THE INFLUENCE OF THE MEDIA ON PRECOCITY OF SEXUALIZATION
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202411300703
Suwelly Gonçalves Suassui Pich1;
Iarê Sandra Cooper2
Resumo
Os meios de comunicação estão profundamente enraizados na nossa sociedade, influenciando nossa percepção e modo de vida. Dentre eles, a internet e as redes sociais se destacam, acompanhando o cotidiano dos brasileiros, ao oferecer informações e auxiliar em diversas tarefas, otimizando o dia a dia. No entanto, se tratando deste meio global de informação e conexão, deve-se destacar os riscos do uso inadequado destas ferramentas, especialmente por crianças e adolescentes. Tendo isso em vista, este trabalho visa investigar a influência das mídias na precocidade da sexualização, com foco na internet e nas redes sociais. Observando quais comportamentos podem promover a precocidade da sexualização e quais são os impactos desses comportamentos no desenvolvimento infantil, nas interações sociais e na vida pessoal da criança e do adolescente. Esta pesquisa adota uma abordagem qualitativa e exploratória, com análise bibliográfica baseada em produções científicas. De acordo com os estudos obtidos, 95% das crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos utilizam a internet regularmente, e o primeiro contato com telas ocorre ainda na primeira infância. Além disso, 14% dos jovens entre 11 e 17 anos afirmaram ter visto conteúdo sexual online (CETIC, 2023). Essa exposição precoce a conteúdos inapropriados pode impactar de maneira geral o desenvolvimento infantil. Conclui-se, então, que sem monitoramento adequado, crianças e adolescentes podem interpretar como pertinente toda e qualquer informação disponível nestas ferramentas online, sem questionamentos, e sem uma compreensão clara do ambiente, ou o que pode impactar no seu desenvolvimento, adotando comportamentos que podem, ou não, corresponder a sua faixa etária.
Palavras chaves: Sexualização infantil. Desenvolvimento infantil. Mídias sociais. Sexualização precoce.
1 INTRODUÇÃO
A relevância do tema em questão ressalta-se pela preocupação com a exposição de crianças e adolescentes, de forma precoce e vulnerável, especialmente na internet e nas redes sociais, a conteúdos erotizados, causando um atropelamento das fases iniciais do desenvolvimento infantil. Vale ressaltar que a exposição de crianças e adolescente a erotização infringe os direitos assegurados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente que prevê, em seu Art. 5º, que “nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.” e, em seu Art. 17º, “o direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos” (Brasil, 1990).
A exposição indevida e precoce à internet, principalmente às redes sociais, é tema de crescente preocupação, pois a disponibilidade fácil e rápida de conteúdos online propicia a exposição de crianças e adolescentes a uma variedade de representações sexuais, incluindo imagens, vídeos, músicas, e aplicativos de comunicações, uma vez que, muitas vezes, ocorre sem a mediação adequada dos pais ou responsáveis. O papel da família é crucial nesse momento, para ajudar o público infantojuvenil a navegar no ambiente virtual de forma segura e saudável, estabelecendo limites e regras, bem como, o monitoramento regular do tempo e da qualidade de acesso à rede.
Além disso, as redes sociais proporcionam um ambiente em que a autoimagem e a validação social são frequentemente influenciadas pela sexualidade, sendo propostas normas de beleza e popularidade, o que pode afetar negativamente a autoestima e bem-estar emocional de crianças e adolescentes e, até mesmo, de adultos. Segundo Bauman, os meios de comunicação exercem um formidável poder sobre a imaginação popular, coletiva e individual: “Imagens poderosas, ‘mais reais que a realidade’, em telas ubíquas, estabelecem os padrões da realidade e de sua avaliação, e também a necessidade de tornar mais palatável a realidade ‘vivida’”. (Bauman, 2000, p. 81).
A partir dessas observações, esse estudo tem, como problema de pesquisa, investigar se, e como, as mídias, principalmente a internet e as redes sociais, promovem o desenvolvimento precoce da sexualização infantojuvenil? Tem-se, assim, como objetivo geral, investigar se as mídias podem influenciar na precocidade da sexualização, explorando, mais precisamente, a internet e as redes sociais, a partir da análise qualitativa. A pesquisa apresenta, ainda, objetivos específicos, tais quais: analisar se a exposição precoce de crianças e adolescentes à internet e às redes sociais pode afetar o desenvolvimento infantil; identificar o que a sexualização, hipersexualização e adultização podem causam ao desenvolvimento de crianças e adolescentes; buscar entender quais comportamentos podem indicar uma precoce sexualização, considerando o impacto dessas atitudes no desenvolvimento infantil e nas interações sociais, tanto no ambiente escolar, quanto na vida pessoal. Buscando explorar se as mídias, especificamente a internet e as redes sociais podem influenciar na precocidade da sexualização, à medida que as crianças estão cada vez mais imersas no mundo virtual, saturado de representações sexualizadas, criando um ambiente de exposição a conteúdos e situações inadequados para faixa esta etária.
Para tanto, foram realizadas buscas em banco de dados de produções científicas, tendo, como descritores, as palavras chaves: sexualização infantil; sexualização; criança e internet; redes sociais e crianças; o uso das redes sociais; hipersexualização; adultização; sexualização precoce; a influência das mídias; internet e mídias. Após identificadas, as produções foram lidas e analisadas individualmente para, posteriormente, serem agrupadas conforme resultados obtidos.
Este estudo justifica-se, uma vez que, pesquisar sobre a influência das mídias na precocidade da sexualização é de extrema importância, tanto do ponto de vista pedagógico, quanto no psicológico, bem como a partir ponto de vista social. Entender como as mídias moldam as perceções e comportamentos de crianças e adolescentes, em relação à sexualidade, é essencial para elaborar práticas educacionais mais eficazes e responsáveis. Buscando promover uma compreensão saudável da sexualidade, ensinando habilidades de pensamento crítico e ajudando o público infantojuvenil a desenvolverem uma relação positiva com sua própria sexualidade. Pensando na proteção e no bem-estar de crianças e adolescentes de nossa sociedade, a fim de criar um ambiente virtual mais seguro e saudável, promovendo relacionamentos respeitosos, harmônicos e plenos.
2 REVISÃO DA LITERATURA
Precedendo aos dados e resultados obtidos, entende-se que se faz necessário apresentar as definições dos principais conceitos que constituem este estudo.
2.1 Conceituando sexualização, adultização, sexualidade e hipersexualização
A compreensão dos conceitos de sexualização, adultização, sexualidade e hipersexualização é fundamental para abordar questões contemporâneas relacionadas ao desenvolvimento infantil, às mídias e às influências culturais. Esses termos, embora inter-relacionados, possuem significados distintos que afetam a forma como entendemos o desenvolvimento e a expressão sexual em diferentes faixas etárias. Aqui, será explorado cada um desses conceitos, destacando suas diferenças, similaridades e implicações ao desenvolvimento humano.
A sexualidade é um aspecto natural e cultural do ser humano, desenvolvida desde as primeiras experiências afetivas do bebê com a mãe (Yano e Ribeiro, 2011), abrangendo uma ampla gama de sentimentos, comportamentos e identidades, estando presente desde o nascimento do indivíduo e se desenvolvendo ao longo de sua vida. Ela envolve a forma como as pessoas experimentam e expressam sentimentos sexuais e românticos, bem como sua identidade de gênero e orientação sexual. Segundo Maia, “Embora a sexualidade seja um tema tabu em muitas sociedades – e ainda é na nossa, é algo ‘natural’, ou seja, é apenas mais um aspecto do nosso desenvolvimento humano, assim como o cognitivo e o físico.” (Maia, 2014, p. 01). E, segundo Yano e Ribeiro (2011, p. 1316), “Cogitar a respeito da sexualidade implica pensá-la num contexto psíquico, histórico, cultural, étnico, religioso, político, ético, moral e educativo, porque todos esses elementos estão presentes na sexualidade humana.”, podendo-se considerar uma expressão interna e pessoal, naturalmente ligada ao autoconhecimento e à percepção do próprio corpo, promovendo a aceitação individual necessária para um amadurecimento saudável. Essa aceitação envolve a compreensão das próprias emoções e seus desejos, que vai além do ato sexual e da reprodução, pois o ser humano é sexuado desde o nascimento até a morte. (Yano e Ribeiro, 2011). Vale salientar que,
Para a OMS, a sexualidade está definida como um eixo central do ser humano, que tem seu início no nascimento e o acompanha ao longo da vida, portanto, não está limitada ao sexo, erotismo, prazer ou intimidade, mas engloba identidades e papéis de gênero, orientação sexual, reprodução e as diversas formas da sexualidade a ser vivida e expressa, tais como pensamentos, fantasias, desejos, crenças, atitudes, valores, comportamentos, práticas, papéis e relacionamentos. (OMS in Santos et al., 2021, p. 02).
A busca pelo prazer, a descoberta das sensações proporcionadas pelo contato físico ou toque, e a atração por outras pessoas (sejam elas do sexo oposto ou do mesmo sexo) são aspectos pertencentes à sexualidade. Essas características não precisam, necessariamente, estar relacionadas ao ato sexual propriamente dito, mas estão profundamente conectados ao autoconhecimento e à percepção do próprio corpo, facilitando um amadurecimento emocional e sexual saudável.
A sexualidade pode influenciar significativamente o desenvolvimento infantil, impactando sua autoestima, compreensão de relações interpessoais e identidade de gênero. Com as transformações na nossa sociedade “não é incomum encontrar conteúdo exclusivamente voltado para o público infantojuvenil na internet, ou mesmo conteúdo criado por esse grupo.” (Guimarães, 2023, p. 325). No entanto, é crucial que esse conteúdo seja adequadamente direcionado para a faixa etária específica, para que não cause impactos adversos no seu desenvolvimento. Pois, enquanto crianças, e sendo expostas a informações adequadas e em contextos apropriados, a educação sexual pode promover uma visão saudável do corpo e das emoções, contribuindo para a formação de uma autoimagem positiva e habilidades de comunicação interpessoal.
Cabe ressaltar que, apesar da utilização do termo sexualidade de modo singular, a psicologia do desenvolvimento nos permite, atualmente, compreender que existe uma ampla variação de sexualidades. Assim, seria correto afirmar que cada individuo irá desenvolver uma sexualidade própria e, muitas vezes, fluída, podendo não estar pré ou pós-fixada em conceitos apenas sexuais ou culturais.
Além do conceito de sexualidade(s), é importante compreender que a sexualização se contrapõe completamente a, e pode distorcer, esse conceito. A sexualização refere-se ao processo pelo qual crianças ou adolescentes são expostos a conteúdos ou comportamentos de natureza sexual, antes de estarem emocionalmente e psicologicamente preparados para lidar com esses modelos e estímulos. A exposição precoce de crianças e adolescentes pode repercutir de diversas formas em sua personalidade, causando danos irreversíveis ou, na melhor das hipóteses, com uma possível reparação (Guimarães, 2023). Dentre outras questões, esse fenômeno pode criar estereótipos de gênero e contribuir para a desigualdade de gênero, ao reforçar a ideia de que o valor de uma pessoa está ligado à sua aparência e ao seu comportamento sexual.
Esse processo pode ocorrer de várias maneiras, incluindo a exposição precoce a mídias sexualmente explícitas, a imposição de expectativas de aparência, comportamentos sexualizados, e a pressão para se adequar a padrões de beleza e de atratividade sexual. Como retratam Ferreira e Ribeiro:
É preciso que os pais fiquem atentos a essa exposição excessiva da criança para que mais tarde não seja preciso reparar tais falhas que prejudicam o desenvolvimento da infância como um todo, além é claro de transcorrer por todo o processo de uma infância roubada, minimizada, silenciada pela violação do direito de ser criança, de passar pela etapa de criança/infância. (Ferreira e Ribeiro, 2022, p. 168).
Sendo assim, a sexualização é um processo que interrompe o desenvolvimento natural do indivíduo, podendo acarretar em diversas consequências para sua vida. Segundo Yano e Ribeiro, “A criança mal-informada e pouco supervisionada torna-se mais suscetível a aliciamentos de adultos. Esse ambiente inseguro infringe o direito da criança de obter desenvolvimento sexual sadio e a expõe a situações de riscos.” (2011, p.1316). Bem como a confusão sobre sua própria identidade, baixa autoestima, e problemas emocionais e psicológicos.
É imperioso que a abordagem da sexualidade na infância seja cuidadosa e que respeite o estágio de desenvolvimento de cada criança. Pois, diante da nova era que estamos vivendo, imersos a um ambiente tecnológico, moldando não apenas como agimos, mas também como pensamos e crescemos, observamos como diversos ambientes virtuais desta era digital podem influenciar os modos de viver de diferentes gerações, condicionando uma evolução. Isto não é diferente com os meios de comunicação, se inserindo cada vez mais no dia a dia da nossa sociedade. Segundo Guimarães (2023, p. 314), “a Internet e as redes sociais já se inseriram no cotidiano das pessoas de modo irrefreável, de modo que a primeira e última coisa que muitos fazem ao acordar e dormir é atualizar seu feed na rede social e buscar por novidades.”. Este fenômeno não é distinto no que refere às crianças. Muitas vezes, se espelhando em seus responsáveis, e utilizando essas ferramentas tecnológicas diariamente, sem o monitoramento apropriado.
Araújo, Cestari e Aguiar (2019, p. 07), destacam que “a criança está cada vez mais exposta a comportamentos pertinentes ao mundo adulto e à sexualização precoce.”. Essa estimulação precoce da erotização pode, em muitos casos, evoluir para a exploração de pornografia infantil, resultando em uma série de danos graves para a vítima. Tal exposição não apenas viola a intimidade da criança, mas também provoca significativos traumas psíquicos. Ainda segundo os autores, além disso, a criança se vê colocada em situações de risco, tornando-se alvo de pedofilia e sequestros infantis.
Em relação ao conceito de hipersexualização, entende-se que esta é relacionar-se diretamente ao significado de sexualização, sendo designada como intensificação e exagerada, em que há ênfase desproporcional na aparência e no comportamento sexual do indivíduo. Podendo também ser caracterizada como um transtorno sexual com níveis elevados e incontroláveis do desejo e atividade sexual. Sobre isso, Guimarães destaca que:
A hipersexualização de crianças e adolescentes não é tema recente, todavia, com o advento da Internet e das redes sociais, assume novas proporções. Isso pois, por meio de tais tecnologias os infantes passam a ter contato direito com um número indeterminado de pessoas, muitas vezes desconhecidos, as quais, por sua vez, influenciam e estimulam a adoção de características, gestos, gostos, posturas, condutas e adoção de vestimentas incompatíveis com sua faixa etária, realizando, desse modo, sua adultização de forma incompatível com seu desenvolvimento físico, mental e emocional. (Guimarães, 2023, p. 321).
É possível observar a hipersexualização nas mais diversas redes sociais e na cultura popular, em que, frequentemente, se promove uma imagem irrealista e extremamente sexualizada das pessoas, especialmente mulheres e adolescentes. Esse fenômeno pode manifestar-se de diversas formas, tais como na objetificação de corpos, explorados de forma sexualizada, em publicidade, e na pressão para se moldar a padrões estéticos irreais, e na exploração da sexualidade pelo entretenimento.
Na internet, e em diversas redes sociais, observa-se um crescente número de usuários infantis, frequentemente identificados como “influencers mirins” ou “mini influencers”. Estes jovens/crianças têm suas vidas expostas com o propósito de criar e compartilhar conteúdos, conquistando um público infantojuvenil e atraindo a atenção de marcas e empresas no mundo do Marketing. A grande popularidade desses influenciadores nas redes gera preocupações significativas, pela quantidade de informações pessoais que são publicadas diariamente nos meios de comunicações. (Guimarães, 2023).
Muitos desses jovens compartilham informações detalhadas sobre suas vidas pessoais e atividades cotidianas, o que os tornam ainda mais vulneráveis no ambiente virtual. Como Ferreira e Ribeiro (2022, p. 168) destacam, “esse espetáculo da vida íntima das crianças e adolescentes, que são usuários das redes sociais, pode levar a sérios problemas em sua formação ou atrair diversos perigos (como a pedofilia e o cyberbullying) por se mostrarem vulneráveis.”. Guimarães ressalta que:
A despeito de grande parte do conteúdo criado por esse grupo de influenciadores aparentar ser inofensivo, cada vez mais verifica-se um fenômeno de hipersexualização desses infantes, os quais se portam como adultos, usam roupas e acessórios inadequadas para sua faixa etária, utilizam expressões e gestos adultizados e, em muitos casos, expõem seus corpos na internet em fotos em biquínis de forma claramente erotizada. (Guimarães, 2023, p. 315).
Embora a hipersexualição e a adultização não sejam características presentes em todos os casos de influenciadores mirins, é importante que os riscos associados a essas práticas sejam claramente expostas. É fundamental que pais e responsáveis estejam plenamente informados sobre os potenciais perigos e as implicações da exposição pública e da presença online de seus filhos. Somente com uma compreensão abrangente desses riscos é que se pode tomar decisões conscientes sobre a participação de crianças em determinados ambientes e situações digitais. Guimarães (2013, p. 321), também destaca que “a hipersexualização dos infantes é praticada por seus representes, ou mesmo pela própria criança e adolescente, com o objetivo de adquirir maior popularidade nas redes sociais”.
Diante do exposto, é fundamental ressaltar a importância de destacar as implicações associadas a essas questões, para que os pais estejam plenamente informados sobre como esta hiperexposição pode ter efeitos prejudiciais profundos no desenvolvimento infantil. Pois, quando expostas a representações sexuais excessivas e irreais por meio das mídias, da publicidade ou da cultura popular, as crianças podem internalizar comportamentos que não condizem com sua fase de desenvolvimento, refletindo, muitas vezes, em seu comportamento, resultando em baixa autoestima, distúrbios alimentares, e numa compreensão distorcida das relações interpessoais e da sexualidade. Além disso, a pressão para se conformar a padrões estéticos sexualizados pode gerar ansiedade e insegurança, impactando negativamente a saúde emocional e psicológica de crianças e adolescentes.
Em relação ao conceito de adultização, esta caracteriza-se como um processo pelo qual crianças ou adolescentes são tratados como adultos, tanto em termos de expectativas comportamentais, quanto de responsabilidades. Ainda segundo Guimarães, (2023, p. 326) “a adultização dos infantes obstrui seu livre desenvolvimento da personalidade, sendo essa erotização precoce, detrimental para a saúde psicoemocional, resultando em profundos impactos vislumbrados ao longo de sua vida”. Este fenômeno pode manifestar-se pela pressão em adotar comportamentos que não condizem com sua faixa etária, assumir responsabilidades inadequadas ou enfrentar situações que são apropriadas apenas para adultos.
Nos tempos atuais, a adultização tem se tornado cada vez mais frequente entre crianças e adolescentes, que são introduzidas/os no mundo contemporâneo, tomado pela tecnologia, em uma idade precoce. Na perspectiva de Araújo, Cestari e Aguiar (2019, p. 09), “a criança adultizada é vista como ‘característica da sua geração’, ao invés de crianças se preocupando com coisas de criança, temos crianças se preocupando com situações adultas.”.
Esta perspectiva é encontrada em vários cenários de famílias brasileiras, muitos imitam os comportamentos de pais ou responsáveis, ou até mesmo comportamentos de atividades que visualizam nas redes sociais e na internet, sem estar plenamente conscientes das implicações de uma possível adultização ou exposição, levando-as/os a perceber e tratar esta realidade como algo natural. Esse fenômeno pode resultar em problemas graves, como exposição inadequada, interrupção precoce da infância e, em casos extremos, maternidade/paternidade na adolescência. Guimarães destaca que:
Atualmente se verifica, nas redes sociais, um fenômeno de adultização das crianças e adolescentes mediante sua erotização precoce, própria hipersexualização dos infantes, os quais posam com roupas reveladoras, utilizam apetrechos, acessórios e vestimentas voltadas para o público adulto e portam-se como se adultos fossem, sempre de forma sexualizada. (Guimarães, 2023, p. 319).
A adultização pode resultar em um desenvolvimento acelerado, ou até mesmo distorcido, no qual a criança perde aspectos essenciais de sua infância e enfrenta desafios emocionais e psicológicos devido à pressão inadequada. Esse fenômeno, muitas vezes, é influenciado pela comparação e pela associação de celebridades/famosas/os nos meios de comunicação, que impõem parâmetros e padrões estabelecidos pela sociedade atual.
Para Ferreira e Ribeiro (2022), as crianças são expostas de forma voraz nas redes sociais pelos próprios familiares, ou pelo fato de terem livre acesso à internet sem o monitoramento, levando-as ao desejo de serem adultas precocemente. Uma criança adultizada pode ser pressionada a desempenhar papéis e assumir responsabilidades que estão além de sua capacidade emocional e cognitiva, acarretando uma interrupção da infância e no desenvolvimento saudável do público infantojuvenil.
Em síntese, a distinção de conceitos e significados entre sexualidade, sexualização, hipersexualização e adultização é crucial para entender as diferentes formas de como a sociedade influencia o desenvolvimento e a expressão sexual dos indivíduos. Enquanto a sexualidade (ou sexualidades) é uma parte natural e saudável do desenvolvimento humano, a sexualização e a hipersexualização impõem pressões e expectativas prejudiciais que podem distorcer ou interromper esse desenvolvimento. A adultização, por sua vez, coloca crianças e adolescentes em situações para as quais não estão emocionalmente preparados, comprometendo seu crescimento saudável.
2.2. A influência da internet
Ano após ano, a internet vem desempenhando um papel fundamental na sociedade moderna, influenciando praticamente todos os aspectos da vida cotidiana dos indivíduos, oferecendo oportunidades significativas para o aprendizado, socialização, entretenimento e comunicação. Para Guimarães (2023, p. 314), “do surgimento dos computadores até os dias de hoje poucas década se passaram, todavia, as alterações decorrentes desses avanços tecnológicos impulsionaram mudanças determinantes na sociedade.”, gerando novos meios de comunicações e de passatempos.
Estes meios de relações sociais são, portanto, ferramenta essencial que molda a forma como vivemos, trabalhamos e nos divertimos. Guimarães (2023), também ressalta que o surgimento e desenvolvimento dessas tecnologias digitais de comunicação se apresentam como um dos fatores principais da acelerada evolução, sendo descritas por uma revolução digital, tornando-se cada vez mais um atrativo para todas as idades, principalmente para as crianças e adolescentes devido a sua ampla diversidade de conteúdos e interações. Como a oferta de jogos online, vídeos, redes sociais e plataformas de compartilhamento de conteúdos. A internet proporciona uma experiência envolvente que pode capturar a atenção e o interesse dos jovens. Guimarães conclui que:
O surgimento da Internet e das redes sociais nas últimas décadas se apresenta como um dos últimos passos da revolução digital, sendo que impulsionaram novos hábitos na vida das pessoas, de tal forma que pensar em uma vida sem a Internet e as redes sociais torna-se uma tarefa difícil, ou mesmo impossível para as novas gerações. (Guimarães, 2023, p. 316).
A presença de crianças e adolescentes na internet nas redes sociais significa que muitos têm acesso a uma vasta diversidade de informações e interações em idades cada vez mais precoces. Plataformas, como as redes sociais, permitem que este público infantojuvenil explore conteúdos variados, conectem-se com amigos e compartilhem aspectos de suas vidas. Essas interações podem facilitar o desenvolvimento de habilidades tecnológicas e promover uma maior capacidade de comunicação e criatividade. No entanto, também introduzem riscos relacionados à privacidade, à segurança e à saúde mental.
A exposição constante a conteúdos digitais pode levar a uma série de efeitos adversos para as crianças. Araújo, Cestari e Aguiar (2019, p. 05), destacam que, “Nos dias atuais vivemos sobre uma forte cultura midiática, que se caracteriza como um forte poder de influência, sendo capaz de imprimir valores comportamentais, de estilo, saúde e consumo dentro de uma sociedade.”. E a pressão para se adequar a padrões de beleza e comportamentos idealizados, frequentemente promovidos nas redes sociais, pode causar problemas de autoestima, ansiedade, dentre outros.
A comparação com figuras públicas ou colegas, muitas vezes idealizados, pode resultar em uma percepção distorcida da própria imagem corporal e das expectativas sociais. Além disso, a facilidade com que informações pessoais podem ser compartilhadas e a possibilidade de interações com estranhos aumentam o risco de cyberbullying e a exploração online.
A falta de filtros adequados para a faixa etária apropriada é outra preocupação constante, pois, pode resultar na exposição a informações inadequadas para a faixa etária de jovens e crianças, como pornografia, violência e discurso de ódio. Yano e Ribeiro (2011), salientam que ambientes muito erotizados podem gerar incômodos à criança, podendo se configurar uma forma de violência contra ela, gerando tal imposição que dificulta a manifestação da sexualidade infantil e ainda levando a criança a reproduzir o comportamento sexual adulto em suas próprias brincadeiras.
A exposição a material sexualizado, violento ou enganoso pode impactar negativamente o desenvolvimento psicológico, emocional e moral dos jovens usuários. Criança e adolescente são envolvidos precocemente e introduzidos nessa sociedade de consumo, refletindo hábitos, atitudes e comportamentos espelhados de adultos, tornando-se o centro da vida social, o que se torna tóxico. (Ferreira e Ribeiro, 2022). Além disso, há o risco da interação com estranhos. A facilidade com que as crianças podem se comunicar com pessoas desconhecidas por meio das redes sociais e plataformas de chat aumenta o risco de contato com predadores e indivíduos mal-intencionados. Essas interações podem levar a situações de exploração e abuso, na maioria das vezes, sem o conhecimento dos pais ou responsáveis.
Sendo assim, vale ressaltar que a interação das crianças com a internet e as redes sociais deve ser moldada por diversos fatores, incluindo a supervisão dos pais, ou responsáveis, ao acesso a dispositivos digitais, e a educação sobre o uso seguro da tecnologia. Para que assim saibam manusear esta ferramenta, uma vez que:
É importante mencionar que nós assumimos a posição de que a web e outros componentes da internet são extremamente informativos e úteis. Esta é uma tecnologia à qual queremos que nossos filhos tenham acesso e saibam como manusear. Ela é extremamente educativa e quase indispensável na sociedade atual. Como qualquer outro avanço tecnológico, ela terá alguns aspectos negativos, mas eles não devem, de forma alguma, ser considerados como barreira à continuação dos avanços e à aprendizagem de crianças e adultos sobre a grande utilidade e valor. (Strasburger, Wilson e Jordan, 2014, p. 326).
Para amenizar riscos e maximizar benefícios, é fundamental que os pais, responsáveis e educadores promovam uma abordagem equilibrada e informada ao uso da tecnologia, incentivando práticas de navegação segura e discutindo abertamente os desafios associados ao ambiente digital. Assim, é possível garantir que crianças e adolescentes usufruam dos recursos digitais de maneira construtiva e saudável, enquanto se protegem de seus potenciais efeitos adversos.
2.3 O dever da família
Com a popularidade das redes sociais e da internet na sociedade atual, a dependência quanto a utilização desses meios se tornou algo comum. Essas fontes de informações, relacionamentos e produções de materiais digitais, passa m ser indispensáveis nos mais diversos setores da vida social, seja no trabalho, no lazer, na vida familiar ou pessoal. Segundo Guimarães:
As redes sociais, progressivamente, angariam mais usuários e tornam- se uma constante na vida das pessoas. Seja pela mera comunicação com outras pessoas, para ter conhecimento relativamente às atualidades, ou para obter conhecimento sobre algum tópico de interesse, as redes sociais assumem papel de grande relevância na vida das pessoas e, especialmente, das crianças e adolescentes. (Guimarães, 2023, p. 316).
Contudo, é necessário considerar os aspectos negativos que essas ferramentas podem causar se utilizadas inadequadamente. Em crianças e adolescentes os riscos estão na exposição ao cyberbullyinge a conteúdos inadequados para a faixa etária. Entre os idosos, há uma maior ocorrência de fraudes e fake news, que pode causar a esse público danos psicológicos e, principalmente, financeiros. Embora a internet e os seus variados meios ofereçam inúmeros benefícios a toda população, é essencial estabelecer restrições para prevenir esses riscos, especialmente para as crianças e adolescentes que ainda não possuem uma compreensão completa dos perigos envolvidos no uso desta ferramenta. Ferreira e Ribeiro (2022, p. 159).), salientam que, “a nova infância digital mostra como a criança vivencia essa fase de forma positiva e negativa, o que pode acarretar problemas futuros, por isso os pais devem ser conscientizados acerca dos limites da exposição dos filhos ao mundo virtual.”. Destaca-se, assim, o papel da família no acompanhamento do acesso das crianças e adolescentes aos mais variados conteúdos da internet, principalmente, às redes sociais.
Partindo disso, vemos que a família tem papel crucial para a orientação da utilização desses meios tecnológicos, compreendendo os riscos que as crianças podem correr diariamente. Segundo Guimarães, “é imposto aos pais e representantes dos infantes uma atuação positiva no sentido de garantir a efetiva proteção as crianças e adolescentes, sua guarda e proteção em ambiente digital.” (Guimarães, 2023, p. 324).
Entende-se assim a importância de estabelecer regras sobre o tempo de uso e os tipos de conteúdos acessados pelos mais novos, pois “o avanço da tecnologia, revelou a vulnerabilidade do público infantil cada vez mais incentivado pelos adultos a se mostrar nos espaços digitais” (Ferreira e Ribeiro, 2022, p. 159). A ausência de limites pode promover o desequilíbrio entre o tempo online e outras atividades, como estudos, exercícios físicos e interações pessoais.
Será papel dos pais e responsáveis ensinar como manusear este instrumento tecnológico e suas funcionalidades, promovendo o diálogo aberto com as crianças e os adolescentes e a confiança para que se sintam à vontade em compartilhar suas preocupações e experiências vivenciadas online, esclarecendo sobre os riscos associados ao uso dessas plataformas. Como Ferreira e Ribeiro ressaltam, “a família tem um papel importante no controle do conteúdo a ser postado nas redes, visando compartilhar de forma qualitativa os momentos de sua vida particular, evitando assim a exposição de sua intimidade.” (2022, p. 165).
Ao adotarem uma abordagem proativa e informada com as crianças, as famílias podem ajudar a garantir que seus filhos aproveitem ao máximo as oportunidades oferecidas pela internet e as redes sociais de maneira segura e construtiva. Visto que “cabe aos responsáveis familiares conscientizar os riscos que podem trazer, tanto para pais como para a criança.” (Ferreira e Ribeiro, 2022, p. 172). Guimarães também reforça que:
Os pais e representantes legais devem, portanto, orientar, supervisionar e garantir que os infantes utilizem as redes sociais de forma segura, de modo a minimizar a possibilidade que a exposição das crianças e dos adolescentes enseje situações de desconforto, angústia, constrangimento ou humilhação. (2023, p. 323).
Além disso, é crucial educar as crianças e os adolescentes sobre a importância da privacidade e da segurança online. Os pais ou responsáveis devem ensinar a não compartilharem informações pessoais, como dados de identificação, endereço, número de telefone e dados bancários, explicando os conceitos de senhas e autenticações aos quais não devem ser informados, a fim de proteger suas contas pessoais.
Isto posto, também se verifica a necessidade de alertar acrianças e adolescentes sobre os riscos associados a predadores online, nas plataformas de comunicações e, até mesmo, em jogos online, incluindo exploração sexual, encontros virtuais, compartilhamento e exposição de imagens íntimas e, até mesmo, abuso físico e risco de sequestro. Desta forma, destaca-se:
A necessidade de incluir, na atenção aos adolescentes, informações e aconselhamento sobre o uso da internet para manifestação da sexualidade, esclarecendo os riscos e estratégias que visem à segurança desse grupo no uso das tecnologias e mídias sociais, garantindo-lhes desfrutar com autonomia dos seus direitos sexuais. (Santos et al., 2021, p. 08).
Os responsáveis “devem zelar pela incolumidade psicoemocional, moral e física das crianças e adolescentes em atenção à autoridade parental que lhes é incumbida” (Guimarães, 2023, p. 322), abordando o tema do comportamento ético e respeitoso online, protegendo a privacidade alheia, evitando disseminar informações falsas (Fake News) e respeitando a diversidade étnica. É importante que as crianças e os adolescentes entendam as consequências do cyberbullying e a necessidade de tratar os outros com respeito e empatia, ainda que no ambiente virtual, assim como no real, pois:
As experiências negativas vividas nessa época de vida podem se tornar verdadeiros traumas na vida adulta, e a família por ser o primeiro meio social do indivíduo, com uma educação informal, tem um papel importante nesse desenvolvimento com o processo de socialização. (Ferreira e Ribeiro, 2022, p. 171).
É importante ressaltar que é dever da família, da sociedade e do Estado lhes proporcionar um ambiente sem discriminação, exploração ou violência, conforme previsto no art.227 da Constituição Federal:
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (BRASIL, 1988, Art. 227).
Ressalta-se ainda, que “os pais e representantes dos infantes devem agir de modo a resguardar as crianças e adolescentes sob sua tutela, notadamente mediante a curadoria do conteúdo acessado e criado na Internet e redes sociais.” (Guimarães, 2023, p. 322), a fim de promover um bom desenvolvimento de todas as capacidades dos jovens e crianças, na tentativa de evitar desencadear problemas psicológicos e comportamentais na vida adulta.
A família deve ser o modelo de comportamento digital responsável. As crianças tendem a imitar os hábitos dos adultos, por isso, é importante que os pais ou responsáveis demonstrem uso equilibrado e consciente da internet e das redes sociais. Além de promover outras atividades que não sejam as que envolvem o mundo virtual, como ressaltam Ribeiro e Ferreira, “a família deve criar tempo, passeios, espaços para fugir um pouco desse meio virtual, a criança deve perceber que a sua saúde mental precisa de descanso das telas, que sinta falta e possa cobrar um momento familiar sem tecnologia” (2022, p. 174). Ao seguirem essas diretrizes, e outras descritas mais adiante, os responsáveis podem ajudar a preparar as crianças e adolescentes para navegarem no mundo digital de maneira segura, responsável e produtiva.
2.4 Promovendo um Ambiente Virtual Educacional
A internet é uma ferramenta versátil, e está se tornando cada vez mais indispensável na vida de milhares de brasileiras/os, propiciando a utilização de seus meios como forma de pesquisa e educação. Por meio da internet, e dos canais de comunicações, como sites de notícias online, podcasts e, até mesmo, as redes sociais, recebemos informações nas palmas de nossas mãos, nos smartphones, por exemplo, tudo de maneira ágil e prática, dispensando meios de transmissão de informação considerados ultrapassados atulamente, como TV e jornais impressos.
Cada vez mais a internet vem revolucionando o modo de viver na nossa sociedade, possibilitando novas evoluções como, por exemplo, de como recebemos e transmitimos conhecimentos, assim como novas formas de ensino que podem ser conduzidas a partir destas tecnologias. Ao oferecer uma série de recursos e informações, a internet permite que o seu público acesse um vasto conhecimento de forma rápida e resumida, adaptando suas pesquisas, a partir de suas necessidades e interesses.
Por ser uma ferramenta ampla, esta tecnologia também oferece oportunidades no que se refere ao estudo e a capacitação profissional, possibilitando que seus usuários utilizem de plataformas online para estudos, como cursos de educação a distância, ampliando, desta forma, as oportunidades de ensino para pessoas que não podem realizar estas atividades presencialmente. Para Faqueti e Ohira, os recursos da internet no ambiente educativo pode contribuir no desenvolvimento de novas posturas educaconais, a partir do seu conhecimento técnico, para que assim, possa ser explorada adequadamente (2005, p. 47). Visto isso, é importante ressaltar que este meio facilita o acesso à educação em qualquer lugar e a qualquer momento, proporcionando novas opções de educação, quando exploradas adequadamente.
Partindo disso, incentivar o uso de recursos educacionais e produtivos da internet pode direcionar as crianças e os adolescentes para experiências positivas online, agregando a sua forma de pesquisa e estimulando a busca por novos conhecimentos. A internet tem o potencial de promover um ambiente educacional sadio, estimulando o aprendizado de forma acessível e flexível a crianças e jovens. Vale a dada importância dos pais ao oportunizarem estratégias e métodos para propiciar a educação por meio destas ferramentas.
Segundo Strasburger, Wilson e Jordan (2014), a internet pode ser uma ferramenta eficiente de aprendizagem, que pode facilitar o desempenho acadêmico pois, este meio social possibilita uma aprendizagem de forma interativa, fugindo da educação tradicional, possibilitando aos estudantes novas experiências quanto a educação e a forma de se aprender. Estimulando cada vez mais o interesse e a curiosidade a partir de novos métodos de ensino.
Visto isso, entende-se que a internet e os meios de comunicação, até mesmo as redes sociais, transmitem diversas informações, atualizações, e conhecimentos sobre o mundo que vivemos. Sendo utilizadas de maneiras adequadas, são meios importantes para o desenvolvimento da nossa sociedade, proporcionando a circulação de conhecimentos, dados, notícias, mensagens, com um alto desempenho. Proporcionando, não apenas para os mais jovens, mas todas as idades, benefícios significativos.
Esclarece-se assim, a importância de utilizar esses meios a favor da evolução digital, para propostas positivas que incentivem cada vez mais crianças e adolescentes a buscar pelo conhecimento, estimulando as áreas com as quais se identificam e desenvolvendo cada vez mais habilidades digitais que são essenciais no mundo contemporâneo. Pois, “a internet é, sem sombra de dúvida, uma ferramenta inovadora e excitante pra informação e educação (Strasburger, Wilson e Jordan, 2014, p. 345)”, apresentando cada vez mais, novos meios de obter sabedoria.
A internet, quando utilizada de maneira correta e estratégica, gera benefícios significativos, tornando a educação mais acessível e dinâmica. A orientação quanto a este uso, para crianças e adolescentes, é indispensável, procurando sempre a promoção de um desenvolvimento infantil saldável, com recursos adequados para as respectivas faixas etárias, transformando diferentes modos de se aprender em algo atrativo e prático.
Portanto, a internet e seus recursos possuem a capacidade de revolucionar o modo como compreendemos e aplicamos a educação, tornando-a mais atraente para as novas gerações. Destaca-se assim, a importância dessa ferramenta em uma sociedade em constante evolução, que exige a adaptação de novos meios para conduzir o processo de construção de conhecimentos. Ao destacar as gerações futuras, que utilizarão destes recursos, a internet pode ser considerada como uma nova perspectiva de educação e de construção de conhecimento.
3 METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa e de caráter exploratório, que tem, como objetivo, identificar se, e como, as mídias, principalmente a internet e as redes sociais, promovem o desenvolvimento precoce da sexualização infantojuvenil. Como metodologia, foi utilizada a revisão bibliográfica a partir de busca por produções científicas em bases de dados de produções científicas. Para tanto, foram realizadas buscas em banco de dados de produções científicas, tendo, como descritores, as palavras chaves: sexualização infantil; sexualização; criança e internet; redes sociais e crianças; o uso das redes sociais; hipersexualização; adultização; sexualização precoce; a influência das mídias; internet e mídias.
Nas primeiras buscas, foram encontrados 27 artigos, sendo separados de acordo com os critérios de seleção e de exclusão. Para a seleção dos artigos foram levados em conta o ano de produção, dando prioridade a documentos mais atualizados, e que, se adequassem com a proposta do tema em questão, visando documentos científicos publicados em revistas brasileiras.
Primeiramente, foi realizada uma análise dos materiais, organizando-os e interpretando-os, visando a proposta temática a ser seguida nesta pesquisa. Efetuada a seleção, foram eliminados os artigos que não estivessem de acordo com os critérios descritos. Após identificadas, as produções foram lidas e analisadas individualmente para, posteriormente, serem agrupadas conforme resultados obtidos.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Segundo estudo realizado pela CETIC (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação) que é responsável pela produção de indicadores sobre a Internetno Brasil, sendo referência para a elaboração de políticas públicas sobre tecnologias como computador, internet e dispositivos móveis, ligada ao comitê gestor da internet no Brasil, com o apoio da Unesco, destaca que, em 2023, o acesso à internet no Brasil chegava a 84%, o que representa 156 milhões de pessoas conectadas no país, gerando um crescimento significativo, já que, em 2022, este índice era de 81% (CETIC, 2023).
Esse aumento é atribuído a diversos fatores, incluindo a expansão de pessoas conectadas nas plataformas de comunicação e a popularização de dispositivos móveis na nossa sociedade. Além disso, a pandemia de COVID19 acelerou ainda mais essa tendência, com um crescimento no uso de serviços online para educação, trabalho remoto, comércio eletrônico e entretenimento para as famílias brasileiras.
A partir da pesquisa da Cetic, constatou-se que a maior parte da população brasileira utiliza a internet e os seus meios de comunicação atualmente, sendo um atrativo para as demais faixas etárias e para diferentes propósitos, devido a sua natureza versátil e atrativa, principalmente para crianças e adolescentes. Segundo Guimarães (2023, p. 317), “Diante das numerosas possibilidades ofertadas por esse novo cenário digital, paulatinamente crianças e adolescentes passam a se inserir em plataforma sociais como YouTube, TikTok e Instagram e consumir conteúdo de diversas formas.”.
A pesquisa realizada pela NortonLifeLock(2022), empresa de segurança online que ajuda na defesa contra criminosos cibernéticos, permitindo que famílias tenham limites saudáveis da tecnologia, que contou com o relato de mais de mil brasileiros com a idade superior de 18 anos, aponta, em seu relatório de segurança, que 42% dos brasileiros confiam em seus filhos para navegarem online sem o monitoramento apropriado. Este, indubitavelmente, trata-se de um dado alarmante, uma vez que já estão evidentes os riscos à exposição aos conteúdos inadequados da rede.
Embora destacado esses dados, a mesma pesquisa relatou que 82% dos brasileiros acreditam que é difícil manter as crianças seguras no ambiente online, e 93% concordam com a importância de se conversar com os filhos sobre segurança cibernética. Mas, apesar de estarem cientes sobre como o ambiente online pode ser propenso a certas inseguranças e riscos para crianças e adolescentes, muitos não adotam medidas para proteger esses usuários.
Outro estudo realizado pela CETIC (2023), revelou que a internet faz parte da rotina de 95% das crianças e adolescentes de 09 a 17 anos de idade no país. Segundo a pesquisa, o primeiro contato com as telas também acontece cada vez mais cedo, ainda na primeira infância. Em 2023, 24% dos entrevistados disseram ter começado a se conectar à internet antes dos 06 anos de idade, gerando um aumento significativo comparado com o ano de 2015, com o percentual de 11%. A partir deste estudo, realizado pela CETIC, observa-se que a inserção de crianças nos meios sociais e na internet está ocorrendo cada vez mais precocemente. Segundo o mesmo estudo, constatou-se que 14% dos meninos e meninas (com idade entre 11 e 17 anos), usuários da rede, alegaram ter visto imagens ou vídeos de conteúdo sexual online nos 12 meses anteriores à realização da pesquisa, e 8% afirmaram terem se sentido incomodados após o contato com esse tipo de conteúdo. Além da exposição a esse material, 24% dos meninos e 12% das meninas afirmaram já terem recebido mensagens de cunho sexual pela internet, sendo que 15% se disseram incomodados com essa exposição.
Outra pesquisa desenvolvida pela Central Nacional de Crimes Cibernéticos da Safernet, organização não-governamental, que atua em defesa dos direitos humanos, recebeu número recorde de denúncias ao longo de 18 anos de funcionamento, e cerca de 71.867 novas denúncias de imagens de abuso e exploração sexual infantil online no ano de 2023. Os dados representam um aumento de 77% em relação ao ano de 2022, quando a central recebeu 40.572 denúncias (SaferNet Brasil, 2023). Ainda segundo dados da pesquisa citada, Thiago Tavares, fundador e diretor-presidente da Safernet, destaca três fatores para o para o aumento de denúncias de imagens de abusos e exploração sexual infantil. O primeiro, seria a introdução da IA (Inteligência Artificial), generativa para a criação desse tipo de conteúdo. O segundo, seria a proliferação da venda de “pacotes” com imagens de nudez e sexo autogeradas por adolescentes. E o terceiro, refere-se às demissões em massa, anunciadas pelas bigtechs, que atingiram as equipes de seguranças, integridade e moderação de conteúdos de algumas plataformas (SaferNet Brasil, 2023).
Diante disso, é importante destacar que são dados atualizados, e que a exposição está ocorrendo cada vez mais precocemente, desde a primeira infância, proporcionando diversos riscos e desafios que podem ocorrem nos ambientes virtuais. Esta exposição excessiva pode contribuir de forma negativa para a vida da criança e do adolescente, nos variados ambientes, até mesmo em jogos online.
Pereira e Dias exploram a experiência e as perspectivas de mulheres nos universos dos videogames e retratam violências sofridas em jogos online, “as mulheres trouxeram violências sofridas nos games, como a sexualização dos corpos, o assédio, a necessidade de proteção e cuidado nos espaços em que estão e a invalidação de seu potencial como jogadoras” (Pereira e Dias, 2023, p. 10), violências essas, já vividas no cotidiano fora dos jogos. Tais experiências evidenciam como as mulheres estão desprotegidas, até mesmo, em momentos de lazer, se tornando alvos de violências de diversas formas, sendo que, segundo as autoras citadas, “Pertencer ao gênero feminino em uma sociedade patriarcal pode acarretar diferentes desvantagens na vida de uma mulher, incluindo a vulnerabilidade diante de situações de violência e preconceito.” (Pereira e Dias, 2023, p. 02).
A partir desta pesquisa de Pereira e Dias podemos constatar violências sofridas por mulheres em ambientes virtuais. Sendo assim, podemos inferir sobre os riscos para crianças e adolescentes, uma vez que a generalização dos casos deve ser descartada, pois segundo descrito na pesquisa da CETIC, a porcentagem dos meninos é superior a das meninas quanto ao recebimento de mensagens de cunho sexual. Alertando-nos que, tanto meninas, quanto meninos, estão propensos à vulnerabilidade online, quando não utilizados os meios apropriados.
Isto posto, vale ressaltar que, apesar de apresentar os multíplices riscos da exposição de crianças e adolescentes, aos conteúdos inapropriados da rede, este estudo não tem a intenção de descartar a utilização das mídias da internet, incluindo as redes sociais, mas, sim, de alertar que a utilização deve seguir regras e supervisão de responsáveis adultos, em conformidade com a faixa etária. Ressalta-se que é possível buscar o equilíbrio entre o acesso à rede e o atendimento às demais necessidades de crianças e adolescentes. Para tanto, apresentam-se as sugestões de Glöckler, Hübner e Feinauer (2020) para uma educação responsável em relação às mídias para crianças dos primeiros anos do ensino fundamental, com faixa etária entre cinco e nove anos.
Primeiramente, faz-se imprescindível estimular a criança a cultivar amizades, praticar esportes e aprender a tocar algum instrumento… Esta medida pode corroborar com a prevenção ao vício em jogos eletrônicos, ao assédio e ao bullying virtuais, evitando que os conteúdos nocivos afetem as crianças. Outra medida inegociável é a restrição absoluta a aparelhos com telas no quarto infantil. E, mesmo em outros ambientes domésticos, deve haver limites de tempo de exposição a telas, sendo de, no máximo, de 30 a 45 minutos por dia, mas não diariamente, Crianças devem permanecer em frente a telas digitais (tevê, tablet, computador), no máximo, por cinco horas semanais. Pois, segundo os autores supracitados, um tempo de exposição a telas superior a cinco horas semanais, pode prejudicar as habilidades de leitura e cálculo.
O ideal é que crianças entre 6 e 9 anos não utilizem computadores, tampouco, acessem à internet, mas, caso seja inevitável, que isso ocorra com acompanhamento constante de uma pessoa adulta e responsável. É importante conversar com a criança sobre os conteúdos acessados, fazendo a leitura da conveniência do conteúdo para seu desenvolvimento. Isto reforça a autonomia responsável da criança. No entanto, caso esse acompanhamento não seja viável, é possível configurar os aparelhos eletrônicos para limitar conteúdos e tempo de utilização diária ou semanal. Lembrando que, mesmo com restrições, alguns sites e streamings contêm imagens e propagandas inadequadas para crianças.
Glöckler, Hübner e Feinauer (2020) também oferecem dicas para o amadurecimento saudável de adolescentes na utilização de mídias. Segundo os autores, assim como com crianças, não é recomendado o acesso a computadores no quarto da/o adolescente. O ideal é que o computador, caso haja, fique em ambiente de acesso coletivo, como a sala de estar, por exemplo. Destacando que o acesso individualizado à rede, por computador, tablet ou smartphone, não ocorra antes dos 12 anos de idade. E, a partir dessa idade, sempre com restrições de acesso e limite de tempo. Sugere-se que, entre os 10 e 16 anos, o limite de tempo de acesso não ultrapasse sete horas semanais, sendo este tempo ampliado progressivamente, conforme amadurecimento da/o adolescente. Importante ressaltar que, no período da noite, os tablets e ou smartphones devem permanecer fora do quarto da/o adolescente.
Lembrando que, assim como é dos pais e ou responsáveis, o controle e supervisão do acesso às mídias, por crianças e adolescentes, também são eles que responderão por quaisquer implicações negativas que o acesso irresponsável possa ocasionar ao público infantojuvenil. Por essa razão, ressalta-se a importância de seguir estas, e outras medidas, importantes para a proteção moral, psíquica e, inclusive física de crianças e adolescentes. Ou seja, para um crescer saudavelmente, sempre que possível, evite passar o tempo em frete às telas.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os estudos revelam que a internet e os meios de comunicação desempenham um papel crescente na vida das/os brasileiras/os, no entanto, desempenham papeis negativos quanto a utilização indevida desses meios para crianças e adolescentes. Destaca-se, assim, a importância de se pesquisar sobre esse tema, que vem se tornando cada vez mais impregnado em nossa sociedade, influenciando,, até mesmo o modo como vivemos, tornando a internet e as redes sociais parte do nosso dia a dia.
Não se pode negar que, ao longo dos anos, a nossa sociedade foi se moldando de acordo com o crescimento das novas tecnologias, que vêm facilitando o modo como recebemos noticias e informações, nos divertimos e, também, como nos conectamos. Por ser uma ferramenta multifuncional, sua utilização pode variar de propósitos. Isto nos leva a refletir sobre os riscos que podemos enfrentar ao utilizar este meio sem o mínimo de conhecimento e percepção de segurança. Ressalta-se, assim, a importância de uma consciência crítica em relação ao que consumimos na internet.
Partindo disso, pode-se destacar a vulnerabilidade de crianças e adolescentes quanto a utilização dos diversos meios sociais e da internet, despertando preocupações sobre os riscos associados ao uso indevido desta ferramenta, e o que pode causar ao desenvolvimento infantil. Com este contínuo avanço das tecnologias, atualmente, o ambiente virtual está cada vez mais atraente, até para os mais novos, sendo utilizado, inclusive, para o entretenimento de bebês. O que torna o uso cada vez mais precoce, inclusive entre bebês e crianças.
A partir dos resultados obtidos, é possível compreender que as crianças e os adolescentes estão cada vez mais desprotegidos no ambiente virtual, estando expostos a diversas formas de conteúdos, sem a supervisão adequada dos pais e ou responsáveis. Esta exposição excessiva, desde muito cedo, pode gerar consequências significativas para a vida adulta do indivíduo, além de os deixar vulneráveis para diversas formas de violências e predadores online.
Entende-se assim, que as crianças que utilizam essa ferramenta sem a supervisão, adequada estão expostas a uma variedade de conteúdos, já que muitas delas ainda fazem uso das contas de seus pais, o que as torna ainda mais vulneráveis, tendo acesso a informações que não condizem com a sua faixa etária, incluindo, principalmente, conteúdos de natureza adulta. Esta exposição pode levar a criança a adotar comportamentos condizentes com fases de desenvolvimento mais avançadas ou, até mesmo, a serem expostas a representações que não abarcam sua idade. Além disso, o uso excessivo dessa ferramenta pode causar diversas consequências negativas para o desenvolvimento global da criança e do adolescente.
É importante destacar que, conforme foi destacado nas pesquisas, isso pode afetar não apenas o desenvolvimento psicológico, como também o cognitivo, uma vez que uma criança que não brinca, não exerce sua imaginação ou não interage com os demais, perde momentos preciosos de sua infância, deixando de explorar plenamente suas capacidades, causando, de certa forma, uma perca significativa em seu desenvolvimento, quando não, uma interrupção.
Atualmente, as crianças estão ingressando cada vez mais cedo no mundo virtual, e muitas se apresentam como influenciadores mirins. Isso pode fazer com que elas deixem de realizar atividades saudáveis, como brincar e explorar, para se dedicarem a uma vida de trabalho online. Além da exposição precoce, essas crianças ou adolescentes, que acabam tendo sua infância comprometida, também podem sofrer pressão psicológica ao se preocuparem com atividades que não são apropriadas para sua idade, sendo sobrecarregadas com responsabilidades para criar conteúdos ou até mesmo atender às expectativas de seus seguidores.
Muitas crianças e adolescentes já possuem perfis nas redes sociais desde o nascimento, o que as influencia a permanecerem cada vez mais presas e imersas no mundo virtual, normalizando atividades que não pertencem a sua faixa etária e, muitas vezes, gerando impactos negativos que podem refletir ao longo de suas vidas. A exposição a padrões de beleza e ao sucesso são as mais comuns, o que pode gerar sentimentos de inferioridade aos que não se enquadram nesses padrões, muitas vezes irreais, frustrando e prejudicando aqueles que não alcançam tal fama/sucesso. Isso resulta em uma percepção distorcida de sua própria realidade e pode alimentar uma rivalidade ou insatisfação com a própria situação atual.
Destacam-se também os comportamentos adquiridos pelo uso desses meios que, muitas vezes, influenciam crianças e adolescentes a buscarem validação externa, gerando diversas comparações e idealizações de perfis sociais e também pessoais. A busca por tendências, como também novos comportamentos e estilos de vida, tendo como objetivo conquistar seguidores, leva ao consumo voltado para a aparência e a exibição online. Isto, muitas vezes, influencia os jovens a adotarem uma certa sexualização ou até mesmo uma hipersexualização para se enquadrarem aos padrões definidos e se inserirem em um determinado grupo.
Toda essa exposição e a adoção de comportamentos excessivos, muitas vezes que não condizem com a idade do indivíduo, resultam em uma autoimagem distorcida, construída apenas para agradar pessoas que idealizam perfis considerados “descolados” ou “perfeitos”, que seguem os padrões da atualidade e as consideradas tendências. Essa realidade é cada vez mais comum entre os jovens da nossa sociedade, afetando-os com o autojulgamento constante e gerando sentimentos de inferioridade, insegurança e problemas com a autoestima, o que prejudica seu desenvolvimento social e emocional.
Portanto, com base nos estudos, é possível destacar que a criança e o adolescente expostos, desde muito cedo ao ambiente online, sem monitoramento adequado dos pais e ou responsáveis, são influenciados a se adequar aos padrões estabelecidos pela sociedade, tornando-se mais suscetíveis à sexualização precoce. Esse indivíduo, ao estar imerso em um ambiente inadequado para sua faixa etária, absorve informações e situações, sem qualquer filtro sobre o que pode ou não ser acessado. Assim, muitas vezes, são motivado a seguir os padrões que existem nesse meio, adotando comportamentos visualizados no mundo virtual.
Entende-se, assim, que criança e adolescentes podem interpretar como adequado o que está exposto nesse ambiente, sem ao menos questionar, ou mesmo não serem capazes de perceber e diferenciar influências que podem ser negativas em suas vidas. Sem uma percepção clara do que pode ou não impactar em seu desenvolvimento, sendo expostas a diversas situações com as quais pode, ou não saber, lidar.
Compreende-se que uma criança que cresce nesse meio, sem os limites adequados ao uso dessa ferramenta, torna-se mais suscetível a enfrentar certos desafios para se adaptar a essa nova era digital, recorrendo à sexualização de sua imagem para se ajustar aos padrões, pois é comum entrarmos na internet ou, principalmente, nas redes sociais e encontrarmos crianças de 12 anos “sensualizando” em suas fotos e vídeos a fim de uma adequação social.
Isto posto, vale destacar que este estudo não busca desconsiderar o papel da internet e dos meios sociais no desenvolvimento social e cultural, uma vez que constituem tecnologias importantes para a vida em sociedade, facilitando o dia a dia dos indivíduos e, quando utilizada da maneira adequada e segura, pode ser uma ótima ferramenta para a socialização e educação, promovendo oportunidades de aprendizagem, desenvolvimento e conexão. Mas vale destacar que, para a utilização saudável desta ferramenta, deve-se entender que os pais e reesposáveis devem desenvolver um rotina presente na vida da criança ou do adolescente, ajudando e conscientizando sobre o uso seguro deste meio, estabelecendo limites para que crianças e adolescentes possam estar seguras ao adentrar ao mundo virtual.
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1Discente do Curso Superior de Licenciatura em Pedagogia, da Universidade Estadual do Paraná, Campus Paranaguá. e-mail: suwelly.pich@unespar.edu.br
2Docente Colaboradora do Colegiado de Pedagogia, da Universidade Estadual do Paraná, (UNESPAR) – Campus Paranaguá. Doutora em Educação em 04/2017 (PPGE/UFPR). e-mail: iare.cooper@unespar.edu.br