HÁBITOS ALIMENTARES DE ADOLESCENTES: DIFERENÇAS ENTRE DIAS ÚTEIS E FINAIS DE SEMANA EM UMA ESCOLA PÚBLICA DE MG

EATING HABITS OF ADOLESCENTS: DIFFERENCES BETWEEN WEEKDAYS AND WEEKENDS IN A PUBLIC SCHOOL IN MINAS GERAIS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102501131959


Flávia Correa da Costa¹
Patrícia Espíndola Motta Venâncio²


Resumo

A adolescência é um período crítico para a formação de hábitos alimentares que impactam a saúde a longo prazo. O presente estudo tem como objetivo identificar os hábitos alimentares de adolescentes de uma rede de ensino pública, comparando os padrões alimentares em um dia da semana e um dia do final de semana. Trinta e cinco adolescentes (23 masculinos e 12 femininas), com idades entre 16 e 18 anos, estudantes de uma escola do Instituto Federal do Triângulo, MG, responderam um Questionário de Hábitos Alimentares adaptado, utilizando o método de Recordatório de 24 horas. Os resultados mostraram que a média de porções consumidas de alimentos in natura (ovos) aumentou no final de semana (0,97±1,24 – 2,00±0,00) enquanto frutas diminui (1,67±2,13 e 0,34±0,96); os alimentos processados pães e macarrão aumentaram no final de semana (0,67±0,92 – 1,23±1,47; 1,03±2,20 e 2,23±3,34) enquanto as balas (alimentos ultraprocessados) diminuíram (0,67±1,53 e 0,06±0,23). Assim, pode-se concluir que nos hábitos alimentes de adolescentes existe uma tendência de aumento no consumo de alimentos práticos nos finais de semana, refletindo na busca por alimentos mais rápidos, devido ao relaxamento da rotina, e uma menor adesão às refeições familiares. Ainda, há necessidade de intervenções que priorizem a educação nutricional dos adolescentes e das famílias, enfatizando a relevância de manter uma alimentação balanceada e rica em alimentos frescos, mesmo nos finais de semana.

Palavras-chave: Adolescência. Hábitos alimentares. Ultraprocessados, Processados. In Natura.

1 INTRODUÇÃO

A adolescência, fase compreendida entre os 10 e 19 anos, é caracterizada por profundas mudanças biológicas, cognitivas, emocionais e sociais. Os hábitos e aprendizados construídos nesse período acabam exercendo influência duradoura sobre comportamentos ao longo da vida, especialmente no que se refere à alimentação, à saúde, às preferências individuais e ao desenvolvimento psicossocial (DE SOUSA et al., 2019).

O comportamento alimentar é proveniente das interações ambientais e sociais, e está relacionado com a forma de comer, adquirir e preparar o alimento. A repetição inconsciente desse comportamento é chamada de hábito alimentar (ALVARENGA; KORITAR; MORAES, 2019).

Os hábitos alimentares na adolescência sofrem transformações marcadas por mudanças biológicas, sociais e emocionais, que são fundamentais para a formação da identidade de uma pessoa. Os jovens, durante essa fase, vivenciam transformações físicas e hormonais significativas. Além disso, estão sujeitos a diversas influências sociais, como a família, os amigos, a escola e a mídia, que moldam suas crenças, valores e comportamentos, tornando-os mais suscetíveis a escolhas alimentares inadequadas que podem impactar negativamente sua saúde a longo prazo (WHO, 2006; RODRIGUES, 2023).

Nos últimos dez anos, com as mudanças do mundo moderno e a transição nutricional, o Brasil passou por transformações sociais que influenciaram a forma como as pessoas se alimentam e cuidam da saúde. Essa alteração na forma de se alimentar também vem sendo observada em diversos outros países (DE ALCÂNTARA JÚLIO; DOMINGUES, 2021).

De acordo com a segunda edição do Guia Alimentar para a População Brasileira, publicada em 2014, as pessoas estão comendo menos feijão e outras leguminosas. Enquanto isso, o consumo de frutas, legumes e verduras continua bem baixo. Por outro lado, alimentos gordurosos e açucarados estão sendo mais consumidos, além de refrigerantes e sucos industrializados. O uso de sal também está elevado, e muitas pessoas ingerem álcool com frequência. Um agravante é a diminuição da prática de exercício físico, o que leva a um aumento nos casos de excesso de peso e obesidade no país.

A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) também evidenciou que uma parcela significativa dos adolescentes brasileiros consome esses alimentos descritos no Guia Alimentar para a População Brasileira (gordurosos, açucarados, salgados, refrigerantes, sucos industrializados, além de bebidas alcoólicas) com alta frequência, o que é preocupante, dado o impacto negativo na saúde a longo prazo (SOUZA et al., 2022).

A relação entre alimentação inadequada e excesso de peso entre adolescentes é amplamente discutida na literatura. Diversos fatores de risco, como o ambiente familiar, a influência de outros adolescentes e o marketing de alimentos, estão envolvidos no desenvolvimento da obesidade juvenil (NEVES et al, 2014; LOUZADA et al., 2021).

Louzada et al. (2021) mostrou que o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados está associado a menor ingestão de nutrientes essenciais, como fibras, vitaminas e minerais. Isso cria um cenário alarmante, no qual há maior risco de desenvolvimento de obesidade e outras doenças crônicas na vida adulta, incluindo diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e certos tipos de câncer.

A educação alimentar e nutricional, alinhada às recomendações do Guia Alimentar para a População Brasileira, pode ser uma estratégia eficaz para melhorar a qualidade da dieta dos jovens, reduzindo o consumo de ultraprocessados e aumentando a ingestão de alimentos in natura (BRASIL, 2014).

Dessa forma, o presente estudo tem como objetivo identificar os hábitos alimentares de adolescentes de uma rede de ensino pública em diferentes contextos semanais (dia útil e final de semana). Os achados desta pesquisa poderão subsidiar a formulação de políticas públicas voltadas para a promoção da saúde dos adolescentes, contribuindo para a redução dos índices de obesidade e outras doenças relacionadas à alimentação inadequada.

2 METODOLOGIA

O estudo se classifica como uma pesquisa de campo descritiva e longitudinal, com abordagem quantitativa, que analisou os hábitos alimentares de adolescentes em diferentes momentos (dia da semana e dia do final de semana) nos anos de 2023 e 2024.

2.1 População e amostra

A amostra foi composta por 35 adolescentes, 23 do sexo masculino e 12 do sexo feminino, com idades entre 16 e 18 anos, estudantes da Rede Federal de Ensino Instituto Federal do Triângulo – IFTM, no noroeste de Minas Gerais.

2.2 Instrumentos e procedimentos

Para a coleta de dados, utilizou-se o Questionário de Hábitos Alimentares desenvolvido por Venâncio e Teixeira (2024), do tipo Recordatório 24 horas, adaptado para este estudo. As adaptações incluíram: conversão do formato colorido para preto e branco, visando a praticidade de impressão em escolas que frequentemente não dispõem de impressoras coloridas; e a classificação das imagens dos alimentos em Processados (P), Ultraprocessados (U) e In Natura (I). Os dados coletados referiam-se aos hábitos alimentares do dia anterior à aplicação do questionário, garantindo assim a precisão e a contemporaneidade das informações.

O questionário foi aplicado em dois momentos: (1) na primeira etapa, no ano de 2023, quando os adolescentes cursavam o segundo ano do Ensino Médio Integrado ao Curso Técnico do IFTM, o questionário foi aplicado referente a um dia da semana e um dia do final de semana; (2) na segunda etapa, no ano de 2024, eles se encontravam no terceiro ano, e, da mesma forma, foram aplicados questionários para coletar dados de um dia da semana e um dia do final de semana. Os participantes foram selecionados de forma não probabilística, por conveniência, considerando a disponibilidade e consentimento dos estudantes e seus responsáveis.

2.3 Análise dos dados

A análise estatística foi realizada utilizando o software Statistical Package for Social Science (SPSS). Os resultados foram descritos como média, desvio-padrão, valor mínimo, valor máximo, frequências e porcentagens. Para verificar a normalidade dos dados foi utilizado o teste de Shapiro-wilk, e uma correlação de Spearman entre os macronutrientes. Foi feito o teste de Mann-Whitney para comparar os dois momentos (um dia da semana e um do final de semana) quanto a classificação dos nutrientes. Foi feito um teste t de Student pareado para comparar os dois momentos. Valores de p < 0,05 foram considerados estatisticamente significantes.

3 RESULTADOS

A Tabela 1 apresenta a comparação do consumo de alimentos in natura entre o dia da semana e o dia do final de semana dos adolescentes. De acordo com os dados obtidos, foi observado um destaque nas variáveis frutas e ovos, que apresentaram diferenças estatisticamente significativas entre os períodos avaliados.

No que concerne ao consumo de frutas, observou-se uma redução significativa entre o dia da semana (média de 1,67 porções) e o dia do final de semana (média de 0,34 porção; p = 0,001). Já o consumo de ovos apresentou aumento significativo com uma média de 0,97 porção no dia da semana e 2,00 porções no dia do final de semana (p = 0,000).

Por outro lado, as demais variáveis analisadas, como carnes (bovina e suína), vegetais, raízes e feijão, não apresentam diferenças significativas de consumo entre o dia da semana e o dia do final de semana.

Tabela 1: Comparação dos alimentos in natura entre dia da semana e o dia do final de semana

A análise do consumo de alimentos processados entre o dia da semana e o dia do final de semana, descrita na Tabela 2, revelou diferenças significativas em duas variáveis, pães e macarrão, enquanto os demais itens permaneceram estáveis.

No que diz respeito ao consumo de pães, observou-se uma maior ingestão no dia do final de semana (média de 1,23 porções) comparado ao dia da semana (0,67 porção; p = 0,024). De forma similar, o consumo de macarrão também apresentou um aumento significativo no dia do final de semana, alcançando uma média de 2,23 porções, em comparação ao dia da semana (média de 1,03 porções; p = 0,038).

Por outro lado, os alimentos queijo, pasta de amendoim, sanduíche natural, pão de queijo, arroz e açúcar não apresentaram diferenças significativas entre os dias analisados.

Tabela 2: Comparação dos alimentos processados entre dia da semana e o dia do final de semana

A análise do consumo de alimentos ultraprocessados (Tabela 3) entre o dia da semana e o dia do final de semana revelou, em geral, pouca variação significativa entre os períodos, com exceção do consumo de balas, que apresentou diferença estatisticamente relevante (p = 0,039). O consumo de balas foi significativamente maior durante o dia da semana, com uma média de 0,67 porção, em comparação a apenas 0,06 porção no dia do final de semana.

Os demais itens analisados, como bolo, geleia, manteiga, açaí, barra de cereal,chocolate, doces e iogurte, não apresentaram diferenças significativas no consumo entre os períodos avaliados.

Tabela 3: Comparação dos alimentos ultraprocessados entre dia da semana e o dia do final de semana

4 DISCUSSÃO

Os resultados da presente pesquisa fornecem um panorama abrangente sobre os hábitos alimentares de adolescentes brasileiros, considerando a frequência e a qualidade dos alimentos consumidos em dias úteis e finais de semana. Ao observar os diferentes grupos alimentares (in natura, processados e ultraprocessados) identificou-se que o padrão alimentar dos adolescentes é significativamente impactado pela rotina semanal, com alterações no consumo de alguns alimentos mais saudáveis, especialmente nos finais de semana.

De acordo com o Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (ERICA),  realizado nos anos de 2013 a 2014 (ALVES et al., 2019), os padrões alimentares variam ao longo da semana, com hábitos alimentares mais estruturados e saudáveis durante os dias úteis, quando as rotinas são mais organizadas, e, por outro lado, os finais de semana tendem a ser um período em que o consumo de alimentos mais calóricos e de menor valor nutricional aumenta, possivelmente devido à maior flexibilidade no horário das refeições e a maior oferta de opções menos saudáveis. No presente estudo, foi observado um resultado similar.

Esses comportamentos também têm sido observados em pesquisas sobre os hábitos alimentares de adolescentes, que frequentemente apresentam um consumo elevado de alimentos ultraprocessados, ricos em gorduras e açúcares, durante o fim de semana (MONTEIRO et. al., 2020; NETA, et. al., 2021). Esse padrão não é o ideal, pois a ingestão adequada de alimentos in natura é essencial para a saúde e para a prevenção de doenças crônicas não transmissíveis, como obesidade, diabetes e hipertensão.

Analisando os alimentos in natura, foi observado que o consumo de frutas foi menor no final de semana enquanto o consumo de ovos foi maior. Esses resultados corrobora com o estudo de Louzada et al. (2015) que apontam padrões alimentares mais desestruturados nos finais de semana, frequentemente marcados pelo aumento de opções práticas e redução do consumo de alimentos saudáveis, como frutas e vegetais. Com relação ao consumo de carnes (bovina e suína), vegetais, raízes e feijão, não houve diferenças significativas de consumo entre o dia da semana e o dia do final de semana, indicando uma certa estabilidade no padrão de consumo desses alimentos. Isso sugere que esses itens possam ser alimentos de consumo cotidiano, independentemente das variações na rotina. Esses dados vão ao encontro dos achados de Costa et al. (2021) eSichieri (2013) que relataram o consumo de alimentos como carne, feijão, vegetais e raízes como estável ao longo da semana, sem variações significativas entre os dias úteis e os finais de semana. Assim, esses itens parecem estar incorporados na alimentação diária dos brasileiros, independentemente das mudanças na rotina semanal.

Considerando os alimentos processados, pães e massas apresentaram um aumento no consumo no dia do final de semana, indicando que que os adolescentes tendem a optar por alimentos de preparo mais rápido e maior densidade calórica, que muitas vezes substituem refeições estruturadas. Louzada et al. (2015) também relatam que o aumento do consumo de alimentos processados nos finais de semana pode refletir mudanças na rotina alimentar familiar, frequentemente marcada por uma maior informalidade e flexibilidade na escolha de alimentos. Ainda, queijo, pasta de amendoim, sanduíche natural, pão de queijo, arroz e açúcar não apresentaram diferenças significativas entre os dias analisados, sugerindo que esses alimentos possuem um padrão de consumo mais regular, independentemente das variações da rotina semanal. Por exemplo, o arroz, tradicionalmente um alimento básico da dieta brasileira, manteve-se presente de forma constante em ambos os períodos, com médias de 7,60 porções nos dias úteis e 6,60 nos finais de semana (p = 0,581). A ausência de diferença significativa no consumo de queijo e açúcar também é notável, uma vez que são alimentos comuns em preparações cotidianas, como lanches e bebidas. Esse padrão estável pode refletir hábitos alimentares consolidados, que não sofrem grandes influências do contexto diário ou social. Esses achados concordam com os relatos de Louzada et al. (2023) que relatam que o arroz e o feijão são elementos centrais na dieta brasileira devido à tradição cultural e ao custo acessível.

Os alimentos ultraprocessados, por sua vez, apresentaram o consumo similar entre os dias úteis e o final de semana, exceto as balas, que apresentaram diminuição de consumo no final de semana. Essa diferença pode ser explicada porque nos dias úteis, o ambiente escolar frequentemente favorece o consumo de produtos práticos e de fácil acesso, como balas e outros alimentos ultraprocessados, que são frequentemente oferecidos em cantinas ou levados como lanche (LOUZADA et al., 2015). A similaridade dos outros alimentos ultraprocessados entre os períodos analisados indicam que eles podem estar incorporados a hábitos alimentares diários, seja como parte do café da manhã, sobremesas ou lanches.

Os resultados observados no presente trabalho mostraram que a média de consumo dos alimentos ultraprocessados foi baixa, com menos de 1 porção, sugerindo que eles são consumidos ocasionalmente, sem tendência clara em relação ao período. Embora a média de cada alimento tenha se mantido baixa, a ingestão regular desses alimentos, mesmo em pequenas quantidades, é motivo de atenção, dada sua baixa densidade nutricional e associação com efeitos adversos à saúde a longo prazo (LOUZADA et al., 2023). Revisões sistemáticas, meta-análises de estudos transversais e longitudinais têm demonstrado uma forte associação entre o consumo de alimentos ultraprocessados e o aumento do risco de obesidade e de várias doenças crônicas não transmissíveis. Estudo brasileiro recente avaliou fatores sociodemográficos associados ao consumo de alimentos ultraprocessados e a evolução temporal desse consumo no Brasil entre 2008 e 2018. Os resultados indicaram que a participação calórica desses alimentos na dieta aumentou de 20,4% para 24,4% no período, com maior consumo entre os mais jovens e indivíduos com maior escolaridade. Esse aumento no consumo de ultraprocessados está relacionado a padrões alimentares de menor qualidade nutricional e maior risco de obesidade. (LOUZADA et. al., 2023). Além disso, a revisão sistemática realizada por Louzada et. al, (2022) analisou a relação entre o consumo de alimentos ultraprocessados e indicadores de obesidade em adultos e crianças. Os autores concluíram que há evidências consistentes de que uma maior ingestão desses alimentos está associada a um aumento no risco de obesidade, ganho de peso e aumento do índice de massa corporal (IMC). O Guia Alimentar para a População Brasileira recomenda priorizar alimentos in natura ou minimamente processados para combater essas tendências adversas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014).

Em uma análise conjunta de todas as classes de alimentos estudadas (in natura processados e ultraprocessados), foi observado uma tendência de aumento no consumo de alimentos práticos nos finais de semana, como observado nos grupos de pães, pão de queijo e macarrão. Esses padrões podem refletir tanto a busca por alimentos mais rápidos, devido ao relaxamento da rotina, quanto uma menor adesão às refeições familiares, momento em que alimentos in natura tendem a ser mais consumidos. A substituição de refeições equilibradas por opções ultraprocessadas ou ricas em carboidratos pode impactar negativamente a qualidade geral da dieta e o aporte de nutrientes essenciais. A substituição de refeições equilibradas por opções ultraprocessadas ou ricas em carboidratos pode impactar negativamente a qualidade geral da dieta e o aporte de nutrientes essenciais. Alimentos ultraprocessados possuem maior densidade energética, além de conterem quantidades elevadas de açúcares livres e gorduras saturadas e trans, enquanto apresentam menores teores de fibras dietéticas, proteínas e micronutrientes e essa substituição de alimentos in natura ou minimamente processados por ultraprocessados contribui para a deterioração do perfil nutricional da dieta (LOUZADA et. al., 2022).

5 CONCLUSÃO

Este estudo evidenciou alterações nos padrões alimentares de adolescentes entre dias úteis e finais de semana em alguns alimentos in natura, processados e ultraprocessados. Embora alguns alimentos não tenham apresentado diferenças significativas no consumo entre o dia da semana e o dia do final de semana, foi possível identificar uma redução do consumo de alimentos in natura nos finais de semana e a constância no consumo de alimentos processados e ultraprocessados. Assim, pode ser concluído que há necessidade de intervenções que priorizem a educação nutricional dos adolescentes e das famílias, enfatizando a relevância de manter uma alimentação balanceada e rica em alimentos frescos, mesmo nos finais de semana.

Além disso, é necessário fortalecer políticas públicas que promovam ambientes alimentares mais saudáveis, especialmente nas escolas, e iniciativas que estimulem o planejamento alimentar familiar, com o objetivo de reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados e aumentar a oferta de opções in natura. O padrão alimentar estabelecido na adolescência desempenha um papel crucial na saúde ao longo da vida, sendo imprescindível que estratégias sejam implementadas ainda na infância para fomentar hábitos alimentares saudáveis e sustentáveis.

Os resultados do presente trabalho são importantes para nortear intervenções que visem a promoção de hábitos alimentares saudáveis e consistentes entre adolescentes, especialmente em períodos de maior vulnerabilidade, como os finais de semana. Estudos futuros devem aprofundar a investigação sobre os fatores determinantes desses comportamentos alimentares, considerando aspectos socioeconômicos, culturais e de acessibilidade alimentar.

REFERÊNCIAS

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1 Mestranda do Programa de Pós-Graduação Profissional em Ensino para a Educação Básica do Instituto Federal Goiano – Campus Urutaí.Go. PPG-ENEB). e-mail: flaviacosta@iftm.edu.br

2 Docente do Programa de Pós-Graduação Profissional em Ensino para a Educação Básica do Instituto Federal Goiano – Campus Urutaí.Go. PPG-ENEB). e-mail: patricia.venancio@ifgoiano.edu.br