OS DESAFIOS DA GESTÃO ESCOLAR E A COMUNICAÇÃO COM AS FAMÍLIAS NO COTIDIANO DA PANDEMIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA NUMA CIDADE DO INTERIOR MINEIRO

THE CHALLENGES OF SCHOOL MANAGEMENT AND COMMUNICATION WITH FAMILIES IN THE DAILY LIFE OF THE PANDEMIC: AN EXPERIENCE REPORT FROM A TOWN IN THE INTERIOR OF THE STATE OF MINAS GERAIS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102501241257


Elizabete Ramalho Procópio[1]
Lilian Perdigão Caixêta Reis[2]


RESUMO

Esta pesquisa tem como objetivo compreender o papel do gestor escolar diante dos desafios do distanciamento social vivenciado durante a pandemia de Covid-19, bem como analisar as possibilidades de comunicação com as famílias durante aquele período e destacar iniciativas da gestão nesse contexto. Trata-se de um relato de experiência da direção de uma escola no interior de Minas Gerais como parte de uma pesquisa de doutorado realizada junto ao programa de economia doméstica da Universidade Federal de Viçosa. A pesquisa é de caráter qualitativo e os procedimentos metodológicos utilizados no presente trabalho abarcam a aplicação de um questionário e a realização de uma entrevista semiestruturada com a gestora de uma escola estadual no interior de Minas Gerais.  Percebe-se a necessidade da constituição de uma rede de escuta aos atores educacionais e de políticas públicas que auxiliem as ações relativas à educação e aproximação com os responsáveis pelas crianças, para que o processo de ensino e aprendizagem realmente se efetive, considerando as desigualdades sociais existentes no Brasil. Equipar melhor as escolas, valorizar a equipe de professores e a equipe diretiva, bem como promover estruturas de apoio às famílias pode ser um percurso a conquistar no momento de pós pandemia.

Palavras-chave: Distanciamento social. Comunicação família e escola. Ação do gestor e do colegiado.

1.    INTRODUÇÃO

            O entendimento sobre a gestão escolar passou por mudanças conceituais nas pesquisas brasileiras e, na atualidade, as ações relacionadas ao cotidiano da escola e aos sujeitos que a compõem são importantes objetos de análise. Segundo Oliveira e Vasques-Menezes (2018), primeiramente o conceito de gestão se referia a questões relacionadas aos aspectos mais administrativos da função. Ao longo do tempo, o interesse do pesquisador pela temática se deu por conteúdos mais pedagógicos e políticos e, mais recentemente, se voltaram para aspectos da gestão democrática e sua discussão (Oliveira; Vasques-Menezes, 2018).

Não se pode negligenciar a relevância desse personagem no dia a dia escolar e no processo educacional. Vitor Henrique Paro (2010) esclarece que desde a década de 1930 no prefácio da obra “Introdução à administração escolar”, Antônio Carneiro Leão (1939) já destacava a importância da administração no âmbito da instituição/escola. Desde então, as pesquisas em educação, tanto nos meios acadêmicos quanto nos meios políticos e sociais tem abordado o tema de forma recorrente, e evidenciam o trabalho do gestor escolar e sua influência para o sucesso ou fracasso da escola de uma maneira geral. Autores frisam a importância da gerência dos recursos, principalmente nas unidades da rede pública, enquanto outras vertentes consideram o desempenho dos estudantes como diretamente ligado a uma boa ou má gestão. Oliveira; Vasques-Menezes, 2018).

Outra questão importante destacada na atualidade trata-se da gestão democrática vista como uma estratégia para alcançar o processo de ensino e aprendizagem ativamente com todos os envolvidos no âmbito escolar. Esse aspecto da gestão foi contemplado como um princípio da Carta Constitucional de 1988 numa perspectiva diferente de uma visão gerencial que visa somente resultados, ao contrário, oportunizando a partir dela que os sujeitos envolvidos na educação escolar possam planejar, refletir e avaliar sobre melhores condições no ambiente escolar, consequentemente favorecendo maior autonomia na gestão (Dantas e Rachadel, 2021).

Libâneo (2010) também aborda esta perspectiva enfatizando que a ideia de uma gestão democrática-participativa se baseia na relação enraizada entre a direção e a participação do pessoal da escola, acentuando a importância da busca de objetivos comuns assumidos por todos. Bueno e Gama (2023) de igual maneira, destacam as concepções de gestão democrática:

Corroborando com as orientações defendidas nos documentos legais, as pesquisas de: Luck (2008), Libaneo (2012), Saviani (1996) e Dourado (2006) apresentam trabalhos cujos resultados apontam a gestão democrática de forma positiva às instituições de ensino. Dito isto, para um trabalho qualificado e efetivo, as escolas buscam estabelecer em suas gestões, ao menos, a garantia dos dois princípios da gestão democrática citados pela LDB. Segundo Dourado (2006), a gestão democrática é importante para as instituições educacionais não se curvarem às práticas econômicas e correntes do mercado, mas, sobretudo, para que estas busquem resgatar a qualidade da formação humana e política dos cidadãos (Bueno e Gama, 2023 p. 04).

            Outro fator primordial a se considerar refere-se à diversidade presente na escola brasileira. Vera Maria Ferrão Candau (2016) destaca os desafios existentes nas unidades escolares que perpassam as práticas interculturais no cotidiano da escola, como as relações étnico-raciais, as questões de gênero e sexualidade, o pluralismo religioso, as relações geracionais, as culturas infantis e juvenis, os povos tradicionais e a educação diferenciada. Ainda não se consegue perceber tais aspectos como uma possibilidade de atuação potente, mas sim como um problema latente. Essa diversidade, entretanto, se apresenta como um desafio para o gestor (Candau, 2016). Ana Ivenicki (2019) ressalta outras questões presentes na escola que desafiam a gestão escolar como indisciplina, exclusão, conflitos culturais e violência, bem como a alfabetização e a educação diante da diversidade.

Nesse sentido, com tantas demandas presentes no cotidiano escolar, com a pandemia de Covid-19, o mundo vivenciou em 2020 aspectos inimagináveis serem possíveis de acontecer, e influenciar sobremaneira as relações sociais, e consequentemente as relações na escola. Muitos autores abordaram, por exemplo, as dificuldades socioemocionais que estiveram presentes nas famílias e no desenvolvimento das atividades em casa diante do distanciamento social. Dentre esses fatores estavam a ansiedade associada às dificuldades de aprendizagem no ensino remoto e outros marcadores sociais importantes nesse contexto, como cor, raça e casos de covid em casa que evidenciam desigualdades sociais existentes na sociedade brasileira (Vazquez et al. 2022; Folino et al. 2021; Santos, 2021). 

Diante dessa realidade, Almeida e Dalben (2020) se propuseram a examinar limites e potencialidades do processo vivido por uma escola no Paraná que atendia 1500 alunos matriculados em turmas de Ensino fundamental e Médio, além de cursos profissionalizantes durante a pandemia de Covid-19. Os autores acentuam a necessidade de reorganização das relações em sociedade diante das incertezas do momento, e também do medo da morte e como o papel da equipe gestora no processo para além das orientações oficiais da Secretaria de Educação foi extremamente importante. Almeida e Dalben (2020) denotam as reuniões realizadas pela equipe gestora buscando alternativas mais participativas que não se limitassem aos encaminhamentos prescritivos e burocráticos. Também foi destacado o empenho dos pedagogos para mapear os alunos que não estavam acessando as aulas, bem como ações para motivar a equipe de profissionais.

            A relevância da temática apresenta-se pela necessidade de analisar o contexto pandêmico e suas consequências, os desafios da liderança naquele momento e os direcionamentos possíveis durante e pós pandemia. Nesse sentido, o presente trabalho se justifica por trazer à tona a visão de gestão durante o distanciamento social diante dos desafios apresentados no cotidiano do trabalho do diretor, e direciona ao seguinte questionamento: em que medida as ações realizadas pelo gestor escolar durante o afastamento social possibilitaram a aproximação com as famílias? Quais aspectos favoreceram ou podem auxiliar no processo de aproximação das famílias com a escola?

            Esta pesquisa tem como objetivo compreender o papel do gestor escolar diante dos desafios do distanciamento social vivenciado durante a pandemia de Covid-19, bem como analisar as possibilidades de comunicação com as famílias durante o período, e destacar iniciativas da gestão.

Trata-se de um relato de experiência da direção de uma escola no interior de Minas Gerais como parte de uma pesquisa de doutorado realizada junto ao programa de Economia Doméstica da Universidade Federal de Viçosa. A pesquisa é de caráter qualitativo e os procedimentos metodológicos utilizados no presente trabalho abarcam a aplicação de um questionário e a realização de uma entrevista semiestruturada com a gestora de uma escola estadual de Minas Gerais.

Para o desenvolvimento do presente relato, a estruturação deste texto organiza-se em quatro seções. A primeira trata da introdução, por meio da qual contextualizou-se a temática, apresentou-se os objetivos da pesquisa, a relevância do tema e a justificativa para seu desenvolvimento, bem como a caracterização das seções do texto. A segunda seção traz o referencial teórico, na qual se apresenta conceitos sobre gestão escolar na contemporaneidade, suas implicações no cotidiano da escola e os desafios enfrentados durante o distanciamento social. Por sua vez, a terceira seção detalha a metodologia utilizada no percurso da pesquisa. Na última sessão são apresentados os resultados e discussões sobre uma revisão temática internacional obtida no portal de periódicos da Capes, bem como a análise do relato de uma diretora pertencente à rede estadual de ensino em Minas Gerais.

2. O GESTOR ESCOLAR NA PANDEMIA E OS DESAFIOS EMOCIONAIS, PEDAGÓGICOS/COMUNICACIONAIS E ADMINISTRATIVOS

Para se abordar a temática sobre a gestão escolar, antes denominada administração escolar, há que se compreender que as pesquisas remontam de longa data e o entendimento da escola como uma organização de trabalho está presente desde os anos 1930 com os pioneiros da educação nova (Libâneo, 2010).

Esses estudos, segundo José Carlos Libâneo (2010), evidenciaram aspectos da burocracia, de concepção funcionalista com um viés que aproximava a organização escolar com a organização empresarial. Libâneo destaca como os estudos na área eram identificados:

Tais estudos eram identificados com o campo de conhecimentos denominado Administração e Organização Escolar ou, simplesmente Administração Escolar. Nos anos 80, com as discussões sobre reforma curricular dos cursos de Pedagogia e de Licenciaturas, a disciplina passou em muitos lugares a ser denominada de Organização do Trabalho Pedagógico ou Organização do Trabalho Escolar, adotando um enfoque crítico, frequentemente restringido a uma análise crítica da escola dentro da organização do trabalho no Capitalismo. Houve pouca preocupação, com algumas exceções, com os aspectos propriamente organizacionais e técnico-administrativos da escola (Libâneo, 2010, p. 1).

               É importante salientar que existem duas concepções de administração escolar conforme esclarece Libâneo (2010). Uma seria aquela mais voltada para um enfoque científico racional e outra com enfoque crítico de cunho sócio-político (Libâneo, 2010). A primeira voltada para uma realidade neutra, objetiva e técnica que funciona racionalmente, e que precisaria de planejamento e objetivos claros, bem controlados para atingir a eficácia em seu processo. Esse modelo de gestão valoriza mais a hierarquia dos cargos e funções, as normas e regulamentos, que segundo o autor, estão mais presentes no funcionamento escolar. No outro modelo de organização da escola, este seria fruto de uma construção social num percurso que levaria em si os envolvidos no processo como professores, alunos, pais e toda a comunidade, valorizando mais o interesse público do que o mercado. Esta última caracterizando-se por uma forma mais democrática de gerir.

Os termos   administração e gestão são utilizados como sinônimos por Paro (2010), que discorre sobre o conceito de administração (ou gestão) como sendo a ação de mediar para realizar um fim, destaca também a concepção política nesta ação para uma convivência entre sujeitos. Entretanto, frisa que essa convivência pode ser conflituosa ou não, sendo importante seu caráter democrático. Para o autor, o conceito de administração entendido de forma mais abrangente permite a compreensão da atividade de direção em todo o processo para atingir alguns objetivos.

Paro (2010) refere-se às atividades meio (administrativas) e às atividades fins (aquelas que envolvem diretamente o processo ensino-aprendizado). No dizer do autor, atividades da direção, serviços de secretaria e outras atividades realizadas no âmbito administrativo fornecem subsídio para o trabalho pedagógico. Nessa perspectiva, as ações da gestão escolar envolvendo toda a equipe repercutem diretamente na condução e recondução das propostas pedagógicas, desenvolvidas no dia a dia escolar. Conforme supracitado, na pandemia diversas questões estiveram envolvidas para que as crianças tivessem acesso ao ambiente virtual e pudessem seguir no processo de aprendizagem.

O diretor, no âmbito do seu papel durante a pandemia, precisou lidar com questões burocráticas de urgência, como informar a frequência dos professores e os trabalhos realizados por cada funcionário por meio de planilhas, e os resultados das ações pedagógicas. Para mais, precisou lidar com questões urgentes envolvendo seres humanos, como os aspectos emocionais relacionados ao medo da morte, a saúde mental de todos os envolvidos, as condições de trabalho, dentre outros. Peres evidencia:

O gestor, além da constante preocupação com as melhorias dos índices educacionais, passou a preocupar-se com a transposição das aulas presenciais para aulas em ambientes virtuais, administrando com isso, o seu próprio despreparo, e também, o despreparo dos docentes para o uso de ferramentas tecnológicas para aulas virtuais, e em muitos casos, curvando-se para a ausência de recursos tecnológicos dos alunos e de suas famílias (Peres, 2020, p. 24)

Então, diante do distanciamento social necessário, iniciou-se o processo de organização em torno das determinações legais. Apesar de não ter sido de forma regular em todo o país, no dia 18 de março de 2020, o Diário Oficial da União divulgou a portaria nº 343, de 17 de março de 2020, que estabeleceu a substituição de aulas presenciais por aulas em meios digitais:

Art. 1º Autorizar, em caráter excepcional, a substituição das disciplinas presenciais, em andamento, por aulas que utilizem meios e tecnologias de informação e comunicação, nos limites estabelecidos pela legislação em vigor, por instituição de educação superior integrante do sistema federal de ensino, de que trata o art. 2º do Decreto nº 9.235, de 15 de dezembro de 2017 (Brasil, 2020).

 No dia 18 de abril o governo do Estado de Minas Gerais estabeleceu o regime de teletrabalho para profissionais da educação, e no dia 12 de maio de 2020 designou uma medida para restabelecer o calendário escolar, que foi interrompido na modalidade presencial pela pandemia de Covid-19.

Em 18 de maio, a Rede Estadual de Educação de Minas Gerais iniciava as atividades para desenvolver aulas remotas para os estudantes darem prosseguimento ao processo de ensino e aprendizagem. O Estado estabeleceu o memorando (nº 42/2020) direcionado a todos os funcionários da Rede, por meio das Superintendências Regionais de Ensino (SRE) com as seguintes orientações:

Estamos certos de que, neste momento, é preciso dar aos estudantes a possibilidade da continuidade do processo de desenvolvimento cognitivo e proporcionar a retomada de algumas atividades educacionais, mesmo que fora do convívio escolar. Sendo assim, nossas ações foram pensadas na perspectiva de que o estudante é o centro do processo e, por isso, consideramos também as características econômicas, sociais, geográficas e físicas para proporcionar que ele acesse o Regime Especial de Atividades Não Presenciais (REANP), contribuindo para que a educação chegue em cada domicílio do estado e não haja ampliação das desigualdades educacionais. (Minas Gerais, 2020, p. 1).

Em Minas Gerais as ações do governo desenvolveram-se por meio de implementação do Plano de Estudos Tutorados (PET) que consistiram em apostilas mensais de orientação de estudos e atividades, bem como um Programa de Televisão realizado em parceria com a Rede Minas. Foram oferecidos alguns cursos na modalidade EAD para professores, como também foi utilizada a plataforma Rede Escola Digital desenvolvida pelo Instituto Natura, Fundação Lemann, Fundação Telefônica Vivo, Instituto Inspirare e Fundação Vanzolini (Colemarx, 2020).

Nesse contexto, a sociedade brasileira pôde presenciar e vivenciar a desigualdade social estrutural que ficou evidente na pandemia. A escola pública foi atingida em suas carências, seus trabalhadores e comunidade vivenciaram a suspensão das atividades, tendo em vista problemas na comunicação e ausência de orientações específicas e claras (Roggero, Kubo e Almeida, 2021). A escola, mais uma vez, viveu uma contradição entre sua função de transmissora do conhecimento socialmente acumulado e o seu caráter social de acolhimento de políticas sociais que estão além da educação (Roggero, Kubo e Almeida, 2021). Segundo os autores:

A defesa de uma educação pública, gratuita, laica, de qualidade, que garanta acesso e permanência a todos aqueles que têm direito é o cerne de um discurso presente há três décadas em nosso país. Nesse período, produziu avanços – como a garantia de um financiamento específico à educação, que soma a maior parte da aplicação orçamentária, nos três entes federativos – e que tem possibilitado outras melhorias, em todos os quesitos que visam o alcance da qualidade da oferta desse serviço social. Porém, algumas contradições permanecem na base da constituição dessa instituição, sobretudo entre a sua função de transmissão do conhecimento socialmente acumulado e da cultura e o caráter social de integração comunitária e de acolhimento relativo às políticas sociais para além da educação (Roggero; Kubo; Almeida, 2021, p. 37).

 Bueno e Gama (2023) por sua vez, em artigo intitulado “Os desafios da gestão escolar frente à pandemia: uma análise do campo” realizam uma análise da produção científica em 2020 e 2021 no google acadêmico, e destacam os maiores desafios dos gestores com relação à dinâmica escolar, quais sejam: com relação à precariedade do ensino remoto, das dificuldades das famílias na devolução das atividades às escolas, da necessidade de promover mais investimentos nos recursos tecnológicos, como também os desafios sobre alfabetização online e adequação das aulas ao modelo digital. Para além, pontuam a necessidade de se buscar formação adequada para o uso de ferramentas digitais no ambiente escolar que podem ser usadas em outros contextos além da pandemia (Bueno; Gama, 2023).

2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

            Para coletar os dados necessários na construção deste trabalho, foram realizados os seguintes procedimentos: revisão bibliográfica (etapa 1) e análise de entrevista (etapa 2), as quais fazem parte de um arcabouço de outros procedimentos realizados para um projeto de pesquisa de doutorado no Programa de Economia Doméstica na Universidade Federal de Viçosa. 

Na etapa 1, buscou-se selecionar artigos e livros na literatura nacional que tratassem da temática da gestão escolar, ressaltando a questão do conceito de gestão e do papel gestor na perspectiva democrática utilizados como referencial teórico neste trabalho. Ainda nesta etapa, realizou-se uma busca no portal de periódicos da Capes, objetivando identificar as discussões sobre a temática em âmbito mundial. Foi realizado um rastreio utilizando-se os descritores no idioma inglês school management and pandemic, seguido da leitura dos resumos e conclusões dos primeiros 30 artigos encontrados, descartando os que se referiam à educação superior e que tratavam especificamente sobre problemas de saúde, bem como os que relacionavam ao trabalho docente e não do gestor. Dessa forma, para análise foram selecionados 10 artigos que se encontram no quadro 1 da seção posterior.

            Na etapa 2 analisou-se o relato de uma diretora da rede estadual de Minas Gerais que atua em uma escola dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Para tanto, realizou-se uma entrevista semi-estruturada, com perguntas construídas para identificar a percepção da diretora sobre os recursos que foram aplicados para estabelecer a comunicação no período de distanciamento social na pandemia de Covid-19.

Segundo Duarte e Barros (2006, p. 62) “a entrevista se tornou uma técnica clássica de obtenção de informações nas ciências sociais, com larga adoção em áreas como sociologia, comunicação, antropologia, administração, educação e psicologia”. Esse procedimento metodológico se justifica na medida em que o uso delas permite ao pesquisador, num processo de reconstrução e interpretação, identificar diferentes maneiras de descrever e perceber o fenômeno.

É válido expressar que a diretora assinou o Termo de Consentimento Livre Esclarecido, assegurando sua participação voluntária na pesquisa, bem como garantindo a preservação de sua identidade e os princípios éticos que regem a realização de pesquisas com seres humanos.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Revisão na literatura internacional

A literatura internacional evidencia questões relacionadas ao gerenciamento de crise, a liderança do gestor escolar, bem como características pessoais que podem ter auxiliado na gestão da crise social vivenciada na pandemia de Covid-19. A seguir, apresenta-se um quadro com a revisão realizada no portal do periódico da Capes na ordem em que os trabalhos foram encontrados.

Quadro 1: Revisão no Portal do Periódico da CAPES

Título do Artigo / AutorConteúdo / Ano de publicação
Crisis leadership and coaching: a tool for building school leaders’ self-efficacy through self-awareness and reflection   Jodie Lynn Brinkmann, Carol Cash e Ted PriceO artigo apresenta uma ferramenta de coaching para reflexão dos gestores no desenvolvimento da autoconsciência para atingir a autoeficácia.    Campo de estudo: Estados Unidos Publicado em: 2021
Educational Continuity during the Pandemic: Challenges to Pedagogical Management in Segregated Chilean Schools   Cuéllar et al  O artigo trata dos desafios enfrentados pela Gestão Pedagógica (GP), na pandemia na percepção dos atores que trabalham nos três diferentes sistemas administrativos e financeiros de governança escolar.   Campo de estudo:  Chile Publicado em: 2021
COVID-19 and the Health Promoting School in Italy: Perspectives of educational leaders   Verônica Velasco, Liliana Coppolab, Mariacira Venerusoc e coordenadores do Health Promoting School (HPS) da LombardiaO artigo analisa ações da gestão escolar na abordagem da Escola Promotora de Saúde (HPS) em resposta à pandemia de COVID-19.   Campo de estudo: Itália Publicado em: 2022
Work-Related Stress of Polish School Principals during the COVID-19 Pandemic as a Risk Factor for Burnout   Karina Leksy et al.A pesquisa aborda o estresse percebido pelos diretores de escolas e a exaustão do trabalho realizado na pandemia bom como queixas psicossomáticas indicadoras de risco   Campo de estudo: Polônia Publicado em: 2023
Impact of Student Learning at Home Prevent Pandemic Covid-19 in Indonesia   Amrazi Zakso Iskandar AgungO artigo aborda uma maior participação dos pais junto à aprendizagem dos alunos em casa e relatam um impacto positivo na gestão escolar.  No entanto, evidenciam vários obstáculos, tanto em termos de alunos como de escolas e professores Campo de estudo: Indonésia Publicado em: 2021
‘People miss people’: A study of school leadership and management in the four nations of the United Kingdom in the early stage of the COVID-19 pandemic   BEAUCHAMP, Gary et al.Este estudo aborda questões elencadas dentro das perspectivas dos diretores sobre liderança e gestão multifuncional nos estágios iniciais da pandemia e busca contribuir para a compreensão do período.   Campo de estudo: Reino Unido Publicado em: 2021
A Scoping Review of Organizational Responses to the COVID-19 Pandemic in Schools: A Complex Systems Perspective   Puspa Khanal, Fabio Bento e Marco TagliabueO artigo é uma revisão da literatura sobre adaptação organizacional em ambientes escolares no período inicial da pandemia de COVID-19 e enfatiza que práticas de gestão que facilitam a variação e a comunicação aberta sobre os processos de aprendizagem podem contribuir para o processo de adaptação organizacional.   Campo de estudo: Global Publicado em: 2021
Crisis Management, School Leadership in Disruptive Times and the Recovery of Schools in the Post COVID-19 Era: A Systematic Literature Review   Paraskevi Chatzipanagiotou e Eirene KatsarouO estudo é uma revisão sistemática de artigos científicos, publicados no período de 2019 a 2022 e compilados sob a estrutura PRISMA relatando os desafios enfrentados, as estratégias de gerenciamento de crise empregadas e os traços de personalidade que foram mais comumente associados à liderança eficaz em crises durante a COVID-19.   Campo de estudo: Grécia Publicado em: 2023
Crisis leadership: Leading schools in a global pandemic   Chen Schechter, Rima’a Da’as e Mowafaq QadachA gestão escolar remota e presencial limitada durante a pandemia trouxe à tona os inúmeros desafios enfrentados pelas escolas e diretores durante a crise, o que, por sua vez, deu origem a mudanças em suas práticas e papéis de liderança.  Este artigo se baseia na literatura existente sobre liderança escolar durante diversas situações de crise para aconselhar diretores que enfrentam a pandemia atual.   Campo de estudo: Israel Publicado em: 2022
School Management During the Covid-19 Pandemic: A Qualitative Study   Ceyhun Kavrayıcı1 & Eren KesimPesquisa realizada com 15 diretores de escola experientes e que atuam em vários níveis escolares.  A importância da liderança foi destacada e os principais problemas levantados foram com relação aos recursos e aos processos educacionais.   Campo de estudos: Turquia Publicado em: 2021

Fonte: Elaboração própria.

No artigo de Jodie Lynn Brinkmann, Carol Cash e Ted Price (2021) os autores buscaram compreender como foram identificados os problemas no início da pandemia, no contexto dos Estados Unidos, e o que os gestores escolares vivenciaram como lições aprendidas, quais os fatores indicados no gerenciamento de uma crise diante da Covid-19 que podem colaborar na preparação para futuros eventos com potenciais situações críticas (Brinkmann; Cash; Price, 2021). Os autores se referiram a uma ferramenta de coaching que possibilita a reflexão sobre os fatos e o desenvolvimento da autoconsciência e da autoeficácia. Eles sugerem a importância da escuta dos administradores das escolas que vivenciaram momentos tão impactantes para o aprimoramento de práticas de liderança que podem ser mais “difíceis de verificar durante tempos mais típicos” (Brinkmann; Cash; Price, 2021 p. 235).

Cuéllar et al (2021) no artigo intitulado Educational Continuity during the Pandemic: Challenges to Pedagogical Management in Segregated Chilean Schools trata das questões abordadas sobre a segregação das escolas chilenas, e relatam que dados preliminares do início da pandemia revelaram que  as escolas privadas parecem ter tido melhores chances de desenvolver as atividades pedagógicas e de aprendizagem do que as escolas públicas que atendem alunos vulneráveis, como também sugerem a perda de ganhos anteriores em busca de uma educação de qualidade (Cuéllar, et al. 2021). Os autores destacam a importância da gestão escolar num contexto de desigualdade social como o do Chile e elencaram quatro domínios a serem conquistados pelos gestores escolares na pandemia, quais sejam: domínio tecnológico, domínio curricular, domínio metodológico, domínio de avaliação.

Verônica Velasco, Liliana Coppolab, Mariacira Venerusoc e coordenadores do Health Promoting School (HPS) da Lombardia (2021) evidenciaram em seu artigo que a abordagem de escola promotora de saúde utilizada em resposta à pandemia de Covid-19 por gestores foi eficaz no contexto italiano e comprovada por agências internacionais. As autoras destacam que o modelo Health Promoting School (HPS) oferece uma estrutura satisfatória para desenvolver e orientar respostas dos sistemas educacionais e de saúde à Covid-19 baseadas na preocupação com qualidade, equidade e bem-estar. Segundo dados constantes no referido artigo, a promoção da saúde intenciona o reforço dos sistemas de saúde pública, o aprimoramento de ações de proteção, promoção da alfabetização e das habilidades em saúde, visando também implementar apoio social, comunitário e individual (Velasco et al. 2021)

Já no contexto polonês Karina Leksy et al. (2023) relatam que “quase metade dos diretores de escolas daquele país indicou uma alta frequência de estresse percebido durante a pandemia” (Leksy et al. 2023 p. 13) e revelou que diretoras mais jovens apresentaram mais exaustão mental e física. Segundo os autores, esta informação é importante para os formuladores de políticas que visem melhorar o bem-estar dos diretores.

No artigo Impact of Student Learning at Home Prevent Pandemic Covid-19 in Indonesia, publicado em 2021, os autores evidenciaram a importância de se dominar as TICs nos dias de hoje e o quanto isso impacta a gestão escolar, pois foi preciso se adaptar às mudanças advindas da pandemia superando desafios, construindo  planejamentos e estratégias adequadas, exercendo a liderança antecipando situações, oferecendo e apoiando o treinamento de pessoal para acesso e uso das TICs, bem como, sendo atentos à disponibilidade de canais de comunicação apropriados. Os autores alegaram a importância da interação no processo de utilização da internet na aprendizagem escolar. Mesmo estando disponível para uso domiciliar naquele país, esse contexto demandou a mediação do professor para que os alunos pudessem ser ativos, buscar diferentes fontes de material de aprendizagem e aumentar a capacidade de interpretar o texto lido, ser criativo, bem como usar e transformar os textos (Zakso e Agung, 2021).

Beauchamp et. al (2021) demonstram em seu trabalho a aprendizagem dos estudantes em casa, no contexto do Reino Unido, e o papel dos diretores no enfrentamento dos múltiplos dilemas e ambiguidades situacionais vivenciados da pandemia, atuando com resiliência em suas ações, que se basearam fortemente nos pontos consolidados das estruturas e equipes pré-existentes. Eles salientam que o diretor exerceu um papel multifuncional, fornecendo liderança emocional e moral eficaz em território desconhecido e em rápida mudança, buscando sempre a comunicação com pais, funcionários e alunos, diante de uma série de exigências externas, sempre buscando não só informar, mas manter uma “imagem virtual da escola como uma comunidade” (Beauchamp, et al. 2021, p. 385).

Puspa Khanal, Fabio Bento e Marco Tagliabue (2021) relataram através de uma revisão de literatura, os processos de adaptação durante a pandemia num contexto global e como eles afetaram o equilíbrio nas escolas. Evidenciaram que a instituição escolar tem um papel crucial na proteção comportamental e organizacional na sociedade em geral e como as ações do indivíduo em posição formal no papel de liderança podem facilitar ou restringir a busca por novos caminhos, frente à complexidade do que se apresenta no ambiente escolar.

Paraskevi Chatzipanagiotou e Eirene Katsarou (2023) analisaram em seu artigo a questão dos estilos de liderança colaborativos valorizados no dia a dia da pandemia na Grécia, desenvolvendo o sentimento de responsabilidade compartilhada na equipe. Evidenciaram o fato da questão de liderança de crise como um conceito teórico e de pesquisa que deve ser mais explorado.

No artigo Crisis leadership: Leading schools in a global pandemic, os autores Chen Schechter, Rima’a Da’as e Mowafaq Qadach (2022) relataram sobre o contexto de Israel e corroboraram a ideia da importância do gestor escolar e a liderança de crise que para eles deve ser implementada como sumamente importante nos padrões nacionais considerados para a liderança educacional, sendo que esse fator deve ser parte da preparação e das experiências profissionais dos líderes.

Os autores Ceyhun Kavrayÿcÿ e Eren Kesim (2021) explicitaram em seu estudo no contexto Turco, que foi de muita importância as precauções tomadas pelos gestores e denominaram como precauções físicas, informativas e produtivas, bem como deram enfâse ao extremo esforço dos diretores no cumprimento dos deveres com a escola, e também fora dela exercendo a função de liderança. Os autores abordaram, entretanto, que os desafios maiores foram relativos a recursos da instituição e dos estudantes, como tomadas de decisão com relação aos processos educacionais e de instrução. A seguir, apresenta-se os dados referentes à pesquisa de campo realizada numa cidade do interior mineiro.

Nota-se diante das discussões apresentadas, a importância das ações da direção escolar no enfrentamento de situações que se apresentaram durante o distanciamento social na pandemia de Covid-19 e que podem acontecer em outras situações de crise. Foram acentuadas questões emocionais que afetaram a todos bem como a busca de superação dos desafios, construindo planejamentos e estratégias adequadas, durante a liderança, antecipando questões que pudessem advir diante das desigualdades sociais, econômicas e emocionais.

4.2 O campo de estudo para o relato de experiência

A cidade em que se realizou a pesquisa está situada no leste de Minas Gerais e possui aproximadamente 66.261 habitantes, de acordo com o Censo de 2022. Ela possui 34 estabelecimentos do Ensino Fundamental e 11 estabelecimentos que oferecem o Ensino Médio.

A Escola de que trata o presente estudo está localizada no centro da cidade e foi fundada em 1913 sendo pertencente à rede estadual de ensino. Possui hoje um total de 552 alunos oriundos de diferentes bairros. Neste estabelecimento de ensino é oferecido o Ensino Fundamental (anos iniciais), ou seja, até o quinto ano de escolaridade. Esta escola possui 32 professores e o IDEB alcançado por ela é de 6,3 no ensino fundamental (anos iniciais) sendo que se espera atingir 7,6. Esses dados estão disponíveis para consulta e estão de acordo com questionário do SAEB (Sistema de Avaliação da Educação Básica) e dados do IDEB (2021).

A descrição e análise dos resultados buscou articular consistentemente as informações obtidas com o conhecimento teórico disponível. A análise dos dados foi realizada utilizando-se a Análise de Conteúdo de Bardin (1977), por meio da criação de categorias por semelhança de respostas, percentuais das mesmas, frequência, com destaque para as falas, por vezes, qualitativamente diferentes ou similares umas às outras (Silva e Cunha, 2005). Diante do exposto, algumas categorias podem ser destacadas na presente discussão na visão do gestor da referida unidade escolar, a saber:

Quadro 2: Sistematização das categorias na perspectiva do gestor escolar

CategoriasSubcategorias
Desafios da comunicação e liderança1.1. Orientações da SRE 1.2. Aspectos emocionais 1.3. Iniciativas da direção
Momentos com a equipe e comunidade2.1 Contatos realizados pessoalmente 2.2 Uso do whatsapp e outros
Práticas importantesVideochamadasUso do computador Uso de Aplicativos

Fonte: Elaboração própria.

Desde o início do processo de distanciamento social, os desafios da comunicação e liderança nas escolas se fizeram presentes. Sobre tal experiência, a diretora da escola da Rede Estadual de Minas Gerais compartilha sua visão, declarando que:

Eh começando lá né no comecinho que a gente estava desacreditada de uma doença assim tão tão fatal e quando surgiu o primeiro Decreto que veio a suspensão das aulas por um tempo curto né… determinado de… com data fim aí nós fechamos a escola fomos embora para casa me lembro muito bem eu e H fechando a escola colando o decreto no portão também, né para todos os pais né…verem… terem acesso, até mesmo aqueles que não tinham né  ainda o contato de WhatsApp porque foi uma coisa inesperada pegou todo mundo de susto até aquele dia nós tínhamos uma data uma data começo e fim então até ali nós fomos para casa sem nenhuma perspectiva do que fazer, simplesmente era ordem de reclusão.

Eles é… tive muitos momentos de pais reclamando muito né…que o filho não tava aprendendo, que o filho não tava saindo do lugar…muitos pais vinham conversar quando a escola já tava né…um pouco aberta, assim abria para poder entregar os pets, os kits (Relato da diretora, 24 de abril de 2024).

               A esse respeito, é preciso frisar que durante a pandemia de Covid-19 muitas ações foram necessárias para que a educação chegasse até as crianças em casa. O pouco acesso à internet foi um fator impactante, por isso muitas famílias preferiram imprimir os PETs (Planos de Estudos tutorados). Ou seja, as apostilas para realizar as atividades. Ações pontuais de gestores e professores realizando reuniões online e produzindo vídeos explicativos foram primordiais no desenvolvimento das atividades escolares em casa.

            Mesmo com as dificuldades e a falta de estrutura, assim como destacado sobre a realidade do Chile no artigo de Cuellar et al. (2021), foi preciso dar continuidade ao processo educacional dos estudantes e nesse sentido o papel gestor foi essencial não só para evitar o fracasso escolar, como também para pensar no processo pedagógico articulando ações metodológicas, curriculares e de avaliação por meio das tecnologias (Cuellar et al., 2021).

No que se refere às orientações da SRE para a comunicação, foi evidenciado pela diretora:

Aí chegaram as orientações prá gente poder começar né… então veio a conexão escola, o se liga na educação que eram programas né que as crianças iam ter acesso através da internet, a aulas também da conexão escola…e aquilo ali deu um trabalhão muito grande, muito grande mesmo prá poder passar essas informações para as famílias (Relato da diretora, 24 de abril de 2024).

               Os autores Ceyhun Kavrayÿcÿ e Eren Kesim (2021) destacam a importância do papel da Central do Ministério da Educação na Turquia que determinou deveres e responsabilidades para a gestão escolar durante a pandemia. Entretanto, apontam para as iniciativas de cada gestor no contexto vivenciado por ele. No Brasil a política de orientação sobre o distanciamento social nas escolas não se configurou em uma política nacional o que dificultou as ações iniciais na pandemia.

Sobre os aspectos emocionais vivenciados pela direção pode-se apontar:

Olha B…, foi muito complicado porque aqueles anexos que eu tinha que acompanhar…os anexos de professores… eu tinha que olhar se o professor realmente fez aquelas atividades… eu tinha que acompanhar todos os as atividades feitas online, era muito complicado como que você fala que a pessoa tá fazendo determinado quantitativo de horas em casa…agora tinha prazos… tudo com prazos marcados sabe?  é foi angustiante.

anhammm…como você alfabetizar à distância? como você ter esse retorno da criança? como você vai saber como ele está fazendo lá?… aí foi muito complicado

…Aquela pandemia isso não foi respeitado, era meia noite, dez horas da noite, mãe, pai, mandando no whatsapp que não tinha entendido a atividade, que queria esclarecimento e o professor nesse horário… ele não tava no horário de trabalho… ele estava disponível para o pai no horário de trabalho então aí dependia de o professor muito ter paciência de atender aquele pai no horário que o pai mandava. Era complicado isso, levou muito professor ao nível de estresse muito grande e muitas coisas também aconteceram de pais que mandavam áudios para o professor terríveis… terríveis muitas vezes eu ouvia que o professor mandava para mim, olha só o que que esse pai mandou prá mim…e era assim… (Relato da diretora, 24 de abril de 2024).

A afirmativa da diretora demonstra sua preocupação com todo o processo educacional sob sua responsabilidade num momento tão difícil, principalmente no que se refere à alfabetização. Como conseguir mediar os aspectos emocionais, que muitas vezes desafiam o trabalho escolar, não só durante a pandemia, mas também no cotidiano da escola? Na questão da comunicação, apesar do celular ter sido um importante componente, e na maioria das vezes ter sido o recurso que diminuiu a distância entre a escola e as famílias, seria preciso regulamentar melhor os horários e possibilidades de uso educacional. É importante pontuar que o uso do whatsapp pode ser potencialmente uma ferramenta de comunicação, mesmo após a pandemia, se for bem direcionada. 

Com todos os desafios apresentados no momento de distanciamento social, o gestor escolar necessitou auxiliar os professores para atuarem na rotina das aulas remotas sem o contato físico com os estudantes, buscando orientar sua equipe e enfrentando de igual forma fatores emocionais que influenciaram a todos naquele momento. Conforme Wójciak et al. (2023) houve muitos casos de exaustão mental e física de muitos diretores, e também a necessidade de desenvolver o gerenciamento de estresse desses profissionais definidos como a capacidade humana de lidar com situações estressantes, bem como, atuar de forma colegiada para compartilhar algumas responsabilidades.

Em todas essas atividades de liderança, no entanto, os diretores precisavam manter sua própria resiliência enquanto lideravam suas escolas por um período de mudanças imprevisíveis. Isso foi acontecendo diante de constantes desafios, e esses eventos poderiam tirar o controle emocional da equipe diretiva que precisou redimensionar suas ações. Essa questão também foi destacada pelos autores Chatzipanagiotou e Katsarou (2023), tendo em vista que o fato de precisarem estar atentos a sinais de estresse e problemas de saúde em seus funcionários, e também encontrando maneiras sensíveis e direcionadas, flexíveis e adaptadas, que afetaram, por vezes, sua própria saúde.

               Um fator importante a considerar foi a possibilidade de comunicação com as famílias, que de certa forma asseguraria o contato do professor com os estudantes de alguma maneira. Sobre as iniciativas da direção para conseguir se comunicar com as famílias a diretora declara:

Primeiro nós tivemos reunião on line, por meet né… para poder tá passando para os professores… aí nós fizemos as reuniões com os professores prá também estar passando a informação para os professores, nós gravamos vídeo para poder chegar esse vídeo para os pais tanto no Facebook quando no WhatsApp como que os pais iam fazer para acessar o Conexão Escola. Colocamo-nos à disposição daqueles pais que não conseguiam de vir até aqui na escola prá que a gente pudesse ajudar, nós pedimos professores né…até Ro, foi uma que se disponibilizou a vir para ajudar o pai a entrar no Conexão Escola. Então aqueles que não conseguiam em casa sozinhos, tinham na escola né todos já né com máscara que não podia entrar na escola sem máscara né…nessa etapa aí…e aí a gente ajudava…a gente dava a ajuda…

Não tínhamos ideia, era escuridão total. E aí eu lembro que eu falei com elas assim que elas usassem a criatividade né de pensar como que elas fariam isso… e tomei uma, por exemplo pedi autorização a uma professora que eu lembro até que foi professora Ra, que não era nada tecnológica, mas que teve ajuda das filhas dela para montar a aula e montou a aula em slides… sabe? (Relato da diretora, 24 de abril de 2024).

Os autores Beauchamp et al. (2021) destacam que no contexto do Reino Unido, tão importantes quanto as orientações oficiais, foram as iniciativas de cada diretor nos momentos iniciais da pandemia, o que se evidencia na fala da diretora D na realidade vivenciada por ela.

Com relação à categoria momentos com os responsáveis, nota-se -se pelo relato referente ao início do período de distanciamento social, como os gestores precisaram lidar com situações muito inusitadas:

Eu lembro também como se fosse hoje uma avó chegando aqui na escola com o celular embrulhadinho no paninho que ela tinha  tinha acabado de comprar e ela nem sabia usar… para neta dela poder ter aula online…me deu até uma  dó… que bonitinho… e aí ela pedindo a gente para a gente colocar adicionar o contato né da professora, o  nosso para ela poder ter o contato lá para neta poder entrar… que gracinha… que bonitinho…isso me emocionou muito! embrulhadinho num paninho (choro…) humilde…foi muito triste…B… foram muitos momentos que emocionaram a gente…muitos… (Relato da diretora, 24 de abril de 2024).

É importante salientar que as desigualdades de acesso ao computador e à internet e de condições de estudo foram identificadas no artigo de Ceyhun Kavrayÿcÿ1 e Eren Kesim (2021) no contexto da Turquia, o que dificultou o processo educacional assim como no Brasil. Os autores sublinham a diversidade de ações relacionadas à função dos diretores escolares dentro e fora da escola, como liderança em situação de crise, atuando em comunicação, coordenação, gestão de ensino, presença, gestão de projetos online e assistência.

Sobre alguns contatos realizados pessoalmente, a diretora declara:

E a gente teve que fazer a busca ativa né… porque tinha aquelas crianças que não tinham contato. Às vezes a criança mudava, mudava de bairro, mudava de cidade, não tinha como entregar o pet… a gente teve que… teve uma criança que nós tínhamos que descobrir, porque teve enchente na casa dele e ele mudou de casa e aí a gente perdeu o contato da criança. Depois nós fomos descobrir que essa criança foi morar no P Al, do P Al foi para Se nós tivemos que ir atrás… ir atrás dessa criança porque ele não tava fazendo Pet… não tava tendo retorno, o telefone não atendia, a criança tava passando tanta dificuldade…dificuldade enorme na família de pai que amputou a perna e de enchente na casa deles e era uma coisa louca,  loucura… que aconteceu… e aí nós tivemos que ir atrás correr atrás fazer essa busca ativa dos alunos que não estavam dando retorno não tava dando, Ora não tava dando retorno com pet e aí a gente tinha que correr atrás se até buscar pelo endereço (Relato da diretora, 24 de abril de 2024).

Essa questão dos contatos vai ao encontro do que foi relatado sobre o contexto global, em que foi necessário acessar as famílias para adaptar materiais e fornecer alimentos. Com relação ao Uso do whatsapp e outros em reuniões e para fazer contatos:

O recurso que mais aproximou a família da escola né da época aí foi o WhatsApp. Até hoje os pais… eles têm os grupos. Isso permaneceu… os grupos de WhatsApp tá… cada sala tem o seu…

tinha… muitas crianças né que são criados por avós né… e participavam também… os avós tadinhos não tem o domínio da tecnológica…o domínio tecnológico né… então a criança sempre tava perto… sempre tava perto queria falar…precisava de ver que bonitinho… queria falar às vezes na reunião participava o pai a mãe o filho… (Relato da diretora, 24 de abril de 2024).

Dentre as práticas importantes no momento da pandemia foram destacadas as seguintes como a do professor da educação física:

Nós começamos a fazer essa experimentação de aula online ao vivo né… aqueles que pudessem. Aí… ele marcou com as crianças que todos estivessem vestidos adequadamente e que  arrumassem espaço na casa né para poder fazer a aula online de educação física e aí todos podiam participar, professores, é…diretor até eu quiz participar né…nesse dia para poder ver como é que era… E aí ele fez uma roleta… uma roleta que girava automaticamente né online e a criança ele compartilhou essa roleta… e aí a gente quando parava num determinado exercício, eh… todo mundo tinha que fazer e aquilo ali como era ao vivo tava todo mundo na sua casa aparecendo na telinha praticando atividade que a roleta mandava! Polichinelo!  Aí todo mundo fazia polichinelo e o professor incentivando vamo lá…oh seu fulano você tá devagar…não sei o que… foi muito bacana as crianças amaram. (Relato da diretora, 24 de abril de 2024).

Sobre as Videochamadas que foram muito utilizadas na pandemia a diretora declara:

Eu na pandemia também descobri muita coisa que eu não sabia, eu não sabia fazer uma reunião online e eu não sabia compartilhar… então na pandemia também foi um aprendizado muito grande para mim assim como para muitas professoras que não eram tecnológicas. Aí ou a professora falava assim ô gente como é que desliga o microfone gente…eu não sei desligar…e a gente de longe… vai fulana vai fazer assim… olha uma bolinha vermelha…e a gente ensinava né…o passo a passo… aí assim foi… eu aprendi também a fazer reunião por meet assim como muitas professoras fizeram reunião por meet com os pais e aí para as professoras se sentirem mais seguras a gente participava… eu, a vice diretora, a especialista… participávamos da reunião com os pais, para né…apoiar o professor (Relato da diretora, 24 de abril de 2024).

Constata-se pela fala da diretora, que houve um aprendizado por parte dos gestores e professores quanto à utilização das TICs na pandemia, nesse processo de aulas online, como as videochamadas, produção de vídeos e jogos, tidas como práticas importantes naquele momento de distanciamento social, revelando, conforme analisa Dantas e Ferreira (2024, p. 4), “a vulnerabilidade dos métodos educacionais tradicionais (professor, livro, lousa e giz)”. Tal abordagem exige a necessidade de revisão de conceitos e a necessidade de discussão sobre tudo o que aconteceu naquele período e que possa sugerir novas possibilidades didáticas e metodológicas.

Sobre a questão do uso do computador e da frequência de uso:

Nossa! virou assim a…o meu companheiro… você vê que até hoje eu não perdi o hábito. Olha eu acho que eu tô com o hábito da pandemia até hoje. Eu levo o notebook para casa eu trago notebook para a escola, levo pra casa…porque eu fiquei com isso né… eu tenho… tinha serviço 24 horas e tudo dependia do computador… tudo… a gente tornou-se dependente né da internet (Relato da diretora, 24 de abril de 2024).

            A questão do uso do computador pelo diretor da escola de forma a potencializar suas ações é importante, mas merece um olhar crítico sobre o fato, conforme corrobora sobre o assunto os autores Roggero, Kubo e Almeida (2021, p. 38) ressaltando que:

É preciso olhar com atenção para os interesses que permeiam esse anseio – aparentemente advindo de uma demanda da sociedade para sua modernização – e os reais interesses da mão invisível do mercado e suas políticas neoliberais de privatização, controle, estado mínimo, sucateamento de bens públicos e o discurso de que a escola pública precisa de mais gestão e não de mais recursos (Relato da diretora, 24 de abril de 2024).

No que concerne ao uso de Aplicativos, ela relata:

O canva… oh ainda bem que você lembrou do canva… como o canva ajudou a gente na pandemia na… para fazer os posts né levar as informações às famílias para divulgar a entrega dos kits merenda, dos Pets né? Para divulgar todo o cuidado que eles tinham que ter né para poder chegar na escola para vir na escola… no presencial também que a gente começou porque nós tivemos essa etapa do semi presencial que era algum… semana presencial, semana online semana presencial semana online…

o canva era um né… elas recorriam muito aos cursos principalmente o canva que elas aprendiam muitas maneiras diferentes né…prá ´poder estar aplicando nas aulas delas e elas eh…lembro que elas estavam sempre em busca e fazendo essa melhoria. Porque era muito difícil, era muito restrito né? (Relato da diretora, 24 de abril de 2024).

Ainda sobre a questão do uso de aplicativos, jogos e outros recursos das TICs que auxiliam o processo de ensino e aprendizagem, ainda se tem um desafio enorme em nosso país, conforme destacam Silva e Prata-Linhares (2020), a familiaridade no uso das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) na educação não é recente, “dados da última pesquisa, realizada no ano de 2018, sobre o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação nas escolas brasileiras, mostram o quanto ainda é preciso avançar em termos de acesso e finalidade pedagógica no uso das TDICs” (Silva; Prata-linhares, 2020, p. 143).

Evidencia-se pelo relato da diretora a diversidade de situações e a complexidade inerente aos obstáculos vivenciados pelos gestores das escolas no período da pandemia, que implicaram em adaptações não só administrativas, mas também pessoais, exigindo dos profissionais a abertura para o enfrentamento dos desafios, com flexibilidade e autocontrole, bem como humildade para reconhecerem seus limites e se colocarem disponíveis a criar alternativas viáveis e adequadas aos seus contextos.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante a pandemia, a equipe gestora escolar (diretores, vice-diretores e supervisores) buscou operacionalizar o processo do ensino remoto, diante das determinações legais. Em outras palavras, conforme as demandas foram se apresentando, durante todo o desenvolvimento das estratégias, recursos foram utilizados de ambos os lados. Entretanto, toda essa dinâmica, evidenciou as dificuldades no acesso à internet, a necessidade de integração das TICs mais efetivamente nas atividades escolares, sobretudo, a partir do olhar do professor, e faz-se necessário refletir como as políticas públicas de proteção familiar são importantes diante da realidade brasileira. 

De acordo com o gestor da presente pesquisa, os maiores desafios enfrentados foram as aulas remotas, devido às dificuldades de acesso dos alunos e apoio das famílias no processo de ensinar em casa, muitas vezes ocasionado por não dominarem os conteúdos e nem a didática adequada. Ficou evidente o esforço e responsabilidade do gestor em buscar alternativas para se comunicar com as famílias e organizar o processo da melhor forma possível.

A Secretaria Estadual de Educação de Minas Gerais (SEE-MG), promoveu ações integradoras de atividades conjuntas com as Superintendências Regionais de Ensino, inspetores escolares, a equipe gestora da escola (diretor, vice-diretor e especialista ou coordenador pedagógico), dentre outros. No entanto, não foram suficientes para que o processo de ensino e aprendizagem online chegasse a todos, conforme preconiza a Constituição Federal, tendo a educação como um direito.

A pesquisa mostrou a importância da escola e do papel do gestor escolar e suas iniciativas no enfrentamento das questões surgidas no dia a dia escolar, bem como em situações de estresse como aqueles vivenciados durante a pandemia apoiando a equipe e transmitindo segurança mesmo vivenciando situações de estresse e incerteza.

Considerando as dinâmicas das relações escolares e familiares no período da pandemia da Covid-19 e o papel do gestor educacional na operacionalização e direcionamento de ações diante desse contexto vivido na atualidade, percebe-se a necessidade da constituição de uma rede de apoio e de políticas públicas que apoiem as ações educacionais para que o processo de ensino e aprendizagem realmente se efetive, considerando as desigualdades sociais existentes no Brasil. Equipar melhor as escolas, valorizar a equipe de professores e a equipe diretiva, bem como promover estruturas de apoio às famílias pode ser um percurso a conquistar no momento do pós pandemia.

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[1] Doutoranda em Economia Doméstica pela Universidade Federal de Viçosa. Mestre em Educação pela UFJF.Professora da Universidade do Estado de Minas Gerais (Unidade Leopoldina). Graduada em Pedagogia. E-mail:elizabete.procopio@ufv.br. Orcid: https://orcid.org/0000-0002-7827-914X.

[2] Psicóloga; Mestre em Família na Sociedade Contemporânea pela UCSAl; Doutora em Psicologia pela UFBA,Pós-doutora em Psicologia pela UFBA e em Educação pela UFMG; Profa Departamento de Educação da UFV. E-mail: lilian.perdigao@ufv.br. Orcid: https://orcid.org/0000-0001-6827-871X.