THE INVENTION OF CHILDHOOD: A DOCUMENTARY AS AN INTERCESSOR OF OTHER PERSPECTIVES ON CONTEMPORARY “CHILDREN” AND “CHILDHOODS”.
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202501292146
Rosilene Lopes de Pinho1; Maritza Maciel Castrillon Maldonado2; Eliziane Senes Alves de Souza3; Rita de Cássia Beck de Oliveira4; Senira Inácio da Silva5; Ozeni Ferminio Prudêncio6; Fernanda Benedita Garcia de Moraes7
Resumo:
O presente artigo visa problematizar concepções, identidades, representações, associadas à criança e infância. Utilizamos como principais pensadores/autores; Jorge Larrosa (2002, 2004), Walter Kohan (2003, 2005, 2007) e Nunes (2013). que discutem conceitos e sentimentos ligados a criança e infância no decorrer da história. No trabalho, para chegarmos aos objetivos propostos utilizamos também como intercessor o documentário Invenção da infância de Liliana Sulzbach (2000). O intuito em analisar o documentário foi de nos conduzir a pensar as antigas e novas concepções de infância, para além da cronologia. Portanto, antes desta análise, foi preciso reconhecer algumas concepções consideradas como parte da história na criação dos termos que conhecemos hoje como “Criança” e “Infância”. Percebemos que, os conceitos construídos e estabelecidos, deram impulsos para que vários profissionais de diferentes áreas do conhecimento, se dedicassem ao estudo da criança e infância. Por meio das escritas desse artigo, é possível dizer que tem alguns pensadores/autores que consideram a “criança” como período de desenvolvimento do ser humano, ou seja, há uma certa idade para “ser criança”, e a “infância” é uma fase cronológica, ou seja um curto período de vivência da criança que é medida, verificada, identificada, descrita, esquadrinhada, agenciada.
Palavras-chave: Infâncias. Criança. Identidade.
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS…
Falar sobre criança e infância atualmente se tornou algo corriqueiro. Na escrita deste artigo, bem como em estudos no decorrer de nossas vidas acadêmicas e experiencias na educação básica, percebemos que alguns conceitos associados a criança e infância enunciados, fazem parte de discursos produzidos através de processos de construção social. Esses discursos são produzidos por pesquisadores e educadores que tentam entender o “ser criança” e o “ter infância”, para que possam atribuir sentidos e significados a esses objetos de estudos (criança e infância) e a suas relações e posições no mundo.
Assim, respaldamos nas palavras de Foucault (1999) para descrever e entender o termo discurso aqui utilizado. De acordo com o autor “em toda sociedade a produção do discurso é ao mesmo tempo controlada, selecionada, organizada e redistribuída por certo número de procedimentos”. Foucault ainda pronuncia que,
Cada sociedade tem seu regime de verdade, sua ‘política geral’ de verdade: isto é, os tipos de discurso que aceita e faz funcionar como verdadeiros; os mecanismos e instâncias que permitem distinguir entre sentenças verdadeiras e falsas, os meios pelos quais cada um deles é sancionado (Foucault, 1999)
Sendo assim, esses discursos se modificam, fazendo com que surge uma história construída desde o momento em que os termos “criança e infância”, emergem na sociedade em determinados tempos/espaços. Deste modo, a pretensão deste artigo é de forçar o pensamento a pensar em infâncias outras a partir do documentário Invenção da infância, mas, antes de chegarmos a esse objetivo faremos um percurso sobre alguns discursos, muitos deles, hegemônicos, que foram produzidos por estudiosos, e que permanecem como regime de verdade, citados em textos e pesquisas, atualmente.
2 O QUE PODE UM CURTA NOS DIZER SOBRE INFÂNCIA E CRIANÇA?
Inicialmente alguns discursos enunciados sobre a criança e infância, foram escritos pelo autor Ariès (1981). Segundo ele, “Até por volta do século XII, à arte medieval desconhecia a infância ou não tentava representá-la. É difícil crer que essa ausência se devesse à incompetência ou a falta de habilidade. É mais provável que não houvesse lugar para infância nesse mundo”. (p.17)
De acordo com a afirmação de Ariès, podemos dizer que a criança sempre existiu, mas infância é algo construído historicamente, como ele profere que, até o século XVIII, a criança era vista como “adulto em miniatura”. Práticas, comportamentos, jogos, brincadeiras, vestuários das crianças não tinham distinção dos adultos (ARIÈS, 1981). No documentário Invenção da Infância, Liliana Sulzbach (2000) destaca que,
Ao inventar a infância, a modernidade cria a idade de ouro de cada indivíduo. Fase em que a vida será perfeita, protegida e tranquila, antes de ser tomada pelas exigências do trabalho. Época ideal de nossas vidas, em que ser criança é não ter qualquer outro compromisso que vá além do gozo puro e simples de sua inocência.
Os discursos relatados, nos incita a dizer que o sentimento de infância surgiu na modernidade, como uma etapa da vida, aliás muito curta, antes da criança entrar no mundo do trabalho e deixar de ser criança. Nesta perspectiva Áries (1981), afirma:
A sociedade via mal a criança, e pior ainda o adolescente. A duração da infância era reduzida a seu período mais frágil, enquanto o filhote do homem ainda não conseguia bastar-se; a criança então, mal adquiria algum desembaraço físico, era logo misturada aos adultos, e partilhava de seus trabalhos e jogos (p.10).
Os conceitos elencados, mostram como o mundo da criança e a do adulto se confundem. As crianças pensam e agem como adultos, possuem atos de responsabilidades iguais. Neste sentido, Liliana Sulzbach (2000) no documentário descreve,
Uma época na qual crianças podem trabalhar como adultos, consumir como adultos, partilhar das informações como adultos, não reconhece o mundo infantil como diferente ou especial. Um mundo onde adultos e crianças compartilham da mesma realidade física e virtual, é um mundo de iguais (A invenção da Infância).
Esses escritos, criaram redes de discursos, que vem sendo reforçados, e podem constituir maneiras de perceber e conceber o termo criança e infância. Como podemos perceber através dos escritos de Corazza (2002), de acordo com ela, a história da infância surge com ausências em sua problematização(infância), pelo fato de que no período da antiguidade à idade moderna, “não existia este objeto discursivo a que hoje chamamos infância, nem esta figura social e cultural chamada ‘criança”, ou seja, não porque as crianças não existissem. Nesta perspectiva, Liliana Sulzbach (2000) cita,
A infância, como ideia de uma época especial para cada ser humano, surge no mesmo tempo das grandes descobertas. Já não se morria tão facilmente e começava a valer a pena o investimento nesses seres tão frágeis. Para as crianças, inventa-se a infância quando decide-se deixá-las brincar, ir à escola, ser criança.
A partir dos dizeres de Aries (1981) e Liliana Sulzbach (2000), e corroborando com eles, Kramer (2003), resume-os nesta fala:
[…] a ideia de infância […] aparece com a sociedade capitalista, urbano-industrial, na medida em que mudam a sua inserção e o papel social da criança na comunidade. Se na sociedade feudal, a criança exercia um papel produtivo direto ‘de adulto’ assim que ultrapassava o período de alta mortalidade, na sociedade burguesa ela passa a ser alguém que precisa de ser cuidada, escolarizada e preparada para uma função futura. Esse conceito de infância é pois, determinado historicamente pela modificação das formas de organização da sociedade. ( p. 19)
Percebemos que os estudos de Ariès sinalizam observações realizadas entre a era medieval à modernidade. Esses conceitos, de infância e criança escritos por ele, nos remetem ao um significado social e ideológico construído historicamente. Essas concepções estão erradas? O que levou Aries, depois Corazza, Liliana Sulzbach e Kramer a chegarem nestas representações de infância e criança?
Partimos dos pressupostos que na sociedade medieval, o que levou estudiosos e pesquisadores, como Aries, chegar à conclusão de que não existia o sentimento de infância, e nem espaço para a criança, foram certas “condições” que muitas crianças possuíam nesta época. Este mesmo pensamento segue até hoje, como podemos ver em alguns textos e pesquisas. Nos relatos do documentário isso fica muito claro, as crianças e mães falam sobre as suas realidades, ou seja, suas condições de experiências (KOHAN). De acordo com Nunes (2013),
O filme A Invenção da Infância problematiza o modo como a vida das crianças e a dos adultos se confundem: independente da moda, o estilo das roupas se aproxima; independente da classificação, os programas televisivos são vistos por ambos; independente da condição econômica, a rotina de produção acelerada está presente na vida de cada um. Além disso, o filme mostra as condições econômicas tencionam hábitos e possibilidades de experiências no presente. (p.29)
Deste modo, este texto visa problematizar a criança e infância do documentário como condição de experiência. A escolha do mesmo (documentário) é porque traz relatos de crianças com várias realidades, de vários lugares do brasil, com várias experiências, ou seja, que podemos mostrar o porquê devemos falar Infâncias no plural. Para explicitar o porquê Infâncias, me apoio nas palavras de Barbosa, que prepondera,
Falar de uma infância universal como unidade pode ser um equívoco ou um modo de encobrir uma realidade. Todavia uma certa universalização é necessária para que se possa enfrentar a questão e refletir sobre ela, sendo importante ter sempre presente que a infância não é singular, nem é única. A infância é plural: infâncias. (2000, p. 84)
Portanto, através do documentário podemos perceber e problematizar como as crianças daqueles espaços/tempos, constroem significados dentro do seu contexto social e principalmente, ver e perceber que a infância não é única, ou seja, precisamos entender que tipo de infância se estabelecem no curta.
Na primeira parte do texto, os escritos nos remetem a pensar e perceber que a sociedade enuncia a infância que lhe interessa, tornando a infância conduzida, agenciada, investida, moralizada. Portanto este artigo problematiza o documentário através da ideia de Walter Kohan (2003, p.244) que descreve que a “Infância é condição de experiência”. Assim, no documentário as crianças se apresentam em existência diferentes, ou seja, mostram crianças em situação de pobreza que precisam trabalhar para ajudar a sustentar a si mesmo e a sua família, nas pedreiras (Santa Luz, Bahia) e na plantação de sisal (Retirolândia, Bahia). Essas crianças estudam no período noturno, pelo fato de trabalharem no período matutino e vespertino. Como podemos ver nas falas das crianças;
– “O trabalho aqui é bom, trabalha na sombra, não toma sol, por isso que é bom”. “É, eu acho que as crianças não podiam trabalhar não”. (Gilmar- pedreira)
– “Acho bom porque as crianças, os pais têm dia que não têm di-nheiro prá dar pras crianças e as crianças recebem um real, cinqüenta, trinta centavos, já ganha, e já gasta prá domingo”. “Porque os pais têm dias que não podem gastar. Só dá pra fazer a feira, assim mesmo fica faltando coisas. Não pode comprar roupa. E as crianças trabalham aqui, em três semanas, se ganhar dois reais, com três semanas compra uma feira boa. Três reais são seis reais, mais três são nove e dá pra fei-ra”. “Tinha vez que eu ficava, trabalhava muito e aí, com oito dias, a mãe não deixou mais, dava dor de barriga”. (Adriano – pedreira)
– “Pra ter dinheiro, pra modo de quando for domingo ter dinheiro pra sair”. ‘Tive cortinho já” (Zé Mário – pedreira)
– “Eu tenho doze anos e trabalho aqui desde os nove. Deu muito trabalho pra eu aprender a trabalhar, porque eu não sabia, não sabia botá palha, não sabia corta. Aí eu fui aprendendo aos poucos, esten-dendo fibra, aprendendo mais e, agora eu sei mais um pouco”. “Ganho na base de dois, três reais por semana”. “Se a pessoa ficar em casa é muito mais pior, porque não ganha é nada”. “O meu trabalho tá sendo quase o mesmo dos adulto. É uma vida de adulto”. “Às vezes se corta, se fura”. “Quando eu trabalho o dia inteiro eu vou brincar de bola e depois tomo o meu banho e vou pra escola”. ’Eu acho que o que eu posso fazer é depois de grande não trabalhar por aqui. Estudar muito pra aprender a ler e a escrever e saí daqui pra outro lugar”. “Criança não é que nem adulto”. (Geomar)
– Trabalho duro, perigoso. A pessoa pode se cortar, pode furar um olho. “E fica sem estudar. E sem trabalhar mais”. “Só dá tempo de brincadeira de tardinha, de manhã tá na escola e a tarde tá trabalhando, pára às cinco horas, sobra uma hora de relógio”. “Trabalho à tarde e estudo de manhã”. “Mas não tem jeito”. (Sivanildo- pedreira)
Percebemos que as experiências que essas crianças vivenciam, produzem redes de sentidos que dá um ponta pé no sentimento de infância idealizadas e hegemônicas que vem sendo retratadas desde a modernidade, nos escritos de Ariès(1978). Assim, de acordo com Kulmann Jr(1997), ao estudar infância devemos:
[…]considerar a infância como uma condição da criança. O conjunto de experiências vividas por elas em diferentes lugares históricos, geográficos e sociais […]. É preciso conhecer as representações de infância e considerar as crianças concretas, localizá-las nas relações sociais, etc., reconhecê-las como produtoras da história. (p.10)
Ou seja, as crianças vivem e experienciam, de acordo com suas condições, e isso nos mostram que cada criança tem sentimentos de infâncias diferenciados. Como podemos ver que o curta mostra também crianças consideradas de classe média, como podemos notar nas falas das crianças;
– “Eu sou a Carolina e tenho 8 anos”. “Horário pra ir no clube é horário pra ir no clube, horário de ir pra escola é horário de ir pra es-cola, horário de ir pro tênis é pro tênis, horário de ir pro balé é pro ba-lé”. “Além da minha aula eu faço tênis e balé”. “Eu, eu acho que é igualzinha a vida dos adultos”. “Quando eu for grande eu escolho um. Aí, minha profissão até pode ser bailarina”. “Balé é… fica fazendo isso, fica fazendo aquilo”. “Muito assim eu não gosto, eu gosto mais do tê-nis”. “Eu tenho força de vontade”. “Porque quando eu for grande eu vou saber já as coisas”. “Eu acho que eu sou uma pessoa responsá-vel”. Todo mundo tem horário. Carolina
– “Meu nome é Ana Lívia, tenho 12 anos”. “Eu faço balé e faço na-tação”. “E vôlei na escola”. “Ah, eu acho que as outras crianças que não fazem, por exemplo, não fazem inglês estão um pouco em desvan-tagem né, que se elas quiserem viajar pro exterior para fazer uma fa-culdade, uma coisa assim, elas não vão ter a base pra falar”. – “Eu acho uma responsabilidade você estudar, né!”. “Porque às vezes eu quero fazer uma coisa mais divertida, mais descontraída e não posso. Porque tem que fazer muita lição, tem que estudar muito”. Ana Lívia
– “Beatriz , eu tenho 9 anos”. “Ginástica olímpica, sapateado e na-tação”. “Se eu quiser ser sapateadora, ou nadadora ou atletista”. “Eu me considero responsável”. “Eu tenho os horários gravados no quarto da minha irmã, mas eu nem vejo porque eu já sei de cor. Então, não precisa ver”. Beatriz
Podemos analisar que essas crianças têm um convívio social e condições econômicas privilegiadas,com a realidade super diferente das crianças das pedreiras, pois essas não precisam trabalhar, mas o seu dia a dia se resume a cursos, estudos, de atividades com ballet, inglês, etc. ou seja, essas crianças não vivenciam as mesmas experiências, pois ocupam espaços/tempos diferentes, mas todas sobrecarregadas de afazeres e responsabilidades. Nesta perspectiva Kohan (2007, p. 86), enfatiza, “a infância tende a ser visualizada como um tempo marcado pelo relógio/cronológico e não pelo devir, sendo necessário “[…] ampliar os horizontes da temporalidade”, pois a infância não é apenas cronológica”.
No documentário, o que nos chamam atenção é que por mais que essas crianças não passem pelas mesmas experiências, e nem mesmo, possuem as mesmas condições econômicas, uma potência que existe entre elas é o brincar. Como podemos perceber a seguir;
– “Ah, faço um monte de coisa. Ando de bicicleta, ando de patins”. “Eu brinco com os meus amigos, eu gosto de assistir TV”. “Dou uma volta com o meu cachorro”. Carolina
– “Brinco com meus amigos de revólver, de bola, de um bocado de brincadeiras mais”. Sivanildo – pedreira
– “De brincá de bola”. Geomar
– “Vai matá passarinho”…Adriano –pedreira
– “Jogar video-game”. “Jogar bola”. Beatriz
Assim, nestes dizeres, percebe-se que a criança que trabalha, também brinca. Ou seja, a infância não significa uma fase da vida em que a única preocupação está centrada no brincar. Mas sim, cada criança possui uma condição de experiência/ infância. E isso também dá um ponta pé nas concepções de Ariès(1978). Deste modo, Larrosa (2002), nos revela que a experiência é aquilo que nos acontece, que nos passa, que nos toca; “não o que passa, que acontece, ou o que toca” (p. 21).
Por meio do documentário, podemos problematizar “Infâncias”, de distintos espaço-temporais, percebendo múltiplos modos de ser, de existir, de produções de infâncias. Neste sentido, Nunes (2013, p. 30), aborda que esse documentário, explana
Faces de um espelho que reúnem essas crianças e suas infâncias pelo que nelas se complementa de modo paradoxal: sua condição econômica. O que excede para algumas, falta para outras. Mas a desigualdade social também reúne singularidades nessa fronteira: a obrigação de ter que ocupar o tempo com algo produtivo, a vontade de brincar fora do horário disponível, a falta de oportunidade em decidir o que gostaria de fazer no presente. Pequenas em tamanho com grandes responsabilidades. Como pensar em criança e infância como termos com sentidos definidos? Os sentidos produzidos em redes se constituem nessa fronteira e, nesse espelho, por reflexos que compõe seus efeitos, algo que se passa pelo meio (DELEUZE,2009).
Portanto, o curta nos mostra produções distintas de infância, e as narrativas aparecem como “condições de experiências” (Kohan, 2003). As diversas realidades destas crianças do documentário, nos mostram que a infâncias idealizadas pela sociedade, são discursos hegemônicos e que existe um único modo de vê-las, percebê-las ou pensa-las, pois elas simplesmente acontecem e revelam as possibilidades do ser infante em distintos contextos. Para Kohan, a conceituação da infância e da experiência da infância “é a afirmação de uma política que se recusa a aceitar o que é, mas não postula um dever ser” (p. 250)
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS…
Ao final da escrita deste artigo, enfatizamos que as mudanças ocorridas nos discursos, são produzidas a partir de um discurso de verdade, pois de acordo com vários autores nos dias atuais esses discursos passam a sofrer questionamentos, oferecendo uma nova configuração do olhar, destinado as infâncias.
Assim, gostamos de pensar a criança e suas infâncias, de acordo com Larrosa (2004), que descreve que a infância é algo indecifrável, por mais que exista pensadores, psicólogos, sociólogos, etc., que tentam entender e compreender, “seres estranhos dos quais nada se sabe, esses seres selvagens que não entendem nossa língua” (LARROSA, 2004, p.183).
Portanto, reportamos nas palavras de Walter Kohan(2005), que diz: “A infância é devir múltiplo, uma produtividade sem mediação, a afirmação de que não há nenhum caminho pré-determinado que uma criança deva seguir, nenhuma coisa em que ela deva se tornar: a infância “apenas” é um exercício imanente de força”, e como diz Jorge Larrosa (2004), a infância é algo que buscamos explicar, nomear e intervir, porém, a infância vai muito além de qualquer captura, elas nos questionam, inquieta, nos instiga e fascina a cada dia mais.
REFERÊNCIAS
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SULZBACH, Liliana. A Invenção da Infância. 2000- disponível em: Ser criança não significa ter infância | Documentário completo “A Invenção da Infância” (2000). Acesso em 01/03/2024
1 Docente do curso superior de Pedagogia da Universidade do Estado de Mato Grosso- Campus Cáceres. Mestre em Educação. E-mail: rosilene.lopes@unemat.br
2 Docente e pesquisadora da Faculdade de Educação e Linguagem-FACEL e do Programa de Pós-Graduação em Educação – PPGEdu/UNEMAT. Doutora em Educação. E-mail: maritza@unemat.br
3 Professora da educação básica do Estado de Mato Grosso. Mestre em Educação. -zanesalves@gmail.com
4 Professora da educação básica do Estado de Mato Grosso. Doutoranda em Linguística. – rita.oliveira@unemat.br
5 Professora da educação básica do Estado de Mato Grosso. Especialista em Educação especial com ênfase em Libras. – senira.silva@edu.mt.gov.br
6 Professora da educação básica do Estado de Mato Grosso. Especialista em Educação especial com ênfase em deficiência Intelectual. – Ozeni.prudencio@edu.mt.gov.br
7 Professora da educação básica do Município no Estado de Mato Grosso. Especialista em Psicopedagogia. – nanda.gracinha@hotmail.com