Educação Inclusiva e a Prática Pedagógica no Ambiente Escolar

REGISTRO DOI:10.69849/revistaft/th102411231506


Michele Bitencourt Marques
Paula de Castro Nunes


Resumo

A educação inclusiva assegura, por legislação, o direito de receber todas as crianças, independente de suas circunstâncias físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas, entre outras. O presente estudo teve como objetivo de discutir a importância da Educação Inclusiva na prática pedagógica, destacando seus benefícios e desafios, e enfatizar a necessidade de estratégias educacionais que promovam a igualdade de oportunidades para todos os estudantes. Trata-se de um estudo de revisão de literatura, do tipo revisão narrativa, sobre as evidências disponíveis na literatura sobre a educação inclusiva e a prática pedagógica no ambiente escolar. O levantamento de dados ocorreu no período de novembro à dezembro de 2023, utilizando-se as seguintes bases de dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Eletronic Library On-Line (SCIELO) e Google Acadêmico. Os descritores (DeCS) selecionados foram: Educação; Inclusão. Prática Pedagógica. Os resultados encontrados informam que a integração de alunos em situação de diversidade, sejam eles com necessidades especiais, culturais, étnicas, linguísticas ou socioeconômicas distintas, demanda um olhar amplo e estratégias pedagógicas que transcendam a abordagem tradicional. As práticas pedagógicas se tornam a espinha dorsal desse processo, pois são elas que moldam o ambiente de aprendizado e estabelecem as bases para a inclusão efetiva de todos os estudantes. Foi possível concluir que compreender as práticas pedagógicas inclusivas é essencial para promover ambientes escolares que valorizem a diversidade, criem oportunidades de aprendizado significativo para todos os estudantes e preparem os educadores para atuar de maneira eficaz diante de desafios multifacetados no âmbito educacional.

Palavras-chave: Educação; Inclusão. Prática Pedagógica

INTRODUÇÃO

A Educação Inclusiva é um direito fundamental e um desafio complexo que se estende ao âmbito educacional. No contexto das práticas pedagógicas nas escolas, a inclusão de alunos com necessidades especiais não se limita apenas a uma questão de adaptação curricular, mas representa a construção de um ambiente acolhedor e enriquecedor para todos os estudantes (MAZZOTTA; D’ANTINO, 2011). A implementação de estratégias inclusivas requer um olhar atento e sensível por parte dos educadores. O principal objetivo é garantir que cada aluno, independentemente de suas habilidades ou diferenças, tenha acesso a uma educação de qualidade. Isso implica não apenas em adaptações físicas ou curriculares, mas também na promoção de um ambiente de respeito mútuo, valorização das diferenças e estímulo à empatia entre os estudantes. Antes de se elaborar a programação para educar propriamente dita, devese observar o aluno para, se possível, conhecer quais canais de comunicação apresentam-se mais receptivos a uma estimulação. Este aluno poderá responder mais a estímulos visuais do que auditivos, ou ser mais sensível à estimulação tátil do que visual. Outro já pode responder de maneira inversa. É fundamental observar que este não esteja acima de suas condições cognitivas (MAZZOTTA; D’ANTINO, 2011).

A criança que tem necessidades especiais fará jus de ser inserido na escola regular de acordo com a LDB n° 9394/96 capitulo V de 20 de dezembro de 1996. Segundo a lei LDB 9394/96 todo aluno com necessidades especiais tem o direito de frequentar o ensino regular de ensino, se necessário será oferecido apoio especializado para cada caso. É fundamental que o professor seja capacitado para integrar esse aluno especial a classe regular. No decorrer da história os portadores de necessidades especiais se deparam com algumas dificuldades, enfrentando assim muitas limitações que em grande parte é imposta por nossa sociedade que infelizmente “ainda” se recusa a aceitar. Isso causa sofrimento que vai de da indiferença a segregação e discriminação percebemos assim como a sociedade e excludente (IRELAND e BARREIROS, 2009). Diante de tantas mudanças que se acompanha a evolução da sociedade, onde se busca uma sociedade inclusiva, desperta a vontade de trabalhar um novo movimento, o da inclusão, pois ao invés de incluir depara-se com um mundo que se diz democrático, mas com pouca visão social, onde nem sempre se respeitam os direitos e deveres das pessoas com necessidades especiais.

A sociedade tem que estar aberta a todos, e este é o momento de lidar com a diversidade humana, buscando estimular a participação de cada pessoa, apreciando as diferentes experiências humanas e reconhecendo o potencial de cada ser. Uma possibilidade de se ter uma sociedade inclusiva é começar o trabalho pela família ou na escola onde atinge todas as pessoas, de diferentes camadas sociais. É preciso capacitar o profissional para trabalhar na diversidade enfrentando desafios, superando preconceitos. A educação inclusiva vem assegurar a todos os estudantes, desfrutar de serviços de qualidade, conjuntamente com outros apoio e envolvimento biológico e motor, a igualdade de oportunidades educativas, para os complementares, e possam favorecer igualmente da sua integração em classes regulares adequadas perto da sua residência, com objetivo de serem preparados para vida, a mais independente e produtiva possível, com plenos direitos da sociedade (IRELAND e BARREIROS, 2009).

Para que a inclusão seja efetiva é importante destacar a formação continuada dos professores, pois estes desempenham papel fundamental nesse processo. Os professores devem estar preparados para melhor atender as necessidades, limitações, potencialidades e os interesses dos alunos para que esses desenvolvam suas habilidades e competências (WITEZE, 2016). A prática pedagógica inclusiva vai além da simples presença física na sala de aula. Envolve a adaptação do ensino às necessidades individuais de cada aluno, considerando suas potencialidades e dificuldades. Professores capacitados e uma equipe escolar engajada são elementos-chave para o sucesso da inclusão. Capacitações regulares, troca de experiências e a busca por metodologias diversificadas são fundamentais para garantir um ambiente educacional verdadeiramente inclusivo. A inclusão é um processo contínuo, uma busca sem fim, que visa o aumento da participação na educação de todos os envolvidos. Alguns a definem como representando a participação e a educação de alunos com deficiência e também, com necessidades especiais no ensino regular ou geral (WITEZE, 2016).

Ainda segundo o supracitado autor, essa visão enfoca as necessidades especiais, como pré-requisito para a inclusão, ou seja, faz parte da educação especial. Aqueles que aderem a esta definição têm a visão de mundo de que as dificuldades que os alunos experimentam na escola são consequência de suas deficiências ou carências (WITEZE, 2016). A justiça social e a equidade são pilares essenciais da Educação Inclusiva. Quando todos os alunos são acolhidos e têm suas necessidades atendidas, a escola se torna um espaço de aprendizagem enriquecedor, onde a diversidade é celebrada e valorizada. Além disso, a convivência com a diferença prepara os estudantes para a vida em sociedade, promovendo o respeito, a tolerância e a compreensão mútua (POLONIA e DESSEN, 2005).

Diante do exposto, a questão norteadora do estudo foi: Quais os benefícios, desafios, e

estratégias educacionais que promovam a igualdade de oportunidades para todos os estudantes, como preceitos da educação inclusiva, segundo a literatura científica?

A principal hipótese é de que a prática da Educação Inclusiva enfrenta desafios significativos. A falta de recursos, a resistência a mudanças e a ausência de formação específica para lidar com a diversidade são obstáculos a serem superados. É fundamental um investimento contínuo em recursos educacionais adequados, infraestrutura adaptada e formação profissional para os educadores, visando garantir que todos os alunos sejam devidamente atendidos em suas necessidades educacionais. As práticas inclusivas devem ser permeadas em relação ao desenvolvimento da colaboração. Logo, a parceria entre família e escola em prol de uma inclusão mais eficaz é de grande relevância (POLONIA e DESSEN, 2005). Segundo Forte e Flores (2012) manter essa colaboração entre professores, administradores, outros profissionais, funcionários, pais e comunidade é um dos fatores-chave para o desenvolvimento de uma educação que acomoda a todos. Colaboração aqui se refere a como os profissionais e outros interagem e trabalham cooperativamente para realizar uma tarefa ou série de tarefas em e para várias situações.

O objetivo do estudo foi discutir a importância da Educação Inclusiva na prática pedagógica, destacando seus benefícios e desafios, e enfatizar a necessidade de estratégias educacionais que promovam a igualdade de oportunidades para todos os estudantes.

Diante do exposto, o estudo justifica-se, pois a Educação Inclusiva representa um princípio fundamental para a construção de uma sociedade mais igualitária. No contexto escolar, a implementação de práticas inclusivas não apenas beneficia os alunos com necessidades especiais, mas também enriquece a experiência educacional de toda a comunidade escolar. Este ensaio se propõe a explorar os aspectos positivos da inclusão na prática pedagógica, demonstrando como a diversidade contribui para um ambiente de aprendizagem mais rico e promissor.

Ao realizar este estudo, acredita-se ser possível contribuir para pesquisas futuras, pois é um estudo que contempla um olhar crítico sobre o processo de inclusão e práticas pedagógicas no ambiente escolar. Refletir sobre a escolaridade do aluno com algum tipo de necessidade especial, é refletir sobre as diferentes trajetórias que esses educandos podem percorrer no panorama brasileiro, a partir das condições sociais que estão colocadas para sua família. Forte e Flores (2012) informam que a prática pedagógica inclusiva, baseada na valorização da diversidade, no respeito às diferenças e na igualdade de oportunidades, é essencial para uma educação de qualidade. Este ensaio destaca a importância de se promover a inclusão como um caminho para a construção de uma sociedade mais justa, onde cada indivíduo tenha seu lugar e sua voz respeitados.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo de revisão de literatura, do tipo revisão narrativa, sobre as evidências disponíveis na literatura sobre a educação inclusiva e a prática pedagógica no ambiente escolar.

Foram seguidas as seis etapas pertinentes a este método, quais sejam o estabelecimento da questão de pesquisa, a busca na literatura, categorização dos estudos, avaliação dos estudos abrangidos na revisão, explanação dos resultados e apresentação da revisão.

No que diz respeito a primeira etapa foi elaborada a seguinte questão norteadora: Quais os benefícios, desafios, e estratégias educacionais que promovam a igualdade de oportunidades para todos os estudantes, como preceitos da educação inclusiva, segundo a literatura científica?

O levantamento de dados ocorreu no período de novembro à dezembro de 2023, utilizando-se as seguintes bases de dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Eletronic Library On-Line (SCIELO) e Google Acadêmico. Os descritores (DeCS) selecionados foram: Educação; Inclusão. Prática Pedagógica.

Atendendo aos critérios de inclusão foram estabelecidos: artigos científicos completos, disponíveis na íntegra, publicados no período de 2017 a 2023, em periódicos nacionais e internacionais, no idioma português e inglês. Como critérios de exclusão, foram adotadas: livros, teses, dissertações, monografias, editoriais, além de artigos duplicados ou que não atenderam ao objetivo do estudo.

Para organização e tabulação dos dados, foi montado um instrumento de coleta de dados contendo: Identificação (título, ano de publicação) Metodologia (natureza do estudo, população, método de análise, base de dado onde foi retirado, enfoque) Objetivo. Por fim, realizou-se análise bibliográfica para caracterização dos estudos selecionados. Sendo assim, foram selecionados os conceitos principais abordados pelos artigos, havendo a categorização por similaridade de conteúdo. Após a busca com os descritos, foi possível elaborar o fluxograma conforme Figura 1.

Figura 1: fluxograma de identificação e seleção dos artigos para revisão de literatura.

RESULTADOS

Na busca, encontrou-se 112 artigos inicialmente e foram selecionados, ao final do processo, 8 estudos, disponibilizados em três bases de dados: Scielo (6 artigos), Lilacs (un artigo) e Google Acadêmico (um artigo), de acordo com as fases descritas na Figura 1. A busca com os descritores combinados com a aplicação dos filtros resultou em 79 artigos.

O Quadro 1 apresenta a distribuição dos artigos incluídos nesta revisão de literatura

Quadro 1: Distribuição dos artigos incluídos na revisão de literatura

TítuloAno PublicaçãodeAutoresObjetivos
Educação Inclusiva: reflexões sobre a escola e a formação docente2021
Barbosa et al.,Discorrer sobre as transformações fundamentais que devem ocorrer no currículo escolar e na formação docente com vistas à prática inclusiva de educação.
A tecnologias para a educação inclusiva de pessoas com deficiência: uma revisão integrativa2020
Dantas e CoutinhoAvaliar a produção científica atualizada, na língua portuguesa, relacionada à importância das tecnologias na educação inclusiva, sobretudo voltada a crianças com necessidades especiais.
. Tecnologias assistivas na escolarização de alunos com deficiência em Belém-PA2020
Sousa e MesquitaApresentar dados preliminares de uma pesquisa que visa analisar de que forma a Rede Municipal de Ensino de Belém tem garantido equipar as Salas de Recursos Multifuncionais (SRM) com tecnologias assistivas, considerando que essas são fundamentais no processo de escolarização de alunos com deficiência.
Conhecimentos e crenças de professores sobre a educação inclusiva: revisão sistemática2020
Martins et al.,Mapear, de forma sistemática, a literatura científica
da literatura nacional

brasileira sobre o tema dos conhecimentos e crenças de professores em relação à Educação Inclusiva
Desenho Universal para Aprendizagem e Educação Inclusiva: uma Revisão Sistemática da Literatura Internacional2019Oliveira et al.,Mapear e analisar as pesquisas empíricas internacionais envolvendo a interface Desenho Universal para Aprendizagem –(DUA) e a inclusão
Educação inclusiva: uma escola para todos2018Neto et al.,Compreender o processo histórico da educação especial e da educação inclusiva para entender o movimento atual da inclusão escolar.
Desafios para a inclusão de estudantes com deficiência física: uma revisão de literatura.2018Bisol et al.,Apresentar uma revisão de literatura elaborada a partir de publicações em periódicos nacionais, visando a identificar os principais desafios à inclusão de estudantes com deficiência física em escolas comuns. Conhecer essas pesquisas pode contribuir para a compreensão dos caminhos que estão sendo percorridos na inclusão educacional no Brasil, levando-se em conta que as possibilidades de aprendizagem e participação efetiva desses estudantes dependerão, entre outros fatores, do modo como a comunidade escolar compreende a educação, a prática docente e a inclusão.
Compreendendo o Processo de Inclusão Escolar no Brasil na Perspectiva dos Professores: uma Revisão Integrativa2017Silva e CarvalhoCompreender quais os facilitadores e as limitações do processo de inclusão escolar na visão dos professores.
DISCUSSÃO

Diante dos achados, é possível notar que a inclusão nas escolas é um processo complexo e fundamental para a construção de uma sociedade mais igualitária. Envolve a integração de alunos com diferentes características, habilidades e necessidades no ambiente educacional regular. Este processo exige não apenas adaptações físicas e curriculares, mas também mudanças nas práticas pedagógicas para garantir que todos os alunos tenham acesso a uma educação de qualidade. Em suas pesquisas, Silva e Carvalho (2017) constataram a relevância de uma abordagem abrangente em relação à educação inclusiva e a necessidade premente de adaptações para concretizar esse processo. Poucos foram os estudos que exploraram detalhadamente os sentimentos experimentados pelos educadores diante das adversidades inerentes ao processo de inclusão escolar.

Os supracitados autores ainda chamam atenção para a carência de apoio por parte das instituições para a implementação efetiva da política de inclusão escolar, resultando na falta de capacitação dos professores ou na ausência de recursos e estratégias em quantidade suficiente e eficaz. Além disso, observa-se uma falta de compreensão por parte dos educadores em relação à política de educação especial (SILVA e CARVALHO, 2017).

As práticas pedagógicas inclusivas são aquelas que consideram a diversidade presente na sala de aula, adotando estratégias que atendam às necessidades individuais de cada estudante. Isso implica em repensar métodos de ensino, materiais didáticos, avaliações e interações em sala de aula para promover um ambiente de aprendizado acolhedor e estimulante para todos. Ampliando a discussão, Dantas e Coutinho (2020) a inserção da pessoa com deficiência requer a implementação de ajustes e modificações no modelo atual do ambiente e nas práticas educacionais, por meio de recursos que não apenas assegurem o acesso, mas também ressaltam Neto et al., (2018), a permanência do aluno no ensino regular, proporcionando-lhe condições mais favoráveis de aprendizagem, autonomia e dignidade. Nesse cenário, as tecnologias desempenham um papel crucial na promoção e facilitação do processo de aprendizagem, além de contribuir para a permanência dos alunos no ambiente escolar. Tecnologias digitais e assistivas fornecem recursos audiovisuais, sonoros e acessibilidade a esses indivíduos, garantindo, assim, inclusão social e educacional. (NETO et al., 2018; DANTAS e COUTINHO, 2020).

Com o mesmo enfoque, Sousa e Mesquita (2020) informam que as tecnologias assistivas surgem como ferramentas fundamentais que ampliam o processo educacional de estudantes com deficiência dentro do ambiente escolar regular. No presente momento, diversas políticas públicas educacionais estão em vigor em nosso país, garantindo a provisão de recursos de Tecnologias Assistivas como meio de promover a inclusão nas escolas da rede regular de ensino. Diante desse cenário, torna-se imperativo compreender quais são os recursos de Tecnologias Assistivas oferecidos pelo município de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Educação, para as escolas públicas. Isso visa fornecer suporte concreto para a efetivação da inclusão escolar dentro da sua rede de ensino público. Corroborando, Dantas e Coutinho (2020) acrescentam que a atual pesquisa científica voltada para a relevância das tecnologias na educação inclusiva de pessoas com deficiência revela uma série de benefícios que esses recursos oferecem a esse grupo. No estudo, as tecnologias digitais e assistivas se destacaram significativamente. Estes meios podem contribuir para a comunicação, mobilidade, identificação, visão, audição, atenção e raciocínio, além de promover o desenvolvimento de habilidades dos alunos com deficiência. Adicionalmente, observa-se um aumento na permanência desses indivíduos no ambiente escola.

Destaca-se que um dos pilares da inclusão nas escolas é o reconhecimento da individualidade de cada aluno. Isso implica em considerar não apenas suas diferenças, mas também suas habilidades, potencialidades e formas de aprender. Os educadores precisam estar preparados para oferecer um suporte personalizado, seja por meio de adaptações curriculares, estratégias de ensino diferenciadas, uso de tecnologia assistiva ou suporte emocional (DANTAS e COUTINHO, 2020). Além disso, a formação continuada dos professores é crucial. Capacitações, trocas de experiências e atualizações sobre métodos inclusivos são essenciais para que os educadores estejam aptos a lidar com a diversidade e a implementar práticas pedagógicas que atendam a todos os alunos de forma eficaz.

É importante destacar que a inclusão não se restringe apenas aos alunos com deficiência, mas abrange todos aqueles que podem se sentir excluídos devido a diferenças culturais, étnicas, sociais, entre outras. Portanto, as práticas pedagógicas inclusivas devem visar a promoção de um ambiente onde a diversidade seja valorizada e respeitada, estimulando a empatia, a tolerância e o respeito mútuo entre os estudantes. Segundo Neto e al., (2018), locais inclusivos fomentam a integração social, influenciando diretamente, por meio dos colegas, o desenvolvimento de habilidades. Torna-se patente um ambiente mais produtivo, visto que estimula a capacidade de interação social, ao se contrastar com ambientes educacionais segregados. É a habilidade de repúdio diante das injustiças, de recusar que nossos colegas sejam tratados como indesejáveis, que nos mantém perseverantes e comprometidos com a solução da questão. A batalha pela inclusão se desenrola no cotidiano, olhando para o próximo com respeito, independentemente do tipo ou grau de deficiência.

A implementação efetiva da inclusão nas escolas não é um processo simples e rápido. Requer tempo, investimento em recursos adequados, colaboração entre professores, equipes multidisciplinares, famílias e a própria comunidade escolar. Segundo Barbosa et al., (2021) A Educação Inclusiva emergiu com o objetivo de eliminar a segregação e o viés discriminatório contra pessoas com deficiência no ambiente escolar, garantindo oportunidades para que crianças e adolescentes com deficiência desfrutem dos mesmos direitos educacionais concedidos aos alunos ditos típicos.

Ademais, Barbosa et al., (2021) investigaram a interseção entre educação e inclusão, por meio de reflexões acerca das potenciais mudanças fundamentais na estrutura escolar e na formação docente. Os autores chegaram ao resultado de que a educação e o ensino devem ser encarados como práticas sociais, e a escola, como um espaço intrinsecamente diversificado, capaz de acolher e celebrar as diferenças. A Educação Inclusiva representa uma ferramenta que viabiliza o aprendizado de forma tanto coletiva quanto individualizada, respeitando a singularidade, os ritmos e os interesses de cada aluno. No entanto, os benefícios são significativos, pois não apenas promove a igualdade de oportunidades, mas também enriquece o ambiente educacional, preparando os alunos para uma convivência mais harmoniosa em uma sociedade diversificada. Segundo Oliveira et al., (2019), a inclusão escolar é resultado de vários elementos, incluindo políticas públicas, infraestrutura física, contexto escolar e interações interpessoais. Apesar do termo ‘inclusão’ ter sido utilizado como referência, nenhum dos artigos abordava a inclusão como o foco central de estudo. O enfoque sempre esteve relacionado aos princípios do Desenho Universal de Aprendizagem (DUA). Alguns autores ofereceram considerações finais sobre o DUA e a inclusão. O DUA representa uma perspectiva recente voltada para promover e facilitar o ensino para todos os alunos. Esta pesquisa constatou que, apesar da existência de uma base teórica consistente na área, há uma demanda crescente por estudos aplicados que avaliem os impactos reais da implementação dos princípios do DUA no ambiente escolar e na inclusão de alunos com deficiência. Essa necessidade visa fornecer subsídios para a prática dos profissionais de ensino.

Em outra direção, Martins et al., (2020) chegaram ao resultado de que a Educação Especial se evidenciou como uma área que tem promovido tais discussões, sugerindo que a Educação Inclusiva está gradualmente sendo incorporada como um campo de debate em outras esferas da Educação e em áreas correlatas. No entanto, são necessários esforços adicionais para que a Educação Inclusiva seja compreendida em sua dimensão educacional, como uma abordagem renovada na concepção dos indivíduos e nos processos de ensino e aprendizagem. Assim sendo, Martins et al., (2020) chegaram à conclusão de que a escola continua a ser um espaço destinado a um ideal de sujeito universal, em detrimento da inclusão de todos. Aos indivíduos diversos resta a socialização e um enfoque técnico e especializado. O docente não se percebe como o protagonista do processo de inclusão, uma vez que os elementos pedagógicos que o definem são minimizados, tanto nas políticas educacionais quanto na formação docente. Como resultado, de modo geral, os educadores possuem pouca confiança na eficácia das políticas de inclusão e em seu próprio papel como agentes dessas políticas. Mesmo assim, a busca por aprimoramento profissional, em sua maioria, é uma iniciativa individual por parte dos professores (MARTINS et al., 2020).

Ademais, Bisol et al., (2019) informam que de um lado, as investigações evidenciam que ainda não dispomos das condições ideais para a plena inclusão de estudantes com deficiência física. Por outro lado, é imprescindível lembrar que esses estudantes já estão presentes em nossas instituições de ensino. Dessa forma, não é viável aguardar por condições ideais; é imperativo, portanto, edificar ambientes inclusivos, acolhedores e autênticos que possibilitem uma aprendizagem e desenvolvimento integrais.

Assim sendo, os estudos analisados contemplam que a integração alunos em situação de diversidade, sejam eles com necessidades especiais, culturais, étnicas, linguísticas ou socioeconômicas distintas, demanda um olhar amplo e estratégias pedagógicas que transcendam a abordagem tradicional. As práticas pedagógicas se tornam a espinha dorsal desse processo, pois são elas que moldam o ambiente de aprendizado e estabelecem as bases para a inclusão efetiva de todos os estudantes. A eficácia das práticas pedagógicas inclusivas reside na capacidade de adaptar métodos de ensino, materiais didáticos, avaliações e interações em sala de aula para atender às necessidades individuais de cada aluno. Esse direcionamento pedagógico visa não apenas a igualdade de oportunidades, mas também o reconhecimento e o acolhimento das diferenças como elementos enriquecedores do processo educativo (BISOL et al., 2019)

Considerações Finais

Os resultados alcançados no estudo ratificam que a prática inclusiva está sendo criada em salas de aula e escolas. No entanto, embora as escolas tenham uma oferta separada para os alunos com base em suas habilidades e a formação de professores os prepare adequadamente, os professores de disciplinas muitas vezes não são educados para a prática inclusiva e são desafiados a transferir as recomendações gerais para sua prática.

O movimento de inclusão desafia os professores, a investigarem seus valores e crenças, a revisar seus entendimentos de ensino, aprendizagem, currículo e a reinventar seus papéis como participantes na mudança escolar.

Neste contexto, compreender as práticas pedagógicas inclusivas é essencial para promover ambientes escolares que valorizem a diversidade, criem oportunidades de aprendizado significativo para todos os estudantes e preparem os educadores para atuar de maneira eficaz diante de desafios multifacetados no âmbito educacional.

REFERÊNCIAS

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