EPIDEMIOLOGICAL PROFILE OF PATIENTS HOSPITALIZED FOR DENGUE IN 2024 IN LONDRINA
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102412030860
Pedro Correia e Silva1
Matheus Cavalari Valença2
Larissa Teixeira Elias3
João Antônio Cazonato Miloso4
Philipe Quagliato Bellinati5
RESUMO
Objetivo: Este estudo teve como objetivo descrever a epidemiologia da dengue em pacientes internados em um Hospital de grande porte da cidade de Londrina, durante o primeiro semestre de 2024. Metodologia: Trata-se de um estudo observacional e transversal, com um grupo de pacientes com dengue, avaliados de janeiro a junho de 2024. A população estudada era composta por indivíduos adultos (acima de 18 anos), ambos os sexos e com diagnóstico de infecção por dengue, confirmados por metodologia laboratorial, que necessitaram de hospitalização. As informações sobre os dados demográficos e história médica foram obtidas por meio da análise de prontuário médico, colhidos diretamente do Hospital. Resultados e Discussões: A análise revelou que a maioria dos pacientes internados era composta por homens, com idade média de 61 anos, frequentemente portadores de comorbidades como hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus tipo 2. O exame confirmatório mais utilizado foi o teste NS1. Os dados apontaram que a idade, o sexo, algumas comorbidades (como insuficiência cardíaca e doença renal crônica) e a permanência em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) obtiveram diferença estatística entre a alta e o óbito, sendo que todos os pacientes que evoluíram para óbito passaram pela UTI. Conclusão: Os achados destacam que, embora a dengue seja tradicionalmente associada a jovens e indivíduos saudáveis, também pode ter um impacto significativo em idosos e pessoas com doenças crônicas. Este perfil epidemiológico reforça a importância de estratégias de prevenção voltadas para grupos vulneráveis, diagnóstico precoce, monitoramento rigoroso e adequação da infraestrutura hospitalar. A necessidade de ações direcionadas e campanhas educativas é evidente, assim como o investimento na capacitação de profissionais para o manejo de casos graves, com o objetivo de reduzir a mortalidade associada e melhorar os desfechos clínicos.
Palavras–chave: dengue; dengue grave; vírus da dengue; Aedes.
ABSTRACT
Objective: This study aimed to describe the epidemiology of dengue in patients admitted to a large hospital in the city of Londrina during the first half of 2024. Methodology: This is an observational and cross-sectional study involving a group of dengue patients evaluated from January to June 2024. The study population consisted of adult individuals (over 18 years old) of both sexes, diagnosed with dengue infection confirmed by laboratory methodology, who required hospitalization. Information on demographic data and medical history was obtained through medical record analysis, collected directly from the hospital. Results and Discussion: The analysis revealed that the majority of hospitalized patients were men, with an average age of 61 years, often presenting with comorbidities such as systemic arterial hypertension and type 2 diabetes mellitus. The most commonly used confirmatory test was the NS1 test. The data indicated that age, sex, certain comorbidities (such as heart failure and chronic kidney disease), and ICU admission were statistically different between discharge and death, with all patients who died having been treated in the ICU. Conclusion: The findings highlight that, although dengue is traditionally associated with young and healthy individuals, it can also significantly impact the elderly and those with chronic diseases. This epidemiological profile emphasizes the importance of prevention strategies targeted at vulnerable groups, early diagnosis, close monitoring, and adequate hospital infrastructure. The need for targeted actions and educational campaigns is evident, as well as investment in the training of professionals for the management of severe cases, aiming to reduce associated mortality and improve clinical outcomes.
Keywords: dengue; severe dengue; dengue virus; Aedes.
INTRODUÇÃO
A dengue é uma doença causada por um vírus, transmitida por mosquitos do gênero Aedes, da espécie aegypti, sendo considerado o principal vetor responsável pela transmissão. Esta arbovirose tem uma importância significativa na saúde pública de todo o mundo por conta de sua alta taxa de incidência e potencial problemática para evolução para formas graves (De Barros et al., 2021). A infecção pode mostrar-se de forma assintomática ou apenas se apresentar em manifestações clínicas que variam de febre leve a complicações hemorrágicas e choque, individualmente quando os anticorpos de uma infecção anterior acabam por facilitar uma resposta mais severa a um segundo sorotipo (Ferreira, 2024).
A epidemiologia da dengue no Brasil manifesta a vulnerabilidade do país com relação a disseminação do vírus devido a fatores climáticos, descuido das ações de prevenção da sociedade e inadequada infraestrutura sanitária. Dados de vigilância apontam que, no ano de 2023, o Brasil enfrentou um dos surtos mais intensos de dengue da última década, com mais de 1,4 milhão de casos registrados e notificados, destacando uma ligeira expansão (considerada significativa) em áreas que anteriormente eram menos ou não consideradas afetadas (Ministério da Saúde, 2023).
Em 2024, a tendência de casos manteve-se preocupante, com o Paraná sendo um dos estados mais afetados, pois registrou aumento nas notificações e uma alta taxa de internações por complicações associadas ao vírus, cenário este que destaca a necessidade imprescindível de estratégias preventivas e diagnósticas eficazes.
O diagnóstico da doença por ser realizado por métodos diretos e indiretos. Os métodos diretos consideram a detecção do RNA viral por meio da reação em cadeia da polimerase em tempo real (RT-PCR), considerada o padrão-ouro para confirmação precoce da infecção. Por outro lado, métodos indiretos, como a detecção de anticorpos IgM e IgG no soro, são utilizados principalmente em estágios mais tardios da doença, sendo considerados imprescindíveis para a identificação de infecções recentes e infecções secundárias (Kok et al., 2023).
A gravidade, por sua vez, é categorizada de acordo com três níveis principais, que são: dengue sem sinais de alarme, dengue com sinais de alarme e dengue grave. A forma sem sinais de alarme é caracterizada por sintomas leves, dores no corpo e nos olhos e febre. Quando sinais de alarme, como dor abdominal intensa, vômitos persistentes e hemorragias, se manifestam, como o próprio nome sugere, o “alarme” é automaticamente considerado, pois o risco de progressão para o terceiro nível (que é a dengue grave), aumenta. A dengue grave, por sua vez, é apontada por complicações mais agravantes como choque, insuficiência respiratória ou falência de órgãos múltiplos, exigindo cuidados intensivos (Urrea e Martins, 2022).
Os principais cuidados relacionados ao manejo, incluem: hidratação intensa e controle da febre e dor em casos leves. Nas formas mais graves, os pacientes podem necessitar de reposição volêmica agressiva e suporte em unidades de terapia intensiva (UTI) (Kok et al., 2023). Para diferenciar a dengue de outras infecções febris, como zika, chikungunya ou febre amarela por exemplo, faz-se necessário uma análise clínica e laboratorial cautelosa.
Autores como De Morais Queiroz (2024) indicam que algumas comorbidades, como diabetes mellitus e hipertensão arterial, estão associadas a um risco aumentado de complicações e desfechos desfavoráveis, incluindo óbito, em casos de dengue. Estudos trazidos por Da Silva et al. (2024) indicam que a presença de comorbidades pode agravar a resposta inflamatória e aumentar a vulnerabilidade dos pacientes às formas mais graves da doença tornando essencial a estratificação de risco na abordagem dos infectados.
Conhecer os aspectos epidemiológicos, clínicos e laboratoriais da doença em áreas endêmicas é essencial para a implementação de intervenções para o manejo adequado. O estudo da dengue e sua relação com variáveis epidemiológicas e clínicas pode ser útil para identificar fatores de risco para ocorrência de desfechos desfavoráveis. O que tornaria possível traçar estratégias de vigilância e manejo cada vez melhores.
Diante deste cenário, este trabalho teve por objetivo descrever a epidemiologia da dengue dos pacientes internados em um município de grande porte do estado de Paraná.
METODOLOGIA
Aspectos Éticos
O projeto segue as normas da Resolução n° 466/12 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde e possui aprovação pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital Evangélico de Londrina Parecer n° 6.983.550, registrado com o número CAAE 76462323.5.0000.5696. Houve dispensa do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, visto que os dados foram obtidos por meio de prontuários eletrônicos, não sendo necessário identificação de cada paciente.
Delineamento, População e Amostra
Inicialmente, foi realizado um estudo observacional e transversal, com um grupo de pacientes com dengue. Em um período de 6 meses (de janeiro a junho de 2024), foram considerados indivíduos adultos (acima de 18 anos), ambos os sexos e com diagnóstico de infecção por dengue, confirmados por metodologia laboratorial, que necessitaram de hospitalização em serviço terciário de Londrina.
Trata-se de uma amostra consecutiva, de conveniência de tempo e local, com a inclusão, prospectiva de 92 pacientes com diagnóstico de infecção pela Dengue com confirmação laboratorial, internados no Hospital Evangélico de Londrina.
Foram realizadas avaliações de pacientes de ambos os sexos, maiores de 18 anos de idade e com diagnóstico de dengue, confirmado por sorologia IgM (ELISA ou imunocromatográfico) ou teste de antígeno NS1 (imunocromatográfico), que necessitaram de internação no Hospital Evangélico de Londrina no período acima mencionado.
Critérios de exclusão
Foram excluídos os pacientes que: a) o prontuário não tinha dados suficientes para análise; b) aqueles com idade abaixo de 18 anos; c) apresentavam diagnóstico clínico-epidemiológico de dengue; d) não apresentavam diagnóstico confirmatório como Antígeno NS1 reagente ou sorologia IgM reagente.
Dados demográficos, clínicos e laboratoriais
As informações sobre os dados demográficos e história médica foram obtidas por meio da análise de prontuário médico, colhidos diretamente do Hospital. As comorbidades avaliadas foram: a) Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS); b) Diabetes Mellitus tipo 2 (MD2); c) Insuficiência Cardíaca (IC); d) Doença Renal Crônica (DRC); e) Pneumopatia; f) Outras comorbidades. Os exames laboratoriais foram realizados nos setores do Laboratório do referido Hospital, utilizando-se de métodos padronizados e reagentes disponíveis comercialmente. Foram realizados a determinação do hematócrito e plaquetas por método automatizado. A detecção do antígeno NS1 foi realizada por imunocromatografia (MedTeste Dengue NS1, MedLevensohn, MedLevensohn, Brasil) e a sorologia IgM para Dengue foi realizada por imunocromatografia (MedTeste Dengue IgM/IgG, MedLevensohn, MedLevensohn, Brasil).
Análise estatística
As variáveis analisadas incluem: idade, sexo, comorbidades como hipertensão arterial sistêmica, diabetes melitus, pneumopatia, doença renal crônica, necessidade de internação em UTI, evolução para óbito, dados laboratoriais como nadir da contagem de plaquetas e pico de hematócrito.
Os dados obtidos foram submetidos à análise estatística pelo Programa SPSS, versão 20.2. Os pacientes internados por dengue foram classificados conforme desfecho para óbito. As variáveis contínuas foram descritas como mediana (idade), nadir de plaquetas e pico de hematócrito foram categorizados, todos analisados pelo teste “T Student”. As características categóricas foram descritas como frequência (absoluta e porcentagem), foram analisadas pelo teste de x2 ou Exato de Fisher, quando apropriado. O nível de significância adotado foi de 5% (p<0,05)
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A amostra deste estudo consistiu em 92 pacientes internados com diagnóstico confirmado de dengue. A Tabela 01 é que melhor representa os dados clínicos e sociodemográficos que foram colhidos e já tratados estatisticamente, de todos os pacientes do referido hospital, que estiveram internados com dengue e que, ou receberam alta ou vieram à óbito.
Tabela 01 – Dados clínicos e sociodemográficos dos pacientes
O teste NS1 foi utilizado como exame confirmatório em 4 desses pacientes, assim como o IgM, que também foi aplicado em 4. Estes testes são considerados simples e eficazes, pois geram resultados rápidos (tempo máximo de 20 min) e não necessitam de equipamentos complexos e de difícil manuseio (Borges et al., 2021).
A média de idade dos indivíduos internados foi de 61 anos (mais idosos que jovens), com uma predominância de homens, que corresponderam a 53,3% da amostra em comparação a 46,7% de mulheres. A maioria dos pacientes apresentados neste estudo e que faleceram eram homens (87,5%), enquanto houve uma distribuição igual entre homens e mulheres entre os pacientes que receberam alta. O valor de p = 0,043 sugere que o sexo masculino pode ser um fator de risco para óbito.
Com relação à etnia, não houve diferença significativa entre caucasianos e não- caucasianos em relação ao desfecho (valor de p = 0,971) com relação ao desfecho de alta e óbitos.
Segundo estudos da médica Farley Liliana, mulheres brasileiras estão mais suceptíveis ao vírus da dengue, por permanecerem mais tempo dentro de casa, considerando ter o mosquito transmissor, uma característica mais domiciliar. Porém, o que se sabe é que um estudo realizado na Colômbia, os homens são os que apresentam uma maior exposição ao vírus, apresentando, também, uma maior taxa de mortalidade relacionada à dengue. Os estudos apontam que o desfecho letal pode estar associado à demora em “procurar ajuda” ou “iniciar o tratamento de forma adequada”, o que acabam por piorar o quadro da doença (Lovisi, 2019).
A idade média dos pacientes que faleceram (76,63 anos) foi significativamente maior em comparação aos pacientes que receberam alta (59,64 anos), com um valor de p = 0,032, indicando uma associação estatisticamente significativa. Idade mais avançada está associada a um maior risco de óbito.
Acredita-se que idosos sejam mais vulneráveis à complicações da doença. Dados trazidos por Freitas (2024) apontam que no estado de São Paulo (estado mais populoso do Brasil), a faixa etária de maior mortalidade está no grupo entre 65 a 79 anos, corroborando com os dados encontrados neste estudo, que apontam uma mortalidade maior em idosos.
O exame confirmatório para diagnóstico utilizado foi o teste NS1, aplicado em 60,87% dos pacientes, enquanto o teste IgM foi utilizado em 41,30% dos casos. No que tange às comorbidades, identificou-se que 40,22% dos pacientes apresentavam hipertensão arterial sistêmica (HAS), 23,91% diabetes mellitus tipo 2 (DM2), 16,30% insuficiência cardíaca (IC), 10,87% doença renal crônica (DRC), 9,78% pneumopatia, e 36,96% possuíam outras comorbidades associadas. Ainda que não existam estudos que apontem que pessoas com comorbidades tenham maiores chances de contraírem o vírus, alguns estudos relatam que pessoas com comorbidades como por exemplo: Diabetes, Hipertensão arterial, Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), Doenças hematológicas crônicas, como a anemia falciforme, Doença renal crônica, Doença ácido péptica e Doenças autoimunes podem acabar por agravarem a doença, podendo levar os pacientes à óbito (De Morais Queiroz, 2024).
Neste estudo, ainda que a HAS, a DM2 e a Pneumopatia não tenham apresentado diferença significativa entre os pacientes que obtiveram alta e os pacientes que vieram à óbito (p=0,871, p=0,072 e p=0,132, respectivamente), as três comorbidades apresentam uma tendência de risco para desfechos desfavoráveis. Já a doença renal (p=0,011) e a insuficiência cardiaca (p<0,001) indicam uma associação estatisticamente significativa com o desfecho de óbito.
Pode-se concluir que, neste estudo, todos os pacientes que evoluíram para óbito apresentaram algum sinal de alarme apresentavam alguma comorbidade, corroborando com estudos de Dos Santos (2021) em que apontam que diabetes, HAS e cardiopatias e outras comorbidades se apresentam como sinais de alerta para gravidade, ressaltando que tais fatores são capazes de classificar os pacientes como grupos de risco para complicações na dengue.
A maioria dos pacientes (84,78%) foi internado em enfermaria, enquanto apenas 15,22% necessitaram de internação em unidade de terapia intensiva (UTI), porém, todos os pacientes que faleceram foram admitidos na UTI, enquanto apenas 7,1% dos pacientes que tiveram alta foram admitidos. Essa diferença é estatisticamente significativa (p < 0,001), mostrando que a admissão na UTI é um indicativo de maior gravidade da doença.
Pacientes que apresentam complicações, quando transferidos para UTI, apresenta, risco maior de óbito por dengue (Dos Santos, 2021). Estudos realizados em Taiwan, relatam que em uma determinada época em que se teve surto de dengue na região, pode-se observar que indivíduos que apresentaram sinais e sintomas graves e inespecíficos, que foram direcionados à UTI, apresentaram maior risco de mortalidade (Hsieh et al., 2017).
Em relação ao desfecho clínico, 91,30% dos pacientes receberam alta hospitalar, ao passo que 8,70% evoluíram para óbito. A mediana do nadir de plaquetas foi de 108.000 células/mm³, e o pico de hematócrito alcançou 41%. A faixa de 101.000 a 149.000 células/mm³ foi observada em 8 pacientes, e 9 apresentaram contagens superiores a 150.000. Quanto ao pico de hematócrito, 4 pacientes estavam na faixa entre 21% e 30%, 38 entre 31% e 40%, 32 apresentaram níveis de 41% a 50%, e 4 pacientes tinham valores acima de 51%, sendo que um paciente registrou um pico superior a 60%.
Estatisticamente, pode-se concluir que não houve diferença significativa entre os grupos no menor valor de plaquetas (p = 0,291), indicando que a plaquetopenia isolada pode não estar relacionada ao desfecho de óbito assim como nos exames de picos de hematócrito, (p = 0,171), não apresentando diferença estatística entre os grupos.
CONCLUSÃO
Os resultados obtidos demonstram que a maioria dos pacientes internados por dengue em 2024 eram homens, com idade média de 61 anos, e comorbidades associadas, especialmente hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus tipo 2. O exame confirmatório mais utilizado foi o teste NS1, e a maior parte dos pacientes foi internada em enfermarias, com uma taxa de alta hospitalar de 91,30%. No entanto, os casos mais graves, principalmente entre aqueles com comorbidades como insuficiência cardíaca e doença renal crônica, evoluíram para óbito, sendo todos tratados em unidade de terapia intensiva.
Além disso, o nadir de plaquetas foi um marcador importante para o acompanhamento da gravidade dos casos, enquanto o pico de hematócrito foi notavelmente elevado em alguns pacientes, sugerindo uma possível correlação com desfechos clínicos desfavoráveis. Esses dados reforçam a necessidade de atenção especial a pacientes idosos, com comorbidades, e a importância do diagnóstico precoce e manejo adequado para evitar complicações graves.
Esses achados contribuem para um melhor entendimento do perfil epidemiológico dos pacientes internados com diagnóstico de dengue, especialmente no que tange à relação entre comorbidades preexistentes e o agravamento da doença. A predominância de homens e a faixa etária mais avançada revelam que a dengue, muitas vezes considerada uma doença de jovens e indivíduos saudáveis, também pode afetar gravemente pacientes idosos e com condições crônicas associadas. A análise do nadir de plaquetas e do pico de hematócrito como parâmetros de gravidade da doença permite identificar precocemente casos de risco, podendo antecipar intervenções terapêuticas mais eficazes. Esses aspectos reforçam a necessidade de uma abordagem mais segmentada nas estratégias de prevenção e manejo da dengue, com foco na identificação de grupos de risco, como idosos e pessoas com comorbidades. As implicações para a saúde pública incluem a urgência de campanhas de conscientização direcionadas a esses grupos, além da melhoria no diagnóstico precoce e no monitoramento intensivo de casos graves. Adicionalmente, é imprescindível reforçar o sistema de saúde com recursos adequados para o tratamento intensivo, garantindo uma resposta rápida e eficaz frente a surtos de dengue, reduzindo a mortalidade e as complicações associadas à doença.
Em conclusão, os resultados deste estudo evidenciam a importância de compreender o perfil epidemiológico dos pacientes internados por dengue, especialmente no que diz respeito à interação entre comorbidades preexistentes e a gravidade da doença. A identificação de fatores de risco, como hipertensão, diabetes mellitus e insuficiência cardíaca, e a constatação de que a doença pode afetar gravemente pacientes idosos e com múltiplas condições crônicas, reforçam a necessidade de estratégias de prevenção mais específicas e direcionadas. Esses achados também sublinham a importância de um diagnóstico precoce e monitoramento rigoroso de pacientes em risco, o que pode melhorar significativamente os desfechos clínicos e reduzir a mortalidade associada. Assim, os resultados reforçam a necessidade de ações mais efetivas para o controle da dengue, incluindo campanhas de conscientização voltadas para grupos vulneráveis, aprimoramento da capacitação profissional para o manejo de casos graves e investimento em infraestrutura hospitalar, garantindo a capacidade de resposta adequada em situações de surtos.
POSSÍVEIS LIMITAÇÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
No entanto, é importante ressaltar que este estudo possui algumas limitações, como o tamanho relativamente pequeno da amostra, o que pode restringir a generalização dos resultados para outras populações ou contextos geográficos. Além disso, a pesquisa foi conduzida em um único hospital terciário, o que pode não refletir a totalidade das condições epidemiológicas de outros serviços de saúde em Londrina ou em áreas rurais.
Outra limitação está relacionada à falta de dados longitudinais, que poderiam permitir uma análise mais aprofundada sobre a evolução clínica dos pacientes ao longo do tempo. Ademais, a dependência de registros hospitalares pode ter introduzido vieses na coleta de dados, como inconsistências nas informações sobre comorbidades e o manejo terapêutico, já que essas variáveis podem não ter sido completamente documentadas em todos os casos.
Sugere-se que futuras pesquisas investiguem a relação entre a dengue e outros fatores de risco além das comorbidades já identificadas, como o uso de medicamentos, fatores ambientais e socioeconômicos que possam influenciar na gravidade da doença. Além disso, seria interessante realizar estudos longitudinais que acompanhem a evolução clínica dos pacientes desde o início da infecção até a recuperação, com o objetivo de entender melhor os fatores que contribuem para desfechos adversos, como a mortalidade. Também seria relevante ampliar a amostra, incluindo diferentes hospitais e regiões, a fim de obter uma visão mais abrangente sobre o perfil epidemiológico da dengue, além de avaliar o impacto de intervenções específicas na prevenção de complicações e na melhoria do manejo dos pacientes com risco aumentado.
REFERÊNCIAS
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3 larisssaelias@gmail.com
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