GESTÃO ESCOLAR E FAMÍLIA: O DESAFIO DE UMA PARCERIA PARA UMA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

REGISTRO DOI:10.69849/revistaft/th102411271657


Karla Patrícia da Cunha Lima[1]


RESUMO

Este artigo abordará a reflexão sobre algumas pesquisas que comprovam a existência de que uma boa relação de reciprocidade e parceria da gestão escolar, em especial na Educação Infantil, com a família, resulta na qualidade do atendimento. Como análise dos resultados, foi observado que é possível identificar as dificuldades das famílias e ajudá-las a qualificar o trabalho educativo, a partir do bom serviço e prestatividade de uma boa gestão escolar. Diante disso, este trabalho é resultado de uma pesquisa de campo e bibliográfica do processo de interação escolar e família, mediada pela gestão escolar sob uma perspectiva de sucesso na qualidade de educação.

Palavras Chave: Gestão Escolar, Educação Infantil, parceria, família.

ABSTRACT

This article discusses the reflection on some research that prove the existence of a good relationship of reciprocity and partnership of school management, especially in kindergarten, with family, results in the quality of care. As analysis of the results, it was observed that it is possible to identify the difficulties of families and help them qualify educational work, from good service and helpfulness of a good school management. Thus, this work is the result of field research and literature of school and family interaction process, mediated by school management under a prospect of success in the quality of education.

Key words: School Management, Early Childhood Education, partnership, family.

1. INTRODUÇÃO

Este artigo tem como objetivo mostrar a escola em sua ampla conjuntura de funções dos seus componentes que permite a participação e existência de um profissional especificamente voltado a observar, direcionar e planejar coletivamente com a equipe e comunidade escolar quais ações são de fato relevantes para o sucesso do ensino-aprendizagem. Alguém que dentre outras finalidades seja capaz de informar-se e manter informada a sua equipe de trabalho fazendo com que sejam sempre intensificados os objetivos e metas da Instituição de ensino garantindo desde a sua objetividade à implementação de propostas educativas mais favoráveis

O gestor escolar democrático, deve exercer no espaço da autonomia que lhe foi conferida, seu papel de elemento-chave na orientação e gerenciamento dos resultados do desempenho escolar obtidos frente às ações devidamente planejadas pela equipe escolar. Na verdade, ele, no seu exercício específico de profissional articulador e mobilizador da equipe escolar, devem estar continuamente vivenciando suas atividades intencionais sempre voltadas para a melhoria do andamento da escola.

Este trabalho consiste em um estudo de caso com base em um projeto de intervenção acerca da participação e atuação da família no Centro Municipal de Educação Infantil Vera de Pádua Macieira do município de Codó, Estado do Maranhão. O trabalho teve duração de quatro meses. Para tanto utilizou-se como suporte teórico necessário as pesquisa de Paro (2001) e Demo (2001) além de referências como LBD (1996), Libâneo (2001) Luck (2005) a fim de discutir melhor a questão da participação da família na escola.

A gestão democrática, como política de gestão escolar, deve ser assumida pelas escolas como necessária ao trabalho pedagógico, visto que por meio da participação conjunta de pais, alunos e comunidade escolar, é que pode-se construir um projeto escolar que de fato promova educação e aprendizagem.

Considerando-se que em nossa escola a participação das famílias ainda é pouca e que na escola campo, esta participação dificultava o trabalho da gestão, tomando ainda a gestão democrática como referência, é que realizou-se a referida pesquisa acerca desta temática, na perspectiva de chamar as famílias para dentro da escola e perceberem como se desenvolve a educação de seus filhos.

Neste sentido, esta pesquisa se propõe a chamar atenção, sobretudo das famílias, para a necessidade de participação na escola e das atividades por ela desenvolvida, como forma de contribuir mais para com a educação de seus filhos, nossos alunos.

Portanto, o objetivo principal desta pesquisa é de possibilitar a participação das famílias na escola, oportunizando momentos de reflexão sobre a importância de seu papel nas atividades escolares dos alunos, que é parte integrante do PPP da escola, fazendo com que esta participação torne-se um meio facilitador do trabalho da gestão, aproximado assim, os pais à vida escolar de seus filhos.

2. GESTÃO DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

A LDB em seu Artigo 29 assegura que a Educação Infantil como a primeira etapa da Educação Básica, “tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até cinco anos de idade em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementado a ação da família e da comunidade”. Dentre os marcos legais que regem a educação brasileira estão a Constituição Federal de 1988 Art. 205 e o Estatuto da Criança e do Adolescente Lei n.º 8.069, de 1990 Art. 53, os quais assim como a LDB garantem o direito a educação como fundamento para o pleno desenvolvimento do sujeito.

Nesse sentido, considerar-se dentro da perspectiva interacionista waloniana, que é no contexto familiar que o “eu subjetivo” constitui-se. A escola por sua vez apresenta-se como sendo responsável pela formação do “eu social”. Reciprocidade esta, que vem a favorecer a constituição do sujeito completo, uma vez que é o meio da inter-relação dinâmica entre escola e família que se constitui a “pessoa completa” (Santos, 2011).

Diante disto, o estudo em questão com base nos pressupostos legais, bem como na literatura referenciada, acredita que se faz necessário que a escola e a família estabeleçam uma relação de reciprocidade para que o desenvolvimento do sujeito efetive-se integralmente. Uma vez que na sociedade contemporânea o processo educativo não pode se dá “descontextualizado do movimento

interdependente entre orgânico e o social, entre a ‘emoção’ e a ‘cognição’” (Santos, 2011, p. 94). É nesse sentido que acredita-se que a equipe gestora educacional tem papel basilar quando se trata de criar condições para que a inter-relação entre escolafamília concretize-se em favor da formação da “pessoa completa”, pois “a educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana (…)” (Art. 1º da Lei 9394/1996).

Ressalta-se, entretanto, que a discussão que ora se apresenta tem como pretensão abordar a inter-relação escola-família para além dos seus aspectos organizacionais legais, ou seja, não se cogita que a relação entre estas instituições se estabeleça apenas através da participação da família como membros dos conselhos e/ou associações escolares.

O que se busca é que essa inter-relação fundamente-se no pressuposto de que o processo educativo ultrapassa os princípios curriculares ele acontece na interdependência deste com os aspectos subjetivo e social que são parte constitutiva do sujeito, uma vez que ele faz parte de uma rede de inter-relações sociais, na qual os fenômenos psicológicos estão intrinsecamente ligados aos processos sociais. Com essa perspectiva o marco que norteará a proposta será a teoria psicogenética walloniana, uma vez que o ponto de vista interacionista walloniano:

Considera o desenvolvimento da pessoa completa integrada ao meio em que está imersa (…). A pessoa é vista como o conjunto funcional resultante da integração de suas dimensões, cujo desenvolvimento se dá na integração de seu aparato orgânico com o meio predominantemente social (Dourado e Pradini, 2002, P. 01).

Buscou-se também um suporte teórico em Freud e Vygotsky, uma vez que em seus pressupostos encontrou-se um paralelo a partir do qual foi possível esboçar uma analogia com os princípios teóricos de H. Wallon. Sob a perspectiva psicogenética e interacionista, a teoria walloniana aponta que o biológico e o social são indissociáveis, consequentemente, o sujeito deve ser compreendido com um ser completo, ou seja, em seus aspectos orgânicos e sociais, emocionais e cognitivos. É nesse sentido que sua teoria fala na psicogênese da “pessoa completa” (Galvão, 2010; Mahoney; Almeida, 2004; Nascimento, 2004). A psicogênese da “pessoa completa” tem como finalidade compreender o desenvolvimento do sujeito por meio das relações estabelecidas no âmbito de suas vivências. Logo, há que se “privilegiar a pessoa em sua totalidade, nas suas expressões singulares e na relação com os outros” (Nascimento, 2004, P. 47). Nesse sentido, observar a dinâmica social e como ela afeta a conduta do sujeito é, de acordo com Mahoney (2010) imprescindível quando o que se busca é considerar as concepções dos sujeitos educadores acerca da constituição da pessoa enquanto ser completo. Em face disso, a discussão fundamentar-se-á nas perspectivas afetiva walloniana e freudiana, cuja variável problematizada foi inter- relações afetiva entre educador-educando, considerando o educador como sendo o grande outro, ou seja, o referencial de identificação, uma figura marcante a qual o educando transmite – de forma implícita ou explicita – seus interesses positivos e/ou negativos (Kupfer, 1995). Não sendo, pois, o sujeito passivo no processo de sua formação, de acordo com a “concepção sociocultural de desenvolvimento” vygotskyana:  

A criança não [deve] ser considerada isolada de seu contexto sociocultural (…). Seus vínculos com os outros fazem parte de sua própria natureza. Deste modo, nem o desenvolvimento da criança, nem o diagnóstico de suas aptidões, nem sua educação podem ser analisados se seus vínculos sociais forem ignorados (Ivic, 2010, p. 32).

Por meio do entrelaçamento entre o sujeito e seus vínculos com os outros, é que serão constituídos seus “valores, vontades, interesses, necessidades, motivações que dirigirão escolhas e decisões ao longo da vida” (Mahoney, 2010 p. 18), estas relações de valores têm seu fundamento na emoção. Acreditando, pois, que a infância é o período crucial para a constituição da “pessoa completa”, uma vez que é na “(…) infância aparece como um período determinante para a formação da pessoa” (Jolibert, 2010, p. 15) segundo explicitam as concepções teóricas walloniana e freudiana. Em face disto, a relação estabelecida entre os sujeitos no contexto escolar é fundamental para que o processo transcorra positivamente em favor dessa formação, visto que, depois da família a escola é a segunda instituição socializadora do sujeito.

O que se buscou nesses embasamentos foi, com base na observação, identificar no processo pedagógico cotidiano, indícios práticos que demonstrassem quais as concepções dos sujeitos educadores que favorecem a constituição do ser enquanto pessoa completa. Entenda-se como sujeitos educadores, os pais e/ou responsáveis, bem como todos os que constituem a comunidade escolar: gestor; coordenador pedagógico; professor; coordenador de disciplina; porteiro; auxiliares em geral. Visto que a escola na voz dos seus sujeitos está cotidianamente desenvolvendo ações educativas por meio das inter-relações estabelecidas entre educadores e educandos, as quais podem tanto surtirem implicações positivas com também negativas para a constituição do sujeito enquanto “pessoa completa”. Contudo, salienta-se que os sujeitos educadores foco do estudo são os que constituem a equipe gestora do Centro Municipal de Educação Infantil Vera de Pádua, loco da pesquisa, bem como os pais e/ou responsáveis. Não será, pois, descartada a colaboração dos demais educadores, uma vez que levar-se-á em conta os possíveis relatos elencado no decorrer da pesquisa e a contribuição para o presente estudo. Considerando, pois, que os fenômenos psicológicos estão intrinsecamente ligados aos processos sociais, Caetano (2003, p.07) aponta que, a intervenção pedagógica a estas questões, deve ser no sentido de considerar a necessidade do educando, de vivenciar reflexões que lhes possibilitem a reconstrução da autoestima, afim de que se sintam primeiramente compreendidos e não acusados, recepcionados e não rejeitados, pela instituição escola, além de (…) fazê-los sentir-se reconhecidos e fortalecidos enquanto parceiros nesta relação.

Cabe as instituições de ensino garantir que a democracia seja o fundamento basilar da gestão educacional, no sentido de que no processo educacional básico contemple as especificidades do contexto institucional educativo, como está disposto no artigo 14 da LDB nº 9394/96, no qual estão assegurados os princípios de gestão democrática:

Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios:

  1. – participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola;
  2. – participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes.

É com base nos pressupostos aqui elencados que o trabalho foi delineado. Para tanto, tomou-se como base discursiva a teoria walloniana, no sentido de refletir a constituição da “pessoa completa” no âmbito de um contexto educacional democrático (Freitas e Pilla, 2006; Lück, 2011). Serão consultados ainda os pressupostos freudianos e vygotskyano, uma vez que encontrou-se neles um aporte a partir do qual foi possível esboçar uma analogia com os princípios teóricos de H. Wallon (2007-2008).

Nessa pesquisa questiona-se: qual o papel da equipe gestora no processo de inter-relação escola-família no âmbito da educação infantil Vera de Pádua Macieira? Como a instituição educacional estabelece o diálogo com as famílias dos educandos, a fim de aprofundar a inter-relação entre as instituições e a comunidade escolar em favor da constituição do sujeito em seus aspectos emocionais e cognitivos? Almejando alcançar tal intuito, busca-se saber qual a concepção pedagógica da gestão escolar acerca da relevância da integração escola-família para a constituição do sujeito? Quais ações são promovidas pela equipe gestora, conjuntamente com os professores da Educação Infantil, visam favorecer a inter-relação entre a escola e as famílias? Como a família concebe a importância de sua integração com a escola para a constituição do sujeito enquanto ser completo?

Sendo, pois, estas instituições a base da formação do indivíduo, destaca-se com base nestes argumentos a relevância do estudo aqui proposto, em função de sua relevância para o contexto socioeducacional, sobretudo, para o âmbito da gestão educacional democrática da Educação Infantil, e Freitas e Pilla (2006, p. 18-19) ressalta que o diálogo amplo e transparente são, pois, os caminhos para mobilizar pessoas, garantir e efetivar a qualidade social da educação, uma vez que, além de cuidar da dimensão ética do conhecimento coletivo, têm, também, o potencial para cuidar dos aspectos afetivos das relações interpessoais e das próprias pessoas, propiciando o respeito pelas individualidades, pela lealdade do coletivo, pela cooperação e pela autonomia.

Em face disso, Lück (2011, p.61) discorre que “a partir dessa dinâmica interativa compreende-se que, mediante uma atuação participativa em seu contexto, a pessoas, ao mesmo tempo, contribui tanto para a construção deste contexto como para seu próprio desenvolvimento pessoal, como ser humano e cidadão”.

3. A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NA ESCOLA

A família é a instituição primaz no que se refere à educação, pois é dela que se origina a base pedagógica do ato de aprender e da ação da educativa. É primeiramente na família que o indivíduo vivência, juntamente com os afetos e cuidados, o saber aprender, que logo depois vivência também nas instituições de ensino.

Neste sentido, o processo de educação escolar vem auxiliar e aliar-se ao processo de educação iniciado no seio da familiar, de modo que juntas Escola e Família resultam na garantia de uma prática educativa que de fato promova ensino e produza bons resultados na formação de cidadãos.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Básica (LDB) de 1996 reconhece que

“A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana (…) e nas movimentações culturais” (art. 1º da Lei 9394/1996). Evidenciando assim, legalmente a base familiar. Porém, um dos grandes desafios das instituições de ensino na atualidade no Brasil, refere-se exatamente, a pouca participação da comunidade, e, sobretudo das famílias, na gestão e nas etapas de ensino desenvolvidas nas escolas.

A partir dos anos 80, o movimento em favor da descentralização e da democratização das escolas públicas, encontrou grande apoio e incentivo, através das reformas educacionais e nas proposições do legislativo. A partir do reconhecimento da importância de democratiza a escola, tornando-a assim, participativa, é que se institucionaliza, sob a forma de leis, a participação de todos e principalmente da família na gestão e organização das escolas. E a consolidação dessas leis se efetiva quando em 1996 é aprovada a lei de diretrizes e bases da educação básica (lei nº 9394/96).

A família é a principal mediadora dos padrões e dos modelos sociais e culturais, além de ser a primeira instancia de proteção e do bem estar da criança. É na família que nascem valores, crenças, ideias e significados já existentes na sociedade.

4. O TRABALHO DE CAMPO E A PESQUISA REALIZADA

Para a realização desta pesquisa, tomamos como modelo de análise o Centro

Municipal de Educação Infantil Vera de Pádua Macieira, do município Codó, Maranhão. A referida escola foi fundada no dia 25 de abril/1986 tendo, portanto 29 anos de trabalho pedagógico. Está localizada em um bairro de periferia na cidade, e possui um público de crianças um pouco carente.

A escola atende a alunos de Educação Infantil nos turnos dos matutino e vespertino. A unidade possui oito salas de aula, sendo uma delas a sala da direção, e as outras almoxarifado e uma pequena biblioteca para as crianças já terem intimidade com a leitura. A escola possui uma infraestrutura física de corresponda ao seu projeto pedagógico, foi reformada há dois anos, em destaque tem um campo de futebol, um pequeno parquinho, e banheiros adaptados, além de uma boa biblioteca, um refeitório e área de lazer apropriada com areia.

Durante a pesquisa, observou-se vários problemas que se agravavam, sobretudo pelas dificuldades de relação entre Família/Escola, pois ambas não encontravam um ritmo de sincronismo necessário a prática pedagógica. Nesta escola percebeu-se que a família se mantinha distante ou mesmo ausente da vida escolar dos filhos, trazendo com isto, uma série de problemas relacionados à aprendizagem. Claro que se destacavam-se alguns bem assíduos e preocupados com o desenvolvimento dos seus filhos, buscando sempre estar em parceria com a gestão escolar, mas isso em pouco número.

Neste sentido, procurou-se promover na referida escola, ações que pudessem resgatar dos pais a importância de estar presente na vida escolar dos filhos, e ainda assim colaborar com a comunidade escolar no gerenciamento e desenvolvimento de suas atividades educativas. E como ação prática promovemos a reestruturação do PPP com a ajuda dos pais e responsáveis.

Para o desenvolvimento deste trabalho os pais e responsáveis pelas crianças matriculadas na escola foram convocados à unidade escolar de modo que realizamos quatro grandes reuniões no decorrer de três meses, das quais tivemos uma significativa participação dos mesmos, totalizando um bom número da presença dos pais. Além disso, foram realizados debates sobre o PPP, palestras, oficinas, confecção de panfletos para incentivar a participação da família na escola, distribuição dos panfletos e por último uma exposição de relatórios das atividades, totalizando quatro meses de trabalho de intervenção.

A partir desses encontros com os pais colocou-se em questão o problema a ser discutido e a sua necessidade de superação, como forma de melhorar e qualificar a aprendizagem dos alunos, colocando como pressuposto fundamental a necessidade de sua participação e de seu envolvimento nas ações a serem desenvolvidas pela escola. Todas essas atividades tiveram como objetivo principal chamar atenção dos pais e responsáveis para a necessidade do empenho familiar na caminhada escolar de seus filhos e o quanto a comunidade escolar necessita de apoio para o cumprimento de suas atividades educativas.

A partir dessas atividades observou-se que houve uma significativa melhora no que se refere à participação dos pais na vida escolar dos filhos e no cotidiano da escola. Como incentivo a esta participação criou-se, na escola, o caderno de visitas, onde se registra a presença dos pais a cada nova visita, e como retribuição a esta participação na escola, os pais que mais tiverem visitas a escola, ganharão um presente.

Outra ação desenvolvida com os pais foram as oficinas. Onde as crianças produziam bilhetes e cartazes para serem entregue aos seus pais e responsáveis a cada visita.

Os debates, também tiveram grande participação das famílias, visto que todas as discussões tiveram como foco principal assuntos relacionados à educação de seus filhos, assuntos dos quais todos puderam falar e opinar. Como resultado, tivemos grandes debates. Os debates aconteciam durante as reuniões feitas.

Com o desenvolvimento deste trabalho percebe-se um maior empenho familiar e um maior interesse pelas discussões promovidas pela escola. A cada nova convocação de reunião na escola, observar-se, o empenho em participar e o interesse em querer saber do desempenho dos filhos na escola por parte dos pais.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em seu seu contexto, a educação compõe-se de princípios normativos viabilizadores para o desenvolvimento psicossociocultural e econômico do educando. Educar exige muito mais que conhecimento demasiado dos conteúdos curriculares exige em maior instância segurança, compromisso e afinidade do educador, assim como o reconhecimento das habilidades do educando como meio de priorizar um ensino mais consistente.

Tendo como perfil idealizador a construção de uma nova visão a respeito de uma educação de qualidade, é correto afirmar que o presente trabalho trouxe contribuições significativas à nossa formação pessoal e profissional. Saber que tais pesquisas, leituras e debates realizados foram bem-vindos ao seio escolar onde se desenvolveram as observações das experiências da escola e família tornou-se cada vez mais gratificante, sendo esta uma análise definida pela escola acolhedora diante da intervenção e auto prática.

Quando a escola e a família conseguem manter uma relação de parceria harmônica sem perder de vista o melhor desempenho do filho/educando. Fazem-se laços de conquista, significados e estimulo natural indispensável à vida do educando. Embora se descubra que na escola-campo onde se realizou a intervenção ainda falta muito para que de fato se concretize a ideia de Gestão Democrática e participativa como um todo.

O sucesso das etapas desenvolvidas no decorrer deste trabalho trouxe novas perspectivas para visão da escola a respeito da atuação familiar e da família para com o meio escolar uma vez que estabelecidas a necessidades do vínculo família/escola/escola/família passou-se a verificar um maior comprometimento de ambas em relação ao educando. Embora, este ainda não seja o nível de aproximação necessário para a escola, os educandos, os professores, a gestão, a equipe e a comunidade escolar de modo geral.

A escola diante da forte incumbência a qual lhe é proposta precisa estar atentamente voltada às necessidades do seu alunado procurando ainda repercutir os anseios de sua comunidade escolar de modo a trazê-los à tona sobre a importância da participação de cada um de seus componentes rumo a uma educação mais significativa.

A pesquisa de campo realizada no Centro Municipal de Educação Infantil Vera de Pádua, após quatro meses de intensa pesquisa teórica/prática nos trouxe inúmeros resultados dos quais pode-se caracterizá-los como positivos considerando-se nossa situação inicial. Conseguiu-se, após longo trabalho de pesquisa, discussões e debates, reestruturar o PPP e assim traçar, como ajuda da comunidade escolar e com os pais, o perfil de nossa escola de modo que se facilitaram os trabalhos da mesma.

Conseguimos chamar atenção dos pais para a necessidade de sua presença na vida escolar de seus filhos. Como resultado a presença das famílias foi, sem dúvida, um dos grandes aliados neste processo sem o qual não teríamos conseguido realizar todas as atividades propostas no projeto.

A ideia do caderno de visitas também tem continuado e avançado com êxito, pois tem retribuído às participações das famílias na escola e servido como incentivo cada vez mais para a continuação dessa presença.

As discussões, debates e estudos realizados no decorrer desta pesquisa, também foram de grande valia, promoveram crescimento para a comunidade escolar em geral. A participação dos pais neste processo, sem dúvida, foi o grande motivador para a continuação e conclusão desta pesquisa. Através das discussões podem-se coletar novas opiniões e perceber um pouco mais como as famílias pensam e refletem o papel da escola, retomando com isto, nossas perspectivas pedagógicas e nosso trabalho na gestão.

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[1] Pedagoga pela Faculdade Venda Nova do Imigrante- FAVENI, especializada em Supervisão Escolar, e Educação Infantil e  Anos iniciais, professora no Centro de Educação Infantil Vera de Pádua Macieira no município de Codó, Estado do Maranhão