RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL NAS EMPRESAS DE SANEAMENTO BÁSICO

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102501200151


Marcos Antonio Silva do Nascimento¹
Bruna Roberta Floriana Oliveira Belfort²


INTRODUÇÃO

A gestão sustentável dos recursos hídricos constitui um dos grandes desafios do século XXI, particularmente no contexto das mudanças climáticas, do crescimento populacional e da intensa urbanização. As pressões sobre os sistemas hídricos e os impactos do uso dos recursos naturais evidenciam as soluções que precisam aliar inovação tecnológica, governança eficiente e educação ambiental. Nesse cenário, as empresas que atuam em saneamento básico desempenham um papel central; são elas que administram um recurso do qual depende a vida e gira o desenvolvimento humano: a água.

Além da prestação de serviços essenciais, como o abastecimento de água potável e o sistema de esgotamento sanitário, as empresas de saneamento têm uma função socioambiental estratégica. Através de campanhas educativas e programas de engajamento comunitário, essas organizações podem atuar como incentivadores de mudanças comportamentais. Tais ações são fundamentais para sensibilizar a sociedade sobre o uso racional da água, a preservação dos corpos hídricos e a importância do saneamento para a saúde pública. Ao adotar uma abordagem integrada, essas empresas podem acompanhar suas atividades operacionais aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), especialmente aquelas relacionadas à água limpa, saneamento e ação contra a mudança global do clima.

Além disso, o papel das empresas de saneamento vai além da esfera técnica e assume também a esfera social. A realização de ações socioambientais fortalece a relação dessas empresas com as comunidades que atendem, e também promove a conscientização coletiva sobre os impactos das atividades humanas nos recursos naturais. Dessa forma, iniciativas que unem a conservação hídrica com a mitigação climática são ferramentas indispensáveis ​​para enfrentar os desafios atuais.

Apesar dessas iniciativas serem importantes, a implementação de programas de educação ambiental enfrenta vários desafios, que vão desde a alocação de recursos até a superação de barreiras culturais e sociais. Em diversos casos, a população atendida não tem conhecimento dos impactos de suas práticas cotidianas sobre os recursos naturais disponíveis, o que mostra a necessidade de estratégias educativas adaptadas às realidades locais. Além disso, é essencial que as empresas de saneamento invistam em parcerias estratégicas com governos, instituições de ensino e organizações da sociedade civil para maximizar o alcance das práticas sustentáveis e educativas.

Este artigo busca explorar como as empresas de saneamento podem integrar a educação ambiental em suas práticas, destacando casos de sucesso, identificando desafios e orientando estratégias para aprimorar sua atuação. Ao compreender a importância dessas ações, busca-se promover um debate sobre o papel de transformação das empresas de saneamento na construção de um futuro mais sustentável e resiliente.

  • Papel das Empresas de Saneamento

 A responsabilidade social das empresas de saneamento básico vai muito além do fornecimento de água potável e do tratamento de esgoto. Essas instituições ocupam uma posição fundamental no tecido social, contribuindo não apenas para a saúde pública, mas também para a conscientização ambiental da população. A Lei 11.445/2007, que estabelece diretrizes para o saneamento básico no Brasil, ressalta o papel crucial dessas empresas em promover práticas que garantam o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Isso implica um compromisso ético que vai além da fiscalização e execução de serviços, reiterando que a educação ambiental deve ser uma prioridade em suas agendas.

As empresas de saneamento, portanto, têm a oportunidade de se transformar em verdadeiros agentes de mudança, capazes de inspirar uma nova geração de cidadãos mais conscientes e engajados. De acordo com Moura (2012), a ética ambiental em união com a ação educativa é decisiva para a sensibilização humana. Ao implementar programas educativos nas comunidades, promovendo a utilização responsável da água e a destinação correta dos resíduos, essas instituições contribuem para a construção de uma cultura de preservação e respeito ao meio ambiente. Estão diante de um dualismo: a prestação de serviços essenciais e a promoção da educação.

Um exemplo marcante é a experiência de centros comunitários que, sob a responsabilidade de empresas de saneamento, se tornam espaços de aprendizado onde as pessoas participam de oficinas e campanhas educativas. Nesses locais, o diálogo entre os empregados e a comunidade é fundamental. É no calor das conversas, na troca de ideias e experiências, que se forja a conscientização sobre a importância de um recurso cada vez mais precioso: a água.

A educação, neste contexto, é uma ferramenta poderosa que se, aproveitada corretamente, pode levar a uma mudança de comportamento significativa. Quando uma empresa de saneamento inicia um programa sobre o uso consciente da água e, em seguida, estimula a formação de grupos de discussão, promove-se não apenas a entrega de informações, mas também a criação de laços entre os participantes, que se sentem parte de uma solução maior. Essa coletividade faz com que as práticas se disseminem, como sementes que germinam em solo fértil.

Com o crescimento das cidades e o aumento da urgência em proteger os nossos recursos hídricos, é vital que as empresas de saneamento entendam este papel de responsabilidade social. Desse modo, a empresa precisa enxergar além do papel econômico, conforme Moura (2012), ainda existe a ideia defendida pelos economistas clássicos de que a função-objetivo das empresas é apenas a busca pelo retorno econômico, com uma abordagem acionista. Além de análises de dados e relatórios sobre a qualidade da água, é imperativo que escutem as vozes da comunidade. O feedback gerado em encontros e discussões pode ajudar a moldar futuras iniciativas, garantindo que elas respondam às reais necessidades e preocupações do público. Assim, o compromisso social e ambiental se fortalece.

Convém destacar que o fazer de um bom trabalho não se limita a atender aqueles que já são consumidores dos serviços oferecidos, mas anseia por incluir também aqueles que carecem de acesso à informação sobre o seu uso responsável. A educação ambiental nestes espaços se traduz em empoderamento e outras oportunidades na vida das pessoas.

As empresas de saneamento precisam, portanto, assumir essa responsabilidade e fazer dela um pilar fundamental da sua atuação. Conforme defende Santos (2020), as questões de sensibilização e educação também são refletidas nos números, visto que mesmo quando os serviços de coleta estão disponíveis, 35 milhões de brasileiros despejam seus esgotos de maneira irregular. Assim, as empresas são importantes não apenas transformam o tratamento e a distribuição de água, mas também formam cidadãos conscientes, capazes de agir para proteger o ambiente no qual vivem. Embora o caminho seja longo, a jornada em direção a um futuro mais sustentável começa com um passo simples: educar.

Conforme Pereira (2011), não existe necessidade da empresa investir grandes valores financeiros para atender as necessidades ambientais, reavaliar o processo feito pela empresa já é um passo importante. Cada ação educativa se transforma em uma oportunidade para gerar conhecimento e, principalmente, engajamento, enquanto cultivamos uma mentalidade coletiva voltada à preservação e ao uso responsável da água.

As empresas de saneamento têm um papel estratégico quando se trata de conscientizar a população sobre a importância do uso racional da água e o tratamento adequado dos resíduos. Afinal, de acordo com Pereira (2011), a globalização e o incremento da conscientização da sociedade referente a questão ambiental fazem com que as empresas busquem uma postura responsável, de maneira que haja produção com redução dos impactos ambientais. Assim, por meio de campanhas informativas, a promoção de workshops e atividades interativas, elas podem criar um canal de comunicação que não apenas instrui, mas também amplia a sensibilidade da comunidade para as questões ambientais.

Um exemplo valioso dessa estratégia é a realização de oficinas em escolas e comunidades locais. Essas iniciativas devem incluir atividades práticas, como a construção de composteiras, a criação de hortas urbanas e o plantio de árvores. Essas experiências proporcionam um aprendizado dinâmico e eficaz, conectando os participantes de maneira direta com o impacto de suas ações no meio ambiente. Ao fazer isso, as empresas não apenas garantem que as informações sejam absorvidas, mas ilustram a aplicação prática do conhecimento ao cotidiano das pessoas.

Além disso, o uso de tecnologia para disseminar informações alcança um público mais amplo. A criação de aplicativos voltados à conscientização ambiental pode ser uma estratégia inovadora. Por meio desses aplicativos, os usuários podem aprender sobre a importância da economia de água, receber dicas sobre práticas sustentáveis e até acompanhar o consumo mensal de água em suas residências. Essa ferramenta não só educa, mas também engaja os cidadãos a monitorar seus hábitos, promovendo mudanças práticas e duradouras.

Campanhas anuais, como o “Dia Mundial da Água” ou “Mês do Meio Ambiente”, são excelentes oportunidades para intensificar as atividades educativas. A empresa pode organizar eventos que incluam feiras de sustentabilidade, competições de reciclagem e discussões em fóruns abertos, todos disponíveis à participação da comunidade. O Plano de Saneamento Básico, previsto na Lei n.º 11.445/2007 e regulamentado pelo Decreto 7.217/2010, requisita dos titulares dos serviços de saneamento a formulação dos Planos com a participação dos movimentos, das entidades da sociedade civil, das comunidades, com a realização obrigatória de audiências públicas, consultas populares, análise e opinião do conselho gestor, demonstrando a importância da participação popular. Essas ações demonstram um compromisso real com a educação ambiental e podem despertar o interesse da mídia local, ajudando a criar uma imagem positiva em relação à empresa.

Importante mencionar também a força do voluntariado. Ao incentivar seus colaboradores a participar de atividades de educação ambiental junto aos cidadãos, as empresas promovem não apenas a troca de conhecimento, mas fortalecem o papel do funcionário como embaixador da causa ambiental. Esse engajamento dos funcionários não só reforça a cultura organizacional, mas também amplia o laço entre a empresa e a comunidade.

Contar histórias também é uma ferramenta poderosa. Testemunhos de comunidades que se beneficiaram diretamente da educação ambiental criada por essas iniciativas podem ser compartilhados através de vídeos, redes sociais e publicações locais. Esses relatos humanizam a questão, tornando as informações mais acessíveis e motivadoras. É uma forma de amplificar o impacto, fazendo com que novas vozes se juntem a essa crescente demanda por mudanças.

Essas são algumas das estratégias que podem ser rigorosamente aplicadas pelas empresas de saneamento para incorporar a Educação Ambiental em suas práticas. A construção de um futuro sustentável depende dessas ações decisivas e da responsabilidade coletiva. Lembrando que, em última análise, a educação é um compromisso que transcende gerações, moldando não só indivíduos, mas comunidades inteiras, preparadas para lidar com os desafios ambientais de forma efetiva e consciente.

O impacto da educação ambiental promovida pelas empresas de saneamento nas comunidades é profundo e transforma vidas. Ao proporcionarem experiências práticas, como oficinas de compostagem ou cultivo de hortas urbanas, as empresas não apenas transmitem conhecimento, mas criam um laço emocional entre as comunidades e o meio ambiente. Nesse contexto, cada atividade educativa se torna uma oportunidade para os participantes se tornarem protagonistas de suas próprias mudanças.

Em relatos resultantes das escutas sensíveis nas atividades da coordenadoria socioambiental com a realização de projetos de mobilização social e educação ambiental realizadas pela Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão/CAEMA, vários membros da comunidade relatam não apenas uma nova compreensão da importância do uso consciente da água, mas também uma mudança significativa em seus hábitos diários. Por exemplo, uma liderança comunitária do bairro do Turu na cidade de São Luís, onde uma empresa de saneamento implementou ações de mobilização social e educação ambiental, se tornou uma verdadeira líder no engajamento comunitário. Incentivada pelas reuniões que frequentou, a líder social começou a mobilizar os vizinhos para discutir práticas de sustentabilidade. Juntos, decidiram criar um grupo para a coleta seletiva de lixo e a reutilização de materiais, além claro que para estimular o uso consciente da água. A transformação na mentalidade da comunidade não é apenas sobre informação; é sobre ação coletiva e um compromisso renovado com o bem-estar do espaço onde vivem.

Depoimentos de outras lideranças nas escutas sensíveis, como a de líder estudantil que participou de um projeto na sua escola, também mostram como a conscientização pode gerar um impacto direto na qualidade de vida das pessoas. Ele descreve como, após aprender sobre a importância da água e suas práticas de conservação, decidiu convencer seus pais a consertar os vazamentos nas torneiras de casa e a usar baldes em vez de mangueiras para lavar o carro. Suas ações individuais, embora pequenas, inspiraram sua família e vizinhos a adotarem posturas semelhantes. Com o tempo, essas pequenas alterações culminam em fenômenos que alcançam o cotidiano e se inserem no comportamento da comunidade mais ampla.

Além disso, casos de sucesso demonstram que a relação entre as empresas de saneamento e a comunidade pode gerar mudanças significativas na conservação dos recursos hídricos. Em algumas regiões, a implementação de sistemas de arrecadação de água da chuva, ensinada por agentes de educação ambiental, levou à diminuição do consumo de água potável e, consequentemente, à redução de custos para as famílias. Em um cenário de crescente escassez de água, essa mudança representa, na prática, uma proteção não apenas ao meio ambiente, mas também um alívio econômico.

É crucial destacar que esses resultados não surgem de forma isolada. Eles são o resultado de um engajamento contínuo e colaborativo entre as empresas de saneamento e a comunidade. Conforme Santos (2020), a atualização de saberes ambientais com base na evolução das relações entre natureza e sociedade, pode emergir no contexto das empresas públicas de saneamento.  Quando a educação ambiental é bem-sucedida, ela cria ciclos de retroalimentação onde as informações e as ações educativas reverberam de um para o outro, criando um ambiente fértil para a verdadeira mudança cultural. As histórias inspiradoras de vida, como as de Maria e João, testemunham que quando a conscientização se transforma em ação, mudanças significativas e duradouras podem ser alcançadas.

Com isso, podemos concluir que a educação ambiental, promovida pelas empresas de saneamento, exerce um papel transformador nas comunidades. Cada projeto educativo não apenas informa; ele galvaniza, inspira e transforma a consciência coletiva. À medida que avançamos para o próximo bloco, refletiremos sobre os desafios e as oportunidades que ainda permanecem na implementação dessas práticas sofredoras de compromisso e responsabilidade. De acordo com Santos (2020), é a partir da coexistência de diversas formas de educação que se torna possível o alcance de objetivos baseados na sustentabilidade, ligados aos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável da Organização das Nações Unidas. Assim, é importante continuar traçando esse caminho de aprendizagem e transformação, alimentando a esperança de que uma sociedade mais consciente é, de fato, possível e necessária.

Por exemplo, o trabalho de Costa (2018) fornece uma proposta de introdução dos estudos de educação ambiental no currículo do Ensino Fundamental para o município de Porto Nacional – TO. Sendo assim, conforme aponta o autor, nos estudos de Reigota a educação ambiental nas escolas deve ser proposta atendendo quatro itens: Conteúdos da educação ambiental;  metodologia da educação ambiental;  avaliação dos alunos;  recursos didáticos. Dessa forma, a aplicação dos itens apontados serve de apoio na na elaboração dos Projetos Políticos Pedagógicos das escolas, no Município de Porto Nacional/TO, além de favorecer o trabalho com a temática da educação ambiental (COSTA, 2018).

Outro exemplo é o Projeto Sementes desenvolvido pela Gerência de Interação e Responsabilidade Social (Geris), da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), é uma iniciativa visa realizar ações com as comunidades locais incentivando e fortalecendo práticas educativas e de identidade cultural, através de técnicas de Permacultura e da Agroecologia para implementação de jardins, gerando um paisagismo produtivo que possibilite o contato direto com a natureza, além de um olhar integrado a respeito dos ciclos e processos da natureza. Também foram realizadas palestras educativas sobre sistema de abastecimento de água e esgoto da Cagece e oficinas de arte, permacultura e agroecologia. Tal projeto conseguiu aprovação por parte de escolas e comunidades, o que gerou um ofício da câmara dos deputados encaminhado à Cagece para implementação do projeto em mais de dez municípios no Ceará. Também possibilitou a comunidade ter ações mais sustentáveis , incentivando participação social e política, além de contribuir para um melhor entendimento sobre o saneamento (GONÇALVES; ANDRADE, 2024 ).

Desafios e oportunidades na implementação de programas de Educação Ambiental sempre estão em destaque nas discussões sobre como garantir que a consciência ambiental se torne parte do cotidiano das comunidades e, mais importante, dos hábitos das pessoas. O primeiro desafio enfrenta as próprias empresas de saneamento que, por vezes, possuem dificuldades financeiras e operacionais para implementar soluções inovadoras em educação. Conforme Santos (2020), um pouco mais de um terço de toda a água produzida pelas empresas de abastecimento tem a água desperdiçada na distribuição, a partir de vazamentos e ligações clandestinas (irregulares), o que demonstra a problemática ainda enfrentada. A escassez de recursos financeiros é um obstáculo que pode inibir a criação de colaboradores e programas de formação continuada.

A resistência cultural também representa um grande desafio. Muitas vezes, as comunidades estão enraizadas em hábitos antigos e veem as iniciativas educativas como uma imposição ou, até mesmo, como algo não necessário. As alterações de hábitos cotidianas não são tarefas simples e exigem tempo e paciência. É no dia a dia que se mostram as resistências, que por sobreviverem a um ciclo vicioso de descaso e descuido, a conscientização ambiental precisa ser de fato cultivada.

Entretanto, todo desafio traz consigo uma oportunidade. Quanto maior a oposição, mais forte será a necessidade de dialogar. Empregar estratégias que facilitem a escuta aberta e o acolhimento das ideias trazidas pelas comunidades é uma ponte que pode ser estabelecida. Um programa de Educação Ambiental que envolva os moradores como protagonistas é fundamental para gerar pertencimento e, portanto, deve implementar rodadas de diálogo bastante inclusivas, onde o feedback dos participantes se torne parte ativa do processo.

As empresas de saneamento podem utilizar essa resistência como aprendizado, adaptando suas abordagens conforme as realidades locais. Por exemplo, ao invés de impor soluções, nos propomos a escutar e construirmos juntos, ou seja, o conhecimento coletivo da comunidade se alinha com a expertise técnica das empresas. Nessa troca de informações, soluções criativas podem surgir.

Assim, se a resistência cultural é um fenômeno imutável por certo tempo, a exploração dos valores e tradições da comunidade pode ser a chave para uma integração bem-sucedida. Estudos já demonstraram que ao respeitar a história e os hábitos locais, os processos de educação tornam-se mais aceitos e efetivos, uma vez que a mensagem é traduzida em linguagem acessível, conectada à vida cotidiana das comunidades.

O impacto da tecnologia nesse cenário não deve ser ignorado. O uso crescente de plataformas digitais, por exemplo, possibilita que as empresas alcancem um número maior de indivíduos. Programas online de capacitação e webinars podem democratizar a informação e eliminar barreiras físicas que possam estar presentes. Ademais, as campanhas nas redes sociais permitem criar uma mobilização em torno de questões ambientais, tornando a educação ainda mais visível e atraente, especialmente para as gerações mais jovens.

Ao observar o futuro da Educação Ambiental nas empresas de saneamento, o caminho é de esperança. O compromisso contínuo com a formação e a conscientização dos colaboradores deve se espelhar nas ações voltadas à comunidade. O resultado proposto deve ser um envolvimento verdadeiro que vá além da mera ação pontual de educação; deve ser um processo contínuo que incorpore a Educação Ambiental na essência da prática diária das empresas.

Por fim, apesar de desafiador, não é intransponível. As empresas de saneamento tem um potencial enorme para se tornarem catalisadoras de ações significativas e duradouras. Ao unirem esforços, tanto no âmbito da educação quanto no acolhimento das demandas das comunidades, podem pavimentar o caminho para um futuro mais sustentável que, no final, também será um legado para as próximas gerações.

  • CONCLUSÃO

Com base na análise apresentada ao longo deste artigo, as empresas de saneamento básico têm o potencial de serem agentes de mudança na sociedade. Além de fornecer serviços essenciais, essas organizações têm a oportunidade de implementar conjuntamente iniciativas que promovem a conscientização ambiental e o incentivo a mudanças comportamentais mais racionais com relação à sustentabilidade. Integrar programas de educação ambiental nas atividades das empresas contribui não apenas para a preservação dos recursos naturais, mas também fortalece sua posição como parceiras no desenvolvimento sustentável.

No entanto, os desafios para implementar tais iniciativas tornam-se relativamente significativos, especialmente em comunidades mais vulneráveis, devido a barreiras financeiras, culturais e institucionais que limitam a eficácia de ações que dependem de educação. Portanto, são necessários investimentos em estratégias inovadoras que possam integrar tecnologia, comunicação acessível e parcerias.

Os resultados positivos obtidos em projetos bem-sucedidos demonstram que a educação ambiental pode transformar comunidades inteiras, promovendo não apenas a preservação ambiental, mas também melhorias na qualidade de vida e promoção de ações sociais engajadas, uma vez que, com conhecimento necessário, a população pode adotar melhores práticas. Assim, fortalecer essas iniciativas é um importante investimento para empresas de saneamento que buscam direcionar sua atuação de maneira socioambiental e acompanhando os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

Por fim, é fundamental que a sociedade reconheça a importância dessas medidas e ofereça sua contribuição para fomentar uma cultura de sustentabilidade. As empresas de saneamento, ao assumirem o protagonismo nesse processo, podem inspirar outras organizações a seguirem o mesmo caminho de contribuição para a construção de um futuro onde o desenvolvimento humano e a preservação ambiental seja uma realidade concreta. Somente assim será possível garantir que tal desenvolvimento seja realmente sustentável, e a qualidade de vida das pessoas esteja assegurada.

           REFERÊNCIAS

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PEREIRA, G.; CARVALHO, F. N.; PARENTE, E. G. V. Desempenho Econômico e Evidenciação Ambiental: Análise das Empresas que Receberam o Prêmio Rumo à Credibilidade 2010. Revista Catarinense da Ciência Contábil, v. 10, n. 30, p. 9–26, 30 nov. 2011.

BRASIL. Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007. Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico e dá outras providências. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11445.htm. Acesso em: 22 out. 2024.

SANTOS, I. Saneamento e educação ambiental: atitudes ambientais dos trabalhadores em saneamento. Ufsc.br, 2020.

CAEMA. Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão. Relatos de atividades socioambientais. EMARS, 2023.

https://www.ibeas.org.br/conresol/conresol2024/III-020.pdf

GONÇALVES, P.; ANDRADE, S. Educação Ambiental como elemento integrador do saneamento básico e da autonomia comunitária. Anais – 7o Congresso Sul-Americano de Resíduos Sólidos e Sustentabilidade, 14 maio 2024.

Educação Ambiental e sua Relação com o Saneamento Básico e a Saúde Pública no Município de Porto Nacional-Tocantins. [s.l: s.n.]. Disponível em: <https://universidadebrasil.edu.br/portal/_biblioteca/uploads/20200313204159.pdf>. Acesso em: 6 jan. 2025.


1 – Mestre em Desenvolvimento Socioespacial e regional/ PPDSR /UEMA

2 – Graduanda de Ciência e Tecnologia/ UFMA