THE PROCESS OF ACQUISITION OF READING AND WRITING IN THE 2ND YEAR OF FUNDAMENTARY EDUCATION IN TUCURUÍ/PA: DIFFICULTIES AND CHALLENGES OF STUDENTS IN EVERYDAY SCHOOL LIFE
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102412291132
Jeissiane Salgueiro França [1]
Raimundo Nonato de Oliveira Falabelo[2]
Resumo
A proposta dessa pesquisa é acompanhar e analisar as concepções e práticas de ensino aprendizagem de leitura e escrita de professores na escola Municipal de Ensino Fundamental Prof.ª Maria Bernadete Lopes de Souza do município de Tucuruí/PA, tendo em vista as práticas docentes e as implicações para o desempenho dos alunos nessa área temática. O percurso metodológico será através de pesquisa bibliográfica, levantamento de dados (pesquisa quantitativa), entrevista semiestruturada e estado do conhecimento. Dentre os autores principais utilizados como referencial teórico podemos citar Oliveira (1997); Fontana (1997); Smolka (2016) a partir das suas concepções, observar como vem sendo trabalhado o processo de ensino e aprendizagem da leitura e escrita nas séries inicias do ciclo alfabetizador.
Palavras-chave: leitura e escrita. Segundo ano. Práticas pedagógicas.
1 INTRODUÇÃO
A leitura e a escrita são instrumentos fundamentais para a construção do conhecimento da criança e, a fim de contribuir com essa aprendizagem é necessário que a escola e sua equipe docente levem em consideração os aspectos históricos e culturais que ela traz, ajudando assim no desenvolvimento da sua aprendizagem.
De acordo com Vygotsky (1991) a criança quando nasce, ela já é inserida em uma família que compartilha com ela seu modo de viver, costumes e tradições. Fontana (1997) destaca que “as atividades que ela [a criança] realiza, interpretadas pelos adultos, adquirem significado no sistema de comportamento social do grupo à qual pertence” (Fontana, 1997, p. 65), ou seja, seu modo de perceber as coisas, de atuar sobre elas, os sentimentos vão se constituindo através das relações sociais. Consoante com essas concepções, Ana Luiza Smolka em sua tese de doutorado produzida em 1987 (Unicamp) apresenta uma “proposta político-pedagógica de alfabetização como processo discursivo que potencializa a função transformadora da linguagem” (Smolka, 2012, p.35).
É nas relações com os adultos que as crianças aprendem modos de uso de objetos e de utilização dos mais diversos instrumentos técnicos e semióticos – dentre esses, os livros –, mas também os modos de falar, modos de conhecer, modos de narrar e de dizer sobre as coisas no mundo, modos de (vir a) ser leitor. Aprender a falar e a escutar, aprender a narrar, entretece-se com – e vai sendo marcado por – as formas e funções da produção gráfica e escrita na sociedade letrada. (Smolka; Magiolino; Rocha, 2016. p. 88).
Dessa forma, a autora pressupõe que o ensino da língua portuguesa seja “uma forma de interação com o outro pelo trabalho de escritura – para quem eu escrevo, o que escrevo, e por quê?” (Smolka, 2012, p. 95, grifo no original), acarretando, assim, em um momento propício para os educandos construírem suas concepções sobre a realidade e sobre seu papel social nesta.
O tema dessa pesquisa surgiu da minha experiência ainda na graduação em Pedagogia, cursada em 2013, na Universidade Federal do Pará. Nesse período eu desenvolvi uma pesquisa de campo em uma escola de ensino fundamental da rede municipal de Tucuruí/PA que investigou as práticas pedagógicas de professores alfabetizadores no processo de alfabetização e letramento dos alunos do 2° ano. Durante a pesquisa pude perceber que esses educadores desenvolviam práticas arcaicas, baseadas no método alfabético conhecido como “soletração”, totalmente fundamentado no trabalho com as cartilhas.
Essa prática desenvolvida pelos alfabetizadores é um dos sistemas mais antigos da alfabetização e fundamenta-se em exercícios repetitivos sem nenhum tipo de contextualização histórica, social e/ou cultural, e sem levar em consideração os conhecimentos prévios dos educandos. Com isso o processo de alfabetização e letramento era um momento tedioso e possivelmente sem sentido para o educando.
Outra percepção dessa pesquisa foi a resistência observada entre os profissionais alfabetizadores em relação às novas metodologias. Suas falas durante as entrevistas deixavam nítido que praticamente todos eram contra as novas didáticas apresentadas nos cursos de formação continuada promovidos pela Secretaria Municipal de Educação de Tucuruí/PA e pelo Governo Federal.
Mesmo passados mais de uma década esse quadro não se modificou muito. Atualmente, atuo como Professora Mediadora em uma escola de Ensino Fundamental da rede municipal de Tucuruí/PA em turmas do 2° ano. Para o desenvolvimento da leitura e escrita nessa turma, grande parte do trabalho é baseado em atividades no livro didático disponibilizados para cada educando. De acordo com Smolka (1997, p.17) o livro didático “é apresentado para o aluno como uma fonte de conhecimento de mundo, ao invés de ser um dos objetos de conhecimento no mundo.” Ela faz uma crítica em relação ao embasamento do uso desses livros que os educadores utilizam para desenvolver atividades de leitura e escrita pois, segundo a autora, grande parte desse material é inadequado para desenvolvimento da aquisição da linguagem.
De fato, percebe-se que essa prática desenvolvida pelos educadores em utilizar o livro didático para ajudar seus alunos no desenvolvimento na aquisição da leitura e escrita não tem ajudado muito, porque grande parte da turma ainda está na fase da decodificação das palavras, tendo dificuldades no entendimento e compreensão das atividades desenvolvidas do livro. Além do livro, para trabalhar com a leitura da sua turma, uma das professoras observadas durante a pesquisa, produziu uma apostila que se chama “Caderno da Leitura”. Na verdade, esse material é a antiga cartilha que era desenvolvida há muito tempo. Esse método ainda é o mais utilizado para o desenvolvimento da leitura dos educandos em sala.
Foi possível observar também que a maioria das professoras não tem muito diálogo com a sua turma. Geralmente há apenas a explicação das atividades e orientação para alguns alunos que tem dúvidas. Nesse momento em sala de aula, percebi que os métodos de ensino das professoras estimulam mais a mecanização e a memorização de conteúdo. De acordo com Vygotsky (2001) a criança não se desenvolve com qualquer aprendizagem que é apresentada, é necessário existir todo um contexto da sua realidade para desenvolver uma aprendizagem de qualidade. E para se ofertar uma boa aprendizagem, faz-se necessário entender que a aquisição da leitura e escrita é uma prática cultural, ou seja as atividades precisam ser planejadas de acordo com a realidade da criança para que possam fazer sentido para elas.
O papel do professor nesse processo é importante porque ele será o mediador nessa fase, colaborando no processo de construção de conceitos e de aquisição de novas experiências. Diante de todas as vivências na minha graduação e até aqui como professora mediadora, minhas inquietações estão baseadas nessas práticas de ensino que presencio até hoje. É possível que a didática antiquada do professor e sua resistência em utilizar novos métodos de ensino poderiam ser um dos fatores que contribuem para os altos índices de dificuldades apresentadas pelos educandos no processo de ensino e aprendizagem da leitura e escrita?
Neste sentido, os principais desafios no processo da leitura e escrita podem estar nas dificuldades de relacionar os conhecimentos prévios da criança com a metodologia adotada pela escola e seus profissionais, causando o atual índice de defasagem da aprendizagem e construção de conhecimento.
Diante disso, o presente texto é uma dissertação de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Educação e Cultura – PPGEDUC, da Universidade Federal do Pará, e trata-se de uma pesquisa sobre como o processo de ensino-aprendizagem da leitura e da escrita tem acontecido no 2º ano do ensino fundamental na rede pública do município de Tucuruí/PA. A partir disso, o trabalho busca observar as práticas pedagógicas de ensino da leitura e escrita nesse momento do ciclo alfabetizador e, a partir das concepções de Vygotsky (2001), Smolka (1997) e Fontana (1997), investigar como é possível contribuir para a melhoria desse processo nas séries iniciais.
O cerne da pesquisa está na busca em compreender e analisar as dificuldades enfrentadas pelos educandos, levando em consideração a observação do cotidiano escolar, bem como dados coletados em sites oficiais de livre acesso (MEC, Inep, Censo, etc…). A pesquisa também busca compreender: a) se os educadores tem suporte teórico e metodológico necessários para desenvolver práticas pedagógicas efetivas; b) quais os métodos e abordagens de ensino que a escola desenvolve; c) que tipo de materiais são disponibilizados para o desenvolvimento da escrita e leitura e; d) se os projetos de leitura e escrita desenvolvidos na escola estão baseados na realidade da comunidade escolar.
Desde que surgiu o ensino até hoje, sabe-se que grande parte dos alunos apresenta dificuldades na aprendizagem, desde a pré-escola e arrastando-se pelos anos iniciais. Embora, hajam muitos problemas a serem enfrentados com o ensino inicial da leitura e escrita, uma das dificuldades pode estar na ausência de uma didática que consiga vencer o fracasso nesse processo. Mas, apesar dos esforços de todos os envolvidos, por que o processo de ensino e aprendizagem continua sendo insuficiente por grande parte dos alunos das escolas públicas? O professor alfabetizador tem oportunizado situações de aprendizagem onde o educando participe ativamente desse processo? A formação desses docentes abrange os conhecimentos necessários para enfrentar as dificuldades dos educandos nesse processo de aprendizagem da leitura e escrita?
A partir dessas questões iniciais, a pesquisa pretende contribuir para as reflexões acerca do processo de aquisição da linguagem e da escrita.
Assim, esse estudo será desenvolvido com educadores e educandos do 2° ano do ensino fundamental da E.M.E.F. Maria Bernadete Lopes Souza através de pesquisa bibliográfica, levantamento de dados (pesquisa quantitativa) e entrevista semiestruturada.
A partir disso espera-se compreender as dificuldades que estes têm enfrentado no processo de aquisição da linguagem e da escrita.
2 PERCURSO METODOLÓGICO
Na perspectiva vygotskyana, o ser humano é percebido como alguém que tanto provoca mudanças quanto é modificado por meio das interações que ocorrem dentro de um contexto cultural especifico. O que acontece não se resume a uma simples soma de elementos inatos e adquiridos, mas sim a uma interação dialética que se desenvolve continuamente desde o momento do nascimento, entre o indivíduo e o ambiente social e cultural em que está inserido. Ou seja, o autor defende que o desenvolvimento humano não resulta apenas da maturação de fatores isolados, mas sim da constante troca mútua que acontece ao longo da vida, onde o indivíduo e o seu meio se influenciam reciprocamente em todos os aspectos.
Diante disso esta pesquisa dá seguimento aos estudos realizados no período da minha graduação em Pedagogia nos quais a temática do processo de alfabetização/ensino da leitura e escrita foi discutido a partir de autores/as como Soares (2009), Ferreiro (2001) e Freire(1996). A fim de evitar repetições desnecessárias, optei por discorrer sobre as dificuldades enfrentadas pelos educandos, apresentar reflexões a partir da observação das práticas pedagógicas de professores/as regentes do 2º Ano do Ensino Fundamental na E.M.E.F Maria Bernadete em Tucuruí/PA, da escuta e troca de saberes e vivências com esses/as educadores/as, da apreciação de dados coletados em sites oficiais de livre acesso e da leitura de autores que orientam e fundamentam as teorias apresentadas nessa pesquisa que também tem como propósito analisar a rotina escolar desses educandos observando os processos de aprendizagem que ocorrem nesse ambiente.
No que diz respeito à metodologia, para este trabalho vamos considerar uma abordagem qualitativa pois, de cordo com Severino (2013) esta designação refere-se a “conjuntos de metodologias, envolvendo, eventualmente, diversas referências epistemológicas” (Severino, 2013, p. 103). Ainda de acordo com o autor “são várias metodologias de pesquisa que podem adotar uma abordagem qualitativa, modo de dizer que faz referência mais a seus fundamentos epistemológicos do que propriamente a especificidades metodológicas” (Idem).
Assim, dentro das etapas desse percurso metodológico, realizamos a observação participante que, de acordo com Severino (2013)
É aquela em que o pesquisador, para realizar a observação dos fenômenos, compartilha a vivência dos sujeitos pesquisados, participando, de forma sistemática e permanente, ao longo do tempo da pesquisa, das suas atividades. O pesquisador coloca-se numa postura de identificação com os pesquisados. Passa a interagir com eles em todas as situações, acompanhando todas as ações praticadas pelos sujeitos. Observando as manifestações dos sujeitos e as situações vividas, vai registrando descritivamente todos os elementos observados bem como as análises e considerações que fizer ao longo dessa participação. (Severino, 2013, p. 51)
A observação participante ocorreu durante o primeiro semestre de 2024 em turmas do 2º Ano do Ensino Fundamental na E.M.E.F Maria Bernadete, juntamente com uma pesquisa de campo baseada em entrevistas semiestruturadas pois, segundo Minayo (2014)
Entrevista é acima de tudo uma conversa a dois, ou entre vários interlocutores, realizada por iniciativa do entrevistador, destinada a construir informações pertinentes para um objeto de pesquisa, e abordagem pelo entrevistador, de temas igualmente pertinentes tendo em vista este objetivo. (Minayo, 2014, p. 261)
Ainda de acordo com a autora “as entrevistas podem ser consideradas conversas com finalidade e se caracterizam pela sua forma de organização” (Minayo, 2014, p. 261) podendo, assim, ter diversas classificações, entre elasa “entrevista semiestruturada”, que combina perguntas fechadas e abertas, em que o entrevistado tem a possibilidade de discorrer sobre o tema em questão sem se prender à indagação formulada” (Minayo, 2014, p. 261).
Para tanto, foram ouvidas duas educadoras, uma do turno da manhã e outra do turno da tarde, que atuam no ciclo alfabetizador (2º ano) do Ensino Fundamental na escola supracitada. Essas ações possibilitaram observar as práticas pedagógicas utilizadas em sala de aula por essas educadoras, suas metodologias e estratégias de ensino, bem como a sua interação com os educandos.
Tipicamente, o estudo de campo focaliza uma comunidade, que não é necessariamente geográfica, já que pode ser uma comunidade de trabalho, de estudo, de lazer ou voltada para qualquer outra atividade humana. Basicamente, a pesquisa é desenvolvida por meio da observação direta das atividades do grupo estudado e de entrevistas com informantes para captar suas explicações e interpretações do que ocorre no grupo. Esses procedimentos são geralmente conjugados com muitos outros, tais como a análise de documentos, filmagem e fotografias. (Gil. 2002, p. 53)
Seguindo a abordagem qualitativa e a fim de obter elementos necessários para demonstrar as ideias presentes neste trabalho, foi realizado, ainda, um levantamento em sites oficiais de livre acesso (MEC, Inep, Censo, etc…) de dados sobre aprovação, reprovação, evasão, etc…, pois, nesse contexto, os resultados obtidos pelas avaliações dos sistemas de ensino passaram a ocupar uma posição de grande relevância nas políticas públicas de educação sendo, inclusive, recomendados por agências internacionais e pelo MEC e promovidos por Secretarias de Educação de diversos estados e municípios brasileiros, como forma de mensurar, avaliar e realizar ações em prol da melhoria da qualidade do ensino.
Juntamente com os mecanismos já descritos, a pesquisa bibliográfica também é parte integrante desse percurso metodológico pois ela aponta autores/as e obras necessários para o desenvolvimento do raciocínio que se pretende demonstrar nessa pesquisa. Para Severino (2013)
A pesquisa bibliográfica é aquela que se realiza a partir do registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos, como livros, artigos, teses etc. Utiliza-se de dados ou de categorias teóricas já trabalhados por outros pesquisadores e devidamente registrados. Os textos tornam-se fontes dos temas a serem pesquisados. O pesquisador trabalha a partir das contribuições dos autores dos estudos analíticos constantes dos textos. (Severino, 2013, p. 106)
Por meio dos elementos descritos, este trabalho pretende cumprir a tarefa de demonstrar a importância de se pesquisar sobre o processo de aquisição da leitura e escrita no ciclo alfabetizador, bem como contribuir com reflexões e apontamentos que possibilitem mudanças positivas para os educandos e para o cotidiano escolar o qual estão inseridos.
3 ABORDAGENS SOBRE O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA LEITURA E ESCRITA.
Via de regra, a leitura está relacionada à escrita, todavia seu aprendizado está tradicionalmente relacionado à características linguísticas, culturais, sociais e à formação do sujeito, seja como meio de possibilitar ao indivíduo a aquisição de conhecimentos ou de proporcionar atividade social.
Entre os aspectos relacionados à aquisição da leitura e da escrita está a “cultura” – um dos fatores mais importantes que afetam o desenvolvimento mental. De acordo com Kohl (1997) sobre a cultura, Vygotsky enfatiza que “[…] o indivíduo ‘toma posse’ das formas de comportamento fornecidos pela cultura, num processo em que as atividades externas e as funções interpessoais transformam-se em atividades internas, intrapsicológicas”. (Kohl, 1997, p. 38). A cultura indica os caminhos e também as peculiaridades da sua conexão com o mundo.
Esse processo de aprendizagem já se inicia muito antes da criança entrar na escola, pois antes disso ela já possui contato com seu meio social, que permite a ela adquirir conhecimentos com a própria linguagem verbal. Vygotsky (2001, p.109) afirma que “[…] a aprendizagem da criança começa muito antes da aprendizagem escolar.” Dessa forma, quando ela é inserida na educação formal já traz uma bagagem de conhecimento e, dentro desse espaço que é a escola, isso precisa ser explorado através de trocas de experiências.
3.1 Aprendizagem, Leitura e Escrita.
A leitura e a escrita devem ser aprendidas por meio de conceitos metodológicos que valorizem as experiências da criança, experiências que surgem por meio das relações sociais. O desenvolvimento de competências de literacia é importante em todos os níveis de ensino e ao longo da vida.
O homem constitui-se na sua relação com os outros, o que implica entender que ele (o homem) não possui nada pronto. Nesse sentido, o conhecimento se dá pelas relações entre o indivíduo e o mundo exterior e desenvolve-se num processo histórico, sendo que a aprendizagem ocorre por uma mediação social, em que a linguagem assume papel predominante. (Vygotsky, 1988, apud Josefi, 2001, p.7)
Segundo Vygotsky (2010), o processo de desenvolvimento das crianças que aprendem a ler e escrever começa com as relações com objetos e outras pessoas de sua cultura, por meio de atividades das quais elas participam desde o nascimento. Dessa forma, o aprender a ler e escrever começa pela interação, ou seja, é por meio das relações sociais e da troca de experiências com outras pessoas que é possível compreender esse aprender a ler e escrever.
No que diz respeito ao ensino da língua escrita, é comum observarmos nas escolas, práticas pedagógicas que disponibilizavam material pronto, sem contextualização com a realidade da criança, ignorando o seu conhecimento prévio e prejudicando, assim, o processo de ensino social do ato de escrever.
De acordo com Vygotsky (1995) ao ensinar a linguagem escrita é preciso primeiro ensinar a função social da escrita, ou seja, a escrita deve ser significativa para a criança. O autor critica os processos pelos quais as crianças são introduzidas no mundo da escrita pois, para ele, as crianças são ensinadas a seguir as letras, mas não a linguagem escrita. O ensino baseia-se na mecânica da escrita e não na sua compreensão social.
A escrita deve ser apresentada à criança como um conjunto de medidas que satisfaçam a sua necessidade de expressão e partam de sua iniciativa própria e necessidade de comunicação. Essas experiências devem ser prazerosas e ir muito além do aprendizado da gramática. Portanto, é extremamente importante criar situações de aprendizagem que façam com que as crianças adotem a escrita de forma natural e sobretudo com sugestões relacionadas com o dia a dia e que sejam significativas para elas. Por isso é importante valorizar os conhecimentos prévio envolvido em cada texto escrito para que essa produção tenha sentido.
O ato de aprender a escrever embora inicie no meio social diferente da escola, a aprendizagem da linguagem escrita, encontra nela, o lugar de sistematização e ampliação, pois exige um trabalho consciente em relação às palavras e à sua sequência, implicando uma tradução da fala interior que condensada, abreviada e compactada, passa para fala oral, que é extremamente detalhada. (Lobato; Custódio, 2024, p. 6)
Nesse processo de construção do conhecimento da escrita, a criança produz hipóteses, resolve problemas e desenvolve conceitos a partir do que está escrito. Essas hipóteses começam no momento em que entram em contato com o material escrito. Antes de entrar à escola, estas já recebem outro tipo de aprendizado, transmitido pelos pais que lhes ensinam as primeiras palavras, frases e um pouco de compreensão do mundo. Ao chegar na escola, o educador precisa saber todas as informações sobre a criança para determinar sua dificuldade. Porque a aprendizagem da criança se dá com base nas informações que ela já adquiriu.
Já quando se fala no percurso da aprendizagem da leitura, as formas de ler são moldadas pela escrita. Quando pensamos em leitura, assumimos sua importância para adquirir novos conhecimentos, interpretar o significado das coisas, perceber o mundo com diferentes expectativas, relacionar a realidade ficcional e a escrita, com a realidade em que vivemos, por isso é importante estudar o papel da leitura e escrita na vida das pessoas. À medida que as crianças aprendem a ler, elas tomam consciência da estrutura sonora das palavras que compõem os textos que utilizam para se comunicar com as pessoas.
A aprendizagem baseia-se, portanto, em vários aspectos além dos elementos alfabéticos. A leitura é uma forma especial que passa pela codificação e criação de significados para o texto lido. De acordo com Vygotsky (2007) a aprendizagem não acontece sozinha e individualmente, mas com a ajuda de outras pessoas. Em termos gerais, a mediação é o processo pelo qual um elemento intermediário intervém numa relação; a relação então deixa de ser direta e passa a mediar esse elemento (Oliveira, 2002 apud Ferreira, 2016, p. 23).
4 DESAFIO DE APRENDER A LER E ESCREVER NA ESCOLA PÚBLICA
Apesar das intervenções externas nas escolas públicas, a aprendizagem nos anos iniciais do ensino fundamental não tem atingido os níveis esperados. Muitos estudantes tem enfrentado desafios para adquirir habilidades de leitura e escrita.
Essa dificuldade fica evidente em avaliações nacionais. É crucial, portanto, analisar o processo de alfabetização para compreender as razões por trás dos obstáculos enfrentados pelas crianças, os quais podem persistir ao longo de sua vida. As dificuldades de aprendizagem mencionadas estão ligadas a inabilidade de assimilar a leitura por partes dos educandos sem transtornos de aprendizagem ou desordens neurológicas.
Assim, as dificuldades mencionadas anteriormente são desencadeadas, principalmente por fatores externos. Relacionados ao ambiente familiar e social, São também relevantes as questões sociais, deficiências na abordagem pedagógica, o status socioeconômico e cultural, bem como o currículo desatualizado. Em ambientes familiares tumultuados, nos quais os pais ou outros membros dependentes de álcool e/ou drogas, ou ainda envolvidos em constantes conflitos, as crianças tendem a enfrentar obstáculos no processo de aprendizagem, visto que o comportamento dos seus responsáveis impacta diretamente o seu bem estar emocional.
Falhas no sistema educacional na rede pública de ensino e nas metodologias de ensino podem gerar dificuldades de aprendizagem. Para evitar isso, é importante usar estratégias mais eficientes, que consideram o contexto da criança. Muitas vezes, as metodologias inadequadas não incentivam a participação dos alunos, o que torna o ambiente escolar desfavorável. Talvez por falta recursos pedagógicos e de um currículo que possa auxiliar nesse processo de construção do conhecimento da leitura e escrita. Além disso, a fome também interfere no aprendizado, já que uma criança desnutrida pode ter dificuldades físicas e cognitivas que impactam seu desenvolvimento, pois grande parte dessas crianças que ingressam na rede de ensino municipal são crianças de classe baixa que se mantem de bolsa família com um valor de 600 reais por mês. São inúmeros desafios que a escola pública enfrenta para alcançar a qualidade no ensino.
4.1 O professor alfabetizador do 2º ano e seu trabalho pedagógico
Quadro 1 – Dados que caracterizam o perfil dos informantes
Cargo | Coordenadora Pedagógica | Professor | Professor |
Sexo | Feminino | Feminino | Feminino |
Tempo de Experiência | 17 anos | 39 anos | 40 anos |
Fonte: elaborado pela pesquisadora (2024)
A entrevista foi realizada com duas professoras alfabetizadoras e uma coordenadora pedagógica, sendo as três, funcionárias da escola Maria Bernadete Lopes de Souza. E por questões éticas os informantes terão suas identidades mantidas em sigilo, aparecendo no texto pela categoria a que pertenciam no momento da entrevista. Assim, temos os seguintes indicativos de sujeitos. Para o Coordenador Pedagógico (INF.COORD.PED.2024), os professores aparecem nessa mesma categoria, seguindo do numeral de 1º a 2º conforme a ordem da realização das entrevistas (INF.PROFESSOR 1, 2024); (INF.PROFESSOR 2, 2024)
A entrevista teve início com a apresentação das participantes, idade e tempo de atuação na alfabetização:
(INF.COORD.PED.2024) “Tenho 41 (quarenta e um) anos, estou há 26 (vinte e seis) anos, na educação e atuo há 17 anos como coordenadora pedagógica.
(INF.PROFESSOR 1, 2024) “Tenho 57 (cinquenta e sete) anos, sou concursada efetiva da prefeitura, e tenho dez anos que atuo na alfabetização.
(INF.PROFESSOR 2, 2024) “Tenho 54 (cinquenta e quatro) anos, atuo na alfabetização há 40 anos a minha vida toda trabalhei como alfabetizadora. Sou concursada efetiva da prefeitura e do Estado.
Um bom alfabetizador é, paralelamente, um excelente pesquisador, alguém que está constantemente à procura de informações pertinentes para enfrentar seus desafios. Segundo Kenski (2003, p. 48): “Não é possível pensar na prática docente sem pensar na pessoa do professor e em sua formação, que não se dá apenas durante seu percurso nos cursos de formação de professores, mas durante seu caminho profissional. Ou seja, a sua trajetória profissional reflete bastante no seu trabalho. Os conhecimentos adquiridos através da educação inicial e contínua, bem como aqueles adquiridos a prática docente também é relevante na trajetória. De acordo com Mazzeu (1998), a abordagem pedagógica proposta por Vygotsky é o alicerce da formação contínua do educador, pois visa permitir que o professor se aproprie dos saberes acumulados ao longo da história, devendo ser apto a intervir em seu contexto.
A formação inicial, por si só, não é suficiente; é necessário oportunizar (através da formação contínua) É necessário que o profissional se sinta seguro ao lecionar e possa, de fato, contribuir o processo de ensino-aprendizagem e que o tempo na docência se configura num dos elementos indispensáveis para o exercício da profissão, uma vez que a prática pode ser apropriada conforme os diferentes contextos que o professor atua. Sobre a formação que os professores recebem na instituição de ensino, a segunda pergunta focou na maneira como essa formação era posta em prática.
Segundo as professoras de alfabetização:
(INF.PROFESSOR 1, 2024) “Assim tivemos várias formações né, tanto com a nossa coordenadora da escola, quanto a do programa alfabetiza Pará, e as vezes nos reunimos, nós professoras para fazer nossa formação, trocando atividades e planejando juntas. e tem também o Programa Alfabetiza Pará, que orienta como trabalhar com o material disponibilizado, para ajudar os alunos”.
(INF.PROFESSOR 2, 2024) Sim, com a nossa coordenadora foram umas duas formações que ela fez com agente, sempre que dá, nos reunimos com as outras professoras para fazer nossas formações, além delas a gente participa também da formação do programa Alfabetiza Pará. Que é apresentado pra nós o material do programa, que serão disponibilizados para nos ajudar com o ensino da leitura e escrita dos nossos alunos.
A alfabetização não é um dever exclusivo das professoras/es alfabetizadoras/es. É preciso um compromisso e uma rede de conexões para garantir que todos possam se alfabetizar. A função do Coordenador neste processo é crucial. O Coordenador Pedagógico, possui uma perspectiva ampla de toda a instituição educacional. Identifica os variados cenários onde os educadores se encontram e quando é necessária a mediação. Ao agir dessa maneira, facilita-se a obtenção dos resultados esperados para os docentes e demais integrantes do time escolar.
Ao atuar como facilitador e mediador durante as atividades de formação contínua assegura um ambiente de colaboração e estímulo, que incentiva a partilha de vivências, reflexões e aprendizados entre os docentes. De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96), as responsabilidades do coordenador incluem a autonomia para estruturar e direcionar o trabalho pedagógico na instituição de ensino, além de assegurar uma administração participativa e democrática em todos os setores.(Brasil,1996) Portanto, uma entrevista específica foi conduzida para analisar o papel que a coordenadora vinha desempenhando na instituição. Segundo a coordenadora, a sua contribuição diz respeito ao seu papel no sentido de
(INF.COORD.PED.2024) Como é que a gente fala assim o trabalho do professor é desafiador no chão da escola, você sabe então tudo que ele fizer dentro da sala de aula será refletido com o apoio que ele recebe quem é esse apoio uma gestão humanizada um coordenador que de fato esteja ali do lado dele acompanhando os seus desafios apoiando sugerindo mediando essas ações dentro da sala de aula, porque o professor o docente ele não recebe uma turma homogênea é uma turma dependendo da escola que vem com a criança ela não vem crua. Ela traz a sua bagagem. E cabe o professor ter esse olhar, eu costumo dizer que um aluno ele não precisa de uma metodologia, ele precisa de um professor que enxergue as suas dificuldades e as suas possibilidades. Então o que é que acontece a coordenação, ela é o porto seguro desse Professor, o que é que acontece hoje no nossas escolas e que nós estamos recebendo professores que nunca tiveram uma vivência Profissional ou até mesmo um estágio que lhe dei uma noção do que é alfabetizar […] O coordenador precisa entender o papel dele, porque ele precisa inspirar a sua equipe e não só cobrar porque ele tá ali para fazer parte desse processo e principalmente o professor se sentir habilitado a ser professora de todas as crianças que estão dentro da sala, que quando ele vá planejar ele pense que possibilidades de aprendizagem ele pode levar para dentro da sua sala, já que ele tem vários desafios a serem vencidos diariamente, então cabe a cada coordenador fazer isso ser sensível à aos seus docentes, eu sempre falo que eu costumo ser a coordenadora que eu sempre quis quanto professora lá da sala de aula, por isso que a minhas ações são muito voltada para a prática pedagógica, porque eu não posso esquecer da onde eu vim e de onde eu estava.
Conforme Libâneo (2001), O coordenador pedagógico é o responsável pela gestão da escola. Integrar e coordenar o trabalho pedagógico na instituição escolar. Está diretamente relacionado ao contato com o time de docentes, estudantes e pais. Além disso, possui como função de refletir sobre as práticas pedagógicas, contribuir para a criação de cenários de aprendizagem, oferecendo apoio pedagógico e didático aos professores.
Certamente, um coordenador pedagógico deve desempenhar essa função. Contudo, ao analisar as formações disponíveis na escola durante esse período de observação, nota-se que houve poucos momentos em que a equipe conseguiu organizar projetos que deveriam ser desenvolvidos para atender à realidade da comunidade escolar, com o objetivo de resolver as habilidades necessárias para o progresso do aprendizado dos alunos. Isso aconteceu porque a Secretaria de Educação estava realizando regularmente algumas capacitações específicas do Programa Alfabetiza Pará. Ao finalizar essas formações, os professores tinham que colocar em prática, e por esse motivo as professoras alteravam todo o seu planejamento semanal para implementar o que foi orientado para fazer com os alunos naquela semana. E assim a semana prosseguia para as turmas do primeiro ao segundo ano, executando tarefas que precisam ser realizadas pelos matérias disponíveis do programa, como o livro didático, conforme mencionado por uma das professoras na entrevista:
“Eu me sinto perdida nesse livro e tem muitos professores aqui perdido neles e a gente trabalha porque tem conhecimento e tudo vamos adaptando, mais esse livro não condiz com a comunidade que atendemos” (INF.PROFESSOR 2, 2024). Compreende-se que esses elementos também representam um desafio para a atuação do docente em sala de aula, talvez o professor até deseje tomar medidas para reduzir essas falhas encontradas no processo de ensino e aprendizado dos alunos. Diante desse cenário é essencial para o coordenador pedagógico ter a consciência de ser um educador intermediário da reflexão para apoiar a prática pedagógica dos professores. Esse pressuposto é crucial para que a ação coordenada não se limite apenas a uma ação isolada. O coordenador deve executar tarefas em sintonia com a administração e o trabalho, pedagógico, com o objetivo de realizar o projeto da escola.
O Outro ponto discutido nas entrevistas foi sobre quais recursos as docentes costumam empregar para aprimorar o ensino de leitura e escrita em sala de aula.
(INF.PROFESSOR 1, 2024) “Então assim a gente alfabetiza juntos sempre procuramos planejar juntas né? Somos cinco professoras alfabetizadoras, assim a gente planeja juntas, e tentamos trabalhar todas as atividades planejadas, quase sempre estamos praticamente só no livro. A gente quase não tem material para trabalhar, os matérias que temos nos confecciona, porque impresso são poucos porque a escola não tem, a gente confecciona muito material, como ficha de leitura ,confeccionamos textos e eles tem acesso aos livros também que são as cartilhas do programa alfabetiza Pará, temos também os livros de português, matemática, geografia ciências e história, mas assim a gente não se prende muito no livro, trabalhamos muito na lousa, com ficha de leitura e jogos.”
Segundo Freire (2004) “O professor precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos sentidos para o que fazer dos seus alunos. Ele deixará de ser um lecionador para ser um organizador do conhecimento e da aprendizagem.” (FREIRE, 2004. p.91). Assim, cabe ao docente inovar suas aulas sempre com o intuito de promover o aprendizado. Para Freire “O professor não deve ser apenas um transmissor do conhecimento, ele deve buscar através do diálogo o que os alunos trazem consigo em sua bagagem social e cultural”. (1996, p.99) Assim, o educador, por meio do diálogo, deve aprimorar e alterar sua prática, valorizando a bagagem sócia e cultural dos alunos.
A entrevista evidencia que a docente trabalha constantemente em parceria com outras professoras de alfabetização para planejar suas atividades, sendo que a maior parte delas é executada com base no livro didático. Não se percebe nenhuma inovação que busque incentivar a criatividade dos estudantes, seus métodos de ensino parecem não se concentrar no que os alunos já sabem, como se fosse uma tarefa automática. O professor deve analisar a realidade à sua volta, incluindo seus conteúdos programáticos, para se ajustar à rotina diária. Deve estar ciente de que poderá dar a aula planejada, se conseguir adequá-la à realidade de seus alunos. Vygotsky (2007) argumenta que o processo de aprendizagem do indivíduo não pode ser separado dele da situação histórica, social e cultural na qual se encontra. Para adquirir conhecimentos e se autoconstruir, o indivíduo necessita interagir com outros indivíduos. integrantes de sua espécie, em interação com o ambiente e também com a cultura. A eficácia do aprendizado ocorre quando o aluno consegue associar suas vivências pessoais ao conhecimento obtido, e isso não acontece de maneira espontânea, mas sim por meio da troca de informações.
5 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS
Deve-se levar em conta que o processo de alfabetização de um estudante requer dedicação, comprometimento e a aplicação de várias estratégias pelo docente para promover o avanço do processo de leitura e escrita.
Os professores das séries iniciais têm uma responsabilidade acrescida, pois são eles que acompanharão e desenvolverão nos estudantes habilidades que vão desde a coordenação motora até o conhecimento, escrita e leitura. Eles têm consciência de que esse conhecimento é duradouro e tem um impacto significativo no ambiente social de cada estudante.
De acordo com Barbosa (2010), a prática pedagógica engloba uma série de ações planejadas, realizadas de forma intencional pelo docente, fundamentadas em concepções de sociedade, educação, criança, aprendizado e desenvolvimento. Portanto, a prática pedagógica é definida pela atuação do docente na sala de aula. Neste processo, o docente assume deliberadamente o papel de direcionamento, organização e guia reflexivo, isto é, é quem ilumina as atividades em sala de aula que terão um impacto significativo na formação do conhecimento do estudante.
Portanto, é crucial entender as concepções dos professores de alfabetização, sua percepção da importância deles nesse processo, a metodologia que utilizam e a sua perspectiva teórica. É crucial enfatizar que o docente adote uma prática transformadora que auxiliará seus alunos, transformando o que ele já possui para ensinar-lhes.
Neste processo, tanto o docente quanto os estudantes adquirirão conhecimento em conjunto, já que a interação e o diálogo entre ambos proporcionam essa aprendizagem. Portanto, de acordo com Freire (1996), a educação é um processo dialógico, um intercâmbio contínuo. Nesta interação, educadores e estudantes alternam constantemente os papéis: o aluno aprende enquanto ensina seu educador, e o educador ensina e aprende com seu aluno. Assim, pode-se afirmar que não há ensino sem aprendizado, pois todo ensino proporcionará aprendizado. O professor precisa estar constantemente atento às especificidades da sua classe, que está em busca de conhecimento para facilitar o seu processo de aprendizagem. Assim, para alcançar o aprendizado, o educador deve se concentrar nas melhores maneiras de inter-relacionar fatores históricos e o ambiente social onde a criança se encontra. Dessa forma, ela será capaz de transmitir conteúdo que contribuirá para o seu aprendizado.
Ainda é importante destacar que existem muitos desafios a serem superados no ensino inicial da leitura e escrita. Um deles pode ser a falta de uma didática capaz de superar o insucesso escolar e as relações de vulnerabilidade social.
Atualmente, a alfabetização precisa seguir novos rumos, buscando superar esse paradigma que resulta no fracasso na alfabetização que todos nós conhecemos. É inegável que o insucesso escolar não se limita apenas aos métodos e técnicas de ensino. Contudo, o objetivo deste estudo é identificar uma alfabetização negligenciada pelos educadores, uma vez que ela proporcionará o conhecimento essencial para a formação de um indivíduo em uma sociedade. Este estudo também nos faz refletir sobre o processo de alfabetização, que se tornou um grande desafio para o professor alfabetizador e para a sociedade que anseia por uma educação de alta qualidade em nossas instituições de ensino. As metas estabelecidas nesta pesquisa apresentam conceitos teóricos e práticos, enfatizando os aspectos fundamentais do tema em questão.
REFERÊNCIAS
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[1] Mestranda no Programa de Pós-graduação em Educação e Cultura na UFPA/Campus de Cametá. E-mail: jeissianesalgueiro5@gmail.com.
[2] Docente da Faculdade de Educação e Ciências Sociais/UFPA/Campus Universitário de Cametá e-mail: falabelo@ufpa.br