REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102412121340
Rafael Santos Lima
Linda Ester Pimentel Ramos Mendes
Tarciane Das Graças Floriano Luciano
Flavia Oliveira Carloto Gava
Erenita Do Nascimento Pererira
Danusa Almeida Magalhães
Fernanda Das Neves Minas Machado
Daniela Polonini Caetano Scharra
Valquíria Pá Cesário Tuão
Jheniffer Bernardo Xavier
Sara Maria Herbst
RESUMO: A psicomotricidade na educação infantil, utilizando a educação psicomotora como abordagem metodológica, desempenha um papel crucial ao proporcionar estratégias que promovem o desenvolvimento das crianças com autonomia, criatividade e iniciativa, além de estimular seus potenciais. Esse enfoque, que alia a psicomotricidade aos processos de desenvolvimento e aprendizagem motora, é fundamental para estabelecer as bases motoras na infância. Durante esse período, as crianças vivenciam diversas etapas que demandam acompanhamento, especialmente no que diz respeito ao desenvolvimento psicomotor. Ademais, os jogos têm um papel essencial como facilitadores da aprendizagem, contribuindo para o aprimoramento de múltiplos aspectos humanos, como o afetivo, o social, o psicológico e o motor. Paralelamente, as brincadeiras surgem como uma forma pela qual as crianças expressam seus desejos e emoções, além de se integrarem à sociedade. Assim, por meio dos jogos e do ato de brincar, é possível promover o desenvolvimento cognitivo, socioafetivo e psicomotor, garantindo uma aprendizagem mais significativa e conectada ao contexto da criança. Esses momentos lúdicos também fortalecem as relações entre pares, ampliando as experiências de interação e colaboração, fundamentais para o crescimento pessoal e social.
Palavras-Chave: Psicomotricidade, Educação Infantil, Jogos, Brincadeiras, Criança.
1 INTRODUÇÃO
A psicomotricidade é uma área interdisciplinar que combina aspectos motores, emocionais e cognitivos para promover o desenvolvimento integral do indivíduo. Na Educação Infantil, essa abordagem ganha relevância por ser essencial para o crescimento saudável e para a construção das bases necessárias ao aprendizado. Enraizada na relação entre corpo e mente, a psicomotricidade contribui para o desenvolvimento de habilidades motoras, como coordenação e equilíbrio, além de auxiliar na maturação emocional e na socialização das crianças.
Na Educação Infantil, fase crucial para o desenvolvimento, as atividades psicomotoras assumem um papel indispensável. Por meio do movimento e do brincar, as crianças constroem percepções sobre o mundo, sobre si mesmas e sobre os outros.
A ausência de estímulos psicomotores adequados pode levar a lacunas significativas no desenvolvimento físico e cognitivo, refletindo diretamente na aprendizagem e no desempenho escolar. O objetivo deste texto é analisar como a psicomotricidade impacta o desenvolvimento integral e a aprendizagem das crianças na Educação Infantil. A partir da compreensão de seus conceitos e práticas, busca-se ressaltar sua importância para a formação de indivíduos mais autônomos, seguros e preparados para os desafios futuros.
Além disso, a psicomotricidade atua como um elo entre o corpo e a mente, permitindo que as crianças desenvolvam não apenas habilidades motoras, mas também competências cognitivas e socioemocionais. Durante a Educação Infantil, a exploração do ambiente por meio de atividades lúdicas e corporais ajuda a fortalecer a percepção espacial, a lateralidade e a coordenação, competências essenciais para aprendizagens futuras, como a leitura e a escrita. Dessa forma, a psicomotricidade não apenas favorece o desenvolvimento físico, mas também contribui para a formação integral, promovendo o equilíbrio entre emoções, raciocínio e movimento.
2 PSICOMOTRICIDADE: CONCEITOS E ABORDAGENS
A psicomotricidade surge como uma área de estudo que integra movimento, emoção e cognição, abordando o ser humano em sua totalidade. Seu conceito tem origem no início do século XX, quando médicos e educadores começaram a perceber a relação entre desenvolvimento motor e funções cognitivas e emocionais. Pioneiros como Jean Piaget e Henri Wallon contribuíram para consolidar a ideia de que o movimento não é apenas uma atividade física, mas também uma manifestação das emoções e do pensamento, essencial para o desenvolvimento integral do indivíduo.
Com o tempo, a psicomotricidade evoluiu, abrangendo não apenas o tratamento terapêutico, mas também práticas educativas, especialmente na Educação Infantil. Os componentes psicomotores são fundamentais para compreender as bases dessa área. Entre eles, o esquema corporal refere-se à consciência que a criança tem do próprio corpo, essencial para suas interações com o ambiente. A coordenação motora engloba a capacidade de realizar movimentos precisos, enquanto a lateralidade refere-se à predominância de um lado do corpo, influenciando habilidades como escrever ou manipular objetos.
O equilíbrio, por sua vez, permite a estabilidade em diferentes posturas e situações, enquanto a tonicidade diz respeito à regulação da tensão muscular necessária para os movimentos. Por fim, o ritmo conecta o tempo e o espaço, sendo vital para atividades motoras e cognitivas, como dançar, falar ou resolver problemas.
A psicomotricidade é “entendida como o campo transdisciplinar que estuda e investiga as relações e as influências recíprocas e sistêmicas entre o psiquismo e o corpo, e entre o psiquismo e a motricidade, emergentes da personalidade total, singular e evolutiva que caracteriza o ser humano, nas suas múltiplas e complexas manifestações biopsicossociais, afetivo-emocionais e psicossocio cognitivas (Fonseca, 2010, p. 42)
A relação entre psicomotricidade, emoções e cognição é intrínseca e complexa. Movimentos corporais refletem estados emocionais e, ao mesmo tempo, influenciam diretamente o desenvolvimento cognitivo. Por exemplo, atividades que envolvem coordenação e equilíbrio não apenas fortalecem os músculos, mas também estimulam áreas cerebrais responsáveis pela memória e atenção.
Além disso, o domínio corporal promove segurança emocional, ajudando a criança a expressar sentimentos e a interagir de forma mais confiante. Assim, a psicomotricidade funciona como um alicerce para o desenvolvimento integral, conectando corpo, mente e emoções em uma dinâmica de aprendizagem contínua.
3 DESENVOLVIMENTO INFANTIL E PSICOMOTRICIDADE
O desenvolvimento motor na infância segue etapas progressivas, marcadas por aquisições motoras que refletem o amadurecimento neurológico e físico da criança. Nos primeiros meses, o controle da cabeça e do tronco é o marco inicial, evoluindo para movimentos como rolar, sentar e engatinhar. Posteriormente, entre 1 e 3 anos, as crianças começam a andar, correr e realizar movimentos mais coordenados, como chutar ou empilhar objetos. Na fase pré-escolar, dos 3 aos 6 anos, ocorre o refinamento das habilidades motoras, com maior domínio da coordenação fina e ampla, permitindo atividades como desenhar, pular corda e manipular objetos pequenos. Vale destacar que:
A educação psicomotora é fundamental no desenvolvimento infantil, pois integra aspectos motores, afetivos e cognitivos, promovendo uma formação integral da criança. A educação psicomotora visa ao desenvolvimento harmonioso da criança, integrando os aspectos motores, afetivos e intelectuais (Le Boulch 1981, p. 34)
A psicomotricidade é essencial para o desenvolvimento físico, emocional e social das crianças. Fisicamente, ela fortalece músculos, articulações e sistemas sensoriais, preparando o corpo para tarefas diárias e escolares. Emocionalmente, atividades psicomotoras promovem autoconfiança, pois ajudam a criança a superar desafios e reconhecer suas capacidades. Socialmente, favorecem a interação com outras crianças, estimulando o trabalho em grupo, a cooperação e o respeito às regras. Assim, a psicomotricidade contribui para a formação integral da criança, integrando aspectos motores, cognitivos e afetivos.
Exemplos de atividades que promovem habilidades psicomotoras incluem brincadeiras lúdicas e interativas. Corridas e jogos que envolvam mudanças de direção ajudam no equilíbrio e na coordenação motora ampla. Atividades como desenhar, recortar ou encaixar peças trabalham a coordenação fina e a concentração. Brincadeiras de imitação, como seguir ritmos ou copiar movimentos, desenvolvem ritmo e percepção corporal. Além disso, circuitos motores, que combinam obstáculos e desafios variados, estimulam o planejamento motor e a resolução de problemas. Essas práticas não apenas fortalecem as habilidades motoras, mas também promovem o aprendizado por meio da interação e do movimento.
Os primeiros anos de vida são fundamentais para o desenvolvimento psicomotor infantil. É preciso estar atento para que nenhuma perturbação passe despercebida e seja tratada a tempo, para que a capacidade futura da criança não seja afetada e prejudique a aprendizagem da leitura e da escrita (MENDONÇA, 2004, p.20-21).
A psicomotricidade atua como um mediador indispensável na conexão entre o desenvolvimento físico, emocional e social das crianças, permitindo que cada etapa do crescimento seja explorada de forma plena. No aspecto físico, o fortalecimento da coordenação motora possibilita avanços em atividades como o ato de segurar um lápis ou manipular brinquedos, etapas que são fundamentais para a independência e autonomia das crianças. No campo emocional, ao experimentar novas habilidades, a criança desenvolve sentimentos de autossuficiência e confiança, elementos cruciais para enfrentar desafios futuros e superar frustrações.
Além disso, o desenvolvimento social ganha uma nova dimensão com atividades que promovem a interação em grupo. Jogos colaborativos e atividades que envolvem turnos, como o revezamento em circuitos, ensinam noções de empatia, paciência e cooperação. O ambiente lúdico e inclusivo dessas práticas também reduz barreiras emocionais, incentivando crianças mais tímidas ou com dificuldades de socialização a se expressarem e participarem ativamente.
Práticas pedagógicas psicomotoras podem ser organizadas para atender às necessidades de cada etapa do desenvolvimento infantil. Por exemplo, atividades sensoriais, como explorar texturas ou objetos com diferentes formas e tamanhos, ajudam as crianças menores a entenderem o mundo ao seu redor por meio de estímulos táteis e visuais. Para as crianças em idade pré-escolar, brincadeiras que exijam saltar, rolar ou equilibrar-se sobre superfícies instáveis são ideais para desenvolver controle corporal e atenção. Já jogos rítmicos, como músicas com movimentos coordenados, reforçam habilidades motoras e estimulam a memória.
A integração dessas práticas na rotina da Educação Infantil possibilita que o aprendizado ocorra de forma orgânica, unindo o prazer do brincar ao desenvolvimento de competências psicomotoras. Quando inseridas de maneira intencional no planejamento pedagógico, as atividades psicomotoras tornam-se ferramentas poderosas para potencializar o desenvolvimento integral das crianças, assegurando uma base sólida para aprendizagens futuras em diferentes contextos educacionais e sociais.
4 PSICOMOTRICIDADE E A APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL
A psicomotricidade desempenha um papel central na preparação para a alfabetização, pois muitas habilidades exigidas nesse processo dependem de um desenvolvimento psicomotor adequado. A consciência corporal, a lateralidade e a coordenação motora fina, por exemplo, são fundamentais para o aprendizado da escrita, permitindo que a criança segure o lápis corretamente, controle os traços e escreva de forma legível. Além disso, a percepção espacial e a organização temporal, também trabalhadas pela psicomotricidade, ajudam na compreensão de letras, palavras e na orientação da leitura, que requer o acompanhamento linear de textos da esquerda para a direita.
A psicomotricidade auxilia e promove intervenções preventivas na obtenção de resultados satisfatórios em situações de dificuldade no ensino aprendizagem. É pela psicomotricidade e pela visão que a criança descobre o mundo dos objetos, e é manipulando-os que ela redescobre o mundo: porém esta descoberta a partir dos objetos só será verdadeiramente frutífera quando a criança for capaz de segurar e de largar, quando ela tiver adquirido a noção de distância entre ela e o objeto que ela manipula, quando o objeto não fizer mais parte de sua simples atividade corporal indiferenciada (OLIVEIRA, 2000, p.34).
As habilidades motoras influenciam diretamente o desempenho acadêmico em áreas como leitura e escrita. A coordenação motora fina é essencial para atividades que envolvem o manuseio de materiais escolares, como lápis, borracha e tesoura. Da mesma forma, a coordenação ampla é importante para a postura e estabilidade ao escrever. A lateralidade bem desenvolvida permite que a criança identifique e utilize consistentemente uma mão dominante, facilitando a escrita fluida e sem desconfortos. Além disso, o equilíbrio e a postura corporal adequados ajudam na concentração durante as atividades escolares, proporcionando um ambiente favorável ao aprendizado.
A psicomotricidade também traz benefícios significativos para a superação de dificuldades de aprendizagem. Crianças que apresentam dificuldades motoras ou cognitivas podem encontrar no trabalho psicomotor uma forma de superar barreiras, como a inversão de letras ou números durante a escrita. Por meio de atividades lúdicas e direcionadas, é possível reforçar a percepção espacial, melhorar a memória visual e desenvolver o controle motor necessário para realizar tarefas acadêmicas com mais eficiência. Além disso, o fortalecimento da autoconfiança, promovido pelas conquistas alcançadas em atividades psicomotoras, contribui para uma postura mais positiva frente ao aprendizado.
Ao integrar a psicomotricidade no planejamento pedagógico, os professores criam oportunidades para que as crianças experimentem o aprendizado de forma dinâmica e significativa. Jogos de coordenação motora, atividades com sequência lógica e exercícios que envolvem movimento e ritmo são exemplos de práticas que ajudam a consolidar habilidades essenciais para a alfabetização. Dessa forma, a psicomotricidade não apenas enriquece a experiência escolar, mas também desempenha um papel preventivo e interventivo na superação de desafios de aprendizagem, promovendo o sucesso acadêmico e o desenvolvimento integral dos estudantes.
5 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS E PSICOMOTRICIDADE
As práticas pedagógicas voltadas para a psicomotricidade na Educação Infantil utilizam estratégias lúdicas que integram movimento, criatividade e aprendizagem. Essas estratégias são especialmente importantes porque, nessa fase do desenvolvimento, o brincar é a principal forma de interação da criança com o mundo. Por meio de atividades planejadas, os professores conseguem estimular habilidades psicomotoras como coordenação motora, equilíbrio, ritmo e lateralidade, essenciais para o desenvolvimento integral das crianças.
Uma das estratégias mais eficazes é a utilização de jogos e brincadeiras, que criam um ambiente de aprendizado ativo e engajador. Jogos de equilíbrio, como caminhar sobre linhas ou em obstáculos, ajudam as crianças a desenvolverem estabilidade e noção espacial. Brincadeiras que envolvem correr, saltar e arremessar objetos trabalham a coordenação ampla, enquanto atividades como encaixar peças ou manusear materiais pequenos promovem a coordenação fina. Além disso, atividades musicais que incluem movimentos, como dançar ou bater palmas ao ritmo de uma canção, ajudam a desenvolver ritmo e concentração, fundamentais para o aprendizado escolar.
Os jogos e brincadeiras também constroem pontes entre o brincar e o aprender. Ao brincar, a criança experimenta, cria e resolve problemas de maneira espontânea, o que favorece tanto o desenvolvimento cognitivo quanto o social. Por exemplo, em brincadeiras de grupo, as crianças aprendem a cooperar, respeitar regras e lidar com frustrações, habilidades importantes para a convivência em sala de aula. Além disso, jogos educativos que envolvem cores, formas e números podem ser usados para trabalhar conteúdos curriculares, como matemática e linguagem, de forma divertida e interativa Segundo (Soeiro 2015, p. 9).
Leva o indivíduo a tomar consciência do seu próprio corpo, de suas sensações e emoções, como também possibilita conhecer o mundo que o cerca, controlando seus movimentos de forma mais harmônica e integrada com o meio.
O papel do professor é fundamental como mediador dessas práticas psicomotoras. Cabe a ele planejar atividades que atendam às necessidades e aos interesses das crianças, garantindo que sejam desafiadoras, mas acessíveis. O professor também precisa observar atentamente o desempenho e as reações dos alunos durante as atividades, ajustando estratégias quando necessário para incluir todos os participantes e respeitar os diferentes ritmos de aprendizagem. Além disso, o educador deve promover um ambiente acolhedor e seguro, onde as crianças se sintam motivadas a explorar e participar ativamente das atividades.
A mediação docente também inclui a reflexão sobre os resultados das práticas psicomotoras. Ao avaliar o progresso das crianças, o professor pode identificar habilidades que precisam ser mais trabalhadas, como coordenação motora fina ou equilíbrio, e adaptar as atividades para atender a essas demandas. Essa abordagem permite um acompanhamento individualizado, fortalecendo o desenvolvimento integral das crianças e criando bases sólidas para o aprendizado futuro.
Assim, ao integrar estratégias lúdicas, jogos e brincadeiras no cotidiano escolar, o professor não apenas promove o desenvolvimento psicomotor, mas também contribui para a formação de competências cognitivas, emocionais e sociais. As práticas pedagógicas psicomotoras, quando bem planejadas e mediadas, transformam o processo de ensino-aprendizagem em uma experiência rica, dinâmica e significativa, preparando as crianças para desafios dentro e fora da escola.
As estratégias pedagógicas que utilizam a psicomotricidade não apenas auxiliam no desenvolvimento motor, mas também têm impacto direto no fortalecimento da autonomia e da criatividade das crianças. Por meio de práticas lúdicas, as crianças experimentam diferentes formas de se relacionar com o espaço, com o tempo e com os colegas, o que favorece sua compreensão do mundo e promove a construção de novos conhecimentos. Atividades simples, como explorar texturas, montar circuitos motores ou brincar com materiais recicláveis, incentivam a resolução de problemas de maneira criativa e colaborativa.
Os jogos e brincadeiras, por sua vez, oferecem oportunidades valiosas para a construção de competências essenciais ao aprendizado escolar e à vida. Brincadeiras tradicionais, como amarelinha e pega-pega, além de trabalhar habilidades motoras como o equilíbrio e a agilidade, ensinam conceitos matemáticos, como sequência e contagem.
Atividades que envolvem desafios motores em grupo, como jogos de passar a bola ou criar formas com o corpo, desenvolvem habilidades sociais, como a comunicação e o trabalho em equipe. Essas experiências, embora lúdicas, criam conexões significativas entre o corpo e o intelecto, contribuindo para a aprendizagem de forma integral.
O professor, como mediador, desempenha um papel ativo em potencializar essas vivências. Ele não apenas organiza e conduz as atividades, mas também atua como um facilitador, incentivando a participação ativa de todas as crianças e promovendo reflexões sobre as experiências vividas. Ao final de uma atividade, por exemplo, o professor pode perguntar às crianças o que sentiram, quais estratégias utilizaram e como poderiam melhorar. Essa abordagem reflexiva ajuda as crianças a internalizarem os aprendizados e transferirem essas habilidades para outros contextos, como resolver problemas em sala de aula ou lidar com situações do dia a dia.
Outro aspecto importante é a adaptação das práticas pedagógicas para atender às necessidades individuais de cada criança. Crianças com dificuldades motoras ou com necessidades educacionais especiais podem se beneficiar de atividades adaptadas, como o uso de materiais com texturas específicas ou jogos que respeitem seu ritmo. Essa inclusão fortalece a autoestima e promove o senso de pertencimento, mostrando às crianças que todas têm capacidade de participar e contribuir.
As práticas pedagógicas que integram a psicomotricidade ajudam a construir uma base sólida para o desenvolvimento integral das crianças. Elas vão além do movimento físico, abrangendo o emocional, o social e o cognitivo. Ao promoverem vivências ricas e significativas, essas atividades preparam as crianças não apenas para os desafios escolares, mas também para a vida, estimulando sua autonomia, confiança e capacidade de interagir com o mundo de forma criativa e transformadora. Dessa maneira, a psicomotricidade torna-se uma ferramenta indispensável para educadores comprometidos com o desenvolvimento pleno e inclusivo na Educação Infantil.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A psicomotricidade, ao integrar aspectos motores, cognitivos e emocionais, destaca-se como uma abordagem indispensável para o desenvolvimento integral das crianças na Educação Infantil. Ao longo deste trabalho, ficou evidente que práticas psicomotoras não apenas fortalecem habilidades motoras essenciais, mas também desempenham um papel crucial na construção de competências cognitivas e socioemocionais, promovendo uma formação equilibrada e abrangente. Por meio de estratégias lúdicas e interativas, a psicomotricidade prepara as crianças para os desafios futuros, criando bases sólidas para aprendizagens mais complexas.
A relevância da psicomotricidade transcende o desenvolvimento motor. Ela é um elo vital entre o brincar e o aprender, permitindo que as crianças explorem o mundo ao seu redor e experimentem novas formas de interagir consigo mesmas e com os outros. Atividades psicomotoras, como jogos e brincadeiras, estimulam habilidades como a percepção espacial, a lateralidade e o ritmo, que são fundamentais para a alfabetização e outras áreas do conhecimento. Além disso, essas práticas auxiliam na superação de dificuldades de aprendizagem, oferecendo suporte individualizado e inclusivo, adaptado às necessidades de cada criança.
Diante disso, é essencial refletir sobre a importância de um currículo que valorize as práticas psicomotoras como parte integrante do processo educativo. A Educação Infantil, sendo uma fase formativa e sensível, precisa incorporar atividades planejadas que promovam o desenvolvimento psicomotor de maneira sistemática. Um currículo que contemple a psicomotricidade contribui para a formação integral das crianças, atendendo às suas necessidades físicas, emocionais e cognitivas de maneira holística. Essa valorização deve ser acompanhada por investimentos em formação docente, garantindo que os professores estejam preparados para implementar atividades psicomotoras de forma eficaz e inclusiva.
A aplicação prática da psicomotricidade nas escolas não deve ser vista apenas como uma opção, mas como uma necessidade para assegurar o pleno desenvolvimento das crianças. Professores, gestores e famílias precisam unir esforços para criar ambientes ricos em estímulos psicomotores, que favoreçam o aprendizado por meio do movimento e do brincar. É por meio dessas práticas que as crianças têm a oportunidade de experimentar, criar e aprender de forma significativa, desenvolvendo habilidades que serão fundamentais ao longo de sua trajetória escolar e de vida.
Assim, reforça-se a importância de incentivar a prática da psicomotricidade nas escolas, não apenas como uma ferramenta pedagógica, mas como um alicerce para a formação integral de cada criança. Ao reconhecer seu papel transformador, educadores podem criar experiências enriquecedoras que impactem positivamente o desenvolvimento e a aprendizagem, preparando os alunos para se tornarem indivíduos mais autônomos, confiantes e preparados para os desafios do futuro.
REFERÊNCIAS
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