O IMPACTO DAS MÍDIAS SOCIAIS SOBRE A CONSTRUÇÃO DA AUTOIMAGEM MASCULINA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202411251353


Amanda Liz Valadares Dos Santos1; Vitória Teixeira Lampert2; Yuri Adriano Luz Vitorino3; Me. Maria Elisa Magalhães Albuquerque Souto Ribeiro3


Resumo: Este artigo apresenta uma revisão narrativa sobre o impacto das mídias sociais na construção da autoimagem masculina, com ênfase nos efeitos prejudiciais da exposição contínua a padrões corporais idealizados. Uma revisão bibliográfica qualitativa, baseada em estudos nacionais revelou que esses padrões, amplamente divulgados nas plataformas digitais, contribuem significativamente para a insatisfação corporal, baixa autoestima e o desenvolvimento de transtornos psicológicos, como ansiedade, depressão e distúrbios alimentares, entre homens jovens. A análise crítica dos dados evidenciou que a representação masculina nas mídias sociais reforça estereótipos de beleza hegemônicos, gerando pressões estéticas e psicológicas. Além disso, observou-se que essas pressões afetam negativamente o bem-estar emocional e a autoconfiança dos indivíduos, comprometendo sua saúde mental e qualidade de vida. Essa pesquisa contribui para uma compreensão acerca das dinâmicas entre mídias sociais, identidade de gênero e saúde mental, fornecendo subsídios para políticas públicas, intervenções acertadas, estratégias preventivas e ações educativas significativas.

Palavras-chaves: mídias sociais; autoimagem masculina; percepção corporal.

Abstract: This article presents a narrative review into the impact of social media on male self-image, emphasizing the detrimental effects of prolonged exposure to idealized physical standards. A qualitative literature review based on national and international studies revealed that these widely disseminated digital platforms significantly contribute to body dissatisfaction, low self-esteem and the development of psychological disorders, including anxiety, depression and eating disorders among young men. Critical data analysis showed that social media reinforces hegemonic beauty stereotypes, generating aesthetic and psychological pressures. Furthermore, these pressures negatively affect individuals’ emotional well-being and self-confidence, compromising their mental health and quality of life. This research enhances understanding of the dynamics between social media, gender identity, and mental health, providing insights for public policies, effective interventions, preventive strategies and meaningful educational initiatives.

Key-words: social media; male self-image; body perception

1. INTRODUÇÃO

No cenário pós moderno muito se discute sobre mídias sociais e como elas influenciam na percepção corporal dos indivíduos, como consequência o tema tornou-se relevante no contexto acadêmico. A pressão para alcançar padrões de beleza inatingíveis, promovidos principalmente nas plataformas digitais, têm gerado impactos significativos na saúde mental e no bem-estar psicológico das pessoas.

A exposição repetida a imagens de corpos idealizados nas redes sociais pode aumentar a autoconsciência corporal, o que, por sua vez, pode estar associado a sintomas de ansiedade, depressão e transtornos alimentares (Tiggemann e Slater, 2014). Perloff (2014) aponta que a pressão social exercida por essas plataformas digitais estimula uma busca por padrões inatingíveis, o que intensifica a comparação social e afeta negativamente o bem-estar psicológico das pessoas.

A literatura acadêmica, como indicado por Grieve e Helmick (2008), sugere que esse fenômeno não se limita às mulheres, mas afeta também, de forma crescente, os homens. Diante disso fica evidente a importância de compreender os mecanismos pelos quais as mídias sociais influenciam na construção da autoimagem masculina.

A escolha deste tema surgiu da constatação de que a maior parte das pesquisas feitas sobre autoimagem foca nas mulheres, com menos ênfase nas experiências dos homens. Estudos como o de Pope et al. (2000) reforçam que, embora a pesquisa sobre insatisfação corporal em homens esteja em crescimento, ainda há muito a ser explorado em termos de como as redes sociais influenciam esses processos.

Diante disso, objetiva-se compreender a influência das mídias sociais sobre a construção da autoimagem masculina, e com base nos achados identificar os principais padrões de representação corporal veiculados pelas mídias sociais, bem como investigar o impacto desses padrões de representação na percepção individual de autoimagem.

2. A REPRESENTAÇÃO MASCULINA NAS MÍDIAS SOCIAIS E SEU IMPACTO NA AUTOIMAGEM

Esta revisão integrativa explora a intersecção entre a imagem corporal e a influência das redes sociais, com foco na autoimagem de jovens do sexo masculino. Alerta Murray et al. (2017) que a busca incessante por um corpo ideal pode levar a comportamentos prejudiciais à saúde, incluindo sobrecarga muscular e deficiências nutricionais. Para interesse deste estudo se faz necessário entender o que são: percepção corporal, mídias sociais e autoimagem.

2.1 Percepção Corporal Masculina

A percepção corporal é subjetiva para cada indivíduo e abrange diversos níveis como mental, físico e emocional, nesse caso é importante destacar que a percepção corporal que estamos falando está relacionada com a “apercepção” que o indivíduo tem de si e do seu corpo e isso inclui figurações e representações mentais (Secchi 2009; Camargo 2009; Bertoldo 2009).

A percepção corporal também varia conforme ocorrem mudanças no organismo, sociais, emocionais e cognitivas, já a auto imagem para Slade (1994) pode ser definida como a imagem do corpo construída em nossa mente, bem como as percepções, sentimentos e pensamentos relacionados ao próprio corpo. Carvalho e Neto (2012) complementam afirmando que o ser humano vai desenvolvendo e construindo sua imagem corporal desde o seu nascimento até sua morte, dentro de uma estrutura complexa, sofrendo modificações que implicam na construção contínua e reconstrução incessante.

Nesse sentido, Papalia (2013) declara que a adolescência é marcada principalmente por uma série de mudanças físicas que ocorrem em seu desenrolar, mudanças essas que todos os indivíduos passam, e que o ponto de partida para o início dessas mudanças é a puberdade e no período da adolescência elas ocorrem até a maturação sexual, a qual marca o início da vida adulta.

Segundo Papalia (2013) durante a puberdade, nos meninos os testículos aumentam a produção de androgênios, principalmente a testosterona, que estimula o crescimento dos órgãos genitais masculinos, da massa muscular e dos pelos do corpo, e esse aumento de hormônios pode ser considerado responsável pelas fortes variações de humor e sentimentos confusos que os adolescentes experimentam nessa fase do desenvolvimento. Todavia, ressalta-se que o corpo supera o caráter puramente biológico, manifestando-se também como expressão social, cultural, psicológica e religiosa (Ulian et al., 2016; Barbosa et al., 2011).

Durante a adolescência ocorrem muitas mudanças de cunho psicológico, emocional, e social. Essas últimas são desenvolvidas a partir das vivências do adolescente, com isso é importante destacar que o ambiente em que o adolescente está inserido contribui de várias maneiras para o seu desenvolvimento e para criação da sua autoimagem. No caso das modificações psicológicas e emocionais, elas estão relacionadas com as “mudanças dramáticas nas estruturas cerebrais envolvidas nas emoções, no julgamento, organização do comportamento e autocontrole” (Papalia, 2013).

A imagem que o sujeito cria de si mesmo vai interferindo em suas escolhas ao longo de sua vida e é a escolha original que determina o valor das causas e dos motivos que podem guiar nossas ações parcialmente. É o que permite o significado ao mundo (ERTHAL, 2004, p.71).

Essas percepções corporais sofrem variações de acordo com a fase da vida. Kamkhagi (2009) menciona que é mais complexo para o homem reconhecer o processo de envelhecimento, pois ele passa por um período de luto durante as mudanças físicas em que deixa de ser considerado forte e másculo pela sociedade, e com isso surgem as mudanças psíquicas que afetam sua percepção sobre si mesmo.

2.2 Mídias Sociais

As mídias sociais são ferramentas da internet que permitem o compartilhamento de conteúdos digitais geralmente criados pelos próprios usuários. Elas incluem aplicativos, “sites”, “blogs” e outros, e cada vez mais ocupam um papel central na vida das pessoas. Segundo pesquisas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2023), 92,5% dos lares brasileiros acessaram a internet, o que indica uma forte conexão de pessoas de todas as idades com o meio virtual para a realização de diferentes atividades.

Assim como o tempo, a forma de uso da internet varia nas diferentes faixas etárias e as influências provocadas pelo uso das redes sociais também sofrem alterações. Murari (2018) menciona que os adolescentes são o grupo etário mais suscetível de ser induzido por um ideal estético exposto pelas mídias sociais devido às mudanças complexas deste período da vida. Neste contexto de ideal estético ditado pela mídia, Silva (2018) e Magno (2018) afirmam que atualmente a internet e as redes sociais possuem um grande poder de manipulação, possibilitando a ditadura de um padrão de beleza que muitas vezes é inalcançável, e este padrão é reforçado pela sociedade ao desvalorizar os que não tentam ou não conseguem se enquadrar nele.

A mídia de comunicação em massa, como revistas, televisão e internet, está impregnada de imagens de corpos idealizados, magros, delicados e bem torneados, que geram comparações de aparência e interferem na percepção que construímos de nosso próprio corpo e, consequentemente, contribuem para a insatisfação que temos com ele. Essas imagens também podem promover ideais inalcançáveis de beleza, uma vez que se distanciam muito dos corpos da maior parte da população (Marcuzzo et al., 2012; Campos et al., 2016; Derenne & Beresin, 2006)

As mídias sociais fazem parte do cotidiano dos jovens pós-modernos, conforme a revisão sistemática de artigos feita por Abreu et al (2007) mostrou que eles passam uma média de 28 horas por semana conectados e consumindo conteúdos digitais, e que o público masculino fica mais tempo na internet do que o feminino. Murari (2018) discute que ao expressar ideais estéticos e modos de viver, a mídia influencia na construção de um padrão de corpo no inconsciente do sujeito e, principalmente, na adolescência esta imagem é introjetada e validada constituindo um valor, uma identidade.

Neste cenário recente em que a sociedade se encontra, Bauman (2004) define como era da modernidade líquida, pois segundo ele as relações sociais e a capacidade das pessoas amarem tanto a si próprias quanto às outras é afetada pelo uso das redes sociais, pois tudo se torna flexível, gerando uma sensação de insegurança constante.

Ao priorizar o relacionamento em redes virtuais, as relações passaram a ser construídas ou desfeitas com igual facilidade, e frequentemente sem que isso envolva nenhum contato além do virtual, impactando a capacidade de manter laços a longo prazo e tudo isso acaba afetando inclusive a capacidade do ser humano de se reconhecer diferenciando-se da sua persona virtual e propiciando a se tornar um ser cada vez mais individualista (BAUMAN, 2024).

Não se pode considerar as mídias sociais como algo externo a essa sociedade atual, pois esta é construída socialmente, feita pela e para as pessoas, nem deve se pensar em tecnologia como algo separado influenciando essa sociedade ou vice e versa, pois ambas se constituem mutuamente” (MACKENZIE E WAJCMAN, 1995 apud PRIMO, 2012 p.625).

No período de 11 de março de 2020 até dia 05 de maio de 2023, (Organização Mundial de Saúde, 2023), o mundo passou por uma pandemia denominada de COVID-19. Dentre muitos acontecimentos, decorrentes dessa pandemia, ocorreu um aumento no uso das redes sociais que gerou impactos na saúde mental dos jovens. Para Robinson et al. (2021), a pandemia funcionou como um catalisador de comportamentos obsessivos relacionados à imagem corporal e à alimentação, devido ao aumento da ansiedade e da solidão.

À semelhança do observado para a mídia tradicional, as redes sociais parecem exercer papel importante na construção e disseminação de padrões corporais idealizados, com potenciais repercussões negativas na autoimagem e na satisfação corporal. Nesse sentido, a compreensão desse fenômeno é de fundamental importância, uma vez que a insatisfação corporal pode desencadear doenças de ordem física e psíquica, como o desenvolvimento de transtornos alimentares, depressão, baixa autoestima, comparação social, ansiedade, aumento de cirurgias plásticas estéticas e diminuição da qualidade de vida (Holland & Tiggemann, 2016; Souza & Alvarenga, 2016).

Nessa circunstância, torna-se evidente a necessidade de uma abordagem multidisciplinar para enfrentar esses desafios. Profissionais de saúde, educadores e os próprios desenvolvedores de plataformas de mídia social têm um papel vital na promoção de uma imagem corporal saudável. De acordo com Rodgers et al. (2020) a realização de campanhas que promovem a diversidade corporal e a aceitação podem ser eficazes na redução do impacto negativo das redes sociais na autoimagem.

Silva (2019) aponta a autoestima como sendo uma porta de entrada para uma vida mais saudável. Seguindo este raciocínio, uma baixa autoestima pode interferir na qualidade de vida de maneira negativa. Nesse sentido, é fundamental a promoção de uma maior diversidade corporal nas mídias, bem como a implementação de políticas que restrinjam a publicação de conteúdos com filtros, que tragam imagens irreais, e que proporcionem comparações com o inalcançável.

A literatura sugere que a introdução de programas de educação digital nas escolas, focados em uma aprendizagem sobre a mídia e na construção de uma autoimagem positiva, pode ser uma ferramenta construtiva, conforme sugerem Levine e Piran (2019) quando afirmam que a educação midiática capacita os jovens a avaliarem criticamente os conteúdos que consomem, promovendo uma relação mais saudável com as redes sociais.

2.3 O Papel das Redes Sociais na formação da Autoimagem

O papel das redes sociais na formação da autoimagem e na construção dos hábitos alimentares dos jovens do sexo masculino constitui um campo de estudo relevante, pois as plataformas de mídia social, como o Instagram e o TikTok, estão repletas de imagens idealizadas e narrativas de vida perfeita, o que pode induzir a sentimentos de inadequação e ansiedade. Tiggemann e Slater (2014) destacam que a exposição contínua a esses conteúdos pode gerar uma distorção na autoimagem, onde o indivíduo passa a se comparar constantemente com padrões irreais.

Erthal (2004) explica que a autoimagem pode ser dividida entre o eu-real que é o que ele é conforme as capacidades que tem, e o eu-ideal que é o que ele gostaria de ser, suas pretensões e desejos, e quando essa imagem idealizada se torna muito distante da sua imagem real o sujeito passa a não perceber o sentido verdadeiro de sua vida, e ao entrar em uma rede social as pessoas se deparam com imagens que não existem, pois inúmeras pessoas tentam se mostrar por meio delas como um ser perfeito que é sempre lindo, que tem a maior quantidade de curtidas, que faz tudo melhor que os outros, assim acabam buscando alcançar uma perspectiva impossível de ser alcançada, o que gera sofrimento (ERTHAL, 2004, p. 79-80).

As redes sociais desempenham um papel significativo não apenas na modelagem da autoimagem, mas também dos hábitos alimentares dos usuários, e propiciam a comparação sem levar em conta que, o que se vê nessas redes nem sempre são a realidade. Conforme mencionado por Ronzoni

A exposição a conteúdos idealizados nessas plataformas pode contribuir para uma maior insatisfação corporal e preocupações com a alimentação, levando a comportamentos alimentares prejudiciais e distúrbios relacionados à imagem corporal (Ronzoni, 2023, p. 02).

Essa modelagem ditada pelas mídias sociais faz parte da história da humanidade e é marcada por padrões estéticos que se alteram de tempos em tempos e são diretamente influenciados pela cultura de cada país. Além disso, a cultura da validação social, amplamente presente nas redes sociais, contribui para a perpetuação desses transtornos.

O sistema de curtidas e comentários pode reforçar comportamentos nocivos, à medida que os indivíduos buscam aprovação através da exibição de corpos considerados ideais. Perloff (2014) sugere que essa dinâmica de validação contínua pode exacerbar a busca por um corpo perfeito, alimentando transtornos como a vigorexia e a ortorexia.

Atualmente com a integração global gerada pela internet, modificou a forma que é ditado esse padrão, pois ela permite uma mistura entre diversas culturas e se atualiza em tempo real, de certa forma que tem permitido a criação de um padrão de beleza global com o que está em alta no momento. Conforme Lima (2023):

Desde a antiguidade até a contemporaneidade é marcado pela imposição de padrões de beleza, quer seja na arte ou nas mídias sociais, o corpo foi e é constantemente modelado por diferentes perspectivas.

Perante essa informação, manifesta-se a necessidade de explorar a influência que as mídias sociais possuem na percepção da autoimagem masculina, pois o número de homens tentando atingir um padrão de beleza tem crescido cada vez mais com quadros de transtornos psicológicos e baixa autoestima. Conforme Aduz Woodruff:

Os estudos mostraram que homens e mulheres gastam em média 2,8 horas por dia nas redes sociais e esse uso está relacionado com problemas de distúrbios da imagem corporal e transtornos alimentares levando à baixa autoestima, pior saúde mental e maior vergonha do corpo (SANTAROSSA; WOODRUFF, 2017).

Portanto, são necessárias pesquisas adicionais que investiguem a relação entre redes sociais e autoimagem, assim como realização de intervenções destinadas a mitigar os impactos negativos dessas plataformas na saúde mental e física dos jovens com o objetivo de desenvolver intervenções mais eficazes e abrangentes por meio da abordagem integrada que envolva a sociedade como um todo.

2.4 Consequências Psicológicas

O uso excessivo das redes sociais tem consequências psicológicas profundas, afetando tanto a saúde mental quanto física. A constante exposição a imagens de corpos idealizados pode gerar insatisfação e frustração com o próprio corpo. Isso pode levar a uma busca infrutífera por um ideal inatingível, já que as imagens apresentadas nas mídias sociais frequentemente são manipuladas por aplicativos de edição. Essa busca incessante pode ter efeitos nocivos para a autoestima e o bem-estar geral.

… a compreensão desse fenômeno é de fundamental importância, uma vez que a insatisfação corporal pode desencadear doenças de ordem física e psíquica, como o desenvolvimento de transtornos alimentares, depressão, baixa autoestima, comparação social, ansiedade, aumento de cirurgias plásticas estéticas e diminuição da qualidade de vida. (Souza & Alvarenga, 2016, p.296)

A satisfação com a imagem corporal é um processo complexo que envolve aspectos biológicos, emocionais e psicológicos. Trata-se de um fenômeno multifacetado, composto por duas dimensões principais: a avaliativa, que reflete a discrepância entre o corpo atual e o idealizado, e a afetiva, que abrange o sofrimento emocional resultante dessa percepção. Essas dimensões interagem para influenciar a percepção individual sobre sua própria imagem corporal (Silva et al, 2020 apud Frost & Mckelvie, 2004).

A comparação social, especialmente relacionada à aparência, está intimamente ligada à insatisfação corporal. Essa comparação pode gerar prejuízos, a exemplo de: significativos, o aumento da baixa auto estima, ansiedade e depressão, desenvolvimento de transtornos alimentares, dificuldade nas relações sociais e sentimento de inadequação (Souza e Alvarenga, 2016).

Segundo Souza et al (2017, p.124 apud Erthal, 2004, p. 77) , a autoestima está ligada aos adjetivos que definem as características do “eu”. Quando o indivíduo se torna objeto de sua própria crítica, perde a capacidade de se ver como realmente é. A construção de uma autoimagem negativa pode obstaculizar o crescimento pessoal, pois frequentemente está acompanhada de sentimentos de ansiedade e depressão.

Consequentemente, a procura por cirurgias estéticas cresce constantemente como forma de atender ao padrão de beleza atualmente estabelecido. Essa tendência reflete a pressão social para se adequar a ideais de beleza, alimentados por expectativas culturais e mídias sociais. Citando Abbas e Karadavut (2017):

O trabalho realizado somente com indivíduos do sexo masculino, concluiu que o uso frequente das redes sociais, o maior tempo gasto na televisão e menores níveis de satisfação corporal foram fatores preditores para os homens desejarem realizar cirurgias estéticas, indicando que eles também são influenciados pelo conteúdo das redes sociais.

A exposição às mídias sociais tem várias repercussões negativas, incluindo aumento da insatisfação corporal, piora no humor, redução da autoestima e risco de desenvolvimento de transtornos alimentares. Essas consequências evidenciam o profundo impacto que os conteúdos das mídias sociais exercem sobre os usuários, influenciando sua percepção, autoestima e bem-estar emocional.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo buscou compreender a influência das mídias sociais na construção da autoimagem masculina, um tema relevante diante do impacto crescente das plataformas digitais na forma como os indivíduos percebem e avaliam seus corpos. A partir da análise bibliográfica, constatou-se que a exposição constante a padrões estéticos idealizados disseminados nas redes sociais contribui para sentimentos de insatisfação corporal, afetando a autoestima e desencadeando transtornos como ansiedade, depressão e distúrbios alimentares.

Embora a literatura acadêmica tenha historicamente focado na experiência feminina, os achados deste estudo confirmam que os homens também enfrentam pressões significativas relacionadas à aparência. As redes sociais intensificam a comparação social e reforçam padrões inalcançáveis, influenciando negativamente a autoimagem masculina. Assim, a hipótese inicial de que essas plataformas afetam a percepção corporal dos homens foi constatada, destacando a urgência de ampliar o debate sobre esse fenômeno.

Para avançar no entendimento desse tema, é fundamental que futuras pesquisas considerem variáveis como idade, cultura e contexto social, utilizando instrumentos de coleta de dados mais robustos, como questionários específicos e entrevistas qualitativas. Essas abordagens podem aprofundar a compreensão dos mecanismos psicológicos envolvidos e trazer novas perspectivas para intervenções eficazes.

Além disso, torna-se indispensável a implementação de estratégias práticas que minimizem os impactos negativos das mídias sociais. Programas educacionais sobre o uso crítico dessas plataformas, campanhas que valorizem a diversidade corporal e políticas que promovam conteúdos mais realistas são iniciativas que podem contribuir significativamente para a promoção de uma relação mais saudável com o corpo.

Por fim, a responsabilidade de enfrentar esses desafios deve ser compartilhada por educadores, profissionais de saúde, formuladores de políticas públicas e desenvolvedores de plataformas digitais. Apenas com um esforço conjunto será possível criar um ambiente online mais inclusivo, que valorize a diversidade e promova o bem-estar emocional, mitigando os efeitos prejudiciais das mídias sociais sobre a autoimagem masculina.

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1Bacharel em direito pela Faculdade Católica Dom Orione (FACDO) e graduanda do curso de psicologia da faculdade UNINASSAU/TO. E-mail: amanda.lvds@icloud.com

2Graduanda do curso de Psicologia da faculdade UNINASSAU/TO. E-mail: lampertvitoria@gmail.com 3 Graduando do curso de Psicologia da faculdade UNINASSAU/TO. E-mail: yurivitorinops@gmail.com

3Doutoranda em Educação (UEL), Professora do Curso de Psicologia da faculdade UNINASSAU/TO. E-mail: elisamagalhaes@ifto.edu.br.b