DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NA CIDADE DE GOIÂNIA: REFLEXÕES SOBRE AÇÕES PRÁTICAS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102412061710


Marcelo Miguel de Araújo1
Adhahil Pereira Junior²
Fernando Leite Cardoso³
Antonio José Ferreira Gomes4


Resumo: De um modo geral a sustentabilidade refere-se ao desenvolvimento capaz de atender às necessidades da atualidade, mas sem o comprometimento da capacidade de desenvolvimento das gerações futuras em suprirem suas próprias necessidades. Nesse artigo pretendemos apresentar quatro dissertações que mostram pontos de desenvolvimento da cidade de Goiânia relacionando a sustentabilidade. A dissertação que analisa a implementação de práticas sustentáveis e o impacto no desempenho das organizações públicas em Goiânia. A dissertação que nos apresenta o Índice de Mobilidade Urbana Sustentável (IMUS) em Goiânia e sua aplicação para a sustentabilidade. A dissertação que destaca o ambiente urbano e a qualidade de vida na cidade de Goiânia. E a dissertação que destaca a viabilidade do asfalto borracha na cidade de Goiânia. Por fim, destacamos e apontamos os desafios relacionados aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para a cidade de Goiânia: reflexões, possibilidades e desafios – Goiânia alcançará os 17 ODS até o final de 2030? E chegamos à conclusão de que embora a cidade tenha feito progressos, alcançar os 17 ODS depende de uma série de fatores interligados, incluindo investimentos públicos, políticas governamentais, participação da sociedade civil e colaboração do setor privado.

Palavras-chave: sustentabilidade; economia; desenvolvimento; objetivos; social. 

Abstract: In general, sustainability refers to development capable of meeting the needs of today, but without compromising the development capacity of future generations to meet their own needs. In this article we intend to present four dissertations that show points of development of the city of Goiânia relating to sustainability. The dissertation analyzes the implementation of sustainable practices and the impact on the performance of public organizations in Goiânia. The dissertation that presents us with the Sustainable Urban Mobility Index (IMUS) in Goiânia and its application for sustainability. The dissertation that highlights the urban environment and the quality of life in the city of Goiânia. And the dissertation that highlights the feasibility of rubber asphalt in the city of Goiânia. Finally, we highlight and point out the challenges related to the 17 Sustainable Development Goals (SDGs) for the city of Goiânia: reflections, possibilities and challenges – Will Goiânia achieve the 17 SDGs by the end of 2030? And we came to the conclusion that while the city has made progress, achieving the 17 SDGs depends on a number of interconnected factors, including public investments, government policies, civil society participation, and private sector collaboration. 

Keywords: sustainability; economy; development; Goals; social. 

INTRODUÇÃO

A sustentabilidade é um conceito referente à capacidade de satisfazer as necessidades atuais da humanidade sem comprometer a possibilidade das futuras gerações de atenderem às suas próprias necessidades buscando o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico, a preservação ambiental e o bem-estar social, envolvendo mudanças de comportamento em diferentes setores, como o consumo consciente e a implementação de práticas de economia reduzindo desperdícios e a promover o reaproveitamento de materiais.

O termo “sustentabilidade” surgiu no contexto ambiental, na década de 1970, durante debates globais sobre a crise ecológica e a necessidade de equilibrar o desenvolvimento econômico com a preservação dos recursos naturais. Um marco importante foi a publicação do relatório “Os limites do Crescimento” em 1972, elaborado por uma equipe do MIT, contratada por um grupo chamado Clube de Roma onde os frequentadores costumam discutir política, economia e meio ambiente.

E desenvolvimento sustentável é o conceito que integra o crescimento econômico com a preservação ambiental e a justiça social, de forma que o desenvolvimento atual atenda às necessidades presentes sem comprometer os recursos e a qualidade de vida das gerações futuras. Ele foi amplamente popularizado com o Relatório Brundtland, da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, em 1987, que definiu o desenvolvimento sustentável como “aquele que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades”.

Nas cidades, o setor público representado na esfera municipal, sobretudo no espaço urbano, é justamente onde ocorrem os problemas de ordem social, ambiental e econômico, e estes se apresentam de forma intensa conforme as cidades crescem. Desta forma, segundo Santos (2021) a avaliação do desenvolvimento sustentável pode ser feita através da análise de indicadores que surgem como instrumentos para acompanhar os processos de desenvolvimento urbano e servem como base para a formação de políticas públicas e também para o acompanhamento e fiscalização da execução das mesmas. Neste viés segundo Abdala:

No que tange à inserção de políticas de mobilidade sustentável nos Planos Diretores de Desenvolvimento de Goiânia consta no PDIG 2000, que até 1950, Goiânia “cresceu e se desenvolveu de acordo com as previsões do plano original, graças principalmente ao rigoroso controle exercido pelas autoridades administrativas do Município e do Estado”. E que em seguida “experimentou cerca de 20 anos de crescimento excepcionalmente acelerado, que coincidiu com administrações desatentas quanto ao cumprimento das determinações do Plano Urbanístico”. (Abdala, 2013, p. 127)

Portanto, pretendemos com base em revisão bibliográfica e com o acesso a informações sobre a cidade de Goiânia na plataforma online que mede o progresso nos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável – ODS realizaremos algumas reflexões sobre ações práticas desenvolvidas na cidade de Goiânia, capital do Estado de Goiás apresentando reflexões e desafios para a cidade de Goiânia atingir os objetivos e metas até o ano de 2030.

UM BREVE HISTÓRICO DE GOIÂNIA E SUA RELAÇÃO COM A SUSTENTABILIDADE

        O município de Goiânia, atual capital do Estado de Goiás, segundo Britto (1999) foi fundada em 1933, durante o governo de Pedro Ludovico Teixeira, com o objetivo de substituir a antiga capital, a antiga Vila Boa hoje Cidade de Goiás. A criação de Goiânia era parte de um projeto que objetivava a modernização e a interiorização do Brasil, refletindo um movimento de crescimento das cidades e o desenvolvimento da Região Centro-Oeste. Goiânia foi planejada para ser uma cidade bem moderna, com estrutura urbana bem definida e características inspiradas no modelo de cidade-jardim, o que a diferenciou de outras cidades da época. A ideia de cidade-jardim era integrar áreas verdes ao espaço urbano, promovendo maior qualidade de vida para os habitantes. Inicialmente, o plano urbano foi desenvolvido pelo arquiteto e urbanista Attílio Corrêa Lima, e posteriormente ajustado por outros profissionais.

        Ao longo de sua história, segundo Britto (1999) Goiânia passou por rápido crescimento urbano, especialmente nas décadas de 1970 e 1980, quando a cidade recebeu grande migração de outras regiões do Brasil. Segundo a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Sustentável e Economia Criativa de Goiânia esse crescimento trouxe consigo desafios relacionados ao urbanismo e à sustentabilidade, como o aumento da poluição, a ocupação desordenada e a falta de infraestrutura em algumas áreas. No entanto, Goiânia também teve avanços notáveis em questões ambientais. Segundo reportagem do G1 Goiás (2011) a cidade de Goiânia é conhecida por possuir uma grande quantidade de áreas verdes em relação à sua população. Um exemplo é o Bosque dos Buritis, um dos mais antigos parques urbanos de Goiânia, além de outros como o Parque Flamboyant e o Parque Vaca Brava. Em 2011, Goiânia foi considerada uma das cidades mais arborizadas do Brasil, com cerca de 94 m² de área verde por habitante, um valor acima do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 12 m² por habitante.

        No entanto, segundo o IBGE (2020) Goiânia enfrenta desafios em relação ao crescimento populacional, à gestão de resíduos e à mobilidade urbana. Como em muitas cidades brasileiras, o transporte público precisa de melhorias, e o aumento no uso de veículos particulares contribui para a poluição atmosférica e o congestionamento. Entretanto, segundo o Senai Goiás (2020) Goiânia tem adotado iniciativas para se tornar uma cidade mais sustentável. Entre elas, destaca-se o aumento de ciclovias, programas de coleta seletiva de lixo e projetos voltados à eficiência energética. A cidade também tem promovido debates sobre a expansão consciente e a preservação das áreas verdes remanescentes, tentando equilibrar o desenvolvimento econômico com a proteção ambiental.

        Portanto, Goiânia tem uma história marcada pela modernização e planejamento urbano, com um forte vínculo inicial com o conceito de sustentabilidade. Embora enfrente desafios típicos de uma cidade em expansão, suas iniciativas ambientais, como a preservação de áreas verdes e programas de sustentabilidade, destacam a importância da sustentabilidade no desenvolvimento da cidade. Juntamente com outras medidas que apresentaremos em reflexões na revisão das bibliografias: (1) Análise dos Pilares da Sustentabilidade Corporativa nas Organizações Públicas Municipais e seu Impacto no Desempenho: Um Estudo de Caso de Goiânia; (2) Aplicação do Índice de Mobilidade Urbana Sustentável (IMUS) em Goiânia; (3) Meio Ambiente Urbano da Cidade de Goiânia, Qualidade de Vida e (IN) Sustentabilidade; (4) Viabilidade do Asfalto Borracha na Pavimentação Urbana: Estudo de Caso no Residencial Jardim do Cerrado III, Goiânia.

A IMPLEMENTAÇÃO DE PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS E O IMPACTO NO DESEMPENHO DAS ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS EM GOIÂNIA

        A sustentabilidade corporativa, segundo Santos (2021), aplicada à gestão pública municipal, focando nos pilares econômico, social e ambiental. No pilar econômico o estudo destaca a importância da eficiência no uso de recursos públicos e a busca por práticas que garantam a longevidade dos investimentos municipais, promovendo o desenvolvimento econômico sustentável. No pilar social as políticas públicas devem ser voltadas para inclusão social e o fortalecimento das comunidades são abordadas como fundamentais. Segundo Santos:

A responsabilidade das políticas públicas é a de criar condições para que a as atividades da população sejam coerentes com os ideais e projetos de futuro que se espera. Em geral envolvem a sobrevivência do grupo, a melhor qualidade de vida, o acesso aos recursos básicos, a felicidade, a solidariedade e os demais valores ou expectativas sociais de um futuro para a vida, ou seja, de criar melhores condições de vida, hoje e no futuro (Santos, 2021, p. 28).

        Em Goiânia, a implementação de programas que visam à redução das desigualdades sociais e a melhoria da qualidade de vida é um foco importante. E no pilar ambiental a proteção do meio ambiente e a promoção de práticas ecologicamente corretas na gestão pública de Goiânia são temas centrais. Isso inclui o incentivo ao uso de energia renovável, a gestão eficiente de resíduos e a conservação de áreas verdes. E o impacto geral dessas práticas no desempenho das organizações públicas de Goiânia é avaliado a partir de indicadores de eficiência, transparência e qualidade dos serviços prestados à população. Segundo Santos (2021), em 2015 Goiânia ocupava a 12ª posição em ralação aos demais municípios do Estado de Goiás, após a aplicação de gestão de desempenho dos serviços públicos apontando indicadores que dimensionem o grau de cumprimento dos objetivos, o nível de utilização de recursos frente aos custos em disponibilizá-los e o impacto do programa, Goiânia passou a ocupar a 2ª colocação, e permanece ainda nos dias de hoje. No entanto, partindo para um ranking mais amplo que envolve todas as cidades brasileiras, Goiânia passa a 229ª posição, com isso Santos destaca:

A sustentabilidade corporativa é pressuposto de um mundo econômico mais justo e solidário, em que as necessidades básicas dos indivíduos são atendidas, a melhoria da qualidade de vida é um objetivo, a natureza é preservada e a sociedade é beneficiada. Nesse sentido, os princípios do desenvolvimento sustentável deixaram de ter somente o apelo de preservação da natureza, são agora utilizados como elementos de geração de valor e marcos ou elementos de marketing de sucesso nos negócios. A sua importância e finalidade são inquestionáveis. (Santos, 2021, p. 103)

        Portanto, a dissertação conclui que a sustentabilidade econômica vai de encontro à realidade das pessoas por associar ganhos econômicos com o conceito de bem estar social, e que a integração dos três pilares da sustentabilidade com viés social, ambiental e econômico contribui significativamente para a melhoria da gestão pública na cidade de Goiânia possibilitando aos cidadãos oportunidades econômicas ao mesmo tempo em que visa desenvolvimento consciente com preservação ambiental. Na sequência analisaremos uma dissertação sobre o Índice de Mobilidade Urbana Sustentável (IMUS) da cidade de Goiânia.

O ÍNDICE DE MOBILIDADE URBANA SUSTENTÁVEL (IMUS) EM GOIÂNIA E A SUSTENTABILIDADE

A Aplicação do Índice de Mobilidade Urbana Sustentável (IMUS) em Goiânia, segundo Abdala (2013) é utilizado para avaliar a mobilidade urbana, sendo uma ferramenta que considera indicadores sociais, ambientais, econômicos e de governança, e propõe um olhar global sobre mobilidade urbana. Segundo Abdala:

Como o índice global varia de 0 a 1 em teoria o valor acima da média 0,5 significa um resultado favorável. Com os indicadores e o índice calculado, o valor do IMUS global encontrado para a cidade foi de 0,658, isto é, em torno de 66%, um valor positivo e acima do valor intermediário da escala. Os valores do IMUS nas dimensões Social, Econômico e Ambiental resultaram em 0,224, 0,218 e 0,216, respectivamente. Desta maneira há a comprovação de que em Goiânia existem vários aspectos da mobilidade que seguem os princípios da sustentabilidade, outros porém necessitam ser melhorados. (Abdala, 2013, p. 113)

 Nesse viés existe em Goiânia a necessidade de melhorar a acessibilidade e a eficiência do transporte público, de modo a promover inclusão social. Goiânia enfrenta desafios com a qualidade e a cobertura dos serviços de transporte coletivo, que impactam diretamente o bem-estar da população. É preciso incentivar o uso de bicicletas e caminhadas como modos alternativos ao transporte motorizado. Em Goiânia, há uma carência de infraestrutura adequada, como ciclovias e calçadas seguras, para facilitar a mobilidade não motorizada de forma sustentável. E no quesito Acessibilidade Goiânia obteve seu pior resultado, mostrando a urgência de adaptações na infraestrutura da cidade para torna-la mais acessível. O estudo analisa ainda como a cidade pode melhorar seu desempenho ambiental por meio da redução de emissões de gases poluentes, principalmente incentivando o uso de veículos mais eficientes e a eletrificação do transporte público. E, por fim, a integração entre o planejamento urbano e a mobilidade é essencial para criar uma cidade mais sustentável. Segundo Abdala:

[…] percebe-se que Goiânia, mesmo tendo uma história com seu desenvolvimento ao longo do tempo, desde a época do projeto e implantação através de Planos Diretores de qualidade é indispensável que haja gestão integrada e continuada. Para tanto é importante investir inicialmente em relação à capacitação de seus gestores, assim como também promover e incentivar a integração entre os diversos setores e Secretarias da Prefeitura potencializando uma gestão mais centrada e consistente. (Abdala, 2013, p. 128)

Portanto, Goiânia enfrenta desafios em relação ao adensamento urbano e à expansão horizontal, o que aumenta a dependência de veículos individuais. E assim a dissertação conclui que, ao aplicar o IMUS, Goiânia tem potencial para avançar em várias dimensões da mobilidade sustentável, mas necessita gestores capacitados, de investimentos em infraestrutura, de políticas públicas e de conscientização social para efetivar essas melhorias.

O AMBIENTE URBANO E A QUALIDADE DE VIDA NA CIDADE DE GOIÂNIA

A autora Finotti (2012) analisa como o ambiente urbano afeta a qualidade de vida na cidade de Goiânia e examina as dimensões de sustentabilidade dentro desse contexto explorando a relação entre o crescimento desordenado da cidade, a qualidade ambiental e o bem-estar da população. Nesse viés a autora ressalta como o crescimento acelerado de Goiânia, sem um planejamento urbano adequado, compromete a sustentabilidade ambiental, pois disfarçada de sustentabilidade a cidade de Goiânia tem crescido verticalmente de forma acelerada provocada pela exploração imobiliária excessiva nas mediações de parques, como por exemplo o Parque Flamboyant. Segundo Finoti:

Os grupos imobiliários já vislumbram outras áreas confluentes ao Parque para que novos condomínios sejam construídos como é o caso das que circundam o Estádio Serra Dourada, Ministério Público, o próprio Shopping Flamboyant, dentre outros. Grande se faz a preocupação com tamanho adensamento, pois o setor é cortado por ruas estreitas e não comportará a intensificação do trânsito. (Finotti, 2012, p. 62)

 Esse processo tem levado à degradação de recursos naturais, à expansão descontrolada de áreas urbanas e à perda de áreas verdes. Um ponto central abordado pela autora é o impacto da urbanização na gestão das águas onde menciona que a poluição dos rios, a impermeabilização do solo e a falta de conservação dos recursos hídricos comprometem a sustentabilidade e geram problemas como enchentes e escassez de água. A dissertação critica ainda a falta de políticas públicas voltadas para a sustentabilidade urbana. Embora existam leis e diretrizes, a autora argumenta que sua aplicação é limitada e ineficaz. A ausência de uma visão integrada de sustentabilidade nas ações municipais agrava os problemas ambientais. E o transporte público ineficiente e a priorização do transporte individual são destacados como entraves para a sustentabilidade. Finotti (2012) defende ainda a necessidade de um planejamento que priorize o transporte coletivo e sustentável, visando reduzir a poluição e melhorar a qualidade de vida. E a autora enfatiza os desafios de conciliar o desenvolvimento urbano com a preservação ambiental. Ela sugere que uma verdadeira transformação sustentável só será possível com a participação ativa da população e o fortalecimento das políticas de proteção ambiental, mas que pelo andar das gestões o que se vê é uma cidade entregue a especulação imobiliária. Segundo Finotti:

Goiânia vive hoje uma realidade bem diferente da idealizada por Pedro Ludovico Teixeira, quando de sua fundação, diante dos anseios especulativos do segmento imobiliário e encontra-se hoje, totalmente descaracterizada em relação a seu Plano originário. Arquitetada para ser uma cidade de avenidas largas e arborizadas, hoje é apenas uma lembrança de um ideal. Possui um centro histórico, esquecido, que se encontra à mercê de vândalos, que aos poucos foi cedendo seus espaços para outros setores. (Finotti, 2012, p. 81)

Por fim, a dissertação conclui que Goiânia enfrenta um cenário de insustentabilidade urbana, mas destaca que uma reorientação das políticas públicas pode mitigar esses impactos, melhorando a qualidade de vida e promovendo um desenvolvimento mais equilibrado e sustentável.

Na busca por equilibro e sustentabilidade, por melhorias para a cidade de Goiânia, analisaremos na sequência a viabilidade sustentável do asfalto de borracha que promove reutilização de pneus descartados na pavimentação de massa asfáltica mais durável. 

A VIABILIDADE DO ASFALTO DE BORRACHA NA CIDADE DE GOIÂNIA

O autor Mendes (2019) aborda o uso de asfalto borracha, que é uma mistura de asfalto tradicional com borracha triturada proveniente de pneus descartados. Esse tipo de pavimento é avaliado principalmente por suas propriedades técnicas e impactos ambientais, com foco em sustentabilidade. O uso de pneus descartados na composição do asfalto promove uma solução sustentável para a destinação de resíduos sólidos, reduzindo o acúmulo de pneus em aterros e minimizando impactos ambientais como contaminação e proliferação de vetores de doenças, porem eleva os custos de produção com a massa asfáltica desenvolvida em usina própria. Mas o processo de reciclagem de pneus e seu uso em pavimentação urbana diminuem a necessidade de extração de recursos naturais, como agregados virgens usados na pavimentação convencional, contribuindo para a preservação de recursos naturais e a redução das emissões de gases poluentes. Segundo o autor o asfalto borracha tende a ser mais resistente ao desgaste e às intempéries, o que resulta em maior vida útil do pavimento. Isso reduz a necessidade de manutenções frequentes, otimizando o uso de materiais e energia no longo prazo. Esse tipo de pavimentação pode melhorar as condições de aderência e absorção de ruído, o que impacta positivamente o conforto dos motoristas e a segurança nas vias urbanas, contribuindo para a qualidade de vida. O autor discute ainda a viabilidade técnica e econômica desse tipo de pavimentação para o contexto urbano de Goiânia, destacando os benefícios de sustentabilidade atrelados a uma menor agressão ambiental e maior eficiência na gestão de resíduos. No entanto Mendes (2019) também identificou uma série de problemas e desafios relacionados ao uso do asfalto borracha produzido por Concreto Betuminoso Usinado a Quente (CBUQ), também conhecido como Concreto Asfáltico, com a função de impermeabilizar e conferir acabamento nivelado e resistente, sendo que a implementação do asfalto borracha envolve um custo inicial mais alto em comparação ao asfalto tradicional, mas compensatório longo prazo. Isso se deve à necessidade de equipamentos especializados e a processos mais complexos para a incorporação da borracha triturada ao asfalto. Segundo Mendes:

Deste modo, foi observado na literatura e pesquisa em campo que o custo inicial é maior que o custo do CBUQ convencional seria compensado pelo baixo custo de manutenção ao longo da vida útil do pavimento, e principalmente a diminuição de CO2. Atualmente, está sujeita ao descaso para com a manutenção da pavimentação em várias vias da cidade além de vários bairros que ainda não são contemplados pela pavimentação. (Mendes, 2019, p. 76)

 A adaptação das plantas de pavimentação para produzir o asfalto borracha pode ser um desafio, especialmente em regiões que não possuem tecnologia ou expertise para esse tipo de produção, o que encarece o processo e limita sua adoção em larga escala. Há ainda uma carência de conhecimento técnico especializado tanto na produção quanto na aplicação do asfalto borracha. A falta de capacitação de profissionais do setor de pavimentação pode gerar resistência à adoção dessa tecnologia ou problemas de execução nas obras. E como o processo de fabricação e aplicação do asfalto borracha é mais complexo, há uma maior dificuldade em garantir a homogeneidade e a qualidade do material em comparação ao asfalto convencional, o que pode comprometer a durabilidade esperada. O autor destaca ainda que embora o asfalto borracha promova a reutilização de pneus inservíveis, a coleta, transporte e processamento desses pneus demandam uma cadeia logística eficiente, o que nem sempre é viável em algumas regiões, limitando a aplicação dessa solução sustentável. Segundo Mendes:

A difusão de novas tecnologias é prioridade em se tratando de crescimento, sustentado dos resultados e aumento da produtividade, e é definida como a maneira que uma inovação e é disseminada desde a sua primeira aplicação para outro país, região, indústria, mercado ou empresa. Os processos de inovação e seus impactos econômicos ainda são considerados deficientes. As dificuldades de difusão e baixo índice de adoção de tecnologias fundamentais há setores críticos, por exemplo, é considerável potencial de contribuição para o desenvolvimento de soluções sustentáveis, como os setores: químico, sucroenergético, transporte e de bens de consumo. (Mendes, 2019, p. 76)

Por fim, esses problemas indicam que, apesar das vantagens sustentáveis do asfalto borracha, a viabilidade de sua implementação depende de fatores econômicos, técnicos e logísticos que precisam ser superados para que ele seja amplamente utilizado.

Na sequência vamos conhecer um pouco os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) aplicados para compreender o nível de sustentabilidade das cidades e algumas de suas metas para serem desenvolvidas e alcançadas até o ano de 2030.

OS 17 OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODS)

Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) fazem parte da Agenda 2030 da ONU, um plano global adotado em 2015 para erradicar a pobreza, proteger o planeta e garantir paz e prosperidade para todos. Traremos breves apontamentos no contexto geral das cidades brasileiras em 2024, esses objetivos são especial

mente importantes para enfrentar desafios urbanos como crescimento desordenado, desigualdade social, e degradação ambiental. Em seguida abordaremos os mesmos objetivos trazendo apontamentos sobre a cidade de Goiânia. Abaixo, os objetivos a serem desenvolvidos nas cidades brasileiras:

1. Erradicação da Pobreza: Reduzir a pobreza extrema, especialmente nas áreas urbanas e periféricas, promovendo melhores condições de vida, moradia digna e segurança social.

2. Fome Zero e Agricultura Sustentável: Incentivar o acesso a alimentos nutritivos e sustentáveis, promovendo agricultura urbana e segurança alimentar, especialmente em áreas carentes.

3. Saúde e Bem-Estar: Melhorar os sistemas de saúde nas cidades, com foco em acesso universal a cuidados de saúde de qualidade, saneamento básico e redução da mortalidade infantil.

4. Educação de Qualidade: Assegurar que as cidades ofereçam educação inclusiva e equitativa, expandindo o acesso a escolas de qualidade e à educação técnica para o mercado de trabalho.

5. Igualdade de Gênero: Promover a equidade de gênero, combater a violência doméstica e oferecer mais oportunidades para mulheres em cargos de liderança nas cidades.

6. Água Potável e Saneamento: Melhorar a infraestrutura urbana para garantir acesso universal à água potável e saneamento básico, reduzindo doenças transmitidas por água contaminada.

7. Energia Limpa e Acessível: Expandir o uso de energia renovável nas cidades, promovendo fontes limpas como solar e eólica e tornando-as mais acessíveis para a população urbana.

8. Trabalho Decente e Crescimento Econômico: Promover o crescimento econômico sustentável nas cidades, com foco em empregos decentes, empreendedorismo, e a formalização do mercado de trabalho.

9. Indústria, Inovação e Infraestrutura: Investir em infraestrutura urbana resiliente e sustentável, promovendo inovação e tecnologias que melhorem a qualidade de vida urbana.

10. Redução das Desigualdades: Combater a desigualdade econômica e social nas cidades, garantindo oportunidades iguais e políticas de inclusão social para populações marginalizadas.

11. Cidades e Comunidades Sustentáveis: Promover a urbanização sustentável, melhorar a qualidade do ar, expandir o transporte público, criar espaços verdes e enfrentar os problemas do crescimento desordenado.

12. Consumo e Produção Responsáveis: Incentivar a redução do desperdício nas cidades, promovendo reciclagem, compostagem e consumo consciente entre a população urbana.

13. Ação Contra a Mudança Global do Clima: Desenvolver políticas urbanas voltadas à mitigação e adaptação às mudanças climáticas, como planejamento de áreas vulneráveis a enchentes e desastres naturais.

14. Vida na Água: Mesmo em cidades não costeiras, é importante a conscientização sobre a preservação de rios, lagos e outras fontes hídricas, garantindo que o manejo de recursos urbanos não degrade os ecossistemas aquáticos.

15. Vida Terrestre: Proteger a biodiversidade urbana, como parques e reservas ecológicas, promovendo o plantio de árvores e a recuperação de áreas degradadas nas cidades.

16. Paz, Justiça e Instituições Eficazes: Fortalecer a governança urbana, garantindo segurança, acesso à justiça e instituições transparentes e responsáveis para melhorar a gestão das cidades.

17. Parcerias e Meios de Implementação: Fomentar colaborações entre governos municipais, a sociedade civil, empresas e organizações internacionais para alcançar os ODS, garantindo recursos e tecnologias necessários para o desenvolvimento urbano sustentável.

Nas cidades brasileiras, esses objetivos são essenciais para melhorar a qualidade de vida, enfrentar os desafios socioambientais e promover um desenvolvimento equilibrado e inclusivo. O planejamento urbano, políticas públicas e a participação comunitária são fundamentais para que as cidades alcancem essas metas até 2030. Vamos, portanto avaliar como estão esses objetivos na cidade de Goiânia em pleno 2024.

OS 17 OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODS) NA CIDADE DE GOIÂNIA

Em 2024, Goiânia apresenta avanços em alguns dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), mas ainda enfrenta desafios significativos em outros. Faremos uso do Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades (IDSC) de Goiânia, consultados no dia 13 de outubro de 2024 no site http://idsc.cifadessustentaveis.org.br/profiles/5208707/.  A seguir, destaco a situação da cidade em relação a cada um dos Objetivos com base em informações de sustentabilidade urbana e gestão pública local:

1. Erradicação da Pobreza: Goiânia tem programas de assistência social e apoio a comunidades vulneráveis, mas ainda há concentração de pobreza em bairros periféricos, com dificuldades em erradicar totalmente a pobreza extrema. IDSC – Médio – 50 a 59,99.

2. Fome Zero e Agricultura Sustentável: A cidade desenvolveu iniciativas como hortas comunitárias e programas de segurança alimentar. No entanto, garantir o acesso regular a alimentos saudáveis para toda a população continua sendo um desafio, especialmente nas áreas mais carentes. IDSC – Baixo – 40 a 49,99.

3. Saúde e Bem-Estar: Goiânia possui uma infraestrutura de saúde relativamente avançada, com hospitais e postos de saúde. Contudo, há problemas de acesso e sobrecarga em algumas regiões, além de desafios no saneamento básico, o que afeta a saúde pública, ainda assim obteve um nota relevante. IDSC – Alto – 60 a 79,99. Uma nota relevante.

4. Educação de Qualidade: A rede de educação pública de Goiânia tem evoluído com programas de inclusão e melhoria da infraestrutura escolar, mas há uma desigualdade no acesso à educação de qualidade entre os bairros centrais e periféricos. IDSC – Médio – 50 a 59,99.

5. Igualdade de Gênero: A cidade tem implementado ações para promover a igualdade de gênero, como programas de apoio a mulheres vítimas de violência. Porém, a disparidade salarial e a falta de maior representatividade feminina em cargos de liderança ainda persistem. IDSC – Muito baixo – 0 a 39,99.

6. Água Potável e Saneamento: Goiânia fez progressos significativos no acesso à água potável, mas ainda há desafios no saneamento básico, principalmente nas periferias, onde o tratamento de esgoto é deficiente ou inexistente, no entanto obteve excelente classificação no índice. IDSC – Muito alto – 80 a 100,00.

7. Energia Limpa e Acessível: A cidade tem investido em energias renováveis, como a solar, mas o uso de fontes limpas ainda não é disseminado o suficiente para transformar o cenário energético, mas ainda assim Goiânia obteve excelente classificação. IDSC – Muito alto – 80 a 100.

8. Trabalho Decente e Crescimento Econômico: Goiânia tem um mercado de trabalho diversificado e iniciativas para fomentar o empreendedorismo. No entanto, a informalidade ainda é alta e o crescimento econômico enfrenta desafios relacionados à desigualdade social e ao acesso a empregos qualificados. IDSC – Alto – 60 a 79,99.

9. Indústria, Inovação e Infraestrutura: A cidade vem investindo em inovação, especialmente em tecnologia e mobilidade urbana. Porém, ainda há carências em infraestrutura, como mobilidade e acessibilidade, que impactam a qualidade de vida em algumas áreas. Segundo Mendes (2019) o asfalto borracha é uma alternativa para melhoria da precária malha asfáltica da cidade. IDSC – Muito baixo – 0 a 39,99.

10. Redução das Desigualdades: Goiânia continua enfrentando desigualdades econômicas e sociais significativas, com disparidades regionais dentro da cidade, o que impede uma plena redução das desigualdades. IDSC – Médio – 50 a 59,99.

11. Cidades e Comunidades Sustentáveis: O planejamento urbano de Goiânia está evoluindo com projetos como o uso de ciclovias e transporte público sustentável. No entanto, o crescimento desordenado e a expansão urbana mal planejada ainda são desafios. A poluição do ar e a perda de áreas verdes também preocupam. IDSC – Médio – 50 a 59,99.

12. Consumo e Produção Responsáveis: Programas de reciclagem e gestão de resíduos estão em andamento, mas a adesão ainda é baixa, e o consumo excessivo e desperdício continuam sendo um problema, no entanto a classificação no índice é boa. IDSC – Alto – 60 a 79,99.

13. Ação Contra a Mudança Global do Clima: Goiânia tem avançado em políticas de combate às mudanças climáticas, como a criação de áreas verdes e incentivos para o transporte sustentável. No entanto, a cidade ainda precisa de ações mais robustas para mitigar as emissões de carbono e lidar com os impactos climáticos. IDSC – Alto – 60 a 79,99.

14. Vida na Água: Embora Goiânia não esteja diretamente localizada no litoral, a gestão de seus recursos hídricos, especialmente dos rios urbanos, é um ponto de atenção. A poluição e o mau uso das fontes de água urbana precisam ser melhorados. IDSC – Muito alto – 80 a 100.

15. Vida Terrestre: Goiânia se destaca por ser uma das cidades com maior área verde per capita do Brasil, com parques e reservas naturais. No entanto, a expansão urbana desordenada ameaça áreas protegidas e a biodiversidade local o que dá uma classificação ruim no índice. IDSC – Muito baixo – 0 a 39,99.

16. Paz, Justiça e Instituições Eficazes: A cidade tem avançado na promoção de justiça social e fortalecimento das instituições públicas, mas ainda enfrenta desafios relacionados à segurança pública e ao acesso igualitário à justiça. IDSC – Baixo – 40 a 49,99.

17. Parcerias e Meios de Implementação: Goiânia tem se beneficiado de parcerias entre o governo, setor privado e ONGs para implementar projetos sustentáveis. No entanto, ainda há uma dependência de recursos externos e falta de maior integração entre os setores para garantir o cumprimento de todos os ODS. IDSC – Muito baixo – 0 a 39,99.

Em resumo, Goiânia apresenta progresso em várias áreas dos ODS, mas enfrenta desafios especialmente em questões de desigualdade social, planejamento urbano e tratamento de esgoto. Para atingir os objetivos até 2030, a cidade precisa de ações mais coordenadas, políticas públicas mais eficazes e uma maior conscientização da população sobre os temas relacionados à sustentabilidade.

REFLEXÕES, POSSIBILIDADES E DESAFIOS: GOIÂNIA ALCANÇARÁ OS 17 ODS ATÉ 2030?

          A possibilidade de Goiânia alcançar os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e suas 169 metas até 2030 envolve reconhecer os avanços e desafios estruturais, sociais e ambientais da cidade. Discutiremos aqui estão alguns pontos principais de reflexão, possibilidades e desafios.

Será necessário, por exemplo, comprometimento maior do setor político, pois Goiânia possui políticas e planos voltados à sustentabilidade, como o Plano Diretor e o Plano de Mobilidade Urbana. No entanto, o cumprimento integral dos ODS exige maior integração entre as políticas públicas e comprometimento contínuo das gestões municipais. Com isso atingir as metas dos ODS depende da capacidade das instituições municipais em implementar e monitorar de maneira eficaz projetos relacionados à educação de qualidade, saúde, sustentabilidade ambiental, e redução das desigualdades. A modernização da administração pública e a qualificação dos gestores podem ser fatores decisivos. Fora a necessidade de maior participação da sociedade civil com envolvimento da população e das organizações locais. A conscientização e a mobilização social aumentam a pressão por políticas sustentáveis e garantem que as iniciativas sejam mais representativas e eficientes.

Um ponto de reflexão de extrema importância e que o cidadão goianiense tem sofrido muito nos últimos anos refere-se aos avanços na mobilidade urbana sustentável no qual Goiânia segundo Abdala (2013) tem discutido e aplicado o Índice de Mobilidade Urbana Sustentável (IMUS), o que vem contribuindo para o alcance dos ODS relacionados à mobilidade inclusiva, segura e sustentável (ODS 11). Investimentos em transporte público e ciclovias também tem impulsionado avanços nesta área, mas ainda de forma muito restrita.

Já com as iniciativas de resiliência climática, a cidade pode alavancar projetos que utilizem soluções baseadas na natureza, como o manejo sustentável de áreas verdes e a melhoria na gestão de resíduos sólidos, para atingir metas ligadas ao ODS 13 (Ação contra a mudança global do clima).

A colaboração entre instituições acadêmicas, empresas e governos pode acelerar a inovação nas áreas de eficiência energética, construção sustentável e uso de tecnologias limpas, impactando os ODS 9 (Indústria, inovação e infraestrutura) e ODS 7 (Energia acessível e limpa).

E apesar de avanços Goiânia enfrenta desafios significativos na redução das desigualdades socioeconômicas (ODS 10), o que pode dificultar a implementação de políticas de sustentabilidade abrangentes. Sem uma base sólida de equidade social, avanços em outras áreas podem ser limitados.

O crescimento urbano desordenado, a perda de áreas verdes e a poluição dos recursos hídricos são problemas recorrentes que podem impedir a cidade de alcançar metas relacionadas aos ODS 6 (Água potável e saneamento) e ODS 15 (Vida terrestre).

E o financiamento de projetos sustentáveis é um desafio crítico. Muitas metas dos ODS exigem investimentos substanciais em infraestrutura e tecnologia, algo que pode ser inviável sem o apoio de financiamentos federais e internacionais. Além disso, a governança precisa ser mais integrada para que as políticas sejam eficazmente implementadas.

CONCLUSÃO

Embora existam avanços e oportunidades concretas em Goiânia, alcançar e ou manter todas as ODS até 2030 será um desafio considerável. Será necessário um esforço conjunto entre o governo, o setor privado e a sociedade civil, além de inovação nas formas de financiamento e execução de políticas. A cidade precisa continuar evoluindo em áreas como mobilidade urbana, redução da desigualdade e resiliência climática para chegar mais perto desse objetivo ambicioso.

Em Santos (2021) vimos que a sustentabilidade econômica vai de encontro à realidade das pessoas por associar ganhos econômicos com o conceito de bem bem-estar social, e a integração dos três pilares da sustentabilidade (social, ambiental e econômico) contribui significativamente para a melhoria da gestão pública na cidade de Goiânia possibilitando aos cidadãos oportunidades econômicas e preservação ambiental perpassando por gestão pública eficiente. Em pleno 2024 o que vemos é a gestão pública endividada e promovendo ações pouco efetivas para resolver os problemas da cidade.

Em Abdala (2013) vimos que o IMUS é uma eficiente metodologia global que mede o Índice de Mobilidade Urbana Sustentável e que Goiânia enfrenta desafios em relação ao adensamento urbano e à expansão horizontal, o que aumenta a dependência de veículos individuais, pois ao aplicar o IMUS, foi possível perceber que Goiânia tem potencial para avançar em várias dimensões da mobilidade sustentável, mas necessita gestores capacitados, de investimentos em infraestrutura, de políticas públicas e de conscientização social para efetivar essas melhorias.

Em Finotti (2012) vimos que Goiânia enfrenta um cenário de insustentabilidade urbana devido principalmente a especulação imobiliária vertical e o adensamento urbano, mas destaca que uma reorientação das políticas públicas pode mitigar esses impactos, melhorando a qualidade de vida e promovendo um desenvolvimento mais equilibrado e sustentável. Em 2024 o que se percebe é que a gestão pública tem se empenhado a permitir que Goiânia cresça visando arrecadação e que a gestão tem promovido mudanças no trânsito que não tem trazido diminuição do adensamento populacional ou melhorias significativas para o trânsito da cidade.

Em Mendes (2019) nos apresenta que apesar das vantagens sustentáveis do asfalto borracha, a viabilidade de sua implementação depende de fatores econômicos, técnicos e logísticos que precisam ser superados para que ele seja amplamente utilizado. Entre janeiro de 2021 e março de 2024 a gestão municipal revitalizou inúmeras vias e bairros da cidade de Goiânia, mas não conseguimos confirmação técnica de que a massa asfáltica foi o asfalto borracha.

Por fim, analisamos os 17 ODS para a cidade de Goiânia que como muitas cidades em desenvolvimento, enfrenta desafios específicos em relação ao cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030, tais como: ODS 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis – Goiânia enfrenta desafios significativos relacionados ao crescimento urbano desordenado, falta de infraestrutura adequada em algumas áreas, e transporte público ineficiente. A gestão de resíduos e a expansão de áreas verdes também são áreas críticas para a cidade; ODS 6: Água Potável e Saneamento – A cidade ainda lida com desigualdades no acesso ao saneamento básico e à água tratada. Embora haja melhorias, algumas regiões periféricas continuam sem acesso adequado, o que impede o avanço pleno nesse objetivo; ODS 13: Ação Contra a Mudança Global do Clima – Goiânia, como muitas outras áreas urbanas, enfrenta dificuldades em implementar políticas eficazes para a mitigação e adaptação às mudanças climáticas. A poluição do ar, a alta emissão de gases de efeito estufa por veículos e o desmatamento de áreas de proteção ambiental são desafios nesse âmbito; ODS 3: Saúde e Bem-Estar – A cidade enfrenta desafios relacionados à qualidade de vida, particularmente no que diz respeito à poluição do ar e à infraestrutura de saúde em algumas regiões. A expansão urbana não tem sido acompanhada por um aumento proporcional de serviços de saúde; ODS 9: Indústria, Inovação e Infraestrutura – Goiânia ainda enfrenta problemas na implementação de infraestrutura resiliente e sustentável, especialmente em transporte e inovação tecnológica. A cidade carece de uma industrialização sustentável e de incentivos para o desenvolvimento de soluções inovadoras em áreas como mobilidade urbana; ODS 10: Redução das Desigualdades – As disparidades socioeconômicas são visíveis em Goiânia, com áreas mais pobres e menos desenvolvidas carecendo de acesso a serviços básicos, educação de qualidade e oportunidades de emprego.

De um modo geral, com bases teóricas aqui apresentadas, entendemos que tendo uma gestão pública sem consciência ambiental e trabalhando para melhorar arrecadação e fatores exclusivamente econômicos sem associá-los a sustentabilidade juntamente com os principais ODS nos quais Goiânia encontra maiores dificuldades, dificilmente Goiânia alcançara os objetivos propostos até 2030.

REFERÊNCIAS:

ABDALA, Ivanilde Maria de Rezende. APLICAÇÃO DO ÍNDICE DE MOBILIDADE URBANA SUSTENTÁVEL (IMUS) EM GOIÂNIA. 2013. 204 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Exatas e da Terra) – Pontifícia Universidade Católica de Goiás, GOIÂNIA, 2013.

BRITTO, Agnelo Alves. Goiânia: história, urbanismo e arquitetura. Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 1999.

CARNEIRO, Edval Lourenço. Goiânia, a capital de um novo tempo. Goiânia: Kelps, 2002.

CIDADES SUSTENTÁVEIS. Perfil de Goiânia – ODS. Disponível em: http://idsc.cifadessustentaveis.org.br/profiles/5208707/. Acesso em: 13 out. 2024.

FINOTTI, Iza Maria. MEIO AMBIENTE URBANO DA CIDADE DE GOIÂNIA, QUALIDADE DE VIDA E (IN) SUSTENTABILIDADE. 2012. 94 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Humanas) – Pontifícia Universidade Católica de Goiás, GOIÂNIA, 2012.

G1 GOIÁS. Goiânia é considerada a cidade mais arborizada do Brasil. G1 Goiás, 2011. Disponível em: https://g1.globo.com/goias. Acesso em: 12 out. 2024.

GOIÂNIA (Município). Secretaria Municipal de Desenvolvimento Sustentável. Relatórios sobre projetos de sustentabilidade urbana. Goiânia: Prefeitura de Goiânia, 2022. Disponível em: https://www.goiania.go.gov.br/. Acesso em: 12 out. 2024.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Estatísticas de crescimento populacional e urbanização. Rio de Janeiro: IBGE, 2020. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/. Acesso em: 12 out. 2024.

MENDES, Gilberto Candido Rodrigues. Viabilidade do Asfalto Borracha na Pavimentação Urbana: Estudo de Caso no Residencial Jardim do Cerrado III, Goiânia, Goiás. 2019. 85 f. Dissertação (Programa de Pós-Graduação STRICTO SENSU em Desenvolvimento e Planejamento Territorial) – Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Goiânia-GO.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Recomendações de áreas verdes urbanas por habitante. Genebra: OMS, 2011. Disponível em: https://www.who.int/. Acesso em: 12 out. 2024.

SANTOS, Jeovalter Correia. Análise dos Pilares da Sustentabilidade Corporativa nas Organizações Públicas Municipais e seu Impacto no Desempenho: Um Estudo de Caso de Goiânia. 2022. Dissertação (Mestrado em Administração Pública) – Universidade Autónoma de Lisboa, Lisboa, 2021.

SENAI GOIÁS. Sustentabilidade e coleta seletiva em Goiânia. Goiânia: SENAI, 2020. Disponível em: https://www.senaigo.com.br/. Acesso em: 12 out. 2024.


  Licenciado em Física pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO); Licenciado em Pedagógia pala Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA); Posgraduado em Letramento Informacional: a Educação para a Informação pela Universidade Federal de Goiás (UFG); Posgraduado em Arte/Educação Intermidiática Digital pela Universidade Federal de Goiás (UFG); Professor efetivo das redes municipais de Goiânia e Trindade-GO; Mestrado em Ciências da Educação em andamento pela Faculdad Interamericana de Ciencias Sociales – Creada por ley Nº 2972 – Grados y Postgrados. E-mail: marc_migu@hotmail.com.

²         Licenciado em Matemática pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), professor da rede Estadual de Goiás da disciplina de Matemática. Especialista Ambiental pela Universidade Federal de Goiás (UFG); Especialista em Matemática, suas tecnologias e o mundo do trabalho, pela Universidade Federal do Piauí (UFPI); Mestrado em Ciências da Educação em andamento . Faculdad Interamericana de Ciencias Sociales – Creada por ley Nº 2972 – Grados y Postgrados. E-mail: adhahil@hotmail.com

³           Mestrado em Ciências da Educação em andamento . Faculdad Interamericana de Ciencias Sociales – Creada por ley Nº 2972 – Grados y Postgrados. E-mail: cardosogps@gmail.com

4           Mestrado em Ciências da Educação em andamento . Faculdad Interamericana de Ciencias Sociales – Creada por ley Nº 2972 – Grados y Postgrados. E-mail: antoniogomesead@gmail.com