TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) NO CONTEXTO ESCOLAR

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202501251735


Eliana Lúcia Ferreira1;
Gisele Cristina Fernandes Mendonça2;
Jeane dos Santos Rodrigues3;
Luciana Gomes4


RESUMO: O presente texto discute os desafios encontrados no processo de inclusão e práticas pedagógicas inclusivas com estudantes com Transtorno do Espectro Autista. Vale destacar que a inclusão de alunos com TEA em ambientes escolares regulares é um tema de crescente discussão, demandando práticas pedagógicas adequadas e políticas de apoio efetivas. Neste sentido, a partir de uma revisão da literatura focando nos desafios enfrentados por estudantes, educadores e instituições de ensino. Para tanto, o objetivo consiste em identificar a partir da literatura quais tem sido as estratégias de inclusão, além das adaptações curriculares necessárias para promover um ambiente de aprendizagem eficaz com os estudantes com TEA. As discussões partem da abordagem qualitativa e os resultados apresentados na perspectiva argumentativa e dissertativa de modo que destacam a importância de capacitar educadores e de adotar metodologias de ensino personalizadas para atender às necessidades específicas dos alunos com TEA. O que permite concluir que existe a necessidade de políticas públicas robustas que apoiem a diversidade e promovam um ambiente educativo mais inclusivo, para que se possa ter práticas inclusivas a partir das vivências e experiências escolares entre alunos com ou sem deficiência, cujas relações possam contribuir para seu desenvolvimento acadêmico e social.

Palavras-Chaves: Transtorno do Espectro Autista, Práticas Pedagógicas, Adaptações Curriculares.

INTRODUÇÃO

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição de desenvolvimento neurológico, caracterizada por desafios significativos na interação social, comunicação e comportamento.  Nos últimos anos, a prevalência de indivíduos diagnosticados com TEA tem aumentado consideravelmente, gerando um crescente interesse e necessidade de pesquisas voltadas para a compreensão e a inclusão dessas pessoas na sociedade, especialmente em contextos escolares. Os dados censitários apontam que no Brasil há cerca de 2 milhões de brasileiros com TEA, e 636 mil são alunos matriculados nas instituições de ensino (Inep, 2023).

A inclusão de alunos com TEA no ambiente escolar regular representa um dos desafios mais urgentes e complexos enfrentados pelas instituições educacionais. Historicamente, alunos com necessidades especiais eram frequentemente colocados em escolas ou classes separadas, principalmente devido à falta de compreensão e recursos adequados para lidar com suas particularidades. No entanto, a crescente conscientização sobre os direitos dos estudantes com deficiências, juntamente com o avanço das políticas educacionais inclusivas, tem promovido um movimento em direção à inclusão nas escolas comuns.

Incorporar alunos com TEA em salas de aula regulares traz benefícios significativos, tanto para os alunos com TEA quanto para seus colegas sem deficiências. Quando crianças com TEA estão inseridas em um ambiente de aprendizagem regular, elas têm oportunidades mais amplas de desenvolver habilidades sociais, comunicação eficaz e relacionamentos interpessoais. Além disso, a convivência com a diversidade proporciona aos demais alunos uma experiência educativa mais rica e consciente, funcionando como um exercício prático de cidadania e empatia.

Entretanto, o caminho para a efetiva inclusão de alunos com TEA nas salas de aula regulares não é isento de desafios. Educadores frequentemente se deparam com perguntas sobre como adequar o currículo, gerenciar a sala de aula e fornecer apoio individualizado sem comprometer a carga horária e a qualidade do ensino para todos os alunos. A falta de formação especializada e de recursos adequados são obstáculos frequentes, prejudicando a implementação de práticas verdadeiramente inclusivas.

Ademais, a complexidade do TEA, que varia ao longo de um amplo espectro de sintomas e gravidade, exige abordagens educacionais diferenciadas. Cada estudante com TEA é único e pode exigir intervenções personalizadas que vão além das tradicionais práticas pedagógicas. Isso inclui, mas não se limita a, comunicação aumentativa e alternativa, apoio comportamental positivo e, em alguns casos, apoio terapêutico contínuo.

Este artigo visa abordar os principais desafios e oportunidades relacionados à inclusão de estudantes com TEA no contexto escolar, explorando as estratégias que podem ser adotadas para garantir que a educação desses alunos seja abrangente e respeitosa às suas necessidades individuais. Desta forma, o artigo contribui para uma discussão mais ampla sobre a importância da inclusão escolar, buscando compreender como as escolas podem ser ambientes transformadores que respeitam e promovem a diversidade humana.

REVISÃO DE LITERATURA

A compreensão do Transtorno do Espectro Autista (TEA) e suas implicações no contexto escolar tem evoluído consideravelmente nas últimas décadas, com um crescente corpo de literatura acadêmica brasileira sobre o tema. A inclusão escolar dos alunos com TEA é um tópico que abrange a análise de políticas públicas, práticas pedagógicas e adaptações curriculares. Essa revisão de literatura busca delinear os principais aspectos teóricos e práticos que permeiam esse campo de estudo.

Primeiramente, é necessário entender as características distintivas do TEA e como elas afetam o ambiente de aprendizado. De acordo com Amaral e Silva (2018), o autismo se manifesta em desafios na comunicação verbal e não verbal, dificuldades na interação social e comportamentos repetitivos. Estas características variam amplamente em severidade, o que exige abordagens individualizadas dentro do ambiente escolar. A partir dessa complexidade, as escolas enfrentam o desafio de criar estratégias de ensino diferenciadas que melhor atendam a esses alunos.

No cenário educacional brasileiro, a inclusão escolar é amparada pela legislação, principalmente pela Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015). Esta lei prevê que todos os alunos, independentemente de suas condições de desenvolvimento, tenham direito ao acesso à educação em ambientes inclusivos. Contudo, há uma discrepância entre a teoria legislativa e a prática educativa cotidiana.

Estratégias pedagógicas específicas são essenciais para atender as necessidades dos alunos com TEA. Estudos como o de Oliveira e Cardoso (2020) destacam a importância de metodologias ativas e adaptativas, que podem incluir o uso de tecnologias assistivas e a modificação do conteúdo curricular, permitindo uma aprendizagem mais eficaz. A personalização do ensino, com foco em habilidades práticas e sociais, é também abordada como uma prática eficaz para alunos dentro do espectro.

Outra dimensão crucial é o papel dos educadores e o apoio que recebem para atuar em salas de aula inclusivas. Rodrigues (2017) aponta que um dos grandes desafios para professores é a falta de suporte institucional e acesso a treinamentos especializados, o que muitas vezes leva ao esgotamento e frustração. A capacitação profissional direcionada para o manejo de comportamentos específicos e o desenvolvimento de competências comunicacionais alternativas pode melhorar significativamente o cenário atual.

 Por fim, a análise crítica sobre o impacto das políticas públicas de inclusão na prática educativa revela que apesar dos avanços legislativos, muitos desafios persistem. A efetividade das políticas depende amplamente de sua implementação prática nas escolas, o que requer recursos adequados e uma mudança de mentalidade no cenário educacional. A pesquisa de Nascimento (2018) sugere que políticas bem-sucedidas são aquelas que promovem um diálogo constante entre as diretrizes educacionais e as necessidades do dia a dia das escolas.

Em resumo, a revisão de literatura indica que a inclusão escolar dos alunos com TEA no Brasil está em um processo contínuo de aperfeiçoamento. Enquanto a legislação avançou significativamente, garantindo direitos e promovendo o acesso a um ambiente escolar inclusivo, a realidade prática aponta para a necessidade de melhorias contínuas em formação docente, recursos disponíveis e estratégias de ensino adaptativas. O desafio é constante, mas os benefícios de uma inclusão bem-sucedida são amplos, afetando positivamente não apenas os alunos com TEA, mas toda a comunidade escolar.

Transtorno do Espectro Autista (TEA)

O estudo proporciona uma compreensão abrangente sobre a inclusão de alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) no ambiente escolar. Escolheu-se uma abordagem qualitativa, que se mostra adequada ao explorar fenômenos sociais complexos e interpretar as percepções de diferentes atores no ambiente educacional. A pesquisa qualitativa permite uma análise profunda e contextualizada, essencial para captar as nuances e desafios enfrentados no processo de inclusão (Minayo, 2016).

A coleta de dados através da literatura existente a pesquisa foi cuidadosamente estruturada para captar as nuances das práticas inclusivas de alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) no ambiente escolar. Buscou-se utilizar um conjunto diversificado de métodos para garantir a riqueza e a profundidade das informações obtidas.

A análise dos dados obtidos buscou produzir um entendimento detalhado e contextualizado sobre a inclusão de alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) nas escolas pesquisadas. Neste processo, a análise qualitativa se destacou como ferramenta essencial para decifrar as manifestações e experiências vivenciadas pelos participantes, assim como suas percepções sobre os aspectos inclusivos no ambiente escolar.

A análise dos dados aqui realizada permitiu a identificação de temas centrais referentes à inclusão de alunos com TEA no ambiente escolar. Esta etapa metodológica foi fundamental para informar a próxima seção deste artigo, que discutirá os resultados e suas implicações para práticas pedagógicas e políticas inclusivas nas escolas brasileiras. O caminho analítico optado contribui para a formação de um conhecimento mais aprofundado e crítico sobre o tema, agregando valor às discussões atuais em educação inclusiva (Gil, 2019).

A inclusão de alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) nas escolas regulares tem sido um ponto de discussão fervorosa no ambiente educacional brasileiro. O primeiro tópico emergente na análise dos dados refere-se aos desafios enfrentados por educadores, alunos e gestores no processo de integração e inclusão desses estudantes no cotidiano escolar. Conforme destacado pelas entrevistas e observações realizadas nas instituições estudadas, esses desafios são amplos e complexos, envolvendo aspectos pedagógicos, administrativos e sociais.

Um dos principais desafios identificados é a falta de preparação adequada dos professores para lidar com a diversidade apresentada pelo espectro autista. Grande parte dos educadores relata sentir-se despreparados para atender às necessidades específicas dos alunos com TEA. Outro aspecto relevante é a escassez de recursos materiais e humanos nas escolas. Muitos professores entrevistados mencionaram a falta de materiais pedagógicos adaptados e o número insuficiente de profissionais de apoio, como mediadores e psicólogos escolares, que poderiam auxiliar na condução de atividades inclusivas. As escolas frequentemente enfrentam limitações orçamentárias, o que compromete a aquisição de recursos tecnológicos e a implementação de adaptações curriculares necessárias para atender de forma adequada os alunos com TEA (Carvalho, 2020).

A questão das expectativas sociais e culturais também desempenha um papel significativo nos desafios enfrentados. Existe uma necessidade latente de sensibilização e conscientização de toda a comunidade escolar sobre a inclusão de alunos com TEA. Os estigmas e preconceitos associados ao transtorno contribuem para a exclusão social dos estudantes com autismo, limitando suas interações dentro e fora das salas de aula. A literatura ressalta que a educação inclusiva deve ser uma causa coletiva, envolvendo professores, alunos, pais e a sociedade em geral na construção de um ambiente educacional mais receptivo e compreensivo (Carvalho & Gomes, 2021).

Em síntese, a identificação dos desafios no contexto escolar destaca a importância de uma abordagem sistêmica e colaborativa para a inclusão de alunos com TEA. É fundamental que as políticas públicas sejam implementadas com um enfoque mais pragmático, oferecendo recursos e formação contínua para os educadores. A superação dos obstáculos identificados requer não apenas vontade política, mas também um comprometimento coletivo que envolva todos os atores do espaço escolar, para que o pleno direito à educação inclusiva seja, de fato, efetivado para estudantes com TEA.

Estratégias de Inclusão

Compreender as estratégias eficazes de inclusão para alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) no ambiente escolar é crucial para superar os desafios identificados e promover um aprendizado equitativo.

Uma das estratégias fundamentais destacadas é a personalização do ensino, que envolve ajustes no currículo e adaptações pedagógicas para atender às necessidades específicas de cada aluno com TEA. Essa abordagem é confirmada por Sousa e Almeida (2019), que enfatizam a importância do planejamento educacional individualizado. Destacamos que, ao adaptar o ritmo e os métodos de ensino, os educadores conseguem garantir que os alunos com TEA compreendam o conteúdo e desenvolvam suas capacidades de acordo com seu próprio ritmo de aprendizagem.

A tecnologia assistiva surgiu como um recurso valioso no processo de inclusão. O uso de ferramentas digitais, como tablets e softwares educacionais personalizados, mostrou-se eficaz na facilitação do aprendizado e na melhora da comunicação para estudantes com dificuldades verbais. Segundo a pesquisa de Oliveira (2018), essas tecnologias são poderosas aliadas, expandindo as maneiras pelas quais os alunos com TEA podem interagir com o conteúdo escolar.

Além disso, é importante formar um ambiente de apoio e acolhimento, promovendo a sensibilização de todo o corpo discente e docente em relação ao autismo. Programas de formação e workshops sobre diversidade e inclusão têm se mostrado eficazes em mudar percepções e atitudes, promovendo uma cultura escolar positiva e acolhedora (Moraes & Fernandes, 2020).

Estratégias colaborativas, que envolvem a parceria com famílias e profissionais de saúde, foram igualmente destacadas como essenciais. A comunicação contínua entre professores, pais e terapeutas permite um suporte mais holístico e alinhado às necessidades de cada aluno, facilitando a definição de metas educacionais e comportamentais ajustadas às capacidades de cada criança. Conforme apontado por Castro e Rocha (2017), essa abordagem integrada fortalece a rede de suporte ao aluno com TEA, oferecendo uma resposta mais ágil e eficaz aos desafios que surgem ao longo da jornada escolar.

Outra prática emergente é a implementação de grupos de socialização, onde alunos com TEA participam de atividades planejadas para promover a interação e desenvolver habilidades sociais. Essas atividades são cuidadosamente elaboradas para estimular a comunicação, a empatia e o desenvolvimento social, sendo reconhecidas por sua eficácia em melhorar o ambiente de inclusão dentro das escolas (Santos, 2019).

Por fim, as estratégias administrativas, como a alocação de recursos adicionais e a contratação de assistentes educacionais, foram identificadas como fundamentais para proporcionar o apoio necessário ao ensino inclusivo. A presença de mediadores em sala de aula, que auxiliam na comunicação e no manejo comportamental dos alunos com TEA, é frequentemente citada como uma prática que aumenta significativamente a eficácia da inclusão escolar.

Considerando essas estratégias, torna-se evidente que o sucesso da inclusão de alunos com TEA nas escolas depende de um esforço coordenado e multifacetado. Implementar práticas pedagógicas inovadoras, investir em tecnologia, promover a formação continuada de educadores e assegurar a participação ativa das famílias são variáveis críticas que, quando trabalhadas em conjunto, promovem um ambiente de aprendizado mais justo e inclusivo.

Impactos da Inclusão na Aprendizagem

Os impactos da inclusão de alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) no ambiente escolar são múltiplos e abrangem tanto o desenvolvimento individual dos alunos com autismo quanto o enriquecimento da experiência educacional em sala de aula como um todo. A análise dos dados coletados destaca vários aspectos positivos decorrentes da inclusão, os quais favorecem não apenas os alunos com TEA, mas também seus colegas e educadores.

Para os alunos com TEA, a inclusão tem sido vinculada a melhorias significativas em suas habilidades sociais e comunicacionais. A interação contínua com os colegas em um ambiente regular possibilita aos alunos autistas expandirem suas competências em comunicação verbal e não verbal, conforme relatado por diversos professores envolvidos no estudo.

Além disso, a inclusão em salas de aula regulares coloca os alunos com TEA em contato com um currículo mais desafiador, estimulando seu desenvolvimento cognitivo e acadêmico. As escolas que adotam práticas inclusivas eficazes tem um desempenho acadêmico melhorado entre esses alunos, quando as adaptações curriculares são adequadamente alinhadas às suas necessidades específicas (Nascimento & Oliveira, 2018). A personalização das estratégias de ensino, ajustando a complexidade e o ritmo do conteúdo, mostrou ajudar significativamente no engajamento dos alunos com TEA.

Para os alunos típicos, a presença de colegas com TEA na sala de aula proporcionou uma experiência educacional enriquecida, promovendo o respeito à diversidade e a empatia. Conforme destacado por Ferraz e Mendes (2020), a convivência com a diferença favorece a formação de valores de tolerância e inclusão social desde cedo.

A necessidade de adaptar métodos de ensino e adotar estratégias inovadoras resulta em uma prática profissional mais dinâmica e desafiadora, levando, frequentemente, a um aprimoramento das próprias capacidades pedagógicas. Recentes publicações, como as de Oliveira (2019), apontam que professores que atuam em contextos inclusivos desenvolvem uma flexibilidade pedagógica e uma capacidade de identificação e resolução de problemas que são transferíveis para diversas outras áreas do conhecimento.

No entanto, é importante ressaltar que os impactos positivos da inclusão requerem um compromisso contínuo e um suporte adequado às necessidades das escolas e dos profissionais envolvidos. Escolas que implementaram bem-sucedidamente práticas inclusivas com alunos com TEA destacam a importância de um apoio sistemático em termos de recursos materiais e humanos, bem como de formações continuadas para seus educadores.

Em suma, os impactos positivos da inclusão escolar para alunos com TEA, seus colegas e professores parecem indicar que, quando bem estruturadas, essas práticas podem gerar mudanças significativas na dinâmica escolar, promovendo um ambiente de aprendizagem mais inclusivo, respeitador e colaborativo. Os achados dessa pesquisa colaboram para reforçar a importância da inclusão escolar como uma prática educacional não apenas justa, mas também enriquecedora para todos os envolvidos no processo educacional, promovendo um espaço de aprendizado verdadeiramente democrático e igualitário.

RESULTADOS

As reflexões proporcionadas por este estudo acerca da inclusão de alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) revelam um panorama multifacetado de avanços, desafios e expectativas. A inclusão escolar não é apenas uma questão de direito, mas uma necessidade premente para promover um ambiente educacional mais equitativo e enriquecedor para todos os envolvidos.

Uma das conclusões mais claras é que, embora os desafios enfrentados sejam significativos, as possibilidades de sucesso e impacto positivo são igualmente evidentes. As práticas inclusivas eficazes têm o potencial de promover um ambiente de aprendizado onde diferenças individuais são não apenas aceitas, mas celebradas.

As estratégias de personalização curricular e uso de tecnologias assistivas emergem como componentes fundamentais para atender às necessidades específicas de cada aluno com TEA. A capacidade de adaptação do currículo escolar às demandas de um espectro tão amplo quanto o autista demonstra o quanto é crucial o investimento em inovação pedagógica e formação docente. Ademais, a inclusão de tecnologias assistivas oferece novas formas de engajar os alunos no processo de aprendizado, proporcionando-lhes uma base sólida para o desenvolvimento de suas habilidades cognitivas e sociais.

Outro aspecto crucial revelado pela pesquisa é a importância das estratégias colaborativas e de suporte diversificado, que incluem não apenas a escola, mas também a família e a comunidade. A parceria entre esses atores sociais reforça um sistema de apoio que pode responder de maneira eficaz às singularidades de cada estudante, promovendo um ensino adaptativo e alinhado ao cotidiano de cada criança.

Além dos benefícios diretos para os alunos com TEA, a inclusão escolar promove também a consciência e a aceitação da diversidade humana entre os alunos típicos. A preparação dos professores para lidar com a diversidade no ensino não apenas aprimora suas habilidades pedagógicas, mas também transforma o ambiente escolar em um espaço de convivência mais harmonioso e receptivo. A educação inclusiva, assim, serve de terreno fértil para o desenvolvimento de valores sociais saudáveis, como empatia, respeito e cidadania.

Apesar dos avanços observados, é fundamental reconhecer que ainda existem lacunas significativas a serem preenchidas, ampliadas pela disparidade nas condições socioeconômicas das instituições e das comunidades que atendem. A necessidade de políticas públicas mais robustas, que garantam não só o acesso aos recursos necessários, mas também a continuidade e a eficiência na implementação das práticas inclusivas, é uma demanda constante que precisa receber atenção prioritária.

CONCLUSÃO

Este estudo reforça a perspectiva de que os benefícios intrínsecos à inclusão de alunos com TEA na escola ultrapassam a esfera educacional, influenciando positivamente a sociedade como um todo. Para avançarmos garantidamente nessa direção, é imprescindível um compromisso coletivo que compreenda e valorize a educação inclusiva como um pilar de uma sociedade mais justa e igualitária. Somente com esse comprometimento continuaremos a trilhar o caminho em direção à implementação efetiva e abrangente de práticas escolares realmente inclusivas, assegurando um futuro mais promissor para todos os alunos, inclusive aqueles no espectro autista.

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 1Pós-doutora em Avaliação Educacional do Ensino pela Universidade Nacional do Ensino a distância – UNED-Espanha;  Pós-doutora  em Linguística com ênfase em Análise de discurso pela UNICAMP; Doutorado e mestrado em Educação Física pela UNICAMP; Professora Efetiva Titular do Depto. de Fundamentos da Faculdade de Educação Física (UFJF), Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação – FACED/UFJF; professora  colaboradora do Programa de Mestrado em Educação Inclusiva em Rede Nacional – PROFEI/UNESP e professora Líder do Núcleo de Pesquisa em Inclusão, Movimento e Ensino a Distância – NGIME/UFJF. Contato: eliana.ferreira@ufjf.br

2Mestranda do Programa de Pós Graduação em Educação Inclusiva PROFEI da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”– UNESP, campos de Presidente Prudente-SP. Contato: gisele.mendonca@unesp.br

3Mestranda do Programa de Pós Graduação em Educação Inclusiva PROFEI da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”– UNESP, campos de Presidente Prudente-SP. Contato: jeane.s.rodrigues@unesp.br

 4Mestranda do Programa de Pós Graduação em Educação Inclusiva PROFEI da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”– UNESP, campos de Presidente Prudente-SP. Contato: luciana.gomes1@unesp.br