MÃOS QUE TRAZEM AO MUNDO: OS SABERES DAS PARTEIRAS TRADICIONAIS, DOS PRIMÓRDIOS DA HUMANIDADE, HOJE DESPREZADOS.

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202501121004


José Martinho Pereira1
Antonia da Silva Mota2


Resumo

O objetivo deste trabalho é investigar a importância das parteiras tradicionais e seus saberes na história do parto, e o que as motivam a desenvolver a arte com tanta dedicação, mesmo sendo marginalizadas pelo saber médico. Fatores como institucionalização do parto contribuíram para que elas deixassem de ser protagonistas no ofício de partejar. Mesmo assim, comprovamos que continuaram atuando, entre tantos motivos, pela necessidade que sempre surge nas comunidades afastadas dos grandes centros urbanos. Para realização deste estudo, entrevistei as poucas parteiras que encontrei, assim como recolhi dados em documentários e na bibliografia sobre esta temática. Os resultados nos mostram que, mesmo diante dos obstáculos encontrados, as parteiras sempre tiveram motivações superiores para continuar exercendo seu ofício. Isso porque, para além da formação, ser parteira está sempre ligado à existência de uma mulher e à chegada de uma criança.

Palavras-chave: Parteiras. Institucionalização do parto. Hierarquização do saber. Resistência.

Abstract

The objective of this work is to investigate the importance of traditional parts and their knowledge in the history of childbirth, and what motivates them to develop the art with such dedication, even though they are marginalized by medical knowledge. Factors of institutionalization of childbirth developed so that they stop being protagonists in the job of giving birth. Even so, we confirmed that they continued to participate, among many reasons, due to the need for them to always appear in communities far from large urban centers. To carry out this study, I interviewed the few parties I found, as well as collecting data from documentaries and the bibliography on this topic. The results show us that, even in the face of the obstacles encountered, the parties always had superior motivations to continue exercising their role. This is because, in addition to training, being a midwife is always linked to the existence of a woman and the arrival of a child.

Keywords: Parties; Institutionalization of childbirth; Hierarchization of knowledge; Resistance.

1  INTRODUÇÃO

O Brasil é um país com grandes desigualdades, isto se torna muito claro quando observamos a valorização de alguns sujeitos sociais em detrimento de outros. Na área do conhecimento, segundo Santos (2011), a ciência moderna reconheceu o homem como sujeito epistêmico, porém o marginalizou como sujeito empírico. Somando a este fato, ao olharmos para o passado, encontramos tantos outros aspectos que contribuíram para a sustentação de proposições que buscam legitimar tal “superioridade”. Pois, segundo Santos (2013), a desigualdade e exclusão de muitos personagens vem desde a formação da sociedade brasileira, de modo que a situação social, econômica e cultural exerce um grande impacto na maneira como o indivíduo será categorizado na sociedade.

Durante meu tempo na graduação no curso de História, algumas disciplinas como História da África, América Portuguesa e outras, que tratavam do período colonial e imperial, me chamaram atenção pelo fato de como a realidade em torno da superioridade vivida naquela época continuam presentes na atualidade. Onde um tipo de conhecimento ou grupo buscam se impor sobre os demais e, como resultado, essa hierarquização social tende a valorizar um em detrimento do outro.

Em 2012, eu e minha família vivenciamos uma experiência inesquecível: o nascimento da minha filha. Contudo, aquele momento que era aguardado por nós com grande felicidade, quase se transforma em tristeza. Isso se deve à maneira como minha esposa foi tratada numa maternidade após dar entrada no hospital em trabalho de parto. O que aconteceu me fez refletir que, apesar de todas as ferramentas tecnológicas e de conhecimentos disponíveis no ambiente hospitalar, em certas ocasiões, não são suficientes para fornecer a assistência necessária à parturiente.

Nesse contexto que me veio à memória a personagem da parteira tradicional. Mulheres que segundo Pereira (2009), na ausência de hospitais e profissionais cientificamente especializados, transformam-se nas principais responsáveis pelos partos realizados, sobretudo, nas localidades que concentram população de baixa renda e de difícil acesso. Seus conhecimentos são adquiridos empiricamente e acreditam cumprir uma missão divina e não medem esforços para “aparar” uma criança.

Assim, falar das parteiras tradicionais é fazer aquilo que deve fazer o historiador: “não deixar que a sociedade esqueça daquilo que não pode ser esquecido”. O problema de pesquisa adotado foi: qual a importância da parteira tradicional e seus saberes na arte de partejar, e como aos poucos elas foram deixando de ser protagonistas de uma prática que até pouco tempo era delas.

O objetivo geral desta pesquisa é analisar, por meio de fontes orais e documentos, histórias de parteiras e seus saberes, ritos e crenças na arte de partejar. Já nos objetivos específicos busquei analisar qual foi a importância das parteiras ao longo da História; também compreender quais foram os motivos que levaram o ofício de partejar pela parteira tradicional a estar ameaçado de extinção. Finalmente, demostrar que mesmo diante da ameaça de extinção, elas sempre existirão, pois dificilmente o Estado cobrirá todas as necessidades.

2 REVISÃO DA LITERATURA

Estado da arte

Ao longo da humanidade, o momento que antecede ao da chegada de uma criança, sempre foi cercado das mais diversas expectativas, tanto dos pais, quanto dos familiares. O nascimento representa o desabrochar da vida, mas também é garantia de continuidade de uma nova geração. A descendência sempre foi algo fundamental para a manutenção da família, bem como da sociedade. A narrativa bíblica fala do quanto era importante a continuidade da descendência através da prole, assim como podemos constatar nas constantes genealogias apresentadas na Bíblia (2014).

A Bíblia de Estudo Arqueológica falando sobre costumes e leis na antiga Mesopotâmia, mostra um recurso que era utilizado como meio de ter a continuidade da descendência:

Assim como Sara tentou dar um herdeiro a Abraão por meio da sua criada (Gn 16; cf. cap. 30, as leis sumérias de Ur-Namu (fundador e governador da III Dinastia de Ur, ca. 2044-2007 a.C) permitiam ao marido tomar a concubina depois de esperar em vão que sua esposa principal gerasse um filho. Assim como no caso de Sara e a lei hurrita, (meado do II milênio a.C.) e o Código de Hamurabi, na Babilônia, (início do séc. XVIII a.C.) Também era permitido ao marido adotar como herdeiro legitimo qualquer filho gerado por meio de uma escrava (BIBLIA […], 2013, p.36).

Para além dos motivos, essa realidade onde a criança é desejada no seio familiar sempre foi muito presente na história da humanidade, de forma que, assim como na citação acima, muitos casais diante da impossibilidade de poder gerar filhos, recorrem aos mais diversos meios, a fim de tornar possível a tão sonhada e esperada possibilidade de tornar-se pais e mães, e assim tornar possível a descendência.

Diante dessa realidade tão comum em todas as épocas e povos, Vendrúscolo (2015) falando sobre a história do parto, ressalta que mesmo as práticas variando nos diferentes países e culturas, sempre houve o auxílio de pessoas, e que até pouco tempo eram as mulheres que auxiliavam a parturiente neste momento tão importante na vida da mulher, com o fim de garantir que tudo terminasse bem.

É neste cenário de tamanha importância na história, que até pouco tempo estava a figura das parteiras. Mulheres que ao longo da história tem desempenhado um papel tão singular na hora do parto. De acordo com Silva, “Inegavelmente, no partejar a parteira espera, juntamente com mãe, pelo bebê que vai chegar. Elas dividem as dores e emoções dessa espera para receber uma nova vida” (2005, p.114). As parteiras ao longo da história, sempre foram mulheres que se dispuseram a estar presentes no momento do parto, este sentimento solidário se dá não somente pelo fato de se identificarem com a parturiente, mas, segundo Gomes (2018), também por compreenderem o seu ofício como algo sagrado, que as habilita para a função que serve à vida e à preservação da espécie humana. Tal sentido encontramos na narrativa bíblica a respeito de duas parteiras hebreias:

O rei do Egito ordenou às parteiras hebreias, das quais uma se chamava Sifrá, e outra, Puá, dizendo: Quando servirdes de parteira às hebreias, examinai: se for filho, matai-o; mas, se for filha, que viva. As parteiras, porém, temeram a Deus e não fizeram como lhe ordenara o rei do Egito; antes deixaram viver os meninos. Então, o rei do Egito chamou as parteiras e lhes disse: por que fizestes isso e deixastes viver os meninos? Responderam as parteiras ao Faraó: É que as mulheres hebreias não são como as egípcias; são vigorosas e, antes que lhes chegue a parteira, já deram a luz os seus filhos. E Deus fez bem às parteiras; e o povo aumentou e se tornou muito forte. E, porque as parteiras temeram a Deus, ele lhes constituiu família. Então ordenou Faraó a todo o seu povo, dizendo: A todos os filhos que nascerem aos hebreus lançareis no Nilo, mas a todas as filhas deixareis viver (Bíblia […], 2013, Êx. 1, 15-22, p.56).

Diante dessa narrativa, podemos questionar: o que altera o rumo da história, os poderosos? É possível que sim. No entanto, frequentemente, são indivíduos desprovidos de poder político e de uma posição social relevante que verdadeiramente modificam o mundo e a realidade à sua volta.

A narrativa bíblica mostra que o rei do Egito ficou preocupado com o número crescente de escravos hebreus, então, convocou duas parteiras e as instrui para que matassem todos os meninos hebreus recém-nascidos. Porém, elas recusaram a obedecer à ordem tão perversa. Apesar das ameaças do rei, elas não se submeteram e continuaram fazendo partos dos meninos hebreus. E sua decisão arriscada ajudou a poupar a vida de muitas crianças.

As parteiras Sifrá e Puá arriscaram suas vidas a fim de proteger os filhos das hebreias entregues aos cuidados delas. Essas parteiras hebreias, sem poder político, socialmente desprezadas, economicamente desfavorecidas, desafiaram o governo do Egito ao preferir a preservação da vida, mesmo quando as suas estavam em risco. Sua escolha perigosa por fazer a coisa certa protegeu a muitos, e com isso, garantindo a linhagem destes.

Ao longo da história do parto, é possível constatar mulheres que, mesmo diante das maiores dificuldades, não mediram esforços para dar a assistência necessária neste momento tão importante da humanidade, que é o da chegada da vida ao mundo.

Para Nascimento (2020, p.19):

As parteiras tradicionais fazem parte da construção da humanidade. Elas são mulheres que foram curandeiras, médicas da história ocidental, enfermeiras, conselheiras, transmitiam o conhecimento sobre ervas medicinais, parto e cura. Foram excluídas dos livros por alguns, e exaltadas em localidades onde seus cuidados eram a única assistência existente.

De acordo com Tanaka (1995), no Brasil até o século XVIII o parto era privativo das parteiras. Elas tinham a confiança das gestantes assim como reconhecimento por parte da população, isso tudo por conta do trabalho desenvolvido antes, durante e depois do parto. Também de acordo com Sousa (2005), houve um tempo em que a atuação das parteiras era bem aceita pela comunidade e pelos médicos. Contudo, a partir de 1832, com a criação das faculdades de medicina no Rio de Janeiro e na Bahia, os médicos passaram a prestar atenção nas questões femininas, o que resultou no aparecimento de duas novas especialidades médicas: Ginecologia e Obstetrícia. Nesse contesto que se deu a retirada das parteiras do cenário público brasileiro, aconteceu aos poucos e em nome da prática médica que vem com o discurso higienista (Barroso, 2009). Mesmo com a medicalização do parto, Palharini; Figueôa afirmam que:

Ainda assim, as parteiras continuaram atuando por muito tempo, porque eram mais confiáveis quanto à habilidade de partejar; por questões morais que impediam a aceitação da figura masculina no parto; por razões estruturais, já que as famílias mais abastadas constituíram o público dos médicos parteiros por um longo tempo, e os hospitais e maternidades eram ainda poucos nesse período (Palharini; Figueirôa, 2018, p.1041).

Assim, mesmo com a institucionalização do parto, muitas mulheres, ainda no século XIX, continuaram preferindo as parteiras práticas, mesmo sendo criticadas por médicos, optavam por ter seu parto realizado por parteiras, em vez de se submeterem à presença de um homem para realizar o procedimento (Sousa, 2005). A atenção às mulheres de baixa renda persistiu, pois, até meados do século XIX, a realização de partos era feita por parteiras. Porém, as reformas higienistas e sanitárias intensificaram a migração para os hospitais, mesmo com o elevado risco ainda presente no ambiente hospitalar (Palharini; Figueirôa, 2018). No início da medicalização do parto, a exclusão das parteiras da cena do parto se deu através de uma estratégia que dificultaria seu acesso nos cursos:

A lei de 03/10/1832 que criou as Faculdades de Medicina do Rio de Janeiro e da Bahia estabeleceu a organização de um curso especial para formar parteiras, eram admitidas apenas mulheres. A idade mínima exigida era de 16 anos, as candidatas deveriam saber ler e escrever corretamente em português e apresentar um atestado de bons costumes passado pelo juiz de paz da freguesia onde moravam. Estas exigências sugerem que se esperavam alunas jovens, sem experiência prática adquirida com parteiras tradicionais, obtendo, consequentemente, toda a formação por ensinamentos médicos, alfabetizadas, de moralidade comprovada e com recursos para pagar a matrícula (Sousa, 2005, p. 139).

De acordo com as qualificações exigidas para aquelas que iriam participar do curso, fica evidente que o objetivo era tirar de cena aquelas mulheres que até então exerciam o ofício de parteiras sem ser diplomadas. Sousa, ainda falando sobre o curso, afirma que:

[…] as medidas propostas foram sempre tomadas visando se restringir, cada vez mais, o acesso ao curso a um perfil de mulheres diferentes daquele que se atribuía às parteiras tradicionais. Enquanto, as mulheres que exerciam o ofício eram consideradas em geral como sendo provenientes das camadas mais baixas da sociedade, escravas, negras e mulatas livres, de comportamentos morais duvidosos, velhas, supersticiosas, analfabetas, exigia-se que as alunas fossem jovens, que tivessem uma moralidade comprovada pelo juiz de paz, estivessem sob a supervisão do pai ou marido e tivessem um pecúlio suficiente para pagar a matrícula, que fossem alfabetizadas, tivessem noções de francês, aritmética, álgebra, geometria e, depois de 1880, física, química e história natural (Sousa, 2005, p. 161-162).

Embora as parteiras tenham sido em muitos casos a solução para o momento do parto, seja para as mulheres da plebe, seja as da elite, sempre houve discursos que buscavam desacreditar as práticas das parteiras. Defendiam que o parto deveria ser feito por pessoas qualificadas. Assim como podemos constatar no jornal O Artista, que circulava no Maranhão no ano de 1868. Era um jornal dedicado à indústria e principalmente às artes, na sua coluna sobre a organização do trabalho é tratado sobre a educação da mocidade artífice. Diante do assunto surge a seguinte fala:

Há muitas profissões que devem ser exercidas de preferência por mulheres, mas assim não acontece por causa do nosso estado semibárbaro. Que não permite raciocinar. Um exemplo esclarecerá melhor o pensamento. Hoje entre nós a profissão de parteira é degradante, só à exercem mulheres muito ignorantes, da baixa plebe: As Srª. tem de recorrer ou a essas mulheres, sujeitando-se a todas as consequências da ignorância dellas, ou ao médico, submetendo-se a todo o vexame que dahi lhes resulta. A população toda lucraria, se em vez de comadres, houvessem entre nós parteiras habilitadas.
Na Europa há muitos estabelecimentos que se podem frequentar cursos de parto: por exemplo em Pariz, no hospício da maternidade há uma escola de parto destinado a formar discipulas de parteiras para todos os departamentos da França (O Artista, 1868, p.2).

O trecho mencionado mostra a perspectiva que muitos tinham sobre a parteira que não era diplomada. Todavia, mesmo sendo estigmatizadas, Mott (2005), afirma que elas possuíam vasta experiência e habilidade para lidar com partos hoje vistos como complexos. Pois, antes desse período, a presença de um profissional do sexo masculino era incomum. Apenas em casos excepcionais um médico era chamado para realizar alguma intervenção com o objetivo de retirar o feto, seja ele vivo ou morto, pois a vida materna era vista como mais relevante que a do bebê recém-nascido.

Porém, ainda segundo Mott, a chegada da Família Real no Brasil, veio acompanhada de grandes mudanças sociais na côrte, devido a chegada de uma população vinda da Europa. Pois, a europeização dos hábitos e costumes, assim como outras áreas, vieram para mudar a feição de até então:

As antigas comadres – assim como os demais práticos que atuavam na cidade (curandeiros, sangradores etc.) – passaram a ser alvo de uma campanha de descrédito. As parteiras leigas começaram a sofrer a concorrência de um número crescente de profissionais diplomadas, sobretudos estrangeiras, formadas por escolas dos países de origem e de parteiras brasileiras e estrangeiras formadas pelo curso de partos anexo à Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, criado em 1832, bem como dos médicos, que passam a defender para si o exercício da obstetrícia (Mott, 2005, p. 119).

As sucessivas experiências vividas pelas parteiras tradicionais, é um qualificativo que deve ser considerado, pois elas nos trazem a noção do valor das experiências. Mas, segundo Santos (2011), um dos grandes erros das ciências e dos centros de pesquisas, é a desvalorização das experiências. Assim, a hierarquização entre os dois tipos de conhecimento sempre foi evidente, com o acadêmico-científico, por um lado, sendo mais apreciado e validado; enquanto o informal e tácito, por outro, destinado ao desaparecimento, pela campanha de descrédito de suas práticas.

3 METODOLOGIA

Tratando de parteiras tradicionais, nossa pesquisa inicialmente objetivava o estudo de campo, onde seriam colhidos relatos orais sobre a vida e saberes das parteiras. No entanto, na medida que busquei localizá-las para colher os seus depoimentos, uma outra realidade se apresentou, elas não são mais encontradas com a mesma facilidade. Em algumas cidades dointerior do Maranhão que passei exercendo minhas atividades profissionais, mesmo naqueles povoados bem distantes da sede dos municípios, ao procurar se tinha alguma parteira por lá, a resposta era que não. No entanto, sempre tinham a lembrança de alguém que um dia exerceu o ofício de parteira na localidade, mas que no momento não existia mais nenhuma por lá. Mesmo diante desta dificuldade, ainda consegui colher depoimento de duas: Dona Marina Nascimento, que na época da entrevista (2019) tinha 79 anos. O primeiro parto foi feito quando ainda tinha 17 anos, lá em Barreirinha, Maranhão, onde morava. Depois mudou-se para a capital, e continuou atuando na região Itaqui Bacanga, área periférica de São Luís. Até quando fiz a entrevista, dona Marina ainda era presidente da Associação das Parteiras Tradicionais do Maranhão. Em nossos primeiros contatos, falou das várias lutas em busca de melhorias e reconhecimento das parteiras do estado; falou também dos encontros nacionais e internacionais de parteiras tradicionais que já tinha participado, mas que no momento ela já estava limitada, tanto pela idade, quanto pelo problema na vista que lhe impedia de se deslocar com a mesma facilidade de antes. A outra parteira foi dona Maria Pereira, 95 anos (2019), moradora da cidade de Santa Rita, que fica a 100 Km da capital São Luís – MA. Assim como dona Marina, ela também trabalhou em hospital, mas pude notar que mesmo tendo contato com a rede de saúde, elas continuaram com uma característica que é própria das parteiras tradicionais: a fé em algumas crenças, bem com a solidariedade com as parturientes. Isso ficou claro quando dona Maria Pereira, mencionou os vários povoados que ela se deslocava para auxiliar a parturiente e os recursos que utilizava. Outro fator que vale destacar, é que pelo tempo que elas já tinham atuado no ofício de partejar, sempre traziam na memória lembranças do que faziam e agora não mais.

Diante da dificuldade em encontrar tantas parteiras como imaginava, busquei outros materiais que me permitissem ter acesso às histórias dessas mulheres. Nas minhas buscas encontrei vários vídeos de depoimentos, bem como um livro de Cida Macêdo, chamado “Saberes e Crenças da Arte de Partejar”, livro composto de depoimentos de parteiras e um parteiro colhidos em alguns municípios e povoados do Maranhão. A obra descreve de forma fiel e minuciosa, sobre bens e valores imateriais – como o trabalho, os hábitos, os saberes e as crenças das parteiras.

4 ANÁLISE DOS DADOS

Quando comecei o estudo mais aprofundado a respeito das parteiras tradicionais, uma das primeiras perguntas que me fiz, foi: o que impulsiona estas mulheres a serem tão comprometidas com o ofício de partejar? Assim, na medida que fui tendo acesso aos vários depoimentos, ficou muito patente o sentimento de solidariedade e obrigação na mentalidade dessas mulheres. Elas enfrentam dificuldades como longas distâncias e carência do básico para desenvolver seu ofício. Mas, segundo Macêdo:

Nenhuma dessas ou outra dificuldade qualquer é empecilho suficiente ou justificativa para que elas deixem de atender a quem precisa […] Muitas vezes elas saem de suas casas nas condições mais hostis, sem conforto, sem segurança para atender, às vezes, quem elas jamais virão na vida. Ainda hoje, atravessam igarapés, saem debaixo de chuva, passam dias fora de suas casas, fazem qualquer trabalho que se fizer necessário, além do parto, como lavar louça e roupas e recebem nas suas casas as gestantes e seus acompanhantes por dias indeterminados (Macêdo, 2008, p.4).

A assistência à parturiente é uma situação que não pode ser adiada, deve ser resolvida rapidamente. E aquilo que surge como impedimento, logo é superado pelo dever de assistir mais uma vida que chegará ao mundo. Isso fica muito claro na música cantada por dona Prazeres, parteira lá de Pernambuco:

Nossas parteiras não tem dia, não tem hora. Sempre ao romper da aurora, não tem hora para chegar. O importante é o que se vai fazer, a criança pra nascer, não se pode esperar. Não adianta menosprezar as parteiras, pois que chega primeiro, na hora que precisar. Nosso trabalho é um pouquinho diferente, quem quiser convida a gente, para dentro do seu lar. Com muito amor, carinho e devoção, sempre tem no coração, mais um pouquinho para dar. Com muito amor, carinho e devoção, sempre tem no coração, mas um pouquinho para dar (Iphan, 2024, 22 min 47 s).

A música cantada por dona Prazeres, traz a ideia do que era e em algumas regiões ainda é o cotidiano das parteiras tradicionais. Diante da iminente chegada de um bebê, elas não têm hora para ir ao encontro daquela parturiente que necessita do auxílio, isso porque, “a criança para nascer não pode esperar”. A este respeito, em uma conversa que tive com dona Maria Pereira, parteira lá da cidade de Santa Rita – MA, contou que em uma certa ocasião foi chamada para atender uma parturiente, devido à distância, quando chegou lá a criança já tinha nascido, e por não ter alguém que soubesse cortar o umbigo, foi enrolado em um pano e vestida assim mesmo, até que ela chegasse (Pereira, 2009). Ao final, disse que, independentemente do horário, da distância ou das condições climáticas, elas estão sempre prontas para responder a um chamado. Em certas situações, elas ficavam vários dias na residência da futura mãe, aguardando o momento do nascimento. É nesse contexto que o ofício da parteira tradicional era e ainda é desenvolvido em muitas localidades afastadas dos grandes centros urbanos.

Algo unânime entre essas mulheres é o sentimento de terem sido agraciadas por um “dom de Deus”, isso ficou muito claro nos vários depoimentos que tive acesso através de leitura, das falas nos vídeos e das duas parteiras que entrevistei. Embora expressem de forma diferente a dádiva recebida, ela sempre está relacionada a algo sobrenatural. Constatamos essa crença no depoimento de dona Maria de Jesus, do bairro de Estiva – São Luís – Ma:

Ninguém me ensinou a ser parteira, só Deus mesmo. Foi através de um sonho. Desde os 12 anos eu sempre sonhava que tava fazendo parto. Um dia uma mulher mandou me chamar que era pra fazer um chá pra ela. Minha mãe me mandou ir. Que quando eu cheguei lá, eu peguei uma cidreira no quintal e dei o chá pra ela. Que quando eu dei o chá, não demorou muito ela começou a gemer forte. Eu pensei que ela tivesse era com dor de cabeça ou doente. Mas ela não me chamava. Depois de um tempo foi que ela me chamou e disse: ‘me socorre’! ‘Olha eu tô é com dor pra ganhar neném’. E do mesmo jeitinho que eu fazia nos sonhos, eu fiz lá (Macêdo, 2008, p.105).

Seja através do sonho ou por uma necessidade, assim como relata dona Cecilia Pereira, de um povoado de Barreirinhas: que afirma ter aprendido partejar de “dom”, pois quando fez o primeiro parto não sabia nada, mas pela necessidade fez o parto, e sozinha (Macêdo, 2008). Atribuir a arte de partejar a um “dom”, está ligado não somente a forma com que elas começaram partejar, motivadas por um sonho, uma necessidade ou herança familiar. Contudo, também devido à própria incapacidade para uma tarefa tão crucial, considerando que muitas não têm o que se chama de conhecimento acadêmico.

As parteiras tradicionais têm a arte de partejar como um “dom”, esta dádiva é o combustível que lhes impulsiona. Pois, mesmo com todas as dificuldades que enfrentam, sempre desempenharam o trabalho de partejar como uma obrigação de fazer. Da mesma forma, a sensação de serem devedoras pelo que lhes foi concedido gratuitamente é evidenciado pela dedicação àquele que lhe concedeu o “dom” e também às mulheres que necessitam de seu apoio.

Dessa forma, impelidas pelo dom que receberam, as parteiras durante os seus trabalhos sempre contam com a Providência Divina. Assim como seu José Augusto, da cidade de Barreirinhas – Ma, que ao falar a respeito de alguns partos difíceis, afirma: “Naquela hora que eu sinto aquela força me valendo dos santos e rezando as minhas orações. Os meus guias ficam me orientando. Aí depois, quando eu chego em casa, depois do parto, eu vou acender meus pontos de luz e agradecer; eu sempre faço isso” (Macêdo, 2008, p. 29). A fé, em muitas ocasiões é o recurso utilizado quando a situação do parto se torna complicada. Assim como na oração feita por dona Joana Dertrudes:

Virgem Minha Gloriosa Nossa Senhora do Bom Parto, Vós sois Virgem Santíssima, Virgem no parto, Virgem antes do parto, Virgem depois do parto,
E tal foi a Senhora a obra do Espirito Santo que gerou em Vosso ventre este penhor de eterna duração e quem Vos glorificou como Rainha dos anjos. A todos os momentos precisamos, pecadores do Vosso amor e bondade. Mas nunca como nesta hora dando um bom sucesso a (diz o nome da pessoa) (Macêdo, 2008, p.172).

Assim como a fé, outro aliado das parteiras são as crenças. Pois, principalmente nos momentos que se torna difícil algo em torno do parto, logo elas recorrem às práticas que em muitos casos eram utilizados. Conversando com dona Marina, parteira tradicional e na época presidente da Associação das Parteiras Tradicionais do Maranhão, quando perguntei sobre o procedimento que era feito quando não saia a placenta, ela respondeu que antigamente quando a placenta “criava um rabo e ficava preso no espinhaço”, então saía algumas pessoas correndo e batendo com uma mão de pilão no chão em volta da casa e perguntando: maria já pariu? Quando a resposta era não, então eles continuavam e também vestiam algumas peças da vestimenta do homem e assim se repetia até a placenta sair. Falando da própria experiência, ela informa que utilizava um dente de alho quebrado e colocava no cordão umbilical, “como ela têm raiva do alho, ela é expulsa através do alho rapidamente” (entrevista).

Algo que percebi nas conversas com as duas entrevistadas, considerando que ambas já trabalharam em hospital, foi: como na medida que as parteiras tradicionais vão tendo contato com a área da saúde, através de cursos e ou treinamentos, algumas crenças são abandonadas, e acrescenta-se ao repertório algumas práticas que são próprias do ambiente hospitalar. Assim como respondeu dona Maria Pereira, quando perguntei sobre remédios utilizados nas mais diversas situações em torno do parto, seja antes, durante ou depois. Foi assim que, juntamente com os chás; compressas; massagens e outros recursos facilmente encontrados em casa, surgiu a “aplicação de glicose” também. Mas, como afirma Saccaro: “Mais do que preservar tradições, as parteiras estão dispostas a preservar vidas – as duas: da mãe e criança” (2009, p. 10).

A Parteira Tradicional e o Reconhecimento

Assim é a realidade da parteira tradicional. apesar de expressarem gratidão pelo dom recebido e saberem que são reconhecidas e orientadas por quem o concedeu, elas também buscam maior reconhecimento e valorização pelo trabalho tão singular que desenvolvem em prol da sociedade e da vida. Porém, tudo isso não é impedimento para elas, pois, continuam desenvolvendo o seu ofício com alegria e dedicação. Assim como afirma dona Cristina Silveira, de Barreirinhas – Ma:

Eu gosto muito de ser parteira, eu amo, porque a gente ajuda a trazer um ser ao mundo. Porque abaixo de Deus é a parteira aqui na terra. eu sou parteira é por vocação, não é por necessidade de ser parteira. A parteira é tão importante porque ela ajuda tanto, muitas vezes a mulher tá morrendo sem ter um médico, sem ter um hospital para encostar. E através de Deus a parteira vai e faz o serviço, então por que as pessoas e as autoridades não dão tão devido valor pra gente? […] eu não falo de valorização de dinheiro, eu falo é de respeito, quando alguém disser assim: ‘fulana é parteira’, as pessoas tivessem respeito pela gente (Macêdo, 2008, p.121;122).

As parteiras tradicionais sempre tiveram o reconhecimento dos familiares e mulheres atendidas, assim como da comunidade onde atuaram ou atuam. Isso fica notório na forma como elas são tratadas, principalmente por aquelas que foram assistidas por elas. Quando estive conversando com dona Maria Pereira, ela me apresentou com muito orgulho um certificado de agradecimento que recebeu pelo tempo que tinha no ofício de parteira:

Figura 1 – Certificado de Agradecimento

Fonte: Acervo particular

Da mesma forma, foi muito perceptivo o sentimento de satisfação demostrado por dona Maria Pereira, quando ela falou dos vários partos que tinha realizado, dos quais, alguns dos bebês que ela auxiliou no início do ofício, na época da entrevista (2019) já tinha 60 anos, outro fato memorável para ela foi ter auxiliado no parto dos 14 filhos de uma mesma pessoa. Assim como dona Maria Pereira, este sentimento é percebido também nas demais parteiras.

Apesar de serem reconhecidas e valorizadas por muitos, existe um sentimento que é comum entre elas: que as autoridades deveriam olhar para as parteiras e considerar a importância que elas têm na sociedade. Buscando serem reconhecidas e lutarem por melhores condições de trabalho, foi criada a Associação das Parteiras Tradicionais do Maranhão. Associação que foi objeto de estudo da dissertação de Marina Santos Pereira, onde ela descreve o surgimento e outros temas em torno da atuação das parteiras filiadas, sobretudo na Área Itaqui Bacanga, em São Luís.

Em maio de 2024, o Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), reconheceu por unanimidade o registro do “Ofício, Saberes e Práticas das Parteiras Tradicionais do Brasil” como Patrimônio Cultural do País. A este respeito, foi perguntado a Antropóloga e Coordenadora Geral de Identificação e Registro do Iphan, Diana Dianovsky, qual a importância deste reconhecimento? A resposta foi:

Reconhecimento dos saberes de mulheres que estão espalhadas em todo o país, que ajudam a trazer criança no mundo, as parteiras a prática de partejar na última reunião da Unesco da convenção para salvaguarda do patrimônio material foi considerado um patrimônio da humanidade numa candidatura apresentada pela Colômbia. É, eu acho que o mundo inteiro tem uma dívida histórica com as parteiras, de não reconhecer aquele saber como saber central para a Constituição da sociedade. Não reconhecer muitas vezes o lugar dessas mulheres, as parteiras têm um papel de liderança muito grande em boa parte das comunidades em que atuam (TST, 2024).

Este reconhecimento com certeza foi um grande avanço na luta das parteiras tradicionais, porém, a luta por garantia de direitos continua. Entretanto, de acordo com os vários depoimentos lidos e assistidos, fica evidente que, embora as parteiras não tenham ainda alcançado a devida valorização e reconhecimento, elas continuarão com o ofício de partejar. Isso porque os seus trabalhos não estão vinculados somente aos bens tangíveis, mas sim, à necessidade que surge quando está chegando mais um bebê ao mundo, bem como ao “dom” que receberam.

5  CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao falar sobre os saberes e crenças da parteira tradicional e o que elas representam na história do parto, não é nossa intenção desconsiderar a importância da medicina, pois, ao olharmos para os resultados que ela trouxe para a sociedade, não há como negar seus benefícios. No entanto, vale ressaltar que bem antes do surgimento da medicina, as parteiras já desempenhavam todo o processo em torno do parto e do nascimento.

Porém, os estudos analisados nos mostram que quando os médicos começaram a atuar na área de Obstetrícia e Ginecologia, houve um movimento que contribuiu para sua retirada aos poucos da cena do parto. Alguns mecanismos foram utilizados para que elas não pudessem participar dos cursos que as qualificariam para ficarem habilitadas para o ofício, esta exclusão se deu através dos requisitos exigidos.

Entretanto, mesmo com as objeções encontradas na trajetória de cada parteira tradicional, elas continuam desenvolvendo suas atividades sempre que são solicitadas. A falta de pagamento não é motivo para que elas não prestem um auxílio, pois, acima de qualquer valor que possam receber, está o compromisso com aquele que as capacitou para o serviço de trazer uma vida ao mundo.

REFERÊNCIAS

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1 Discente do Curso de História Licenciatura da Universidade Federal do Maranhão, email: jmartinsp713@hotmail.com
2 Docente aposentada do Curso de História Licenciatura da Universidade Federal do Maranhão. Doutora em História. Email: as.mota@ufma.br