça sua adaptabilidade e eficiência em ambientes dinâmicos (Siqueira, Albuquerque, & Magalhães, 2012).

Jacques, Pereira, Fernandes e Oliveira (2015) destacam que a entrada da GZ no mercado de trabalho é promissora devido à sua capacidade de lidar com múltiplos estímulos, adaptar-se rapidamente às novas tecnologias e buscar inovação em seus processos. Além disso, conforme observado por Twenge (2017), a GZ valoriza a estabilidade financeira e a segurança em suas carreiras, mas também busca locais de trabalho que promovam criatividade e incorporem o uso de tecnologias avançadas.

Lima (2022) descreve a GZ como a primeira geração completamente imersa na era digital, com perfis em redes sociais desde a infância e uma conexão global que transcende barreiras geográficas. Esses jovens se destacam por sua agilidade, criatividade e capacidade de resolver desafios complexos, ao mesmo tempo em que possuem necessidades emocionais específicas. Eles demandam estímulos constantes e estratégias que favoreçam seu desenvolvimento pessoal e profissional, sendo a motivação um elemento crucial para seu engajamento (Lima, 2022).

Ademais, a GZ demonstra uma preocupação crescente com questões sociais e ambientais, o que a leva a preferir organizações que compartilhem seus valores e ofereçam um propósito claro em suas atividades. Essa conexão com causas significativas e o desejo de impacto positivo refletem as prioridades dessa geração no espaço de trabalho. Assim, entender suas características é indispensável para estabelecer estratégias de gestão que promovam engajamento, inovação e colaboração no contexto organizacional.

4  O IMPACTO DA  INTELIGÊNCIA  EMOCIONAL NA PERFORMANCE DA GERAÇÃO Z NO SETOR PÚBLICO

A interação entre a liderança emocional e o desempenho da GZ no setor público é um campo emergente na literatura acadêmica. Conquanto existam diversos estudos sobre a IE no ambiente organizacional privado, ainda são poucas as pesquisas que investigam especificamente o impacto da liderança emocional sobre a performance da GZ no setor público. Essa lacuna reflete um foco predominante na análise de ambientes privados e industriais, relegando a segundo plano as particularidades e os desafios enfrentados pelas organizações públicas.

A liderança emocional pode influir significativamente a motivação, a produtividade e o engajamento da GZ no setor público. Líderes emocionalmente competentes são mais capacitados para enfrentar os desafios inerentes à burocracia e às limitações estruturais desse setor, mantendo, simultaneamente, uma comunicação eficaz e empática com suas equipes (Goleman et al., 2018). Para a GZ, que valoriza recintos de trabalho dinâmicos, transparentes e que ofereçam oportunidades de crescimento pessoal e profissional, a presença de líderes com alta IE pode ser decisiva para promover o engajamento e o alinhamento aos objetivos institucionais.

Outrossim, a IE dos líderes desempenha um papel importante na gestão do estresse e da pressão, que são características recorrentes na esfera pública, especialmente em períodos de crise ou na administração de grandes volumes de informações. Essa competência favorece tanto o trabalho colaborativo quanto a superação de desafios profissionais e pessoais. Ao possibilitar a evolução de habilidades emocionais e técnicas, a IE colabora para um desempenho mais eficaz e para um espaço de trabalho mais equilibrado (Rodrigues & Carvalho, 2023). A habilidade de um líder em gerir suas próprias emoções e entender as emoções de sua equipe é determinante para criar um ambiente saudável e favorável, no qual os jovens da GZ se sintam motivados e desafiados a alcançar alta performance.

Pesquisas também apontam que líderes com IA têm maior facilidade para implementar mudanças organizacionais, o que é particularmente relevante na administração pública, onde a resistência a mudanças é frequente. Esse tipo de liderança, fundamentado na empatia, na comunicação assertiva e na gestão emocional, facilita a adaptação dos componentes da GZ, que podem apresentar dificuldades em lidar com a rigidez e a burocracia do setor público, mas prosperam em ambientes mais participativos e receptivos ao feedback.

Por fim, é importante ressaltar que, embora a literatura sobre o vínculo entre GZ e IE seja extensa em alguns contextos, ainda é incipiente no setor público. Essa limitação representa uma lacuna relevante que a presente pesquisa busca explorar.

5  DISCUSSÕES
5.1  A Relevância da Inteligência Emocional na Liderança do Setor Público

A literatura sobre liderança emocional tem apresentado um crescimento expressivo nas últimas décadas, destacando-se os estudos de Goleman (2015) e Goleman et al. (2018), que reforçam a importância da IE para a eficácia de líderes em vários cenários. Contudo, há uma lacuna no foco acadêmico sobre o impacto da liderança emocional no setor público, onde as características organizacionais diferem substancialmente das observadas no setor privado. Organizações públicas frequentemente enfrentam estruturas hierárquicas mais rígidas, níveis elevados de burocracia e desafios decorrentes de restrições financeiras e pressões políticas. Essas especificidades demandam líderes que sejam sensíveis às necessidades emocionais de seus grupos de trabalho, especialmente no caso de jovens trabalhadores da GZ.

A IE, definida como a capacidade de entender e gerir as próprias emoções e as dos outros (Goleman, 2011b), surge como um diferencial crucial na esfera pública. Líderes com alta IE conseguem promover locais de trabalho mais cooperativos, resolver conflitos com eficiência e aumentar os níveis de motivação e engajamento entre os servidores (Mayer & Salovey, 1997). Particularmente, a habilidade de gerenciar o estresse e a frustração — condições recorrentes em ambientes marcados por alta burocracia — é um atributo fundamental para o sucesso da liderança emocional.

Conforme Salles (2023), a IE manifesta-se em diversas ações de liderança. Líderes emocionalmente inteligentes são capazes de inspirar suas equipes, solucionar conflitos de forma assertiva, fornecer feedback construtivo e cultivar relações interpessoais saudáveis.

Essas competências colaboram para a construção de uma cultura organizacional mais inclusiva e aberta ao feedback, elementos essenciais para engajar os jovens da GZ.

5.2  Desafios da Liderança Emocional para a Geração Z no Setor Público

A interação entre líderes com elevada IE e membros da GZ no setor público traz benefícios, mas também desafios relevantes. Embora a GZ ser reconhecida por suas habilidades tecnológicas e alta conectividade, ela enfrenta questões como ansiedade, estresse e uma crescente incerteza em relação ao futuro (Rosen, Cheever, & Carrier, 2012). Esse perfil gera expectativas específicas em relação à liderança, exigindo que os líderes superem capacidades técnicas e administrativas, assumindo também o papel de suporte emocional e psicológico.

Os líderes do setor público precisam estar preparados para tratar das emoções dessa geração, que frequentemente demonstra menor tolerância ao status quo e maior disposição para questionar estruturas organizacionais tradicionais, geralmente caracterizadas por processos burocráticos e lentos. A GZ valoriza flexibilidade, propósito significativo e recintos de trabalho dinâmicos e colaborativos. Quando essas expectativas não são atendidas, o resultado pode ser o desengajamento e uma queda no desempenho (Twenge, 2017).

Ademais, a escassez de recursos financeiros no setor público e a constante pressão por resultados podem dificultar a execução de estratégias eficazes de liderança emocional. Em muitos casos, os líderes precisam priorizar a eficiência administrativa em detrimento de abordagens mais humanizadas na administração de pessoas. Essa tensão pode impactar negativamente a motivação e o desempenho da GZ, que preza por espaços de trabalho inclusivos, transparentes e que favoreçam o desenvolvimento pessoal e profissional.

5.3  O Potencial Transformador da Liderança Emocional no Setor Público

Apesar dos desafios mencionados, a literatura indica que a liderança emocional possui um elevado potencial transformador para a administração pública, sobretudo no que se refere à adaptação das organizações às novas demandas e ao engajamento da GZ. A competência de um líder de identificar e atender às necessidades emocionais de sua equipe, especialmente em contextos desafiadores, pode contribuir consideravelmente para o aumento da satisfação e do desempenho dos colaboradores.

Em um contexto no qual a GZ busca uma conexão mais profunda com os valores e propósitos das organizações, líderes com IE podem desempenhar um função central na concepção de uma cultura organizacional alinhada aos princípios dessa geração. A transparência, o fornecimento constante de feedback e as oportunidades de crescimento pessoal e profissional são aspectos que podem ser potencializados por uma liderança emocionalmente competente, proporcionando um ambiente de trabalho mais salutar e motivador (Goleman et al., 2018).

Ademais, a liderança emocional é essencial para estimular a inovação no setor público. Líderes com alta IE têm maior habilidade para incentivar a criatividade e a cooperação, características imprescindíveis para enfrentar desafios próprios desse contexto, como a adaptação às rápidas mudanças tecnológicas e às crescentes demandas sociais e políticas.

5.4  Implicações Práticas para a Gestão de Pessoas no Setor Público

Com base na revisão bibliográfica, é possível concluir que a maior integração entre IE e liderança no setor público pode gerar uma série de benefícios, tanto para os gestores quanto para os membros da GZ. Para os líderes, isso implica no desenvolvimento de competências emocionais que favoreçam a formação de equipes mais harmônicas, motivadas e produtivas. No entanto, para que essa transformação seja viável, é indispensável investir em programas de

capacitação que desenvolvam não apenas as habilidades técnicas, mas também as competências emocionais dos gestores públicos.

Da mesma forma, é essencial que o serviço público promova uma cultura organizacional que priorize o bem-estar dos servidores, especialmente os mais jovens. A GZ tende a buscar locais de trabalho alinhados a seus valores pessoais e a práticas que favoreçam o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal. A adoção de estratégias de gestão emocional pode auxiliar na retenção desses talentos, tornando as instituições públicas mais atrativas e eficazes na execução de suas funções.

Portanto, a integração entre liderança emocional e o comportamento da GZ no setor público representa uma oportunidade significativa para transformar as dinâmicas de trabalho nesse segmento. Essa abordagem tem o potencial de gerar resultados mais expressivos tanto para os servidores quanto para a sociedade como um todo.

6  CONSIDERAÇÕES FINAIS

A revisão da literatura realizada neste estudo destacou a crescente importância da inteligência emocional na liderança do setor público, principalmente no que se refere à Geração Z. Essa geração apresenta novas demandas, expectativas e comportamentos que impactam diretamente seu desempenho no local de trabalho. A análise dos materiais revisados confirmou que a liderança emocional desempenha uma função imprescindível para o engajamento e a performance dos servidores públicos mais jovens, representando um diferencial estratégico para organizações que buscam melhorar sua eficiência e sustentabilidade duradoura.

Os resultados preliminares indicaram que líderes com alta IE são capazes de criar locais de trabalho mais participativos e empáticos, promovendo o desempenho das equipes, mesmo diante da complexidade organizacional da administração pública. A Geração Z,caracterizada por sua valorização da autenticidade, do propósito e da flexibilidade, tende a reagir positivamente a lideranças que priorizam a transparência, o feedback contínuo e o suporte emocional. Essas práticas são fundamentais para engajar uma geração altamente conectada digitalmente e que espera interações dinâmicas e personalizadas no ambiente profissional.

Ademais, a liderança emocional mostrou-se uma ferramenta transformadora no setor público, sobretudo em um contexto marcado por desafios e mudanças constantes. Líderes com elevada IE gerenciam melhor o estresse e a pressão, ao mesmo tempo que incentivam a inovação, promovem a criatividade e fortalecem a cooperação entre as equipes. Esses aspectos são fundamentais para o funcionamento eficiente das organizações públicas, contribuindo para a melhoria do clima organizacional, a redução de conflitos e o crescimento da satisfação e produtividade dos servidores.

Contudo, a realização de práticas de liderança emocional na esfera pública enfrenta desafios significativos. Obstáculos como a rigidez das estruturas hierárquicas, a burocracia e a escassez de recursos dificultam a adoção de estratégias eficazes de gestão emocional. Outrossim, a pressão por resultados imediatos frequentemente se sobrepõe ao cuidado com o bem-estar dos servidores, limitando o impacto positivo da liderança emocional. A ausência de treinamentos específicos para a evolução de competências emocionais entre líderes públicos também se apresenta como uma barreira importante.

As descobertas desta pesquisa sugerem a necessidade de maior investimento em programas de capacitação voltados ao aprimoramento da IE dos líderes na administração pública. Esses programas têm o potencial de elevar a qualidade da liderança e, consequentemente, o desempenho da Geração Z, promovendo uma cultura organizacional mais alinhada às expectativas e necessidades dessa geração. Tal transformação não apenas contribuiria para a criação de um local de trabalho mais salutar, mas também impulsionaria a eficiência e a inovação nas organizações públicas — elementos indispensáveis diante das crescentes mudanças e demandas sociais.

Conclui-se que a liderança emocional no setor público desponta como uma ferramenta estratégica para potencializar o desempenho da Geração Z. Ao alinhar as competências emocionais dos líderes às necessidades dessa geração, as organizações públicas podem alcançar maior sucesso na implementação de políticas e programas, resultando em benefícios significativos tanto para os servidores quanto para a sociedade como um todo.

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1 Graduado em Administração (ESAMAZ/PA). MBA em Gestão Pública (ESTRATEGO/FAAM/PA). Mestre em Administração de Empresas pela MUST University. E-mail: adrianoqsilva@gmail.com.