CONSTITUIÇÃO DOS NÚCLEOS EDUCATIVOS EM MUSEUS NO BRASIL: CASO MUSEU DE HISTÓRIA JÚLIO DE CASTILHOS.

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202411241018


Paulo Navossat1


RESUMO 

O texto discute a constituição dos núcleos educativos em museus no Brasil, com foco no Museu de História Júlio de Castilhos. Os museus são apresentados como espaços com um papel social e educativo significativo, enfatizando a importância de planejar atividades que envolvam diversos públicos. Mesmo na ausência de programas específicos, os museus funcionam como ambientes educacionais por natureza. A liberdade dos visitantes em escolher o que ver e como interagir torna a experiência única e pessoal.

Desde 1939, o Museu de História Júlio de Castilhos tem recebido visitas escolares, com um aumento considerável de público ao longo dos anos. A gestão de Emílio Kemp, entre 1939 e 1949, foi fundamental para a sistematização das práticas educativas, promovendo visitas mediadas e a criação de museus escolares. O texto também menciona a influência de instituições internacionais na evolução do papel educacional dos museus após a Segunda Guerra Mundial, destacando a importância de contextualizar os objetos e promover a cultura em bases humanistas, contribuindo para a formação de uma identidade nacional.

Palavras-chave: Museus, Núcleo educativo, Júlio de Castilhos.

Museus no Brasil- Núcleos Educativos 

Como destaca Chagas (2009, p. 63), “tendo em vista sua especificidade sócio histórica, no Brasil, a relação entre identidade nacional e museus, dá-se com a chegada da família Real, com a criação do Museu Nacional, em 1818”. Mas foi durante a República Velha – na busca da construção de uma identidade nacional que unia os brasileiros – que foi construído um “projeto museológico voltado para a salvaguarda de uma cultura nacional”, complementa a autora. 

Ainda, o autor afirma que ao longo do século XX que o caráter pedagógico e de comunicação com o visitante foram tomando forma, “surgindo assim uma revisão das práticas museológicas, que atualmente mostram-se mais consistentes, uma vez que novos estudos de museologia nascem da defesa de se contextualizar os objetos” (Chagas, 2009, p.64), de maneira distinta dos museus que tinham a filosofia deixada pela Revolução Francesa. 

Como coloca em seu texto Morais (2022, p.53) que foi no contexto internacional essas mudanças acompanharam o surgimento de novas instâncias de fomento da cultura em bases humanistas, principalmente após a Segunda Guerra Mundial, com o surgimento da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), em 1946, do ICOM, no mesmo ano, e, posteriormente, em 1948, com a assinatura da Declaração Universal dos Direitos Humanos. 

Foi na primeira metade do século XX que intelectuais e profissionais da área debateram e refletiram sobre o papel dos museus e sua produção, a autora Morais (2022, p.55) cita alguns desses intelectuais: 

“Bertha Lutz (1933), José Antônio do Prado Valladares (1946), Heloísa Alberto Torres (1953), Florêncio Trigueiros dos Santos (1956), Guy de Hollanda (1958), Regina Real (1958), Roquette Pinto (1958), Edgar Sussekind de Mendonça (1958), Nair de Morais (1948), Sigrid Porto (1958), e também, o trabalho de Edgard Roquette Pinto que foi o idealizador do primeiro setor educativo, no Brasil, criado em 1927, como uma Seção de Assistência ao Ensino de História Natural, no Museu Nacional, com o objetivo de auxiliar a formação da educação escolar, oferecendo uma forma alternativa de ensino, centrado no objeto.” 

É um evento que marcou a discussão sobre o papel educacional dos museus foi o “Seminário Regional da Unesco” ocorrido no Rio de Janeiro em 1958, que contou com a presença dos intelectuais citados acima. 

Mais dois importantes eventos que tiveram como resultado relevantes propostas para a atuação dos museus, sua relação com o meio social e a função educativa. A mesa-redonda de Santiago do Chile, em 1972; e o seminário de Quebec, em 1984. O Seminário Regional da UNESCO sobre a Função Educativa dos Museus faz parte de um ciclo de eventos que tinha como objetivo pensar o papel dos museus na educação, bem como delinear alguns conceitos como museu, Museologia e museografia, reflexo de uma preocupação daquele período de definir as especificidades da Museologia (FARIA, 2014). 

De acordo com Ramos (2004, p.62), um dos principais problemas colocados, atualmente, aos museus está relacionado à realização de atividades pedagógicas, bem como essas instituições culturais podem estabelecer um diálogo com as escolas, tornando diferentes experiências museais mais “lúdicas e provocativas”. Nesse olhar, os museus se debruçam nas atividades pedagógicas como uma tarefa interna tão preciosa como a aquisição de acervos, manutenção dos itens, elaboração de exposições, pesquisa, entre outras realizações da instituição. 

Mas como aponta Braga (2017, p.3): “É preciso ficar claro que os museus são instituições culturais e promovem a educação pela via da cultura, proporcionando o encantamento, entretenimento, a provocação e o diálogo”. Como menciona Barbosa (2012, p.109) “a função social, atribuída ao museu, potencializa-o como um espaço de comunicação que, por sua vez, dinamiza suas ações educativas, que devem ser pensadas para envolver os diferentes públicos.” 

A autora ainda afirma que planejar e implementar atividades educativas são responsabilidades do educador de museu, que deve estar familiarizado e alinhado com os princípios que regem esse ambiente, assim como com as orientações da Política Nacional de Museus, garantindo que os museus sejam locais atrativos para os cidadãos brasileiros, incentivando sua frequência e a apropriação de todo o conhecimento disponível. Ao cumprir seu papel de preservar e exibir um patrimônio, o museu naturalmente exerce efeitos educativos. Mesmo sem um programa específico de atividades educativas, a instituição em si é um ambiente educacional. 

Um ponto colocado por Marandino (2008, p.44) – que complementa a importância educativa nos museus – se trata de: um ir “[…] além dos objetos, a liberdade parcial de escolha dos visitantes com relação ao tempo dedicado a uma visita ao museu e com relação aos percursos, a seleção do que ver e não ver, ouvir e calar, é específica nesse local.” O que nos conduz a uma interpretação única do visitante tornando a experiência educativa museal muito particular e singular levando o espectador a um imaginário que não se obtém em outros espaços educativos.

Assim como explica Martins (2011, p.46) o “contexto denominado ‘pessoal’ é  determinado pela somatória da carga genética individual e de todas as experiências  de vida por cada indivíduo, dessa forma o primeiro fator atuante em uma visita ao  museu, relacionado a esse contexto, são ‘motivações e expectativas pessoais’.”  Sendo que as motivações e expectativas como destaca a autora são colocadas  conforme a vontade de conhecimento que cada visitante/estudante que se satisfeitas realizam de forma positiva sobre o aprendizado nesses espaços. “Na medida em que  dois visitantes nunca possuirão as mesmas experiências de conhecimentos prévios,  o aprendizado em museus é altamente pessoal e único” (Falk e Storksdieck, 2005,  p.123). 

História Museu Julio de Castilhos

O MHJC está sediado na Rua Duque de Caxias n° 1231 em um complexo que  possui dois prédios, no centro de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. Como  menciona Souza (2014, p.15) o Museu foi fundado “[…] durante a administração de  Julio de Castilhos, Presidente do Estado do Rio Grande do Sul, [quando] surgiu a  ideia da fundação de um museu estadual a fim de que nele fossem reunidos objetos  que representassem as características do estado.” 

Foi no início do século XX que João José Pereira Parobé, então Secretário “Dos  negócios e obras públicas”, descrevia em seu relatório que Borges de Medeiros,  Presidente de Estado2 daria continuidade à ideia de levar adiante a construção do  Museu do Estado. Assim, chamou os intendentes municipais3 a participarem do  “concurso das municipalidades4”. Como descreve Souza (2014, p.15) “O objetivo do  concurso era recolher objetos ou coleções importantes ao museu Estadual que estava  sendo criado.”  

De acordo com a circular do dia 29 de março de 1903 (Souza, 2014, p.15). 

Em circular do Sr. Presidente datado de 29 de Março do corrente ano foi pedido o concurso das municipalidades para Fundação de um museu nesta cidade, fim para o qual vem consignada autorização no artigo 3º da Lei do orçamento. A iniciativa de medidas para a realização de tão útil ideia está tomada encontra apoio em toda parte. Os intendentes têm respondido a circular, aplaudindo a patriótica iniciativa e tomando o compromisso de adquirirem nos municípios objetos dignos de figurarem no museu Estadual. 

A partir do comunicado sobre a construção do Museu o Intendente da cidade  de Jaguarão encaminhou sua resposta:  

Dr José Alboim de Figueiredo, no seu ofício de resposta a circular, exprime se pela forma seguinte: o alevantado objetivo desperta tão vivo entusiasmo em todos aqueles que se devotam pelo progresso do Rio Grande do Sul, que está em tendência não pode reprimir as mais francas manifestações de aplausos ao governo de vossa excelência pela feliz ideia da criação de um museu estadual. 

Assim, para obtenção do Acervo o Governo do Estado junto aos Intendentes  Municipais procurava por cidadãos que possuíam objetos ou coleções à venda para  incorporar o que seria o acervo do Museu do Estado. As primeiras aquisições foram: 

Coleção de ovos de aves e pássaros do Estado pertencentes ao cidadão Afonso  Correia da Silveira. A intendência Municipal de Torres transmitiu oferecimento ao  cidadão Balbino Luiz de Freitas para vender ao estado uma coleção de artefatos  indígenas, constando de cem peças (Souza, 2014, p.16) 

Em 1904 as coleções aumentavam e foram adquiridas peças de Mineralogia,  Paleontologia, Etnografia, História Numismática entre outras. O Museu se localizava  nos pavilhões da Escola de Engenharia da então Universidade do Rio Grande do Sul,  em condições bastante precárias. Naquele momento, Francisco Simch – o então  diretor do Museu – solicitava a construção de um prédio próprio para a instalação do  Museu do Estado. 

Apesar da precariedade apontada, o Museu recebeu a visita do escultor Décio  Villares, que deixou uma mensagem no livro de visitas. 

Tendo visitado o museu do estado, temos satisfação em registrar a   excelente impressão que nos causaram a boa ordem dos serviços e a gentileza de seu diretor. 

Porto Alegre 22 de janeiro de 1904 

Décio Villares Felizardos Júnior  

Em 1905, devido às dificuldades do Estado para a construção de um prédio  para o Museu, tal projeto foi abandonado e surgiu a ideia da aquisição da casa onde  viveu Júlio de Castilhos com sua família. Em seguida o Palacete foi adquirido.  

Ao instalar o Museu na casa de Julio de Castilhos, Francisco Simch, em seu  relatório anual à Secretaria de Obras públicas, descrevia as condições do prédio no  momento da mudança (Souza, 2014, p.27):  

O edifício em que está definitivamente o Museu, com quanto excelente, tem, todavia alguns defeitos, que sem grande tardança, devem ser corrigidos.  

Apontarei entre eles os mais importantes: A estreiteza e pequenez de certas salas, a falta de luz em alguns cômodos e, sobretudo, a deficiência do espaço […].  

Por muitos anos o Museu seguiu fechado em condições de reformas, ora,  seus diretores reunindo mais coleções para as exposições e o festejo Farroupilha de  1935, mas em alguns momentos receberam visitas escolares como aponta CANEZ  (1998, p. 66).

Abaixo alguns comentários feitos por visitantes ao Museu foram “transcritos  no Relatório anual enviado à Secretaria de Obras Públicas” – o que demonstra a  importância dada pelo diretor a esta ferramenta avaliativa acerca dos serviços  prestados pelo Museu (Quadrado, 2021, p.44): 

Ao visitar o Museu do Estado levo d’elle uma excellente impressão e meus conhecimentos grandemente aumentados [sic]. 

Porto Alegre, 3 de Março de 1904. 3 6: 

Alberto Barcello 

Visitando em 23 de Março de 1904 o Museu do Estado, fiquei admirado de vêr já, em tão curto tempo, tanto trabalho feito, e feito debaixo de regra scientifica, principalmente a parte de mineralogia[sic]. 

Adolpho Mabilde 

De visita ao Museu do Estado e apreciando as diversas colleeções existentes, não posso furtar-me ao dever de consignar que achei tudo na melhor ordem e devida classificação. 

E Porto Alegre, 28 de Janeiro de 1904. 

Arnaldo Barbedo 

Con satisfaecion manifesto la impresion favorable que deja en spirito este museo que por su orden, sus classificaciones y inteligente direccion presajia 

para el Estado de Rio Grande do Sul un cen-tro de valiosa instruccion para su ciencia y sus progressos em pró de los cuales formulo mis mejores votos 

[sic]. Dr. Susviela Quarch 

Em 9-5-1904. 

Durante a gestão de Alcides Maya (1925-1939) o museu manteve-se fechado.  O MHJC permaneceu fechado à visitação pública durante os 14 anos da gestão de  Alcides Maya, recebendo apenas pesquisadores, principalmente no Arquivo  Histórico (Quadrado, 2022, p. 49). Entretanto, a partir de uma Portaria de Maya5,  datada de 16 de dezembro de 1936, podemos pensar que, em alguns momentos, as  visitas eram permitidas com a autorização do diretor. 

Para todos os fins, e de acordo com determinação administrativa superior, estão proibidas quaisquer visitas, sob qualquer pretexto, de habitantes da cidade ou forasteiros. As coleções estão fechadas, até poderem ser devidamente classificadas e expostas. Qualquer transgressão será antiregimental, e punível de acordo com as regras vigentes. Os pedidos de visita, por parte do professorado público, ou privado, para consulta às coleções, deverão ser encaminhados pela Secretaria ao Diretor (SILVA, 2018, p. 65). 

Já no ano de 1939, ao ser nomeado como diretor do Museu, apontou a  realidade das condições às quais estavam submetidos os acervos, descrevendo a  falta de organização, a desorganização quanto a classificação de acervos, além da  má condição de seu armazenamento, assim como os trabalhos que necessitavam de  boas condições da casa. (Souza, 2014, p.61)  

O novo diretor, então, inicia a reorganização das seções de: “Zoologia,  numismática, mineralogia, paleontologia, etnografía indígena objetos históricos e  arquivo histórico foi feito a limpeza, desinfecção e classificação mais adequada dos  objetos” (Souza, 2014, p.61). Após uma forte limpeza, os móveis de Julio de Castilhos  começaram a ser expostos. 

Depois de 14 anos sem receber visitas, o Museu passou a receber o público  durante as “terças e quintas das 14 às 17 horas”. No entanto, “[…] alunos da Escola  da capital podiam visitar o museu em horários diferenciados após a comunicação com  o diretor”. 

Tendo em vista que os museus são institutos de Cultura, esta direção intensa na frequência dos alunos das escolas primárias para o fim de serem ministrados os ensinamentos que a senhora as professoras julgarem necessários. Sinto-me feliz em comunicar a vossa excelência o êxito dessa resolução que alarga a ação Educacional do museu e também a da abertura à visitação pública que tem sido numerosa (Souza, 2014, p.62). 

Foi por meio do Decreto n° 790 de 15 de junho de 19436, que o Interventor  Federal, no uso de suas atribuições a ele conferidas dá nova organização a Secretaria  de Educação e Cultura. 

Artigo 3º do Capítulo 2 o museu exercerá as suas finalidades educativas empregando os recursos a seguir: I – pelas suas coleções de exposição; II pelas suas coleções de consulta; III- pela realização de conferências  públicas; IV-por meio de aulas de especialização e aperfeiçoamento de  caráter essencialmente prático, ministradas em ambiente adequado, a escolha dos técnicos e com permissão do diretor.  

O referido Decreto mudou a direção do Museu no que tange ao seu papel  potencialmente educativo. Diante desses fatos é evidente a responsabilidade de  Emílio Kemp na produção de uma abertura à comunidade escolar – o que fez com  que, atualmente, o MHJC recebe escolas do Rio Grande do Sul e do resto do Brasil.

 Núcleo educativo no Museu de História Júlio de Castilhos 

No caso do Museu de História Julio de Castilhos registra desde o ano de 1939 as visitas realizadas por escolas. Segundo Souza (2014, p.79), no ano de 1949: […]foi registrada a frequência de 18.206 visitantes ao museu, sendo o maior número desde a reabertura da instituição após as reformas realizadas, obtendo-se de 1939 a 1949 um público de 126.281 pessoas que buscavam conhecer o museu e seus objetos em exposição. 

Entre este público estavam visitantes locais e estrangeiros, bem como alunos de diversas escolas e graus de ensino em busca de maiores complementos ao aprendizado. Desde então, os gestores do MHJC, têm compreendido a relevância social, política e educacional sobre a necessidade de receber escolas – sobremaneira a partir da gestão de Emílio Kemp. 

Como aponta Quadrado (2022, p.27): Dentre as várias áreas do conhecimento em que o diretor Emílio Kemp (1939-1949) atuou, destaca-se a educação, aspecto que parece ter se refletido em suas ações como gestor do Museu Júlio de Castilhos. Durante sua gestão também houve de modo insistente a proposta de criação de um Curso de Museus, nos moldes do que existia no Museu Histórico Nacional, tendo elaborado um projeto completo, com as disciplinas, ministrantes e verbas necessárias, mas que infelizmente parece não ter se concretizado. Todos os seus esforços apontam para uma evidente sistematização das práticas educativas, que configuram o início da função educativa no Museu Júlio de Castilhos. 

Durante o período em que esteve à frente da instituição foi responsável pela organização das salas expositivas, sugeriu e criou museus escolares, além de se preocupar em oferecer visitas mediadas e qualificadas pela presença de profissionais que, segundo a autora, eram “como verdadeiras aulas” (Quadrado, 2022 p.27). Todo esse esforço direciona para uma efetiva preocupação das atividades pedagógicas que deram um pontapé inicial para a formação do Núcleo Educativo do MHJC (NEMHJC). 

Atualmente, o Museu de história Julio de Castilhos conta com o Núcleo educativo composto por historiadores, museólogos e estagiários que atuam recebendo escolas da educação básica de todo o estado do Rio Grande do Sul vindos de escolas privadas e públicas, além de atender estudantes de ensino superior, escolas técnicas, apoios sociais, ongs, visitantes locais e de outros estados e países e pesquisadores ligados ou não a universidades. 

Ainda recebe um público médio de 2 mil pessoas ao mês7, oferecendo aos visitantes salas de exposições com a história dos “Povos Originários” do Rio Grande do Sul com artefatos de mais de 6 mil anos, a sala “Narrativas do feminino” com uma abordagem resgatando a história das Mulheres do século XIX e início do XX no Rio Grande do Sul e Brasil- destacando a participação e importância da Mulher Negra- conta também com o “Quarto Imperial” com peças do século XIX, móveis da época do patrono do Museu e por último o gabinete do presidente de Estado , o político Julio de Castilhos, mostrando objetos de uso pessoal e de sua família.

A análise da trajetória do Museu de História Júlio de Castilhos revela a evolução significativa do papel dos museus como instituições educativas no Brasil. Desde sua fundação, o museu tem se empenhado em promover a educação e a cultura, adaptando-se às necessidades da comunidade e ampliando seu alcance por meio de iniciativas que favorecem a visitação escolar. A gestão de Emílio Kemp, em particular, destacou-se por sua visão inovadora, que buscou integrar o museu à vida educacional das escolas, promovendo um ambiente de aprendizado dinâmico e acessível. Além disso, a influência de diretrizes internacionais e a valorização do patrimônio cultural local contribuíram para a construção de uma identidade nacional mais robusta. Assim, o Museu de História Júlio de Castilhos não apenas preserva a memória histórica, mas também se estabelece como um espaço vital para a formação de cidadãos críticos e conscientes, reafirmando a importância dos museus na educação contemporânea.

Referências

BARBOSA, Maria Helena Rosa. Ações educativas em museus de arte: entre políticas e práticas. Palíndromo, v. 4, n. 7, 2012. 

BRAGA, Jezulino Lucio Mendes. Desafios e perspectivas para educação museal. Revista museologia & interdisciplinaridade, 2017. 

CHAGAS, Mário; MUSEAL, A. Imaginação, museu, memória e poder em Gustavo Barroso, Gilberto Freyre e Darcy Ribeiro. Rio de Janeiro: MinC/IBRAM, 2009. 

DE FARIA, Ana Carolina Gelmini. Educação em museus: um mosaico da produção brasileira em 1958. Mouseion, n. 19, p. 53-66, 2014. 

MARANDINO, Martha; IANELLI, Isabella Tacito. Concepções pedagógicas das ações educativas dos museus de ciências. Anais do VI Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciência, Florianópolis, SC, Brasil, Recuperado de http://fep. if. usp. br/~profis/arquivos/vienpec/CR2/p770. pdf, 2007. 

MORAIS, Adrielly Ribas. Práticas, fundamentos e conceitos da educação museal: um estudo sobre as práticas educativas nos museus da República, da Maré e do Amanhã. Niterói, RJ: UFF, 2022. 

QUADRADO, Iandora de Melo. Um professor no museu: Emílio Kemp e as práticas educativas no Museu Julio de Castilhos (1939-1950). 2022.

 RAMOS, Francisco Régis Lopes. A danação do objeto: o museu no ensino de História. Chapecó: Argos, 2004. 

SOUZA, Vanessa Becker. Museu Julio de Castilhos: 111 anos de história em arquivos. Edijuc. Porto Alegre. 2014.


2 N. do A. O status de Presidente do Estado corresponde hoje ao cargo de Governador do Estado.
3 N. do A. O status de Intendente Municipal corresponde hoje ao cargo de Prefeito Municipal.
4 N. do A. Concurso de Municipalidades foi lançado pelo Governo de Borges de Medeiros em 1900 para formar o acervo do Museu do Estado.
5 N. do A. Alcides Maya (1878-1944) Foi um jornalista, político e escritor. Durante o período de 1925 a 1939 foi diretor do Museu de história Julio de Castilhos.
6 N. do A. Decreto que aprovou o Regimento Interno do Museu do Estado e Arquivo Histórico.
7 Dados contabilizados das pesquisas de visitação disponível no setor educativo do Museu de História Julio de Castilhos.


1 Professor licenciado em história pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul