REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202411142116
Gabriely Santos Silva;
Orientador: Prof. Marco Aurélio Gallo
RESUMO
Os cuidados com neonatos equinos são fundamentais para assegurar uma boa qualidade de vida e o bem-estar do animal. Após diversas pesquisas, percebeu-se a relevância de uma análise de dados que informem e ilustrem a importância de cuidados especiais e de um manejo adequado com potros recém-nascidos. Esses estudos demonstram que os resultados obtidos podem contribuir para o entendimento da avaliação prévia, prevenção e observação de afecções ou condições que, se negligenciadas, podem causar comorbidades nos animais. Além disso, destaca-se a necessidade de analisar e cumprir rigorosamente todos os cuidados no manejo da égua prenha, uma vez que esses cuidados influenciam diretamente nos resultados, sejam positivos ou negativos, para o potro.
Palavras-chave: neonate; equinos; bem-estar; cuidados; afecções.
ABSTRACT
The care of equine neonates is essential to ensure good quality of life and the well-being of the animal. After extensive research, it became evident that analyzing data that informs and illustrates the importance of special care and proper management of newborn foals is highly valuable. These studies show that the results obtained can contribute to understanding prior evaluation, prevention, and observation of conditions or ailments that, if neglected, could lead to potential comorbidities in the animals. Additionally, there is a significant need to analyze and adhere strictly to all care practices in managing the pregnant mare, as these directly impact the foal’s outcomes, whether positive or negative.
Keywords: newborn; equine; well-being; care; conditions.
1. INTRODUÇÃO
Como descrito por Rodrigues (2010), a neonatologia estuda as primeiras semanas de vida dos recém-nascidos, contribuindo para a redução das taxas de mortalidade neonatal. O neonato precisa se adaptar à vida no meio externo e às funções vitais desenvolvidas durante a vida intrauterina.
O potro requer cuidados ainda durante a vida intrauterina, especialmente no terço final da gestação. A égua deve receber uma alimentação adequada e nutritiva. Próximo ao parto, ela deve ser levada a um piquete maternidade (De Maria, 2006), onde estará em um ambiente controlado e desenvolverá anticorpos específicos para aquele local. A vacinação e a desverminação são extremamente importantes (Thomassian, 2005).
Segundo De Maria (2006), após o nascimento, os potros passam por um período de adaptação ao ambiente, durante o qual ocorre o início da respiração, que limpa o trato respiratório de secreções, a estabilização e regulação da temperatura corporal, além da aquisição de coordenação do sistema músculo-esquelético.
De acordo com Silva (2008), falhas no manejo de neonatos decorrem da falta de prática correta. As principais falhas estão relacionadas ao manejo sanitário e aos cuidados pós-parto, podendo levar a diversas afecções.
Portanto, este trabalho visa apresentar a importância dos cuidados e do manejo adequado com potros, bem como as consequências diretas e indiretas da negligência nesses cuidados, incluindo a não observação de certos fatores e comportamentos após o nascimento do animal.
2. METODOLOGIA
Para o desenvolvimento deste trabalho, foi realizada uma revisão de literatura, com a busca de artigos científicos, resumos e revistas relacionados ao tema, disponíveis no Google Acadêmico, SciELO, PubMed e em livros físicos. O objetivo desta revisão é indicar e informar sobre diversos fatores que podem ser observados nos cuidados essenciais no manejo de potros, bem como os exames recomendados para avaliar o estado de saúde do animal. A finalidade é prevenir possíveis comorbidades futuras, visando sempre proporcionar bem-estar ao animal.
3. REVISÃO DE LITERATURA
3.1 Avaliação dos úberes
Os úberes das éguas se desenvolvem e se enchem de colostro, apresentando a formação de cera nas extremidades devido à coagulação do colostro. A presença dessa cera é um indicativo da proximidade do parto (Prestes; Landin-Alvarenga, 2017).
Cerca de três semanas antes do parto, pode-se observar uma depressão em ambos os lados da base da cauda, resultante do relaxamento dos músculos e ligamentos da região pélvica. Esse relaxamento permite a dilatação do canal do parto durante a passagem do potro. No final da gestação, observa-se o aumento do abdômen em razão do crescimento do feto, o que faz com que o abdômen se torne grande e pendente. No entanto, à medida que o potro se posiciona para o canal de nascimento, pode ocorrer uma redução no tamanho do abdômen (Stoneham, 2005; Davis Morel, 2013).
3.2 Avaliação do colostro
O primeiro leite produzido pela mãe é denominado colostro, sendo rico em imunoglobulinas (IgG) de alto valor nutricional e composto por minerais, gorduras e vitaminas. A ingestão do colostro permite que o animal adquira anticorpos para enfrentar patógenos, até que seu sistema imunológico amadureça. A absorção das imunoglobulinas depende do intervalo entre o nascimento e a ingestão do colostro (Bittar et al., 2018). O colostro deve ser ingerido nas primeiras 24 horas de vida, sendo entre duas e seis horas após o parto o período de melhor absorção. Na placenta equina (epitélio corial difuso) não ocorre troca de anticorpos entre o feto e a mãe, tornando o colostro a principal fonte de transmissão de imunidade passiva (Sardinha, 2016).
De acordo com Diniz Neto et al. (2021), a qualidade do colostro é verificada por meio de refratômetro com leitura de Brix ou colostrômetro. Essa avaliação é essencial para garantir a qualidade do colostro oferecido.
Figura 1 – Avaliação do colostro utilizando o colostrômetro.
De acordo com Bittar et al. (2018), o colostrômetro relaciona a densidade do colostro com a concentração de imunoglobulinas. Para uma leitura precisa, a amostra deve estar entre 20ºC e 25ºC. A cor verde indica uma alta concentração, com mais de 50 mg de IgG/ml; a cor amarela indica uma concentração média, entre 20 e 50 mg de IgG/ml; e a cor vermelha indica uma concentração baixa, com menos de 20 mg de IgG/ml.
3.3 Avaliação das mucosas
A avaliação das mucosas é dividida em duas partes. Primeiramente, o TPC (tempo de preenchimento capilar), que consiste em apertar a gengiva do animal e observar o tempo que a coloração leva para retornar ao normal. A segunda parte da avaliação é o turgor cutâneo, em que se puxa a pele do animal (preferencialmente do pescoço) e se observa o tempo necessário para que ela volte ao estado original. Por fim, é feita a avaliação da coloração das mucosas (Feitosa, 2014).
3.4 Frequência cardíaca (FC) e frequência respiratória (FR)
Após a expulsão do feto, a respiração pulmonar é estabelecida, o que está relacionado às trocas gasosas, por meio da oxigenação e liberação de gás carbônico nos alvéolos pulmonares (Feitosa, 2014). O escore de Apgar é um método de avaliação do recém-nascido, realizado logo após o nascimento, que analisa parâmetros como frequência cardíaca, frequência respiratória, tônus muscular, reflexos e coloração da pele e mucosas (Rodrigues, 2008). Smith (2006) utilizou um esquema de Apgar modificado para potros (quadro 1).
Quadro 1 – Índice Apgar para neonatos equinos.
O escore de Apgar varia de zero a dez. Para a espécie equina, um valor entre nove e dez ao nascimento é considerado ideal. Escores entre seis e oito podem indicar asfixia moderada, sendo necessárias medidas de reanimação neonatal (Vaala; House; Madigan, 2006). Quando o escore varia entre três e cinco, é necessário administrar oxigênio intranasal e fornecer suporte cardiovascular. Animais com escores menores que três requerem reanimação imediata (Smith, 2006).
3.5 Auscultação pulmonar
A auscultação pulmonar é um método que auxilia na identificação de condições pulmonares e cardíacas. Sons anormais podem indicar a presença de doenças. Durante a ausculta pulmonar, diferentes sons são percebidos, os quais podem fornecer informações sobre a saúde dos pulmões e das vias respiratórias. Esses sons podem ser classificados como normais ou anormais (Sanar, 2023).
3.6 Aferição da temperatura
Recém-nascidos estão expostos a variações de temperatura e têm menor capacidade de manter a homeotermia, devido à baixa estabilidade térmica, à grande superfície corporal em relação à massa e à predominância de perda de calor por evaporação. A temperatura corporal, geralmente, varia entre 37,2°C e 38,8°C (Constable et al., 2017).
3.7 Auscultação Intestinal
A auscultação do abdômen é uma técnica utilizada para avaliar a motilidade intestinal. Os sons abdominais são classificados de acordo com sua frequência, duração, intensidade e localização. A quantidade de gás ou o conteúdo intestinal pode influenciar a identificação dos sons auscultados. Esses sons são divididos em dois tipos: os mais fracos, que correspondem às contrações intestinais responsáveis pela mistura da ingesta, e os mais audíveis (borborigmos), produzidos pelo peristaltismo progressivo (Teixeira, 2019).
3.8 Avaliação do umbigo
O umbigo é a região pela qual passa o cordão umbilical, composto por quatro estruturas: duas artérias umbilicais, uma veia umbilical e o úraco, que faz a ligação direta com o corpo do animal. Após o nascimento, ocorre o rompimento dessa conexão, sendo necessário o cuidado adequado do umbigo com iodo para evitar que ele se torne uma porta de entrada para bactérias. A aplicação do iodo é uma prática de desinfecção e deve ser repetida até o terceiro dia de vida do neonato (Soeiro, 1999; Hafez, 2004).
3.9 Avaliação da locomoção
A avaliação do sistema locomotor envolve palpação, inspeção e manipulação dos membros. Esse procedimento exige conhecimento anatômico e atenção do examinador para interpretar as respostas do animal durante o exame. O principal objetivo é identificar o membro afetado, localizar a lesão ou detectar uma enfermidade. A inspeção deve abranger todos os membros, observando assimetrias de conformação, aumento de volume e atrofia. As alterações identificadas devem ser associadas às possíveis enfermidades (Liz, 2017).
3.10 Avaliação de dismaturidade
A imaturidade pode ser caracterizada por atributos físicos e padrões comportamentais do neonato. Potros imaturos e dismaturos geralmente apresentam peso ao nascer inferior, menor tamanho corporal, pelagem curta e fina, crânio arredondado e volumoso, orelhas e lábios caídos, além de tônus muscular reduzido (Rossdale et al., 1984). Adicionalmente, potros maduros apresentam tempo de reflexo de sucção inferior a 20 minutos, postura em estação por volta de 1 a 2 horas, primeira mamada em menos de 2 horas e excreção do mecônio em menos de 1 hora após a mamada (Koterba, 1990).
3.11 Avaliação de defecação
O mecônio é a primeira defecação do potro, ocorrendo logo após as primeiras horas de vida e a ingestão do colostro (Barr, 2007). O colostro, por conter imunoglobulinas, exerce um efeito laxativo que estimula a motilidade gastrointestinal, facilitando a eliminação do mecônio (Martins, 2012).
Segundo o Portal Cavalus(2018), o mecônio apresenta coloração castanho-escuro a negra e consistência pastosa a firme. É composto por secreções glandulares gastrointestinais, fluido amniótico e debris celulares.
Retenção do mecônio
De acordo com Stoneham (2006), a eliminação do mecônio geralmente ocorre entre 2 e 12 horas após o nascimento. Potros com idades gestacionais mais avançadas podem apresentar uma quantidade maior de mecônio. Sua coloração, inicialmente castanho-escura, pode clarear até um tom castanho claro, indicando sua completa eliminação.
Segundo Reed e Bayly (2009), a retenção de mecônio pode causar cólicas em potros. A principal causa é a falha na ingestão ou administração do colostro. Contudo, essa condição também pode ocorrer em potros machos devido ao estreitamento pélvico, má formação congênita do aparelho digestório e ausência da abertura da ampola retal. Os sinais de retenção incluem esforço para defecar, postura de cifose (dorso arqueado) e cauda erguida. Após 12 horas do início dos sintomas, o animal pode apresentar distensão abdominal, ficar em decúbito, olhar para o flanco e realizar rolamentos constantes.
3.12 Avaliação da urina
Um parâmetro importante é o tempo que o potro leva para urinar após o nascimento, sendo em torno de seis horas para os machos e de dez a doze horas para as fêmeas. A urina apresenta coloração que varia do amarelo ao amarelo-acastanhado (Vaala et al., 2006).
Uroperitônio e ruptura de bexiga
O uroperitônio em potros é causado pela ruptura da bexiga, podendo também ocorrer por alterações congênitas ou traumáticas nos ureteres e úraco. A ruptura geralmente acontece durante o parto, devido à compressão ou tensão, que podem tracionar e romper a bexiga (Thomassian, 2005).
Persistência do úraco
O úraco é uma estrutura que permite a passagem da urina da bexiga para o alantóide. Após o nascimento, esse canal deve se fechar. Quando isso não ocorre, é classificado como úraco persistente, permitindo a eliminação de urina pelo umbigo (Andrade et al., 2021).
3.13 Avaliação da glicemia
A glicemia dos neonatos equinos apresenta um valor baixo, pois o estoque de glicogênio no fígado e nos músculos possui um tempo limitado até a ingestão do colostro. Essas variáveis diferem entre espécies, conforme a idade, condições fisiológicas e alimentação. Potros precisam ingerir leite a cada duas horas para manter a glicemia. Em potros prematuros, a incapacidade de manter os níveis glicêmicos está associada a uma maior taxa de mortalidade (Bromerschenkel; Martins, 2015).
3.14 Hemograma completo
Durante o parto, há uma transferência de sangue da placenta para o potro por meio do cordão umbilical, resultando em um neonato saudável com alta contagem de hemácias, hematócrito e hemoglobina. No entanto, entre 12 e 24 horas após o nascimento, esses valores podem cair aproximadamente 10%. Após duas semanas, os níveis de hematócrito e hemoglobina reduzem-se até alcançar valores semelhantes aos parâmetros de um equino adulto. Essa redução ocorre provavelmente devido à hemodiluição, destruição fisiológica de hemácias e diminuição da produção de hemácias secundárias à oxigenação sanguínea pelos pulmões logo após o nascimento (Harvey et al.,1984).
Tabela 1 – Parâmetros hematológicos e proteína plasmática total de neonatos equinos.
VARIÁVEL | NASCIMENTO | 24 HORAS | 7 DIAS |
HEMATÓCRITO (%) | 40 – 52 | 32 – 46 | 28 – 43 |
HEMOGLOBINA (G/DL) | 13,4 – 19,9 | 12 – 16,6 | 10,7 – 15,8 |
HEMÁCIA (X106/UL) | 9,3 – 12,9 | 8,2 – 11 | 7,4 – 10,6 |
VCM (FL) | 37 – 45 | 36 – 46 | 35 – 44 |
CHCM (G/DL) | 33 – 39 | 32 – 40 | 35 – 40 |
PLAQUETAS (X103/U) | – | 129 – 409 | 111 – 387 |
NEUTRÓFILOS (X103 /UL) | 5,55 – 12,38 | 3,36 – 9,57 | 4,35 – 10,55 |
LINFÓCITOS (X103/UL) | – | 0,67 – 2,17 | 1,4 – 2,3 |
EOSINÓFILOS (X103 /UL) | – | 0 – 0,02 | 0- 0,09 |
MONÓCITOS (X103 /UL) | – | 0,07 – 0,3 | 0,03 – 0,54 |
BASÓFILOS (X103/UL) | – | 0 – 0,03 | 0 – 0,02 |
PPT (G/DL) | 4,4 – 5,9 | 5,2 – 8,0 | 5,2 – 7,5 |
Glicose e lactato
A glicose em equinos ao nascimento corresponde a 50-60% do valor materno (54-63 mg/dL) e permanece baixa até cerca de 4 horas de vida, momento em que se inicia a nutrição enteral (Palmer, 2005). Após 2 dias de vida, a concentração de glicose se eleva e se mantém estável até os 2 ou 3 meses de idade devido à ingestão de leite. A mensuração do lactato no neonato é fundamental, pois pode indicar diversos problemas no potro. A alta concentração após o nascimento pode ocorrer fisiologicamente, como reflexo do cortisol e das catecolaminas liberadas durante o parto, ou devido à hipóxia fisiológica do feto ao nascer, com uma queda observada após 24 horas (Rossdale et al., 1984).
Ureia e creatinina
Logo após o nascimento, os níveis de ureia apresentam valores semelhantes aos de equinos adultos, diminuindo a partir do terceiro dia até a oitava semana. A creatinina, por sua vez, é elevada no momento do nascimento, atingindo valores semelhantes aos de adultos entre 24 e 36 horas de vida (Bauer et al.,1984; Harvey, 1990).
Tabela 2 – Concentração sérica de ureia e creatinina de neonatos equinos.
VARIÁVEL | NASCIMENTO | 24 HORAS | 7 DIAS |
Uréia (mg/dL) | 21-24 | 9 – 40 | 4 – 20 |
Creatinina (mg/dL) | 1,9 – 3 ,09 | 1,14 – 2,8 | 0,99 – 1,69 |
Avaliação hepática
No pós-parto imediato, ocorre uma rápida taxa de turnover das hemácias fetais, resultando em um aumento da bilirrubina indireta, que provoca hiperbilirrubinemia na primeira semana de vida (Bauer et al., 1989; Wilkins, 2011). Após esse período, os valores decrescem, atingindo os níveis comuns em adultos aos 30 dias (Alessandro et al., 2012).
A fosfatase alcalina (FA) apresenta níveis muito elevados em relação aos adultos devido à intensa atividade osteoblástica. Após a primeira semana, esses valores começam a diminuir gradualmente, alcançando níveis semelhantes aos dos adultos na quarta semana de vida (Bauer et al., 1989).
A GGT (gamaglutamiltransferase) apresenta níveis elevados entre o 5º e o 14º dia, refletindo a maturação hepatocelular (Vaala, 1994; Barton; Leroy, 2007). A enzima aspartato transaminase (AST) tem concentrações baixas ao nascimento e atinge níveis semelhantes aos dos adultos após a primeira semana de vida (Stoneham, 2006; Brinsko et al., 2011).
Tabela 3 – Concentrações séricas de bilirrubina total e enzimas hepáticas de neonatos equinos.
VARIÁVEL | < 12 HORAS | 24 HORAS | 7 DIAS |
BT (mg/dL) | 0,87 – 2,9 | 1,28- 4,5 | 0,81 – 2,98 |
FA (UI/L) | 152 – 2835 | 861 – 2671 | 137 – 1169 |
GGT (UI/L) | 13 – 39 | 18 – 43 | 14 – 164 |
AST(UI/L) | 97 – 315 | 146 – 340 | 237 – 620 |
3.15 Avaliação da placenta
De acordo com Wilsher et al. (2020), logo após o nascimento, é prática comum na obstetrícia equina realizar uma inspeção macroscópica detalhada das faces coriônica e alantoideana da placenta, com descrição das características específicas de cada porção, considerando o corno gravídico, o corno não gravídico e o corpo uterino. O procedimento começa com uma verificação inicial da integridade placentária, seguida da avaliação das características de coloração, espessura e presença de secreções em ambas as superfícies. Esse exame rigoroso pode identificar anomalias que representem riscos à saúde do recém-nascido e fornecer informações sobre a condição do útero. A análise da placenta revela alterações estruturais que podem ter afetado a função intrauterina ou podem ser apenas variações biológicas normais.
3.16 Exames de ultrassom e raios-x
Nos exames físicos com suspeita de doenças respiratórias, podem ser avaliados os seguintes parâmetros: frequência e ritmo respiratório, esforço respiratório, tosse, avaliação da mucosa oral, presença de descarga nasal, presença ou ausência de febre e auscultação pulmonar (Barr, 2007). Como auxílio diagnóstico, podem ser utilizados radiografia torácica, análise de sangue arterial, ultrassonografia torácica e o uso de oxímetro de pulso (Giguère, 2009).
3.17 Manejo Sanitário
O manejo sanitário é essencial para garantir a saúde e o bem-estar dos animais, abrangendo práticas de higiene tanto do animal quanto das instalações, equipamentos e medidas profiláticas para evitar infecções. A manutenção higiênica dos equipamentos e das instalações, bem como a vacinação e vermifugação dos animais, deve ser sempre realizada para garantir a saúde. A vacinação de potros pode ser iniciada a partir dos quatro meses para prevenir doenças de notificação obrigatória, específicas da espécie ou zoonoses (Constable et al., 2017).
Tabela 4 – Recomendação de vacinação para potros.
4. CONCLUSÃO
Com base nas ideias apresentadas, observa-se a importância crucial de realizar avaliações e exames físicos em animais recém-nascidos, pois os primeiros dias de vida podem influenciar diretamente a qualidade de vida e o desenvolvimento do potro em questão. Além de facilitar o diagnóstico e a percepção de doenças, síndromes e condições congênitas e/ou adquiridas após o nascimento, esses procedimentos tornam o tratamento ou a cura mais eficaz. Essas práticas aumentam as chances de o potro desempenhar com sucesso as funções que lhe serão atribuídas futuramente. Conclui-se, portanto, que compreender o comportamento do neonato equino é essencial para o reconhecimento de possíveis alterações comportamentais, que geralmente podem estar associadas a alterações sistêmicas após o nascimento. Quando essas alterações não são identificadas rapidamente, podem resultar em prejuízos financeiros e comprometimento do desempenho futuro do animal.
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