REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102501170751
Tiago Lacerda Souza1
Thalita da Cunha Motta2
RESUMO
O tema deste artigo refere-se ao Design Instrucional/Educacional na busca por compreendê-lo para, assim, poder ser aplicado na prática. Portanto, pode-se dizer que este trabalho tem a pretensão de compreender as bases teóricas, conceituais e pedagógicas do Design Instrucional ou Design Educacional para poder trazê-lo ao mundo concreto não se limitando ao campo das abstrações. Sendo assim, o design é compreendido como uma ferramenta de planejamento educacional pela qual o profissional Projetista poderá planejar, escolher e organizar os objetos educacionais que mais estejam alinhados com os objetivos educacionais dos(as) educandos(as) e profissionais da educação. Para a presente pesquisa, foi adotada uma metodologia de revisão bibliográfica que abarcasse os conceitos abordados pela temática estudada afim de compreendê-los mais claramente. E os resultados da pesquisa demonstraram a importância do desenvolvimento do Design Educacional no âmbito educativo, seja na modalidade de ensino presencial, mista ou à distância.
Palavras–chave: Design Educacional. Design Instrucional. Educação à Distância.
1. INTRODUÇÃO
Inicialmente, ressalte-se que a qualidade do sistema educativo de um país depende, em grande parte, de seus profissionais docentes. Com esta premissa, percebe- se que a prática docente tem efeito relevante sobre o ensino e a aprendizagem. Destaquemos que a profissão docente requer além da solidez na formação, a inovação diante dos desafios e mudanças que decorrem da presença das tecnologias de informação e de comunicação (TICs).
O aprendizado eletrônico, visto como uma solução contemporânea para as demandas sociais por educação, está trazendo profundas mudanças paradigmáticas na teoria e prática educacional contrastando com a complexidade dos processos de ensino- aprendizagem.
Importante esclarecer que de acordo com o Art. 1º, do Decreto nº 9.057, de 25 de maio de 2017, a Educação à Distância (EaD) é considerada uma modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre através da utilização de meios e tecnologias de informação e de comunicação (TICs).
Um ponto que merece ser destacado ao tratarmos deste dispositivo legal que cuida da EaD é o seguinte: os(as) trabalhadores(as) dos setores precisam ser qualificados(as), são necessárias políticas de acesso a esta modalidade de ensino, com acompanhamento e avaliações que sejam compatíveis a ela, além de outros meios que se façam necessários.
Deve-se ainda deixar claro que à EaD, por meio da mediação didático- pedagógica, incumbe desenvolver atividades educativas junto aos/as educandos/as e profissionais da educação que estejam em lugares e tempos diversos.
Ao longo dos estudos e pesquisas realizadas na Especialização em Tecnologias Educacionais e Educação à Distância do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, pólo Marcelino Vieira, na modalidade de Educação à Distância, vislumbrou-se a possibilidade de investigar tanto o profissional quanto a profissão abarcadas pelo design dentro dos processos nesta modalidade de ensino (à distância).
Nesse sentido, urge-se alguns questionamentos que, uma vez respondidos e devidamente compreendidos, favorecerão a análise e implementação no âmbito das instituições educacionais, a saber: “O que se entende por Design?”, “Quais as correntes pedagógicas que influenciam esta área?” e “Qual o termo mais adequado a se utilizar no âmbito educativo: design instrucional ou design educacional?”.
Portanto, no escopo dessas questões que permeiam o presente trabalho acadêmico, objetiva-se a identificação e situação da área do design instrucional/educacional, perpassando-se pelos conceitos que o fundamentam e identificando as correntes do pensamento que influenciam esta área, compreendendo,
ainda, não apenas o trabalho específico em Educação à Distância (EaD), mas também as origens e conceitos do design como um todo bem como as funções do profissional que executa este trabalho.
Importante esclarecer que, como visto nas disciplinas desta pós-graduação, em especial na de “Introdução ao Design Instrucional” e complementarmente na de “Processos de Produção de Material Didático”, ministradas pelos docentes Louize Gabriela Silva de Souza e Thiago Medeiros Barros, por tratar-se de um estudo voltado para “design” o mesmo enquadra-se como planejamento, avaliação e acompanhamento, entendendo-se como um planejamento dentro da Educação à Distância (EaD).
Por fim, para poder compreender e identificar este e outros conceitos ligados ao presente trabalho, opta-se pela pesquisa bibliográfica como estratégia teórico- metodológica a ser utilizada.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
- O DESIGN COMPREENDIDO COMO FERRAMENTA DE PLANEJAMENTO
De acordo com Borges e Sousa (2019, p. 49): “Na educação online, o design empenha-se em planejar, escolher e organizar os objetos educacionais mais aderentes à proposta de aprendizagem pretendida”.
Para Guillermo (2002 apud Neves et al, 2012, p. 3), a palavra “design” corresponde a um termo da língua inglesa que, ao ser traduzido, perde parte do seu significado. De certo, design associa-se a ideia de planejar, projetar, conceber e designar, e não de desenhar, como normalmente é conhecida.
Na língua inglesa, diferencia-se estes significados pelas palavras design (ato de planejar, designar) e draw (desenhar).
De acordo com Coelho (2011, p. 189-190 apud Neves et al, 2012, p. 4), compreende-se por Design
…pode significar invento, planejamento, projeto, configuração, se diferenciando da palavra drawing (desenho); […] É essencialmente uma práxis que, acompanhada de teorias (para fundamentação e críticas), tem como tarefa dar forma a artefatos, considerando um projeto previamente elaborado com uma finalidade objetiva específica. É um campo amplo de atividades (desempenhos) especializadas, de caráter técnico e científico, criativo e artístico, que se ocupam em organizar, classificar, planejar, conceber, projetar e configurar sistemas, objetos, ambientes ou espaços.
Nesse sentido, Burdek (2010, p. 13 apud Neves et al, 2012, p. 4), docente da Escola de Design de Offenback am Main, na Alemanha, dá sua contribuição com a origem histórica do termo, a saber:
A palavra „design‟ se origina do latim. O verbo „designare‟ é traduzido como determinar mas significa mais ou menos: demonstrar de cima. O que é determinado está fixo. Design transforma o vago em determinado por meio da diferenciação por meio da diferenciação progressiva. Design (designatio) é compreendido de forma geral e abstrata. Determinação por meio da apresentação. A ciência do design corresponde à ciência da determinação. (Grifo nosso)
Portanto, do acima exposto, depreende-se que o Design possui significados plurais, todavia, para este estudo, nos interessa compreendê-lo como parte essencial e substancial do planejamento, de curso ou do profissional, por exemplo. Como bem assevera Coelho, o Design é uma práxis que não anda sozinha, pois, vem acompanhada das teorias que o permeiam, seja para sua fundamentação ou crítica, tendo como atividade formatar um artefato (mecanismo, aparelhamento ou produto educacional, por exemplo), considerando-se a prévia existência de um projeto (que, a nosso ver, pode ser um Projeto Político Pedagógico – PPP ou Projeto Pedagógico de Curso – PPC).
Nesse sentido, com a posse do Projeto Político Pedagógico (PPP) e/ou Projeto Pedagógico de Curso (PPC) em mãos, o profissional terá como uma de suas atividades dar formato às ferramentas pedagógicas disponíveis no âmbito educacional (produto educacional, por exemplo) e contribuir efetivamente na busca incessante pela excelência na qualidade do ensino.
- O DESIGN NA EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA (EAD)
Para Búrigo et al (2016, p. 169, grifo nosso)
Nosso entendimento é de que as equipes pedagógicas e de tecnologia devem se apropriar e conhecer todos os processos inerentes à modalidade a distância; afinal, para quem atua na parte pedagógica, o conhecimento das ferramentas permite visualizar estratégias mais adequadas à aprendizagem dos alunos. Da mesma forma, quando a equipe tecnológica compreende as demandas da equipe pedagógica, ela auxilia no desenvolvimento de ferramentas apropriadas e na criação de hipermídias coerentes com as concepções pedagógicas adotadas. Ressaltamos, porém, que as ações pedagógicas ocupam lugar central no processo de gestão da educação a distância, porque elas atendem diretamente às necessidades de ensino e de aprendizagem. As alternativas do processo pedagógico fornecem os critérios para a escolha e a definição dos meios, da produção dos materiais e do sistema de comunicação, integrando as equipes num objetivo comum: fomentar o processo de aprendizagem dos alunos.
A constatação dos/as autores acima citados/as não é de difícil compreensão pelo que passa-se a discorrer: na composição das equipes escolares que tratarão das fases de planejamento, implementação, controle e avaliação de resultados compostas basicamente por dois grupos de profissionais, os da equipe pedagógica e os da equipe tecnológica ou de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), estes devem conhecer a amplitude bem como apoderar-se e conhecer todos os processos inerentes a este tipo de modalidade de ensino, qual seja, à distância.
Não obstante, os profissionais que atuam nos setores pedagógicos necessitam conhecer as ferramentas digitais e tecnológicas possibilitando-lhes a visualização de estratégias que melhor se adequem à realidade dos/as alunos/as e à aprendizagem.
Na mesma linha de raciocínio, os profissionais que atuam no setor de tecnologias de informação e comunicação (TICs) destas instituições educacionais carecem conhecer as demandas que emanam dos seus respectivos setores pedagógicos, pois, assim, podem auxiliar os profissionais das equipes pedagógicas no desenvolvimento de corretas e adequadas ferramentas tecnológicas bem como na criação de “hipermídias” que condigam com as concepções oriundas da Pedagogia.
Um destaque merece ser dado no que toca às ações de cunho pedagógico, de acordo com Búrigo et al (2016, p. 169), a saber: estas ocupam centralidade nos processos de gestão educacional da educação à distância tendo em vista que estão diretamente associadas às necessidades de ensino e de aprendizagem dos(as) educandos(as).
As possibilidades de escolhas atinentes ao complexo processo pedagógico fornecem aos profissionais (pedagogos, projetistas, professores, designers instrucionais/educacionais) os critérios de escolha bem como a definição dos meios, da
produção dos materiais didático-pedagógicos e dos sistemas comunicacionais, e, assim, acabam por integrar e envolver as equipes pedagógicas e tecnológicas em torno de um objetivo em comum: o fomento do processo de aprendizagem do/da aluno/a.
- DESIGN INSTRUCIONAL (DI) OU DESIGN EDUCACIONAL (DE)?
Para Mendes (2022, p.6), em um projeto de Design Instrucional, provavelmente a tarefa mais dificultosa seja a de delinear o modelo. Para atender aos anseios de um determinado público-alvo, variáveis precisam ser observadas e isto acaba requerendo do Projetista que conheça
as estratégias didáticas e pedagógicas utilizadas com maior frequência nesses ambientes: Pedagogia diferenciada, Aprendizagem independente, Fundamentos psicológicos de trabalhos em grupos, Orientação para a efetivação de formas de aprendizagem, Fundamentos sobre inteligências, Teorias de Aprendizagem. (Munhoz apud Mendes, 2022, p.6)
Nesse sentido, destaque-se que estas variedades não estão presas a estratégias de cunho didático. É importante esclarecer que o profissional Projetista deve estar apto a definir qual o “modelo de design” do curso que será implementado: se curso com design aberto ou design fechado e, ainda, se o curso apoiará atividade presencial, se será totalmente à distância ou se abarcará atividade mista (ou seja, presencial e à distância – blended learning).
Esclareça-se que um tema atual levanta muitas dúvidas, qual seja, os cursos “MOOCs” bem como os seus correlatos.
Todavia, vejamos, abaixo, siglas, significados e considerações a serem observadas pelos profissionais Projetistas na definição de seus modelos de design de curso a serem implementados, conforme preconiza o célebre autor Mendes (2022, p. 6):
SIGLA | SIGNIFICADO | CONSIDERAÇÕES |
MOOC | Massive Open Online Course | São cursos para atendimento a um público em massa. Pelo volume de alunos, não há a previsão de Tutores. Todavia, os alunos podem se indicar como Auxiliares. Geralmente estes cursos são gratuitos. |
COOC | Corporate Open Online Course | Também conhecida como Educação Corporativa. O foco é formar os colaboradores da empresa para melhorar a qualidade da performance. Outra utilização destes cursos é quando se implanta um novo sistema, ou há atualização do aplicativo na empresa. Podem ser utilizados ainda para a formação de colaboradores recém- contratados. |
SPOC | Small Private Open Course | Os cursos SPOC são opostos dos cursos MOOC, pois, atendem a uma pequena turma e são pagos pelos participantes. Pode-se dizer que são considerados cursos de extensão e sua carga horária pode variar de 5 (cinco) a 40 (quarenta) horas. |
É importante que o profissional Projetista escolha bem o modelo de design de curso a ser implementado e planeje todo o passo a passo de suas atividades de modo a garantir ao público-alvo (colaboradores/profissionais/servidores públicos) qualidade na prestação do serviço educacional oferecido.
Para Filatro (2021), entre Design Instrucional e Design Educacional, a terminologia adotada pela renomada autora é Design Instrucional, todavia, reconhece que a nomenclatura constante no Banco de Dados da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) é Design Educacional, além de ser a mais utilizada pelos profissionais da área da educação.
Não obstante, outras nomenclaturas podem ser dadas ao Designer Instrucional/Educacional, de acordo com a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO)3 a saber: coordenador pedagógico, orientador educacional, pedagogo, professor de técnicas e recursos audiovisuais, psicopedagogo, supervisor de ensino, designer educacional, neuropsicopedagogo clínico, neuropsicopedagogo institucional.
- DESIGN EDUCACIONAL NA PERSPECTIVA CONSTRUTIVISTA
Para Neves et al (2012, p. 8) as raízes do design educacional dos dias de hoje estão nas obras de Skinner (1974) e Gagné (1974). Considerado um nome exponencial das teorias comportamentalistas (behavioristas), o referido autor demonstrou-se favorável a um projeto formal e sistemático de ambientes educacionais que se baseiam nos princípios da teoria da aprendizagem comportamental.
De acordo com Magda Inácio (2007, p.8 apud Neves et al, 2012, p. 8-9):
Para Skinner, se um tutor seguir a concepção pedagógica da teoria comportamentalista, deverá dividir a tarefa em pequenos passos e em cada passo fazer uma exposição. Em seguida, deverá prosseguir à avaliação. Se o formando obtiver avaliação positiva, passa-se ao nível a seguir e nessas circunstâncias, o tutor deverá dar feedback positivo; caso contrário, o formando deverá repetir os passos até que obtenha um feedback positivo. Segundo esta teoria, o ensino é programado, é linear.
Inácio (2007, p.8 apud Neves et al, 2012, p. 9) afirma que as teorias comportamentalistas de Skinner “concebem o indivíduo como um ser que responde a estímulos do meio exterior, não levando em consideração o que ocorre dentro de sua mente durante o processo”.
Este pensamento fez surgir uma corrente pedagógica conhecida como “instrucionismo” que é baseada na teoria didática tecnicista sustentada pela teoria da aprendizagem comportamentalista (behaviorista). Valoriza-se a estrutura curricular, é estabelecida uma aprendizagem mecânica de assimilação e repetição de informações. O computador é usado como uma „máquina de ensinar‟ cuja abordagem é a transmissão de informação para o aluno. (Pimentel, 2012, p. on-line apud Neves et al, 2012, p. 9)
3 As nomenclaturas atinentes ao Designer Instrucional/Educacional podem ser consultadas no site: https://cbo.mte.gov.br/cbosite/pages/pesquisas/BuscaPorTituloResultado.jsf
Portanto, a corrente pedagógica conhecida como instrucionismo tem sua fundamentação teórica em uma didática com característica tecnicista a qual está sustentada na teoria da aprendizagem comportamentalista (behaviorista) de Skinner. Nesse modelo de ensino-aprendizagem, a estrutura dos currículos escolares possuem valor sendo estabelecida uma aprendizagem de caráter mecânico na qual o papel do sujeito aprendente é assimilar e repetir informações recebidas.
Neves et al (2012, p. 9) concluíram que “o professor é detentor do conhecimento a ser transferido aos alunos, que ficam passivos em um processo mecânico de memorização e de reprodução desse conhecimento”.
Por sua vez, Gagné percebeu que a teoria comportamentalista de Skinner não estava suficientemente desenvolvida de modo que atendesse às demandas do Design Instrucional. Em 1965, Gagné publicou seu livro “The Conditions of Learning” e no qual, produziu um quadro formal e sistemático que trouxe vários tipos de aprendizagem. Com isso, ficou claramente constatada uma lacuna entre o que a teoria da aprendizagem oferecia naquele momento (instrucionismo) e aquilo que o design instrucional demandava.
Conforme a teoria de Gagné apresentada por Inácio em sua obra (2007, p. 20 apud Neves et al, 2012, p. 9)
Ensinar não significava transmitir conhecimentos, mas orientar o formando no desenvolvimento das suas capacidades naturais, pelo que se devem adoptar metodologias activas de aprendizagem – os formandos aprendem fazendo. Na óptica das teorias cognitivistas, devem ser apresentadas situações problemas para que os formandos possam resolver por si mesmos. A aprendizagem é um processo activo, de associação e de construção. Os indivíduos (re)constroem novas ideias, ou conceitos, baseados nos seus conhecimentos passados e actuais, e não são um produto directo do ambiente, das pessoas ou de factores externo àquele que aprende.
Nesse sentido, concordamos com os autores acima citados quando expõem que o ensino não deva limitar-se à mera transmissão de informações ou conhecimentos pré- estabelecidos aos educandos, carecendo o(a) estudante de amplo aparato orientativo no sentido de que possa desenvolver plenamente suas capacidades naturais, sendo necessária a adoção de efetivas metodologias ativas de aprendizagem, no ambiente intra e extra-escolar.
3 METODOLOGIA
De início, urge-se esclarecer que a seleção da estratégia teórico-metodológica a ser utilizada em uma determinada pesquisa científica requer do(a) pesquisador(a) a realização da análise de adequação dos métodos já existentes aos objetivos propostos no estudo/pesquisa, para que assim, os resultados obtidos por ele(ela) possam ser otimizados.
Para que se possa criar uma base de conhecimento no que toca aos conceitos que abrangem a temática do Design Instrucional ou Design Educacional e os quais permeiam o universo desta temática com o objetivo de obter o melhor conceito que se enquadre nas linhas teóricas utilizadas, buscar-se-á compreender e revisar, no campo teórico, esses conceitos através da pesquisa bibliográfica.
Sendo assim, o embasamento teórico do presente estudo focar-se-á na Revisão da bibliografia sobre a temática escolhida, qual seja, Design Educacional, pois, conforme preconiza Marconi e Lakatos (2017, p. 113):
Pesquisa alguma parte hoje da estaca zero. Mesmo que exploratória, isto é, de avaliação de alguma situação concreta desconhecida, alguém ou um grupo, em algum lugar, já deve ter feito pesquisas iguais ou semelhantes, ou mesmo complementares de certos aspectos da pesquisa pretendida.
Neste sentido, urge-se procurar as fontes, sejam elas documentais ou bibliográficas, tornando este ato imprescindível para que não ocorra a duplicidade de esforços na pesquisa, a “não descoberta” de ideias já expressas, a não inclusão de lugares-comuns no trabalho.
Marconi e Lakatos (2017, p. 113) ainda nos abrilhanta com suas sábias palavras ao tecer que
A citação das principais conclusões a que outros autores chegaram permite salientar a contribuição da pesquisa realizada, demonstrar contradições ou reafirmar comportamentos e atitudes. Tanto a confirmação, em dada comunidade, de resultados obtidos em outra sociedade quanto à enumeração das discrepâncias são de grande importância.
Portanto, compreender os conceitos abordados pelas(os) autoras(es) que tratam da temática relativa a Design Instrucional/Educacional abarcada pelo presente estudo acadêmico, no âmbito teórico, faz-se necessário para, eventualmente, colocar na prática, ou seja, trazer ao mundo concreto, no âmbito escolar, aquilo que outrora foi pensado por alguém ou algum grupo de estudo ou pesquisa de uma determinada instituição de pesquisa científica.
Acrescenta-se ainda que, quanto ao método de pesquisa de revisão da bibliografia do presente estudo, importante destacar que, para Silva e Menezes (apud Neves et al, 2012, p. 3),
A pesquisa bibliográfica contribuirá para: obter informações sobre a situação atual do tema ou problema pesquisado; conhecer publicações existentes sobre o tema e os aspectos que já foram abordados; verificar as opiniões similares e diferentes a respeito do tema ou de aspectos relacionados ao tema ou ao problema de pesquisa.
A realização de fichamentos na literatura permitiu a identificação das obras lidas, a análise de seu conteúdo, anotações de citações, elaboração de críticas e localizou-se as informações lidas consideradas de relevância para o presente estudo. Com isto, passou-se a classificar, analisar e interpretar as informações coletadas.
Neste sentido, esta pesquisa compreende a coleta de dados em livros, artigos, dissertações e periódicos, buscando os aportes teóricos necessários que contribuam para construir os conceitos ora relacionados.
Por fim, a abordagem metodológica adotada foi do tipo qualitativa, em que procedeu-se uma revisão bibliográfica que, conforme preconiza Azevedo (2022, p. 94 apud Costa; Motta): “Consiste em uma pesquisa que tem como objeto de análise produções escritas que receberam tratamento científico, como artigos, teses, dissertações, livros, etc.”
Como resultado da pesquisa bibliográfica sobre “Design Instrucional/Educacional”, observou-se o seguinte, conforme quadro abaixo:
Título | Autor | Ano | Revista | Resumo | |
1 | Design Instrucional: naprática! | Marcos Mendes | 2022 | Editora UNION | Não consta |
2 | Design Educacional Construtivista: O papel do design como planejamento na Educação à Distância | Marcus Neves; Cláudia Centeno; Fabiane Fruet; Janete Otte; Miguel Orth. | 2012 | Repositório Digital da UFSCar | OBJETIVO: Identificar e situar a área do design instrucional ou educacional METODOLOGIA: A partir da pesquisa bibliográfica realizou- se uma análise da literatura já publicada em forma de livros, publicações e imprensa, nas obras que abrangem o design, o design instrucional ou educacional e também a EaD. |
3 | Design Educacional para a promoção de competências infocomunicacio nais na educação online | Jussara Borges; Daniel dos Santos Sousa. | 2019 | Repositório Digital da UFRGS | OBJETIVO: Estudar o design educacional para a promoção de competências infocomunicacionais na educação online. METODOLOGIA: A metodologia envolve levantamento bibliográfico sobre os conceitos norteadores e pesquisa empírica a partir do desenvolvimento de um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), no qual o design foi experimentado quanto a sua capacidade de promover a aprendizagem em uma turma de 50 alunos de Biblioteconomia e Arquivologia. Para a coleta de dados empíricos foram utilizados dois instrumentos: um roteiro de entrevista realizada com um grupo focal constituído da equipe promotora do curso; e, um questionário direcionado aos alunos do curso. RESULTADO: Os resultados da pesquisa evidenciaram a relevância do design educacional na aprendizagem e a necessidade de constantes ajustes em coerência com a teoria e os objetivos de aprendizagem almejados. |
Com isso, foram realizadas buscas sistemáticas por artigos científicos e trabalhos acadêmicos nas seguintes bases de dados: “google acadêmico” e “portal de periódicos da CAPES. Durantes as consultas, a(s) palavra(s)-chave mais buscada(s) foi/foram “design instrucional” ou “design educacional”, além de “educação à distância”.
Sobre isto, acrescenta-se que os materiais de estudos passaram por avaliação no que toca à sua relevância e qualidade, por meio da leitura dos títulos e resumos.
Nesse sentido, foram selecionados aqueles que abordavam direta ou indiretamente temáticas sobre as palavras-chave consultadas.
Então, os materiais foram lidos e analisados de forma crítica, identificando os principais argumentos, teorias, conceitos e resultados apresentados pelos/as respectivos/as autores/as.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A experiência acadêmica vivenciada na Especialização em Tecnologias Educacionais e Educação à Distância ofertada no Pólo Marcelino Vieira/RN pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) e Universidade Aberta do Brasil (UAB), na modalidade de ensino à distância, possibilitou a ampliação de conhecimentos voltados para o desenvolvimento de ferramentas técnicas e tecnológicas bem como didáticas e pedagógicas que muito poderão auxiliar os profissionais da educação no contexto educacional como um todo.
Todas as disciplinas ofertadas foram de suma importância para a construção deste “saber” que culminou no presente artigo científico, em especial, as disciplinas de Introdução ao Design Instrucional e de Processos de Produção de Material Didático ministradas pelos docentes Louize Gabriela Silva de Souza e Thiago Medeiros Barros.
Não se pode deixar de dar os devidos créditos à professora orientadora Thalita da Cunha Motta (Mestre e Doutora em Educação) que muito contribuiu para a conclusão deste trabalho acadêmico e também, deste curso em Tecnologias Educacionais e EAD, possibilitando-me receber o honrável título de “Especialista em Tecnologias Educacionais e Educação à Distância”.
A construção e compreensão do “conhecimento” ora adquirido pode proporcionar ao/a profissional colocá-lo na sua prática didático-pedagógica cotidiana, que pode ser ofertada diretamente a trabalhadores(as) diversos da área educacional bem como no auxílio pedagógico aos/às próprios/as educandos/as, seja de forma individual ou coletiva, em sala de aula ou não, em ambiente intra ou extra-escolar, no mundo real ou virtual, cabendo a ele/ela decidir a melhor forma de oferta-lo.
REFERÊNCIAS
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BRASIL. Decreto 9.057, de 25 de maio de 2017. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/decreto/d9057.htm. Acesso em: 25 set. 2024
BÚRIGO, C. C. D; CERNY, R. Z.; TEIXEIRA, G. G. S.; MARCELINO, L. V. A
gestão colaborativa no processo formativo da EAD. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/gual/article/view/1983-4535.2016v9n1p165/31558. Acesso em: 16 set. 2024.
COSTA, M. F. O.; MOTTA, T. C. Os desafios da inserção de tecnologias nas sérias iniciais do ensino fundamental e atuação docente: um estudo bibliográfico.
FILATRO, A. Aula Aberta – Bate-papo com Andrea Filatro. Canal Soani Vargas. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=kx1ue8j2kXI. Acesso em: 13 set. 2024.
MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Metodologia do Trabalho Científico: Projetos de Pesquisa, Pesquisa Bibliográfica, Teses de Doutorado, Dissertações de Mestrado, Trabalhos de Conclusão de Curso – 8 ed. – São Paulo: Atlas, 2017.
MENDES, M. Design Instrucional: na prática. Formiga (MG): Editora Union, 2022, p.33.
NEVES, M.; CENTENO, C.; FRUET, F.; OTTE, J.; ORTH, M. Design Educacional
Construtivista: O papel do design como planejamento na Educação à Distância. Disponível em: https://ciet.ufscar.br/submissao/index.php/ciet/article/view/1532/1548. Acesso em: 05 set. 2024
1 pedagogotiagolacerda@gmail.com. Discente do curso de Especialização em Tecnologias Educacionais e EAD, Pólo Marcelino Vieira/RN. Pedagogo (CFP/UFCG). Servidor Técnico-Administrativo em Educação do Centro de Formação de Professores (CFP) da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Campus de Cajazeiras – PB.
2 thalita.motta@ifrn.edu.br. Professora orientadora. Mestre e Doutora em Educação pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).