REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202501311605
Francilene Ribeiro Braga
Jaqueline Mendes Bastos
RESUMO:
O trabalho de professores na Educação Infantil, apesar dos progressos feitos nas últimas décadas, ainda é visto como um setor delicado nas investigações acadêmicas. Isso se deve a formas de organização e funcionamento que podem aumentar fatores que levam à sua precarização, como a falta de conhecimentos específicos de muitos profissionais que cuidam de crianças e a desvalorização da profissão. Em este contexto, o objetivo é analisar de que forma a pesquisa acerca do trabalho de professores na Educação Infantil aparece nas investigações acadêmicas de 2017 a 2024. O estudo teórico está conectado a um projeto mais abrangente e adotou uma abordagem qualitativa, do tipo revisão bibliográfica, realizada na plataforma da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações. Inicialmente, os achados mostraram 32 trabalhos, mas, após uma avaliação mais cuidadosa, apenas 06 estavam vinculados à Educação Infantil. Os dados destacaram a complexidade do trabalho dos educadores, sublinhando a urgência de expandir as investigações sobre esse nível de ensino.
PALAVRAS-CHAVE: Educação infantil .Práticas pedagógicas. Professores.
INTRODUÇÃO
Este trabalho teve como propósito explorar as abordagens pedagógicas dos profissionais da Educação Infantil, focando na sua relevância para o crescimento das crianças e para o processo educativo. A Educação Infantil serve como a base do saber infantil e, considerando as múltiplas mudanças pelas quais vem passando, acreditamos ser imprescindível realizar esta investigação com o tema: A abordagem pedagógica dos educadores na pré-escola, que nos levou a analisar a situação atual dessa prática pedagógica. Por isso, era essencial compreender a atuação dos professores nesse período e a maneira como enxergam a Educação Infantil.
A relevância deste estudo reside em examinar a forma como as práticas pedagógicas são executadas pelos educadores nas salas de aula da Educação Infantil. Assim, os dados coletados poderão servir como uma forma de reflexão sobre o trabalho feito durante essa fase educacional e ajudar na melhoria das práticas, visando a uma educação de excelência, permitindo que as crianças alcancem uma aprendizagem satisfatória, sendo reconhecidas como indivíduos pensantes com aspirações, com suas identidades e perspectivas valorizadas, cumprindo efetivamente o papel que essa fase educacional deve desempenhar.
A relevância de examinar as metodologias de ensino na Educação Infantil, enfocado nos efeitos que estas exercem no crescimento das crianças. A reflexão sobre o trabalho dos educadores e a busca por melhorias são essenciais para garantir que as crianças não apenas adquiram conhecimento, mas também se sintam valorizadas em sua identidade e perspectivas. Esse processo contribui para a construção de uma aprendizagem mais significativa, o que é fundamental para que as crianças se tornem indivíduos pensantes e conscientes.
Os resultados apresentados vinculam-se a uma pesquisa mais ampla em desenvolvimento, que tem como objetivo geral a análise da formação de professores e do trabalho docente nas diferentes etapas da educação básica.
A prática pedagógica na educação infantil desempenha um papel fundamental no desenvolvimento integral das crianças, abrangendo aspectos cognitivos, emocionais, sociais e físicos. Diversos estudos apontam para a importância de um trabalho intencional e estruturado, que valorize as especificidades da infância e promova experiências de aprendizagem significativas. Esta revisão analisa pesquisas recentes sobre o tema, com foco nos principais elementos que compõem a prática pedagógica: planejamento, mediação docente, brincadeira, inclusão e desafios enfrentados pelos professores.
A prática pedagógica é compreendida como um conjunto de ações intencionais que visam promover a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças. Oliveira (2020) destaca que essas práticas devem ser guiadas por uma compreensão ampla do desenvolvimento infantil, envolvendo tanto aspectos teóricos quanto práticos. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) (2017) reforça a importância de uma abordagem integrada, que considere as especificidades de cada etapa do desenvolvimento e valorize as interações entre crianças, professores e o meio ambiente.
Freire (1996) enfatiza que a prática pedagógica precisa ser reflexiva, permitindo ao professor questionar e transformar suas ações para melhor atender às necessidades das crianças. Nesse sentido, é necessário que os educadores adotem uma postura investigativa e estejam dispostos a aprender continuamente.
O planejamento pedagógico na educação infantil é um processo essencial para garantir a organização de tempos, espaços e materiais, alinhando-os aos objetivos de aprendizagem. Estudos como os de Silva e Almeida (2019) mostram que a intencionalidade pedagógica está diretamente relacionada à qualidade das experiências proporcionadas às crianças. Professores que planejam atividades com base em observações sistemáticas do comportamento infantil conseguem criar situações que estimulam a curiosidade, a autonomia e a resolução de problemas.
A BNCC também destaca que o planejamento deve ser flexível, permitindo adaptações conforme o contexto e as necessidades específicas das crianças. Nesse sentido, o planejamento não deve ser visto como uma etapa isolada, mas como um processo dinâmico e contínuo.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) traz orientações e propostas para as práticas pedagógicas da Educação Infantil que visam promover o desenvolvimento integral das crianças de 0 a 5 anos. Ela considera as especificidades dessa etapa educativa, valorizando as interações e brincadeiras como eixos estruturantes
A BNCC reconhece a singularidade das crianças e promove práticas pedagógicas que respeitem e valorizem a diversidade cultural, étnico-racial, social e de gênero, atendendo às necessidades individuais.
As práticas na Educação Infantil devem ser planejadas com intencionalidade, ou seja, o educador deve propor atividades que favoreçam os direitos de aprendizagem e os objetivos de desenvolvimento, respeitando o ritmo e os interesses das crianças.
A avaliação na Educação Infantil, conforme a BNCC, é qualitativa, contínua e baseada na observação do desenvolvimento e das aprendizagens das crianças. Não se trata de medir desempenho, mas de acompanhar e documentar o processo de crescimento.
A BNCC, portanto, valoriza uma educação infantil centrada na criança, com práticas pedagógicas que estimulam o aprendizado significativo, a criatividade, a autonomia e a socialização em um ambiente lúdico e acolhedor.
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, do tipo descritiva de análise qualitativa, pois essa permite a sintetização de resultados sobre um tema ou questão. Para Gil (2002, p. 4), a pesquisa bibliográfica […] é criada a partir de conteúdos previamente produzidos, que são majoritariamente compostos por livros e publicações acadêmicas.”.
No âmbito da revisão de literatura, Gil (2002, p. 44) discute temas relacionados à pesquisa bibliográfica e ressalta que “[…] apesar de a maioria dos estudos requerer algum tipo de atividade desse tipo, existem investigações elaboradas unicamente com base em fontes bibliográficas”.
Prodanov e Freitas (2013, p. 54) indicam que, na “pesquisa bibliográfica, é essencial que o pesquisador avalie a autenticidade das informações adquiridas, prestando atenção a possíveis incongruências ou oposições que as publicações possam mostrar”. Eles destacam a importância de validar a precisão dos dados reunidos, examinando possíveis divergências ou contradições nas referências analisadas.
Lakatos e Marconi (2003, p. 183) mencionam que o propósito da pesquisa bibliográfica é pôr “o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto, inclusive conferências seguidas de debates que tenham sido transcritos por alguma forma, quer publicadas, quer gravadas”.
Para as autoras, essa modalidade de pesquisa não se define apenas como uma simples repetição do que já foi realizado, mas sim como uma oportunidade de analisar um assunto sob uma perspectiva, enfoque ou abordagem diferente.
Com relação às pesquisas descritivas, Gil (1999) menciona que o principal objetivo é descrever as características de uma população ou fenômeno, além de estabelecer relações entre variáveis. Esse tipo de pesquisa frequentemente recorre a técnicas padronizadas para a coleta de dados.
Vergara (2000, p. 47) observa que a pesquisa descritiva “não tem a obrigação de esclarecer os fenômenos que relata, embora possa servir como um fundamento para tal esclarecimento”; dessa maneira, ela irá estabelecer correlações entre variáveis e definir sua natureza, sem que isso implique em uma responsabilidade de elucidar os fenômenos retratados.
A abordagem qualitativa, conforme Triviños (1987), procura compreender o significado dos dados, apoiando-se na percepção do fenômeno dentro do seu ambiente. Eles enfatizam a necessidade de confirmar a veracidade das informações coletadas, analisando possíveis discrepâncias ou conflitos nas fontes consultadas.
Gil (1999) destaca que a aplicação da metodologia qualitativa permite uma exploração mais profunda da pesquisa, valorizando a interação direta com o contexto analisado, esforçando-se para entender o que é compartilhado e se mantendo receptiva para captar as particularidades e diversas interpretações.
Para busca cientifica foi feito uma seleção de artigos sobre o objetivo de estudo, artigos dos anos de 2017 a 2024, de publicações nacionais. A coleta de dados foi feita na fonte de pesquisa do SCIELO. As investigações foram orientadas por termos descritivos, sendo possível utilizar expressões como “educação da infância, metodologias de ensino, elaboração de projetos”. Os trabalhos catalogados encontram-se no quadro 01, a seguir:
Quadro: 01 Estudo da arte
Título do trabalho | Autor | Ano | Tipo de trabalho | |
1 | Pelas telas, pelas janelas: a coordenação pedagógica e a formação de professores nas escolas | Renata Cristina Oliveira Barrichelo Cunha | 2019 | Dissertação |
2 | Ludicidade e Resiliência: Como Professoras de Educação Infantil lidam com o prazer e o sofrimento no contexto educativo. | Fernanda Almeida Pereira | 2018 | Dissertação |
3 | Primeiros anos da carreira docente: diálogos com professoras iniciantes na educação infantil | Valéria Menassa Zucolotto | 2021 | Tese |
4 | Formação e trabalho das equipes gestoras de educação infantil | Marcela Lemos Leal Reis | 2022 | Dissertação |
5 | Representações Sociais e Formação do Professor Pre-Escolar | Celia Maria Guimaraes | 2019 | Tese |
6 | Formação de professores: Possibilidades e desafios que os professores Trabalho na contemporaneidade | Romilda Teodora Ens; Maria Lourdes Gisi; Ana Maria Eyng | 2020 | Disertação |
Fonte: Elaboração própria
O título “Pelas telas, pelas janelas: a coordenação pedagógica e a formação de professores nas escolas” sugere uma abordagem reflexiva e contemporânea sobre os desafios e possibilidades da coordenação pedagógica e da formação docente em tempos de transformação tecnológica e social. As “janelas” podem simbolizar o olhar ampliado da coordenação pedagógica para o que está acontecendo no ambiente escolar e na prática docente. Além disso, podem representar novas perspectivas e possibilidades para a formação de professores, que agora se veem diante de um cenário mais dinâmico e flexível, com oportunidades de integrar diferentes abordagens e tecnologias de ensino.
“Ludicidade e Resiliência: De que maneira as educadoras da Educação Infantil enfrentam a alegria e a dor no ambiente escolar” trata de um assunto profundo, que investiga as emoções intricadas e os obstáculos que as professoras da Educação Infantil encaram, sublinhando dois elementos principais.: a ludicidade (o prazer) e a resiliência (a capacidade de lidar com o sofrimento). Este tema é essencial para destacar a importância de apoiar as professoras da Educação Infantil não apenas nas competências pedagógicas, mas também em sua saúde emocional, para que possam proporcionar uma educação de qualidade e um ambiente mais saudável para as crianças. “Ludicidade e Resiliência: Como Professoras de Educação Infantil lidam com o prazer e o sofrimento no contexto educativo” aborda uma temática rica que explora as complexas emoções e desafios enfrentados pelas professoras da Educação Infantil, destacando dois aspectos centrais: a ludicidade (o prazer) e a resiliência (a capacidade de lidar com o sofrimento). Além de promover o prazer para as crianças, as educadoras também experimentam prazer em seu trabalho. O prazer de ver a aprendizagem se desenvolvendo por meio do brincar, de criar atividades criativas e de estabelecer vínculos afetivos com os pequenos é parte fundamental da experiência pedagógica
“Início da trajetória profissional no ensino: conversas com educadoras novatas na Educação Infantil.” busca explorar as experiências iniciais de professoras que estão começando sua jornada na docência, especialmente no contexto da Educação Infantil. Ele propõe uma reflexão sobre os desafios, aprendizados e transformações que essas profissionais enfrentam ao ingressarem nesse campo tão complexo e fundamental para o desenvolvimento infantil. Esse tema oferece um campo fértil para explorar as múltiplas dimensões da experiência docente, desde as dificuldades do início da carreira até as oportunidades de crescimento e transformação no campo da Educação Infantil.
“Formação e trabalho das equipes gestoras de Educação Infantil” propõe uma análise sobre o papel fundamental das equipes gestoras no contexto da Educação Infantil, com ênfase na importância da formação contínua e no impacto das práticas de gestão no ambiente educacional e no desenvolvimento das crianças. A gestão eficaz das escolas de Educação Infantil envolve não só as decisões administrativas e pedagógicas, mas também a liderança que influencia diretamente o desenvolvimento das crianças, a formação contínua dos profissionais e o ambiente escolar como um todo.
As equipes gestoras são responsáveis por promover uma organização eficiente que garanta o bom funcionamento da escola e, ao mesmo tempo, assegure que as práticas pedagógicas sejam de alta qualidade. Elas devem coordenar e supervisionar a implementação de práticas que atendam às necessidades das crianças de forma holística, respeitando suas particularidades e promovendo seu desenvolvimento integral. A formação dos gestores é essencial para que possam enfrentar os desafios cotidianos da Educação Infantil. É necessário que as equipes gestoras possuam não apenas conhecimentos administrativos, mas também pedagógicos, para que possam gerir de forma estratégica o ambiente educacional. Programas de formação contínua devem contemplar aspectos como liderança, gestão de pessoas, práticas pedagógicas inclusivas e desenvolvimento infantil.
As investigações que exploraram a questão da identidade profissional (CUNHA, 2006; AGUIAR, 2013) e o papel dos educadores na educação infantil (EDIR, 2014; LINS, 2014; ZUCOLOTTO, 2014) evidenciaram a falta de reconhecimento por parte dos profissionais sobre sua verdadeira função. Isso ocorre devido às diversas responsabilidades que precisam assumir, frequentemente desvinculadas de sua principal função. Também foram observadas as tensões na prática pedagógica resultantes da fusão entre cuidar e ensinar, além de a existência de cargos não contemplados em planos de carreira. Por fim, é ressaltada a intricada tarefa de conseguir uma inserção profissional durante essa fase de ensino.. A falta de clareza e valorização do papel dos docentes na educação infantil, muitas vezes resultante das múltiplas tarefas que lhes são atribuídas, reflete um despreparo estrutural e institucional. Essas funções adicionais, que extrapolam suas atribuições pedagógicas, geram sobrecarga e podem afetar o desempenho e a satisfação profissional.
Outros tópicos, como a Intensificação e a precarização do trabalho de professores (PEREIRA, 2010; BARBOSA, 2011) e O Mal-Estar dos Professores (SOARES, 2012; PINHEIRO, 2014), também estão presentes nas investigações acadêmicas nessa fase da educação básica. Os dados coletados geraram discussões acerca das circunstâncias em que o trabalho docente ocorre, considerando aspectos como remuneração, infraestrutura, e recursos, tanto humanos quanto materiais, que podem levar ao mal-estar entre os educadores. O aumento das demandas e responsabilidades dos professores, muitas vezes sem suporte adequado, reflete uma sobrecarga que compromete a qualidade do ensino e o bem-estar dos profissionais. Isso inclui a necessidade de lidar com tarefas administrativas, acompanhamento de alunos, atendimento a famílias e outras atividades que extrapolam as funções pedagógicas.
Esse sentido, a respeito das diretrizes educacionais relacionadas ao trabalho e à carreira docente (ALMEIDA, 2010; ALVES, 2012; GARCIA, 2015; ALVARENGA, 2016), foi realizada uma análise crítica sobre a implementação dessas políticas educacionais em seu contexto histórico, evidenciando a fragilidade que elas apresentam em sua execução. Foram ressaltados os fatores que surgem dessa desigualdade, como as modalidades de contratação temporária, a ampliação da oferta de trabalho sem a devida valorização do educador, impactando diretamente o docente e sua profissão, ou seja, o seu profissionalismo. As observações pertinentes estão presentes no trabalho de Kramer (2006), que enfatiza a urgência em tornar reais os direitos que já foram garantidos.
Em relação a esse ponto, Campos (2009, p. 282) enfatiza que:[…] é fundamental ter em mente que diversos desafios enfrentados na educação, em nosso país, não decorrem da ausência de compreensão sobre as ações necessárias, mas sim da carência de condições políticas que tornem possível a implementação do que todos reconhecem como necessário. o trecho de Campos destaca um ponto central: o problema da educação brasileira não está no desconhecimento, mas na lacuna entre o saber e o fazer. Resolver essa questão demanda mais do que conhecimento técnico exige engajamento político, investimento contínuo e compromisso social para transformar a realidade educacional. Se quiser, posso ajudar a explorar como essas ideias podem ser aplicadas em sua pesquisa ou trabalho.
As temáticas, em suas representações numéricas, foram quase que distribuídas de maneira equitativa, não se centrando exclusivamente em uma delas. Essa dispersão pode sugerir uma aproximação dos pesquisadores em relação ao assunto. Os resultados apresentados revelam a necessidade de uma investigação mais profunda sobre a questão do trabalho docente, considerando a complexidade envolvida, além das novas exigências e desafios que lhe são impostos, como mencionado por Gatti, Barreto e André (2011). Esses fatores podem ser facilitados ou dificultados pelas condições de trabalho e de carreira que afetam diretamente a realização das atividades e a qualidade do ensino, especialmente na educação infantil, tendo em vista as suas particularidades. Nesse sentido, André (2010, p. 180) destacou o silenciamento de certas temáticas nas pesquisas, incluindo “[…] as condições de trabalho, plano de carreira, e organização sindical dos docentes”, ressaltando que a falta de atenção a esses aspectos ainda era evidente.
A influência das representações sociais na formação e na prática dos professores da educação pré-escolar. Com base em uma revisão teórica e reflexões críticas, busca-se compreender como os sistemas de valores, crenças e ideias partilhados pela sociedade impactam a visão dos educadores sobre a infância e seu papel pedagógico. Também são exploradas as implicações dessas representações na formação inicial e continuada dos professores, bem como nas políticas educacionais que orientam a educação infantil. As representações sociais, conforme conceituadas por Serge Moscovici, são sistemas de valores, ideias e práticas que orientam a interpretação e a interação dos indivíduos com o mundo. No âmbito da educação pré-escolar, essas representações desempenham um papel crucial na formação das percepções sobre a infância, o papel do professor e as expectativas sociais em relação à educação infantil.
A formação de professores na contemporaneidade enfrenta um cenário de constantes transformações, demandando a integração de competências pedagógicas, tecnológicas e socioculturais. Este artigo explora as possibilidades e desafios que permeiam a formação inicial e continuada dos docentes, abordando as expectativas das políticas públicas, a dinâmica das novas tecnologias educacionais e as condições de trabalho enfrentadas pelos profissionais. Além disso, propõe reflexões sobre como tornar a formação mais alinhada às demandas contemporâneas e ao contexto das escolas. A formação de professores tem sido amplamente discutida como fator determinante para a qualidade da educação. No entanto, na contemporaneidade, esse processo enfrenta desafios impostos por mudanças rápidas no contexto social, tecnológico e político. Ao mesmo tempo, abre espaço para novas possibilidades que podem transformar as práticas pedagógicas e promover uma educação mais inclusiva e significativa.
O estudo sobre a prática pedagógica dos professores da Educação Infantil busca analisar como as metodologias de ensino e as abordagens pedagógicas são aplicadas no cotidiano das salas de aula dessa fase educacional. A prática pedagógica dos educadores é um elemento fundamental para o desenvolvimento das crianças, pois é nessa etapa que são estabelecidas as bases para a aprendizagem e a formação de cidadãos críticos e criativos.
A pesquisa examina os principais modelos e estratégias pedagógicas utilizadas, identificando como os professores lidam com a diversidade de seus alunos, a adaptação às necessidades individuais e a promoção de um ambiente de aprendizagem inclusivo e estimulante. Além disso, o estudo reflete sobre a formação dos docentes, seus desafios no processo de ensino-aprendizagem e as políticas educacionais que influenciam suas práticas.
Ao analisar as práticas pedagógicas em estudos existentes, o objetivo é compreender o impacto dessas abordagens no desenvolvimento cognitivo, emocional e social das crianças, contribuindo para a construção de um ensino que valorize a identidade de cada aluno e promova uma aprendizagem satisfatória e significativa. Esse tipo de análise também aponta caminhos para a melhoria da prática pedagógica e para a valorização da profissão docente, essencial para o sucesso educacional das crianças na Educação Infantil.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em suma, pode-se concluir que a pesquisa proporcionou um amplo aprendizado sobre o assunto, incluindo as circunstâncias significativas que o envolvem. Além disso, ficou clara a importância de fomentar uma cultura de pesquisa entre os educadores fora das instituições de ensino superior e de valorizar essa prática. Em diversas ocasiões, a pesquisadora foi erroneamente identificada como estagiária ou assistente, o que, de certa forma, comprometeu os resultados finais, apesar de ter introduzido outros elementos relevantes ao estudo. No entanto, restringir a prática educacional a simples atividades realizadas com as crianças, como rotinas, planejamentos ou ações para atingir um objetivo, desconsidera as dimensões política, ética, estética, prática e teórica do trabalho de um educador.
A compreensão adequada dessas dimensões possibilitará uma mudança de uma abordagem mecânica para uma prática educacional que, de fato, enriquece o conhecimento das crianças e provoca impactos significativos na rotina das instituições de Educação Infantil e no trabalho das professoras. A prática educacional na Educação Infantil é, sem dúvida, um campo cheio de complexidades e obstáculos, pois envolve formação e uma contextualização social, política, econômica, cultural e histórica, além de levar em conta a singularidade dos indivíduos. Essa discussão é essencial e oferece inúmeras oportunidades para novos estudos, propostas e debates, necessitando de abordagens inovadoras e pesquisas que transcendam o habitual e o confortável. Apesar de o cuidado com bebês ser uma atividade exercida há bastante tempo, a abordagem atual, que demanda a valorização dos direitos das crianças e a especialização nessa área, é uma necessidade mais recente. Portanto, é evidente que a atuação da educadora na Educação Infantil está em constante transformação. A prática pedagógica dos professores da educação infantil é um campo dinâmico e desafiador, que exige planejamento, mediação qualificada, uso do brincar como estratégia de ensino, e um compromisso contínuo com a formação. Apesar dos desafios, a literatura evidencia que práticas pedagógicas intencionais e interativas promovem o desenvolvimento integral das crianças e tornam a educação infantil um espaço de construção significativa de saberes.
O papel de educador na Educação Infantil, devido à sua natureza única, oferece aos profissionais que trabalham nesse campo um papel distinto, decorrente da inseparabilidade entre cuidar e ensinar, o caráter lúdico dessa fase de aprendizado e a importante dimensão afetiva na interação com as crianças pequenas. Essa peculiaridade, considerando as circunstâncias em que se manifesta, pode contribuir para a desvalorização ou alteração do papel do educador, frequentemente limitando sua função ao cuidar, que tende a ser realizado, preferencialmente, por mulheres ou por profissionais sem qualificação adequada.
A recente sobrecarga ou aumento de trabalho, resultado da realização de múltiplas atividades ou do preenchimento de lacunas deixadas pela falta de pessoal, juntamente com uma interação confusa entre adultos e crianças, questões relacionadas à infraestrutura, estratégias de carreira, pagamento e recursos materiais mostrados nas temáticas das pesquisas examinadas, revelam ou até apontam a desigualdade que existe entre as propostas das políticas educacionais e as condições reais necessárias para sua execução, contribuindo não apenas para a desestruturação, mas também para a deterioração das condições de trabalho dos educadores..
Retornando ao objetivo estabelecido, que é entender o que as investigações acadêmicas revelam sobre o Trabalho Docente na Educação Infantil nos últimos anos, destacamos um conjunto diversificado de fatores que envolvem o ato educacional presente na prática docente, relevantes para serem considerados quando buscamos garantir uma educação de qualidade para as crianças e um trabalho digno para os profissionais envolvidos, que abrangem a formação docente e vão além desse aspecto, exigindo um olhar sobre questões sociais, políticas, culturais, éticas e organizacionais, entre outros.
REFERÊNCIAS
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