REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202411200744
Charles da Silva Leste;
Orientadora: Fernanda Borges Barbosa
RESUMO
O transporte aéreo de pequenos animais é uma prática comum em diversos contextos, que inclui a realocação, programas de conservação de espécies e o transporte comercial. Essa atividade pode induzir a estados de estresse agudo e crônico nos animais, afetando a sua fisiologia e comportamento. Esta monografia detalha um exame sobre os impactos do transporte aéreo no estresse de pequenos animais. O objetivo deste trabalho é explorar como o transporte influencia a fisiologia e o comportamento de pequenos animais, e quais métodos podem ser efetivamente aplicados para minimizar o estresse induzido. Para atingir esse fim, foram definidos os seguintes objetivos específicos: avaliar a resposta fisiológica dos animais ao estresse durante o transporte, identificar os principais estressores ambientais, explorar técnicas de manejo que reduzem o impacto do estresse, e propor diretrizes para otimizar o bem-estar animal. A abordagem metodológica adotada incluiu a revisão de literatura relevante e a análise de dados secundários. Os achados da pesquisa mostraram que estratégias adequadas de manejo e adaptação reduzem o estresse, levando à conclusão de que é possível mitigar de forma eficaz o estresse dos animais durante a viagem. As observações finais ressaltam a necessidade de prosseguir com investigações nessa área para aprofundar o entendimento do tema e promover avanços futuros.
Palavras-chave: Estresse Animal. Transporte Aéreo. Bem-estar Animal. Fisiopatologia. Mitigação de Estresse.
ABSTRACT
Air transport of small animals is a common practice in several contexts, including relocation, species conservation programs, and commercial transport. This activity can induce acute and chronic stress in animals, affecting their physiology and behavior. This monograph details an examination of the impacts of air transport on stress in small animals. The aim of this work is to explore how transport influences the physiology and behavior of small animals, and which methods can be effectively applied to minimize the induced stress. To achieve this end, the following specific objectives were defined: to evaluate the physiological response of animals to stress during transport, to identify the main environmental stressors, to explore management techniques that reduce the impact of stress, and to propose guidelines to optimize animal welfare. The methodological approach adopted included the review of relevant literature and the analysis of secondary data. The research findings showed that appropriate management and adaptation strategies reduce stress, leading to the conclusion that it is possible to effectively mitigate animal stress during travel. The final observations highlight the need to continue investigations in this area to deepen the understanding of the topic and promote future advances.
Keywords: Animal Stress. Air Transport. Animal Welfare. Pathophysiology. Stress Mitigation.
1. INTRODUÇÃO
O transporte pode induzir a estados de estresse agudo e crônico nos animais, afetando a sua fisiologia e comportamento. O estresse pode ser atribuído a diversos fatores, como alterações ambientais abruptas, ruídos intensos, movimentações frequentes e restrição física. Esses estímulos podem ativar o eixo hipotálamo-pituitária-adrenal, resultando na liberação de corticosteroides, assim, a resposta prolongada a esses hormônios pode levar a alterações metabólicas, imunológicas e comportamentais prejudiciais (Tapia; et al., 2023).
Estratégias incluem aprimoramento das condições de transporte, como o uso de contêineres adequados que permitam movimentação e contenham material absorvente para reduzir o impacto das vibrações, a aclimatação prévia ao contêiner e ao ambiente de transporte pode também diminuir a ansiedade e o estresse dos animais. Outras abordagens envolvem o manejo cuidadoso pelos operadores e a implementação de protocolos que minimizem as mudanças abruptas de ambiente (Ramos e Freitas,2023).
A integração de novas tecnologias, como monitoramento em tempo real dos sinais vitais, pode oferecer determinantes sobre o estado dos animais durante o transporte, permitindo intervenções imediatas quando necessário. Essa abordagem proativa protege os animais e assegura a conformidade com as normas éticas e legais, reforçando a responsabilidade social das partes envolvidas no transporte de animais (Bianchi; Pereira; Araújo, 2023).
O objetivo compreender a dinâmica do estresse em pequenos animais durante o transporte aéreo, buscando enriquecer o campo acadêmico e estabelecer bases sólidas para futuras pesquisas. Para atingir este objetivo principal e demonstrar um entendimento profundo sobre o tópico, foram definidos os seguintes objetivos específicos: avaliar a resposta fisiológica dos pequenos animais ao estresse; identificar os principais estressores ambientais e situacionais presentes durante o transporte aéreo; explorar as técnicas de manejo e adaptação que reduzem o impacto do estresse nos animais; analisar os efeitos de longo prazo do estresse induzido na saúde física e mental; e propor diretrizes baseadas em evidências para otimizar o bem-estar animal.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Fisiologia do estresse em pequenos animais
Os mecanismos neuroendócrinos do estresse são fundamentais para entender como pequenos animais reagem a condições adversas, como aquelas enfrentadas durante o transporte aéreo. Existem dois tipos de resposta de reação: a ativa, que controla ativamente, e a passiva, que aceita passivamente, podendo haver respostas intercaladas, conjuntas ou individuais. As fontes de estresse podem variar conforme os indivíduos, apresentando-se de forma somática (tais como ruídos, odores, imagens, manipulação, mudança de ambiente físico, pressão, calor, frio, efeitos de substâncias químicas), psicológica (envolvendo ansiedade, medo, frustração, apreensão e terror), comportamental (incluindo superpopulação, conflitos por território e hierarquia, solidão e carência de estímulo), bem como causas diversas (como desnutrição, intoxicação, queimaduras, parasitismo, infecções, imobilização química e física). (Spindola, Miranda, Carvalho, Toscano, 2023).
O modelo de estresse animal criado (Figura 1) indica uma reação biológica ao estresse dividido em três fases gerais:
1) a identificação de um fator de estresse,
2) a resposta biológica ao fator estressante; e
3) os efeitos da reação ao estresse.
Figura 1 – Modelo da resposta biológica do animal ao estresse
A reação ao estresse inicia-se com a identificação de uma possível ameaça (estímulo Estressante) a homeostase através do sistema nervoso central. Uma vez que o sistema nervoso quando o sistema central detecta uma ameaça, o corpo cria uma reação biológica ou mecanismo de defesa que consiste em uma junção de quatro reações gerais de defesas biológicas (Figura 2):
– Reação do sistema nervoso autônomo;
– Reação do comportamento;
– Reação do sistema neuroendócrino;
– Defesa imunológica
Figura 2 – Respostas biológicas do animal ao estresse
A ativação do sistema nervoso simpático resulta na liberação de catecolaminas, como a adrenalina e a noradrenalina, pelas glândulas adrenais. Esses hormônios prepararam o corpo para uma resposta rápida e intensa, conhecida como “luta ou fuga”. Paralelamente, o eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA) é estimulado. O hipotálamo libera o hormônio liberador de corticotropina (CRH), que instrui a glândula pituitária a secretar o hormônio adrenocorticotrópico (ACTH). O ACTH, por sua vez, estimula as glândulas adrenais a produzirem corticosteroides, como o cortisol, que atua na modulação da resposta ao estresse, ajustando o metabolismo energético e suprimindo funções que seriam desnecessárias ou prejudiciais em uma emergência (Silva, 2021).
A análise desses processos revela que o estresse prolongado pode levar à desregulação do eixo HPA, resultando em uma série de efeitos deletérios para a saúde. Essa desregulação pode manifestar-se através de alterações comportamentais, como agitação ou apatia, e condições físicas, incluindo imunossupressão e problemas metabólicos, portanto, a investigação dos mecanismos neuroendócrinos oferece perspectivas sobre as maneiras pelas quais o estresse durante pode ser mais bem gerenciado para preservar o bem-estar (Almeida, 2021).
As respostas comportamentais ao estresse agudo e crônico são indicadores críticos que refletem a intensidade e a naturalidade do estresse experimentado, estes comportamentos são manifestações visíveis de processos internos complexos, que ocorrem em resposta a estímulos estressantes durante o transporte aéreo. A resposta comportamental aguda ao estresse geralmente envolve reações imediatas e intensas, como aumento da vigilância, tentativas de fuga e vocalizações aumentadas, elas são evolutivamente adaptativas, permitindo que o animal reaja rapidamente a ameaças percebidas (Silva, 2021).
Por outro lado, a exposição prolongada a estressores pode levar ao estresse crônico, que se caracteriza por mudanças comportamentais mais sutis, mas persistentes. Essas podem incluir alterações nos padrões de alimentação e sono, redução da interação social e atividades exploratórias, e um estado geral de letargia ou apatia. Comportamentos repetitivos ou estereotipados, como andar em círculos ou balançar-se, também podem ser observados. Esses comportamentos sinalizam um estado de mal-estar e podem ter implicações a longo prazo para a saúde física e mental (Ogoshi et al, 2022).
A capacidade de identificar e interpretar essas respostas comportamentais visa a avaliação do bem-estar durante o transporte, a observação cuidadosa desses comportamentos fornece dados para ajustar as condições de transporte e minimizar os estressores, como a criação de um ambiente mais tranquilo e controlado pode ajudar a reduzir a intensidade das respostas comportamentais agudas, enquanto intervenções apropriadas, como enriquecimento ambiental e pausas frequentes, podem ser eficazes na mitigação do estresse crônico (Silva, 2021).
O impacto do estresse na saúde imunológica de pequenos animais é um campo de estudo que explora como as adversidades prolongadas podem comprometer os sistemas de defesa do corpo. O estresse crônico, em particular, é conhecido por alterar a função imunológica, predispondo a uma variedade de infecções e doenças crônicas. Essas alterações são mediadas por vários mecanismos hormonais e celulares que são ativados durante períodos de estresse sustentado (Vieira, 2024).
Alterações metabólicas decorrentes do estresse são aspectos para a compreensão do impacto fisiológico que condições adversas podem impor a pequenos animais. O estresse, especialmente quando prolongado, desencadeia uma cascata de respostas hormonais que alteram o metabolismo energético. A liberação de hormônios como cortisol e adrenalina é um mecanismo adaptativo inicialmente destinado a preparar o organismo para resposta rápida a desafios imediatos, no entanto, a persistência dessas condições altera esse quadro (Polli et al, 2020).
A ativação prolongada do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal resulta em níveis elevados de cortisol, que por sua vez aumenta a gliconeogênese, o processo pelo qual o fígado converte aminoácidos e outras substâncias em glicose. Essa elevação na glicose sanguínea visa fornecer energia rápida para as células, mas sua manutenção prolongada pode levar à depleção de reservas de energia e desequilíbrio nos níveis de açúcar no sangue, resultando em episódios de hipoglicemia após os picos de glicose (Bianchi, Pereira e Araújo, 2023).
Além disso, o aumento de catecolaminas, como a adrenalina, intensifica a lipólise, que é a quebra de gorduras armazenadas, liberando ácidos graxos na corrente sanguínea, esses ácidos graxos são utilizados como outra fonte de energia durante períodos de estresse. Embora esse processo seja eficiente para a sobrevivência imediata, sua ativação excessiva pode resultar em perda de massa muscular e fadiga, uma vez que proteínas musculares são eventualmente catabolizadas para produção de energia (Vieira, 2024).
A exposição prolongada ao estresse leva à secreção contínua de corticosteroides, como o cortisol, que, embora inicialmente útil para mobilizar energia e preparar o corpo para resposta imediata, pode suprimir a resposta imune se não for rapidamente regulada. O cortisol tem efeitos imunossupressores que reduzem a proliferação de linfócitos e a produção de citocinas, críticos para uma resposta imune robusta. Além disso, a constante ativação do sistema nervoso simpático durante períodos de estresse libera noradrenalina, que também pode alterar a função de células imunológicas (Spindola, Miranda, Carvalho, Toscano, 2023).
Este estado de imunossupressão prolongada aumenta a susceptibilidade à patógenos oportunistas, resultando no aumento da incidência de infecções, além disso, o estresse pode afetar a eficiência de vacinas e terapias médicas, diminuindo sua eficácia e retardando a recuperação de condições existentes. Assim, é preciso considerar o manejo do estresse como parte integrante dos cuidados de saúde para animais, especialmente aqueles em situações em que o estresse é uma preocupação frequente (Spindola, Miranda, Carvalho, Toscano, 2023).
2.2. Fatores estressores no transporte aéreo
O Impacto do ruído e vibrações durante o transporte aéreo, contribuem para a sensação auditiva desagradável e afetam o equilíbrio e a orientação espacial. A exposição prolongada a estas condições pode resultar em um estado de hipervigilância, reduzindo a capacidade de descansar ou alimentar-se adequadamente durante o transporte; este estado de alerta constante consome uma quantidade de energia e pode comprometer a saúde geral a longo prazo (Nazareno, Silva e Fernandes, 2020).
Os efeitos da restrição física e do confinamento representam fatores de estresse que impactam diretamente seu bem-estar, a limitação do movimento impede que adotem comportamentos naturais e pode induzir uma série de respostas fisiológicas e psicológicas adversas. O confinamento em espaços reduzidos e restritivos desencadeia um estado de tensão, pois são incapazes de fugir de um ambiente percebido como ameaçador (Marques et al, 2023).
A restrição prolongada pode levar a um aumento nos níveis de cortisol, indicativo de estresse crônico, e pode resultar em desordens comportamentais, como agressividade ou apatia, que são comumente observadas em animais que experienciam confinamento prolongado, além disso, a limitação física aumenta o risco de problemas musculoesqueléticos devido à incapacidade de mover-se livremente, o que pode resultar em atrofia muscular e outros problemas de saúde física (Bianchi; Pereira; Araújo, 2023).
A avaliação dos impactos do confinamento e da restrição física é, portanto, importante para o desenvolvimento de protocolos que respeitem as necessidades naturais dos animais e promovam o manejo que minimiza o estresse. Implementando essas melhorias, pode-se preservar a saúde e o bem-estar durante e melhorar a qualidade geral da experiência (Spindola, Miranda, Carvalho, Toscano, 2023).
A influência das mudanças ambientais, especificamente em temperatura e pressão, age no bem-estar e na resposta ao estresse desses seres. Flutuações acentuadas de temperatura podem levar a um estresse térmico, onde temperaturas extremamente baixas ou altas provocam respostas fisiológicas que buscam regular a temperatura corporal, essas incluem aumento da frequência respiratória em ambientes quentes e tremores em ambientes frios, ambos mecanismos de termorregulação que consomem energia e podem comprometer a saúde do animal a longo prazo (Souza e Ribeiro, 2021).
Além disso, mudanças na pressão atmosférica, frequentemente experimentadas durante a decolagem e o pouso, podem afetar adversamente. Essas variações de pressão podem causar desconforto nos ouvidos e sensores de pressão, similar ao que os humanos frequentemente experienciam, mas podem se sentir particularmente angustiados por não compreenderem o que está ocorrendo. A incapacidade de equalizar a pressão interna com a externa pode resultar em dor e desconforto consideráveis, potencializando o estresse (Nazareno, Silva e Fernandes, 2020).
Para mitigar esses problemas, é preciso manter um controle rigoroso do ambiente dentro dos contêineres, podendo ser alcançado por meio de sistemas de controle climático que mantêm a temperatura dentro de um intervalo tolerável para a espécie específica sendo transportada. Medidas para minimizar as variações de pressão e proporcionar ventilação adequada durante todas as fases reduzem o desconforto associado a essas mudanças. As interferências humanas e as interações durante de pequenos animais são fatores que afetam o bem-estar e o comportamento desses seres. O manuseio por parte de seres humanos, especialmente se feito de forma inadequada, pode induzir medo e ansiedade. Muitos são naturalmente avessos ao contato físico com desconhecidos, e um manuseio brusco ou inesperado pode elevar drasticamente os níveis de estresse (Blasco, 2020).
O treinamento apropriado do pessoal envolvido deve incluir técnicas de manuseio gentil e estratégias para minimizar o medo e o estresse. A familiarização prévia, onde são expostos gradualmente ao manuseio e aos cuidadores, pode também ajudar a reduzir a ansiedade durante o transporte, essa prática é benéfica para acalmar e para facilitar a interação durante as fases críticas, como inspeções de segurança e transferências entre diferentes modos (Alves, 2022).
Ruídos produzidos por conversas ou por atividades operacionais podem perturbar, por isso, é importante que os trabalhadores sejam instruídos a manter um ambiente tão tranquilo quanto possível, incluindo falar em tons baixos e evitar barulhos súbitos ou desnecessários próximos ao animal. A comunicação eficaz entre todos os envolvidos é igualmente importante, garantindo que qualquer necessidade especial dos animais seja compreendida e atendida durante o transporte, como alguns animais podem necessitar de cuidados especiais devido a condições de saúde preexistentes ou necessidades dietéticas específicas que precisam ser gerenciadas mesmo durante o voo (Souza e Ribeiro, 2021).
2.3. Estratégias de mitigação do estresse durante o transporte
As práticas de manejo antes do transporte são fundamentais para reduzir o estresse e promover o bem-estar de pequenos animais durante a viagem. Essas práticas incluem uma série de estratégias preparatórias que ajudam os animais a se acostumarem ao processo, minimizando os impactos negativos de uma experiência potencialmente estressante (Negri, 2021).
Uma das abordagens mais eficazes para o preparo do animal para o transporte é a introdução gradual ao contêiner, realizada dias ou até semanas antes da viagem. Esse processo de aclimatação permite que o animal explore e se familiarize com o ambiente de transporte, o que contribui para reduzir o estresse no dia do deslocamento. A prática consiste em expor o animal ao contêiner em um ambiente calmo, mantendo-o ali por períodos controlados, com acesso a água e alimentos (Voltolini e Gois, 2022).
Os protocolos de aclimatação pré-viagem são essenciais para adaptar pequenos animais ao transporte aéreo, minimizando o estresse associado. Esse procedimento envolve uma série de passos planejados para familiarizar o animal com os aspectos do transporte que poderiam causar ansiedade (Menezes et al., 2021).
A introdução ao contêiner em um ambiente seguro e tranquilo permite que ele passe algum tempo explorando o espaço em diversas ocasiões antes da viagem. Durante essas sessões, é importante associar o contêiner a experiências positivas, usando incentivos como alimentos preferidos ou brinquedos confortáveis, colocados estrategicamente no interior do contêiner (Ambrósio e Toledo, 2022).
Além do contato com o contêiner, os protocolos de aclimatação podem incluir a exposição a sons que simulem o ambiente de um aeroporto ou de uma aeronave, podendo ser alcançado através de gravações ou simulacros controlados que gradualmente se acostumam aos ruídos que ele enfrentará durante a viagem, como o barulho de turbinas ou anúncios de embarque. A aclimatação também pode ser estendida para incluir a manipulação pelo pessoal que estará envolvido no transporte. Permitir que se familiarize com os manipuladores e as rotinas que serão seguidas no dia da viagem pode diminuir a desorientação e o desconforto, idealmente, essas interações devem ser realizadas de maneira calma e gentil para construir a confiança nos cuidadores (Nascimento e Silva, 2022).
O treinamento para tolerância ao movimento e aos ruídos associados ao transporte, por meio de simulações leves que utilizam gravações de sons específicos e movimentos que imitam as vibrações e turbulências de um voo, ajuda a dessensibilizar os animais a estímulos que poderiam provocar pânico ou ansiedade (Ambrósio e Toledo, 2022).
Materiais duráveis, porém, leves, são preferidos para facilitar o manuseio e reduzir o peso total da carga, além disso, os materiais internos devem ser de fácil limpeza e desinfecção, não tóxicos e capazes de absorver impactos e vibrações sem quebrar ou causar danos (Negri, 2021).
Além disso, é essencial garantir que todas as necessidades nutricionais e médicas sejam atendidas antes do transporte, incluindo a administração de medicamentos necessários, assegurando que os animais estejam bem hidratados e alimentados. Ajustes como a redução da quantidade de alimento antes do voo podem ajudar a evitar desconforto gastrointestinal (Nascimento e Silva, 2022).
O uso de sedativos e ansiolíticos na preparação de pequenos animais para transporte aéreo requer uma abordagem cuidadosa, fundamentada em critérios estritos e uma compreensão clara das precauções necessárias. Essas substâncias são utilizadas com o objetivo de minimizar o estresse e a ansiedade durante o transporte, mas seu uso deve sempre ser considerado com cautela e baseado em uma avaliação veterinária detalhada (Negri, 2021).
Os critérios para o uso de sedativos e ansiolíticos começam com uma avaliação completa do estado de saúde do animal, é importante que o veterinário responsável considere qualquer condição médica preexistente que possa contraindicar o uso desses medicamentos. Algumas condições cardíacas, respiratórias ou metabólicas podem ser exacerbadas pelo uso de sedativos, aumentando os riscos durante o transporte, além disso, a idade e o peso do animal também devem ser considerados, pois esses fatores influenciam a dosagem e a escolha do medicamento mais apropriado (Menezes et al, 2021).
É preciso usar a menor dose eficaz para evitar o sobredosagem, que pode levar a complicações sérias, incluindo depressão respiratória e cardiovascular, a administração deve ser feita em um ambiente controlado e monitorado para observar qualquer reação adversa que possa ocorrer após a administração do medicamento. As precauções incluem também a necessidade de um período adequado de observação após a administração do sedativo ou ansiolítico. Durante este tempo, o animal deve ser mantido em um ambiente calmo e confortável para permitir que os efeitos da medicação se manifestem sem estímulos externos adicionais que possam causar excitação ou confusão (Ferrante et al, 2021).
2.4. Avaliação de longo prazo do impacto do transporte aéreo
Estudos longitudinais sobre a saúde física e mental de pequenos animais atuam na compreensão dos impactos prolongados do estresse e das condições de transporte sobre o bem-estar desses seres. Esses estudos envolvem a observação e o acompanhamento de animais ao longo de um período extenso, permitindo aos pesquisadores documentarem mudanças progressivas e identificar potenciais efeitos a longo prazo que o transporte e o estresse podem induzir (Dias et al, 2023).
Esses estudos são meticulosamente planejados para abranger diversos aspectos da saúde, incluindo alterações comportamentais, fisiológicas e psicológicas. Por meio da análise longitudinal, é possível detectar padrões que poderiam passar despercebidos em avaliações de curto prazo, como mudanças no apetite, no comportamento social, na atividade física ou em padrões de sono podem indicar o desenvolvimento de condições crônicas de estresse ou ansiedade (Moreira, 2021).
A metodologia de coleta de dados em tais estudos geralmente inclui avaliações regulares do estado de saúde, realizadas por meio de exames físicos, testes comportamentais e análises clínicas, além disso, o uso de tecnologias como monitoramento por vídeo ou dispositivos de rastreamento de atividade pode fornecer dados contínuos sem a necessidade de intervenção direta, minimizando o estresse adicional. A interpretação dos dados coletados em estudos longitudinais requer uma abordagem estatística robusta, pois a variação ao longo do tempo e entre indivíduos pode ser importante. A análise desses dados ajuda a formular hipóteses sobre as causas e os efeitos das condições observadas e a testar a eficácia de diferentes estratégias de manejo e tratamento destinadas a melhorar o bem-estar (Borghetti Filho, 2021).
A análise de comportamento enfoca observações detalhadas dos comportamentos após a experiência, proporcionando dados sobre os efeitos residuais do estresse e da ansiedade provocados por tal evento. O objetivo é identificar quaisquer desvios ou alterações nos padrões comportamentais normais que possam indicar dificuldades de adaptação ou problemas de saúde mais profundos resultantes, os comportamentos típicos que são meticulosamente observados incluem alterações na alimentação e no consumo de água, variações nos padrões de sono, interações sociais com outros e manifestações de comportamentos estereotipados ou de autogrooming excessivo. Um aumento na frequência desses comportamentos pode sugerir que está experimentando estresse contínuo ou ansiedade. Por outro lado, a reticência ou a hesitação em participar de atividades normais pode indicar uma adaptação mais desafiadora ao novo ambiente (Cavalcanti, 2021).
Para realizar essas análises, profissionais treinados utilizam métodos padronizados de observação, que muitas vezes incluem checklists comportamentais e diários de atividades, permitindo uma coleta de dados consistente e comparável, importante para a validade dos resultados, o uso de tecnologias como câmeras de vídeo e dispositivos de monitoramento de atividade pode oferecer uma visão contínua e objetiva do comportamento animal sem a necessidade de presença humana constante, o que poderia influenciar o comportamento (Bof, 2022).
Os dados coletados são então analisados para determinar se as medidas de manejo pré-transporte foram eficazes e se há necessidade de ajustes ou melhorias nas práticas de transporte para minimizar impactos negativos futuros. Esta análise também serve para ajustar programas de recuperação e reintrodução, especialmente em casos em que são transportados para reintrodução na vida selvagem ou para novos ambientes em cativeiro (Dias et al, 2023).
As repercussões do estresse crônico são complexos e podem afetar a saúde física e mental desses seres o estresse prolongado ativa de maneira contínua o sistema endócrino, levando à exaustão dos recursos corporais e à deterioração de várias funções fisiológicas. Este estado prolongado de alerta pode resultar em desequilíbrios hormonais, especialmente relacionados aos corticosteroides como o cortisol, que, quando mantidos em níveis elevados, prejudicam o sistema imunológico, aumentam a vulnerabilidade a infecções e podem desencadear doenças crônicas (Moreira, 2021).
Além das consequências físicas, o estresse crônico também exerce um impacto severo no comportamento e bem-estar emocional. Manifestações comportamentais de estresse prolongado incluem apatia, redução da exploração e da brincadeira, aumento de comportamentos compulsivos como lambedura ou mastigação excessiva e até agressividade. Essas alterações comportamentais não são apenas indicativos de um estado de desconforto emocional, mas também podem comprometer a capacidade de interação social com outros da mesma espécie e com humanos (Claudino e Freitas, 2021).
Do ponto de vista neurológico, o estresse crônico pode alterar as funções cerebrais, afetando áreas como o hipocampo, responsável pela memória e aprendizado, e a amígdala, central no processamento das emoções. Essas mudanças neurológicas podem levar a uma diminuição da capacidade cognitiva e a alterações duradouras no temperamento, impactando sua habilidade de se adaptar a novos ambientes ou situações (Borghetti Filho, 2021).
O tratamento e manejo do estresse crônico e pode ser controlado ativamente ou passivamente pelo animal. Suas causas variam de acordo com cada indivíduo, mas é possível classificá-los em quatro tipos, somáticos, psicológicos, comportamentais e variados. Em diferentes espécies há diferentes maneiras de lidar com todo esse processo, e é essencial compreender as causas para minimizar seu efeito, possibilitando um melhor ambiente para a criação. Deve-se, portanto, tentar satisfazer da melhor forma possível as necessidades básicas dos animais, adotando-se alternativas para a melhoria do seu bem-estar seja com a aplicação de enriquecimento ambiental, melhoria nos recintos e alojamentos, dieta balanceada, instalação e transporte adequados ou até mesmo a aplicação de condicionamento animal. (Spindola, Miranda, Carvalho, Toscano, 2023).
A recuperação e adaptação são processos que requerem atenção cuidadosa para assegurar que retornem ao seu estado normal de saúde e comportamento o mais rápido possível. Este período de transição envolve uma série de medidas que visam reduzir o estresse residual, facilitar a adaptação ao novo ambiente e prevenir potenciais problemas de saúde que podem surgir devido às tensões experienciadas durante o transporte (Cavalcanti, 2021).
A avaliação médica é um passo assim que chegam ao seu destino, um exame físico detalhado por um veterinário pode identificar quaisquer condições que possam ter sido exacerbadas, como desidratação, ferimentos ou estresse excessivo. Tratamentos imediatos podem ser necessários para abordar essas questões antes que elas evoluam para problemas mais sérios (Bof, 2022).
Além dos cuidados médicos, a reintrodução gradual à rotina normal de atividades é importante, incluindo a restauração de um regime alimentar regular e saudável, que deve ser reintroduzido de forma gradual para evitar distúrbios gastrointestinais. O ambiente também deve ser cuidadosamente controlado para proporcionar um espaço tranquilo e seguro que permita se acalmar e começar a explorar seu novo habitat no próprio ritmo. Para animais sociais, a reintegração com outros deve ser feita com cautela para evitar conflitos ou estresse adicional, dependendo da espécie e do indivíduo, algumas interações sociais guiadas podem ser necessárias para ajudar a estabelecer novas hierarquias ou simplesmente para reestabelecer comportamentos sociais normais (Claudino e Freitas, 2021).
2.5. Diretrizes e políticas para o transporte de pequenos animais
A falta de legislação específica para o transporte aéreo de animais de companhia resulta em uma diversidade de regras que variam entre as companhias aéreas, abrangendo aspectos como limite de peso, tamanho e raças permitidas. Essas diretrizes, embora possam ser vistas como necessárias para a segurança e logística do transporte, frequentemente não consideram adequadamente o bem-estar animal, o conforto, a segurança e a saúde dos pets durante o voo. Essa situação gera insegurança entre os tutores, que muitas vezes hesitam em embarcar seus animais devido a medos e incertezas sobre o tratamento que seus pets receberão durante o translado. (Filgueira, 2022).
As normas cobrem uma gama de requisitos, incluindo as especificações dos contêineres, a gestão da temperatura e pressão ambiental, os procedimentos de manuseio e as qualificações dos profissionais envolvidos. Estas são estabelecidas por organizações reguladoras nacionais e internacionais, que estipulam os mínimos padrões de segurança e bem-estar que devem ser seguidos pelas companhias aéreas (Peralta e Antonello, 2019).
O design dos contêineres garante a segurança, ventilação e movimentação do animal, devido a adequação do tamanho, que permite que o animal se levante, vire e deite-se naturalmente, promovendo uma sensação de segurança e bem-estar ao permitir que adote posições naturais de repouso. No entanto, com novas pesquisas indicando o impacto do estresse de confinamento e barulho no bem-estar dos animais, há uma pressão crescente para que as normas sejam atualizadas para incluir melhores materiais de isolamento acústico e designs mais ergonômicos que facilitem uma melhor mobilidade e conforto dentro do contêiner (Voltolini e Gois, 2022; Squires et al, 2024). Pode ser realizada a instalação de divisórias ajustáveis e superfícies antiderrapantes para prevenir lesões causadas por movimentos bruscos, como turbulências (Wessler, 2021).
Além disso, de acordo com Live Animals Regulation (LAR), a temperatura adequada mínima vai de 7ºC a 10º, e máxima de 24 a 27ºC para felinos e caninos, respectivamente. (IATA, 2023)
Um sistema de ventilação eficaz deve permitir uma troca constante de ar dentro do contêiner para manter uma temperatura ambiente adequada e prevenir a acumulação de odores desagradáveis ou gases potencialmente nocivos. A regulação adequada da temperatura é igualmente importante, especialmente em voos que atravessam diferentes zonas climáticas, o que pode expor a variações extremas de temperatura. Isolamento acústico é outra consideração importante, dado que o ruído excessivo pode ser uma fonte de estresse. Contêineres projetados para minimizar a intrusão de sons externos ajudam a manter calmo e menos ansioso durante as várias fases do transporte (Filgueira, 2022).
É preciso que todos os envolvidos no transporte sejam devidamente treinados em técnicas de manejo que minimizem o estresse e a ansiedade, incluindo a compreensão de como interagir com diferentes espécies, a capacidade de reconhecer sinais de estresse e conhecer os procedimentos para lidar com emergências. Outra consideração importante na revisão das normas é a monitoração e controle ambiental dentro da aeronave, as regulamentações devem garantir que os parâmetros ambientais, como temperatura, umidade e pressão, sejam mantidos dentro de limites que garantam o conforto e a segurança durante todo o voo (Day et al, 2020).
Propor novas regulamentações baseadas em evidências científicas, é uma necessidade emergente que busca refinar práticas existentes e assegurar um nível mais alto de bem-estar animal, essas devem ser fundamentadas em estudos recentes que exploram diferentes aspectos, desde o impacto do estresse até as condições físicas dos contêineres de transporte. Baseando-se em pesquisas sobre comportamento e estresse animal, os novos padrões deveriam requerer contêineres com dimensões que permitam movimento suficiente para que o animal se deite e vire e áreas para enriquecimento ambiental, como texturas variadas e dispositivos para manipulação, que podem reduzir o estresse e estimular a mente durante o transporte (Dantas, 2021).
Outra regulamentação importante seria a implementação de sistemas de monitoramento das condições ambientais dentro dos contêineres, capazes de registrar continuamente parâmetros como temperatura, umidade e níveis de amônia. Estes dados seriam úteis para garantir que o ambiente dentro do contêiner permaneça dentro de limites seguros para a saúde, e qualquer desvio poderia ser corrigido prontamente por sistemas automáticos ou alertas para a equipe de voo (Peralta e Antonello, 2019).
Além disso, sugere-se que todas as equipes envolvidas sejam obrigadas a participar de programas de treinamento regular sobre bem-estar, que incluam componentes teóricos sobre a fisiologia do estresse e treinamento prático em técnicas de manejo gentil. Este treinamento ajudaria a assegurar que todos os profissionais envolvidos compreendam completamente como suas ações afetam o bem-estar e como podem minimizar o estresse e o desconforto durante todas as fases do transporte (Oliveira e Sales, 2020).
Propõe-se também a criação de um sistema de certificação para que aderirem a estas práticas elevadas de bem-estar, oferecendo um incentivo para que as empresas adotem padrões acima do mínimo legalmente requerido. Esta certificação aumentaria a confiança dos clientes que precisam transportar animais e promoveria uma competição saudável entre as companhias aéreas para melhorar continuamente suas práticas (Rodrigues, 2022).
O treinamento e a conscientização de operadores e manipuladores envolvidos visam assegurar que as práticas de manejo sejam executadas de maneira que priorize o bem-estar. A educação contínua desses profissionais deve abranger as habilidades técnicas necessárias para o manuseio seguro e uma compreensão profunda das suas necessidades comportamentais e fisiológicas, garantindo que o estresse e o desconforto sejam minimizados durante todas as etapas (Filgueira, 2022)
Este treinamento deve incluir módulos sobre a biologia e o comportamento, com foco especial na identificação de sinais de estresse e ansiedade, o que permite que os manipuladores respondam adequadamente às necessidades em tempo real, ajustando as condições de transporte ou o manejo conforme necessário. Além disso, a instrução sobre as técnicas de manejo gentil e restrição apropriada visa prevenir lesões tanto nos animais quanto nos trabalhadores. Outro aspecto do treinamento é o desenvolvimento de habilidades de comunicação e coordenação entre os membros da equipe, incluindo pilotos, equipe de terra e pessoal de segurança, para garantir uma abordagem unificada e eficiente no tratamento, incluindo procedimentos para emergências, onde uma resposta rápida e informada pode ser necessária para tratar de um animal em sofrimento (Silvestrini, Heinemann e Castro, 2020).
A colaboração entre organizações de bem-estar e transportadoras aéreas é uma estratégia para aprimorar as práticas, assegurando que as normas mais elevadas de bem-estar sejam atendidas e continuamente revisadas e melhoradas. Este tipo de parceria é benéfico para ambos os lados: as organizações de bem-estar podem fornecer conhecimento especializado e pesquisa atualizada sobre as necessidades, enquanto podem implementar essas informações para melhorar seus serviços e garantir a conformidade com as regulamentações internacionais (Dantas, 2021).
Essas colaborações podem incluir o desenvolvimento conjunto de diretrizes de transporte, sessões de treinamento para a equipe e auditorias regulares dos procedimentos para garantir que as práticas recomendadas sejam seguidas. Além disso, as organizações podem ajudar a monitorar o cumprimento das normas através de avaliações regulares e fornecer feedback construtivo com base em suas observações (Dantas, 2021).
Um dos aspectos dessa colaboração é o compartilhamento de dados e resultados de pesquisas entre as transportadoras aéreas e as organizações de bem-estar, permitindo que ambos os grupos estejam informados sobre as últimas descobertas científicas relativas e adaptem suas práticas conforme novas informações se tornem disponíveis, como estudos sobre o impacto do ruído e da pressurização na cabine podem levar a mudanças nas políticas, como melhorias no isolamento acústico dos contêineres de transporte (Oliveira e Sales, 2020).
2.6. Legislação e Normativos no Transporte Aéreo de Pequenos Animais.
No Brasil, o transporte aéreo de pequenos animais de estimação é regulamentado principalmente por legislações e normativas específicas. As principais regulamentações são:
1. Resolução ANAC nº 400/2016 – A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) estabelece as condições gerais para o transporte aéreo de passageiros e regula direitos e deveres. Embora essa resolução trate principalmente de passageiros, ela somente alerta sobre o transporte de animais quanto ao regime de contratação e procedimento de despacho próprios (ANAC, 2016);
2. Portaria ANAC nº 12.307/SAS/2023 Dispõe sobre as condições gerais para o transporte de animais aplicáveis ao transporte aéreo de passageiros, doméstico e internacional, nos termos do que dispõe o artigo 15 da Resolução nº 400/2016;
3. Instrução Normativa MAPA nº 18/2006 – Do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), esta normativa trata do Guia de Transito Animal (GTA) no transporte, Estabelece a dispensa de GTA para cães e gatos, e a obrigatoriedade de atestado sanitário emitido por médico veterinário para trânsito dessas espécies (MAPA, 2021);
4. Normas Internacionais da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) – Live Animals Regulations (LAR) – Embora não sejam obrigatórias, as diretrizes da IATA são seguidas por muitas companhias aéreas brasileiras para o transporte de animais. O LAR inclui orientações específicas para a segurança, contenção e bem-estar de pequenos animais, detalhando os requisitos para caixas de transporte (kennels) e outros cuidados durante a viagem (IATA, 2023).
5. Portaria nº 525, 30/10/2024 – Do Ministério de Portos e Aeroportos (MPA) Institui o Plano para melhoria do Transporte Aéreo de Animais domésticos – PATA. (MPA,2024)
O Governo Federal brasileiro instituiu em 30 de outubro de 2024 o Plano de Transporte Aéreo de Animais (PATA), coordenado pelo Ministério de Portos e Aeroportos, visando a segurança e o bem-estar de animais domésticos em viagens aéreas, em consonância com padrões internacionais e práticas de 45 países. A iniciativa, desenvolvida com a colaboração de órgãos governamentais, entidades de proteção animal, companhias aéreas e a sociedade civil, introduz medidas como assistência veterinária emergencial, rastreabilidade dos animais em todas as etapas do transporte e comunicação transparente com os tutores.
O PATA inclui a capacitação profissional para manejo de animais, um Código de Conduta para empresas, alinhado ao manual Live Animal Regulation (LAR) da Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA), e monitoramento contínuo pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). As empresas aéreas deverão relatar dados mensais sobre transporte de pets, incluindo possíveis incidentes. As novas regras, que visam melhorar a qualificação, o monitoramento e a transparência no transporte aéreo de animais, deverão ser implementadas em até 30 dias. (Agência Brasil, 2024).
2.7. Avanços tecnológicos e monitoramento do bem-estar animal
As tecnologias de monitoramento em tempo real estão revolucionando as práticas de transporte, proporcionando um meio de acompanhar continuamente as ocorrências, manejos, transferência e movimentações do animal. Essas tecnologias permitem a coleta e análise de dados em tempo real sobre temperatura, umidade, pressão atmosférica, e comportamentos, garantindo que qualquer desvio das condições ideais possa ser rapidamente identificado e corrigido. (PANCHERI,2021)
O uso de sensores e câmeras dentro dos contêineres é um dos avanços mais nesse campo. Esses dispositivos podem monitorar as condições ambientais e os sinais dos animais, como frequência cardíaca e respiratória. Essa monitoração contínua é vital para a detecção precoce de sinais de estresse ou desconforto, permitindo intervenções imediatas para mitigar quaisquer problemas antes que eles evoluam para situações mais graves (Silva, 2022).
Além disso, os sistemas de monitoramento em tempo real podem ser conectados a aplicativos ou plataformas baseadas em nuvem, permitindo que o pessoal e os profissionais veterinários acessem os dados remotamente, facilitando uma resposta rápida e informada, mesmo quando os cuidadores não estão fisicamente presentes. Essa capacidade de monitoramento remoto melhora a segurança e o bem-estar durante e ajuda a otimizar a logística e a gestão de recursos dentro das operações (Ferreira et al, 2024). A integração dessas tecnologias nos protocolos padrão de transporte também serve como uma ferramenta para a coleta de dados de pesquisa. Ao analisar as informações coletadas durante múltiplos, os pesquisadores podem identificar padrões ou correlações que podem não ser evidentes em estudos de menor escala, podendo levar ao desenvolvimento de melhores práticas e normas baseadas em uma compreensão mais profunda das necessidades (Tapia et al, 2023).
As aplicações de Inteligência Artificial (IA) estão começando a transformar a maneira como monitoramos e gerenciamos o bem-estar desses seres, a utilização permite uma análise mais sofisticada e automatizada dos dados coletados por sensores e câmeras, proporcionando uma compreensão mais profunda e ações mais precisas em resposta às necessidades (Santos, 2023). Algoritmos de aprendizado de máquina podem ser treinados para reconhecer padrões de comportamento que indicam estresse ou desconforto, como alterações na mobilidade, na postura ou no padrão de vocalizações podem ser detectadas automaticamente, que pode então alertar os operadores humanos para intervenções necessárias, como ajustes nas condições ambientais do contêiner ou exames veterinários mais detalhados.
Sistemas inteligentes podem regular automaticamente a temperatura, umidade e ventilação com base nos dados coletados em tempo real e nas necessidades específicas dos animais, garantindo condições ótimas ao longo de todo o trajeto. Esses sistemas podem também aprender com experiências passadas, ajustando seus modelos para otimizar as configurações ambientais para viagens futuras com base nos resultados observados anteriormente. Utilizando grandes volumes de dados históricos sobre transportes anteriores, a IA pode identificar sinais sutis que podem preceder condições médicas graves, permitindo intervenções proativas para mitigar riscos potenciais antes que eles se tornem emergências, reduzindo a morbidade e a mortalidade (Pancheri, 2021).
A IA também facilita a comunicação e a coordenação entre os diferentes stakeholders envolvidos, por meio de plataformas integradas, informações críticas podem ser compartilhadas rapidamente e eficientemente, desde os cuidadores até os operadores de voo e veterinários, assegurando que todos os envolvidos estejam informados e preparados para agir em defesa (Ferreira et al, 2024).
Os sistemas de telemetria estão se tornando cada vez mais importantes no transporte aéreo de animais, fornecendo uma ferramenta para o monitoramento remoto e contínuo das condições físicas e ambientais. Esses sistemas permitem a transmissão de dados em tempo real dos contêineres para os operadores, assegurando que qualquer desvio das condições ideais possa ser imediatamente identificado e corrigido (Silva, 2022). No contexto do transporte, a telemetria pode incluir o monitoramento de variáveis ambientais como temperatura, umidade, e qualidade do ar dentro dos contêineres. Além disso, modernos sistemas de telemetria também são capazes de rastrear parâmetros dos animais, como frequência cardíaca e respiratória, proporcionando uma visão abrangente do bem-estar (Tapia et al, 2023).
Essa capacidade de monitoramento contínuo é importante, especialmente em voos longos onde as condições podem mudar rapidamente e o acesso direto é limitado. Os dados coletados por sistemas de telemetria podem ser usados para intervenções em tempo real e para a análise pós-viagem, permitindo aos veterinários e aos responsáveis entenderem melhor as respostas às diferentes condições de viagem (Santos, 2023).
Para maximizar sua eficácia, os sistemas de telemetria devem ser integrados com sistemas automatizados de controle ambiental, mostrando que, se parâmetros críticos saem dos limites estabelecidos, o sistema pode ajustar automaticamente o ambiente interno do contêiner para manter condições ótimas, sem a necessidade de intervenção humana imediata. Além disso, a integração da telemetria com plataformas de análise de dados baseadas em nuvem permite que múltiplas partes interessadas — incluindo transportadoras, veterinários e gerentes de logística — acessem informações em tempo real, facilitando uma comunicação mais eficaz e coordenação entre as equipes, garantindo que todas as partes estejam informadas sobre o status dos animais e possam tomar decisões informadas rapidamente (Masello, 2019).
Implementar sistemas de telemetria avançados no transporte de animais também demonstra um compromisso com práticas responsáveis, melhorando a segurança e reforçando a confiança dos clientes e do público em geral nas operações das transportadoras aéreas. O desenvolvimento de aplicativos de monitoramento representa um avanço na gestão e no acompanhamento do bem-estar. Esses aplicativos permitem uma integração eficiente de dados coletados em tempo real, oferecendo uma plataforma acessível e intuitiva para o monitoramento contínuo das condições ambientais e dos sinais vitais (Pancheri, 2021).
Os aplicativos de monitoramento são projetados para serem usados em dispositivos móveis, como smartphones e tablets, o que proporciona aos operadores e aos profissionais veterinários a capacidade de acessar informações críticas de qualquer lugar e a qualquer momento. Essa acessibilidade é importante durante o transporte de longa distância, onde a capacidade de responder rapidamente a qualquer mudança nas condições ou do ambiente pode ser crítico para prevenir situações de risco (Wessler, 2021).
Além de monitorar as condições ambientais, muitos desses aplicativos são equipados com funcionalidades para registrar e analisar a frequência cardíaca, a respiração e até mesmo o nível de atividade dos animais. Esses dados podem ser visualizados em dashboards intuitivos, que fornecem alertas visuais e sonoros se os parâmetros desviarem dos limites pré-estabelecidos, permitindo intervenções imediatas para corrigir qualquer anormalidade (Silva, 2022). Outro benefício dos aplicativos de monitoramento é a capacidade de armazenar dados históricos, permitindo aos pesquisadores e veterinários analisarem tendências ao longo do tempo e avaliar a eficácia de diferentes estratégias de manejo e condições. Essas análises podem ajudar a refinar protocolos, adaptando-os às necessidades específicas de diferentes espécies ou até mesmo de indivíduos particulares (Santos, 2023).
A disponibilização de informações em tempo real pode ser usada para reforçar a confiança dos clientes e reguladores, mostrando um compromisso claro, além disso, esses aplicativos podem incluir funcionalidades para a comunicação direta entre os diferentes stakeholders envolvidos, desde o pessoal de transporte até os cuidadores nos destinos finais, garantindo que todos os envolvidos estejam plenamente informados e preparados para receber após a viagem (Masello, 2019).
Em relação aos contêineres, a segurança dos sistemas de fechamento dos contêineres foi reforçada, fechaduras mais robustas e mecanismos de segurança garantem que as portas não se abram acidentalmente, ao mesmo tempo em que permitem um acesso fácil e rápido em caso de emergência (Wessler, 2021).
Os protocolos e sistemas automatizados de resposta ao estresse representam uma inovação no transporte, oferecendo uma abordagem sistemática e baseada em dados para minimizar o estresse durante o transporte aéreo. Esses protocolos são desenvolvidos com base em uma compreensão profunda dos gatilhos de estresse e das respostas fisiológicas, utilizando tecnologia avançada para monitorar continuamente e responder proativamente às condições que podem causar desconforto (Ferreira et al, 2024; Santos, 2023).
Quando um estado de estresse é identificado, os protocolos automatizados são ativados para ajustar as condições dentro do contêiner, podendo incluir a alteração da temperatura ou da ventilação, a redução dos níveis de ruído, ou até mesmo a liberação controlada de feromônios calmantes ou ansiolíticos prescritos, tudo sem a necessidade de intervenção humana direta. Essa resposta imediata e baseada em dados visa prevenir a escalada do estresse, que pode ter efeitos prejudiciais à saúde a longo prazo (Silva, 2022).
Além da resposta imediata, os protocolos automatizados também geram registros detalhados de todos os eventos e intervenções, proporcionando uma grande base de dados para análise posterior. Esses registros permitem aos veterinários e pesquisadores estudarem a eficácia das intervenções e refinar ainda mais os protocolos para melhorar as condições de transporte futuras (Masello, 2019). Os protocolos automatizados de resposta ao estresse também fortalecem as práticas de bem-estar, assegurando que cada um receba cuidado personalizado e baseado em evidências. Este nível de atenção melhora a qualidade e alinha as transportadoras aéreas com as melhores práticas internacionais de bem-estar e regulamentações governamentais (Pancheri, 2021).
A pesquisa e desenvolvimento de novos fármacos para o manejo do estresse em animais constituem uma área de investigação científica que visa melhorar o bem-estar animal, especialmente em contextos de transporte. Este campo interdisciplinar combina farmacologia, veterinária e etologia para criar soluções que aliviem eficazmente o estresse sem comprometer a saúde geral do animal (Tapia et al, 2023). Os novos desenvolvimentos nesta área começam com uma compreensão detalhada dos mecanismos biológicos e neuroquímicos que regem a resposta ao estresse nos animais. O objetivo é identificar alvos farmacológicos específicos que possam ser modulados para reduzir ansiedade e estresse sem causar sedação excessiva ou efeitos colaterais prejudiciais, envolvendo a síntese e teste de novos compostos químicos, bem como a modificação de fármacos existentes para melhorar sua eficácia e segurança.
A realização de ensaios clínicos rigorosos para avaliar a eficácia dos medicamentos testam a capacidade dos fármacos de reduzir manifestações comportamentais e fisiológicas de estresse e monitoram quaisquer efeitos adversos que possam comprometer o bem-estar. A segurança é de máxima importância, e como tal, a pesquisa deve aderir a protocolos éticos estritos para garantir que o tratamento seja justificado pelo benefício proporcionado (Wessler, 2021).
Além da eficácia e segurança, a pesquisa também deve considerar a praticidade do uso de fármacos no contexto de transporte, incluindo a estabilidade do fármaco sob diferentes condições ambientais, a facilidade de administração pelos cuidadores e a duração do efeito do medicamento para cobrir adequadamente o período de transporte. Reconhecendo que diferentes espécies e mesmo indivíduos dentro de uma mesma espécie podem reagir de maneira diversa a fármacos, a pesquisa moderna tende a direcionar esforços para a personalização das terapias, podendo envolver o desenvolvimento de biomarcadores que ajudem a prever a resposta de um animal a um determinado tratamento, permitindo assim uma abordagem mais direcionada e eficiente (Silva, 2022).
A pesquisa e desenvolvimento de novos fármacos para o manejo do estresse em animais constituem uma área de investigação científica que visa melhorar o bem-estar, especialmente em contextos de transporte. Este campo interdisciplinar combina farmacologia, veterinária e etologia para criar soluções que aliviem eficazmente o estresse sem comprometer a saúde geral (Pancheri, 2021). A integração de sistemas de realidade virtual para o treinamento de equipes é uma abordagem inovadora que está transformando a capacitação de operadores e manipuladores envolvidos. Utilizando simulações realistas, esses sistemas proporcionam uma experiência imersiva que prepara melhor os indivíduos para lidar com as diversas situações que podem ocorrer, minimizando o risco de erros que possam comprometer o bem-estar animal (Masello, 2019).
O treinamento com realidade virtual permite que os participantes vivenciem cenários variados, desde o carregamento em contêineres até o manejo durante condições de voo turbulentas, incluindo a simulação de emergências, como a necessidade de intervenção médica rápida ou a gestão de comportamentos estressantes dos animais, dessa forma, os treinandos podem aprender e praticar as respostas adequadas em um ambiente controlado, onde erros não têm consequências reais, mas oferecem importantes lições de aprendizado (Tapia et al, 2023).
Além de aumentar a segurança, os sistemas de realidade virtual oferecem uma plataforma para treinar habilidades de comunicação e coordenação de equipe. Os participantes podem praticar o trabalho em equipe em situações simuladas, melhorando a eficiência e eficácia da comunicação sob pressão, este aspecto é importante, pois a coordenação eficiente entre os membros da equipe é crítica para garantir uma resposta rápida e adequada a qualquer situação que possa surgir (Wessler, 2021).
Outra vantagem da realidade virtual é a capacidade de personalizar cenários de treinamento para atender às necessidades específicas de diferentes espécies de animais, particularmente importante em contextos de transporte animal, onde entender as nuances do comportamento de diferentes espécies pode impactar o bem-estar. Portanto, o treinamento pode ser adaptado para incluir informações específicas sobre o manejo de espécies sensíveis, como animais exóticos ou de grande porte, que podem exigir técnicas especializadas (Pancheri, 2021).
A implementação de sistemas de realidade virtual no treinamento também serve como um recurso educacional para promover uma maior conscientização sobre as normas de bem-estar animal, ajudando a cultivar uma cultura de respeito e cuidado entre os trabalhadores, reforçando a importância de práticas éticas no transporte de animais. Os sistemas de realidade virtual oferecem uma plataforma para avaliar objetivamente o desempenho dos treinandos durante as simulações, eles permitem a coleta de dados detalhados sobre a reação dos participantes sob pressão, suas decisões e a aderência aos protocolos estabelecidos. Após cada sessão de treinamento, o sistema pode gerar relatórios automatizados que destacam pontos fortes e áreas que necessitam de melhoria, proporcionando aos treinandos uma visão clara de seu desenvolvimento e progresso (Pancheri, 2021).
A redução de erros no manejo real dos animais, a eficiência aprimorada dos treinamentos e a diminuição da necessidade de sessões repetidas ou prolongadas em ambientes físicos traduzem-se em economias, além disso, a realidade virtual permite treinar um número maior de funcionários simultaneamente, reduzindo os custos de logística e tempo associados ao treinamento convencional (Masello, 2019).
A realidade virtual pode ser integrada com outras tecnologias emergentes, como IA e big data, para criar simulações ainda mais sofisticadas e adaptativas; ela pode ser usada para ajustar dinamicamente os cenários de treinamento com base no desempenho do usuário, aumentando a dificuldade ou introduzindo novos desafios conforme necessário, tornando o treinamento mais envolvente e desafiador e personalizando a experiência de aprendizagem para atender às necessidades específicas de cada indivíduo. A implementação no treinamento também promove uma maior conscientização sobre as práticas, ao visualizar diretamente as consequências de suas ações em um ambiente controlado, os funcionários podem desenvolver uma compreensão mais profunda e uma responsabilidade pessoal pelo bem-estar dos animais que estão transportando (Wessler, 2021).
3. MATERIAL E MÉTODOS
O problema de pesquisa foi definido da seguinte forma: como o transporte aéreo influencia a fisiologia e o comportamento de pequenos animais, e quais métodos podem ser efetivamente aplicados para minimizar o estresse induzido?
Este estudo é significativo porque aborda uma área de crescente preocupação na sociedade moderna, onde o transporte de animais, especialmente em contextos urbanos e globais, se torna cada vez mais frequente. A pesquisa traz à tona questões relevantes sobre bem-estar animal, ética e práticas sustentáveis no manejo de animais. No mais, destaca as lacunas na literatura atual, especialmente na compreensão específica dos mecanismos fisiológicos do estresse em pequenos animais durante o transporte aéreo e como esta pesquisa visa preenchê-las e contribuir para o acervo científico. A pesquisa também discute possíveis aplicações práticas ou implicações sociais do tema, como o aprimoramento das práticas de transporte por companhias aéreas e agências de realocação de animais, e servirá como uma base para investigações futuras.
A metodologia adotada foi uma revisão narrativa da literatura, incluindo uma análise detalhada de textos relacionados ao tema. As informações foram coletadas por meio de bases de dados acadêmicas renomadas como Scielo, Capes e Google Scholar, além de livros e periódicos científicos relevantes, considerando materiais em português, inglês e espanhol.
Conforme apontado por Dourado e Ribeiro (2023), essa estratégia de revisão literária fornece uma base sólida para os dados, pois sintetiza contribuições de diversas fontes selecionadas, ajudando a identificar lacunas em estudos anteriores.
Para a compilação da bibliografia, foi realizada uma análise qualitativa dos textos e uma leitura detalhada dos resumos de cada documento. A seleção temporal do material privilegiou publicações dos últimos cinco anos, com exceções para trabalhos de caráter clássico, garantindo assim uma compreensão atualizada e abrangente do tema, fortalecendo a base para os resultados da pesquisa e enriquecendo o corpo científico relacionado ao assunto.
Com os objetivos definidos, a pesquisa avançou cobrindo os tópicos a seguir: Fisiologia do Estresse em Pequenos Animais; Fatores Estressores no Transporte Aéreo; Estratégias de Mitigação de Estresse; Avaliação de Longo Prazo do Impacto do Transporte Aéreo; Diretrizes e Políticas para o Transporte Aéreo de Pequenos Animais e Legislação e Normativos no Transporte Aéreo de Pequenos Animais. Com a conclusão bem-sucedida da pesquisa e a resolução do problema de pesquisa, chegou-se a uma conclusão robusta e uma extensa bibliografia foi compilada.
4. DISCUSSÃO
O transporte aéreo de pequenos animais é uma prática comum em diversos contextos, incluindo a realocação de animais de estimação, programas de conservação de espécies e o transporte comercial.
Diante da crescente demanda por transporte aéreo de animais, o estudo das respostas comportamentais ao estresse agudo e crônico é importante para o desenvolvimento de práticas de transporte que promovam o bem-estar animal. Além de aprimorar os protocolos existentes, essas observações podem orientar a criação de novas abordagens que garantam uma experiência menos traumática durante o transporte aéreo, contribuindo assim para a saúde geral e qualidade de vida.
Entre os fatores que influenciam o estresse em pequenos animais, o impacto do ruído, temperatura e das vibrações, desde o início do deslocamento até o aeroporto, durante o embarque e desembarque, é particularmente relevante. O impacto do ruído, temperatura e vibrações durante o transporte é fundamental para entender o estresse em pequenos animais, ruídos intensos, alterações de temperatura e vibrações contínuas são características inerentes ao ambiente e podem provocar respostas de estresse. O ruído, especialmente em níveis elevados, pode causar perturbação auditiva e desencadear uma cadeia de respostas fisiológicas e comportamentais agudas, tais como aumento da frequência cardíaca e respiratória, além de comportamentos indicativos de ansiedade e medo.
As companhias aéreas podem se beneficiar de parcerias com instituições com foco no bem-estar animal ao demonstrar seu compromisso com o bem-estar, o que pode melhorar sua imagem corporativa e atrair clientes que valorizam práticas empresariais éticas e responsáveis, da mesma forma, as organizações de bem-estar podem expandir seu alcance e impacto, trabalhando diretamente com a indústria para efetuar mudanças práticas.
O transporte aéreo de pequenos animais no Brasil é um tema importante e relevante, considerando os desafios e problemas enfrentados nesse processo. A falta de regulamentação e específica e a ausência de padrões claros para as companhias aéreas têm gerado controvérsias e discussões entre clientes e empresas do setor. Diante dos riscos à saúde e bem-estar dos animais durante a viagem, assim como os casos de mortes e incidentes trágicos, é crucial analisar e discutir a situação atual do transporte de pequenos animais no país.
O Plano de Transporte Aéreo de Animais (PATA) é uma iniciativa louvável do Governo Federal, que demonstra avanços significativos na promoção do bem-estar e segurança dos animais no transporte aéreas. Alinhado a padrões internacionais, o programa aborda questões essenciais como rastreabilidade, suporte veterinário emergencial e capacitação de profissionais envolvidos no transporte.
Entretanto, alguns desafios são evidentes. Embora o plano preveja monitoramento contínuo e relatórios regulares pela ANAC, sua efetividade dependerá da fiscalização rigorosa e da adesão comprometida das companhias aéreas. Além disso, o curto prazo de 30 dias para adaptação pode representar um obstáculo para a implementação integral das medidas, especialmente para empresas de menor porte.
No geral, o PATA é um passo positivo, mas seu sucesso dependerá de uma execução robusta e de uma integração efetiva entre governo, empresas e sociedade civil.
5. CONCLUSÃO
Para atingir as metas estabelecidas, esta pesquisa conduziu uma investigação detalhada sobre os impactos do transporte aéreo no estresse de pequenos animais, por meio de uma revisão bibliográfica extensa e rigorosa. As fontes selecionadas proporcionaram uma perspectiva abrangente sobre o assunto e facilitaram a avaliação das evidências coletadas.
Os resultados do estudo indicaram que os principais fatores estressores incluem o ruído excessivo, as variações ambientais e a restrição física. Estes elementos provocam uma série de respostas fisiológicas agudas, caracterizadas por elevações nos níveis de corticosteroides e alterações comportamentais evidentes. A pesquisa também identificou que intervenções como a adaptação prévia aos contêineres de transporte e o uso controlado de sedativos podem reduzir de maneira os níveis de estresse observados.
Ao concluir o estudo, constatou-se que as estratégias de mitigação eficazes dependem da compreensão detalhada dos mecanismos específicos através dos quais o estresse é induzido em cada espécie. Isto corrobora as hipóteses iniciais que apontavam a necessidade de abordagens personalizadas para diferentes tipos. Ademais, é preciso enfatizar a necessidade de prosseguir com os estudos nesta área para aprimorar o conhecimento atual e enriquecer o debate sobre o tema. O desenvolvimento contínuo de técnicas de manejo que considerem as particularidades de cada espécie e situação visa assegurar o bem-estar animal e a eficácia das práticas de transporte.
A crescente demanda por serviços de transporte aéreo para animais pequenos animais exige uma resposta mais efetiva do governo e das companhias aéreas. Melhorias nas condições de transporte, na legislação e na capacitação dos funcionários são fundamentais para garantir a segurança e o bem-estar de pequenos animais, além de aumentar a satisfação dos tutores. O desenvolvimento dessas áreas representa uma oportunidade significativa para inovação e aprimoramento no setor aéreo, atendendo a um público cada vez mais exigente.
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